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Budismo

A pegada da impermanência

Geshe Lhundup Sopa (Tibete 1923 ~ ):

A familiarização com a morte e impermanência é fundamental e muito benéfica. Através dela, se percebe que esta vida não dura e há o abandono das preocupações voltadas para esta vida*. Essa meditação é o principal incentivo para ações que asseguram boas condições em vidas futuras.

Sem a lembrança da morte, ficaremos nos preparando para uma longa permanência nesta vida: as preocupações do dia-a-dia com comida, roupas etc. Busca por bem-estar e fama, o tempo todo pensando nisso. E não faremos nada voltado para as vidas futuras.

Por exemplo, nós mesmos, se fôssemos alguém que viaja bastante, parando uma noite em uma pousada na estrada, além dos preparativos para continuar a viagem no dia seguinte, não iríamos ficar planejando e se preparando para uma longa estada ali.

Se lembrarmos da morte e impermanência, com a exceção dos atos que asseguram as condições das próximas vidas, não ficaremos preocupados com preparativos para esta vida. Por isso, o Buda Baghavan disse:

Entre todas as percepções, a percepção da impermanência é a suprema.
Entre todas as pegadas, a pegada do elefante é a suprema.

O elefante tem um corpo enorme, por isso, diferentemente dos outros animais, deixa uma marca grande. Perceber a impermanência faz com que atiremos longe as preocupações mundanas.

Através de uma intensa lembrança sobre a necessidade de assegurar felicidade em vidas futuras, que provoca o abandono de ações negativas, a adoção de ações positivas e a prática do Darma sublime, a meditação sobre a morte e impermanência deixa uma pegada imensa.

“Lectures on Tibetan Religious Culture”, cap. 13

* “Preocupações voltadas para esta vida” se referem aos planos e ações que consideram o bem-estar apenas nesta vida, desconsiderando a morte, a continuidade da mente e os efeitos cármicos. “Assegurar boas condições em vidas futuras” se refere a garantir que não renasceremos em reinos inferiores, ou em condições em que não é possível praticar o darma — situação que é a mais provável, caso não haja esse tipo de atitude.

http://darma.info/trechos/2014/06/a-pegada-da-impermanencia/
 
OS TRÊS PILARES DO DHARMA

Praticar e compreender o samsara, a roda de avidez e ódio. As oportunidades para praticar surgem por causa de algo que na língua páli se chama Parami. Cada momento mental que for livre de avidez, ódio e ilusão tem certa força purificadora no fluxo da consciência; e em nossa longa evolução acumulamos muitas dessas forças purificadoras dentro de nossas mentes. Onde houver uma grande acumulação desses fatores benéficos de não-avidez, não-ódio e não-ilusão, os paramis tornam-se fortes e resultam em todo tipo de felicidade, desde os prazeres sensuais mais mundanos até a mais elevada felicidade da iluminação. Nada acontece por acaso ou sem causa.

Há dois tipos de paramis: pureza de conduta e pureza de sabedoria. As forças de purificação envolvidas na correta conduta tornam-se a causa de vizinhanças felizes, circunstâncias agradáveis, relacionamentos felizes e a oportunidade de ouvir o Dharma.

O outro tipo de parami, a pureza de sabedoria, desenvolve-se pela prática do correto compreender e torna possível o crescimento da percepção, doinsight. Ambos os tipos de paramis, essas duas forças de purificação, devem ser desenvolvidas para que tenhamos a chance de praticar o Dharma e, depois, a sabedoria para compreendermos.

Há três pilares do Dharma, três campos de ação que cultivam e reforçam os paramis. O primeiro deles é a generosidade. Dar é a expressão do fator mental não-avidez em ação. Não-avidez significa ceder, abrir mão, não segurar, não agarrar, não se enganchar. Toda vez que dividimos algo ou damos algo a alguém, isso reforça o fator benéfico, até que se torna uma força mental poderosa. O Buda disse que se soubéssemos, como ele sabia, qual o fruto do ato de dar, nós não deixaríamos passar nem sequer uma simples refeição sem dividi-la. Os resultados cármicos da generosidade são a abundância e relacionamentos profundamente harmoniosos com as outras pessoas. Dividir, compartilhar o que temos é uma forma linda de nos relacionarmos com os outros e nossas amizades ficarão muito intensificadas pela qualidade da generosidade. Ainda mais significante é que o cultivo da não-avidez torna-se uma grande força de liberação. O que nos mantém presos é o desejo e o apego em nossas mentes. À medida que praticamos o dar, aprendemos a ceder, a abrir mão.

Diz-se que há três tipos de doadores. O primeiro são os doadores mendigos. Dão após muita hesitação e ainda assim apenas as sobras, o pior do que eles possuem. Eles pensam: "Será que eu deveria das ou não? Talvez sejam coisas demais?" E finalmente talvez se desfaçam de algo que realmente não queriam. Dadores amigáveis são pessoas que dão aquilo que elas próprias usariam. Dividem o que têm com menos deliberação, mais mãos-abertas. O mais elevado tipo de doadores são os doadores reais ou nobres que oferecem o melhor do que têm. Eles compartilham espontaneamente sem precisar deliberar. Dar tornou-se natural em sua conduta. A não-avidez é tão forte em suas mentes que em cada oportunidade que têm, eles dividem aquilo que é mais cobiçado, de forma solta e amorosa. Para algumas pessoas, doar é difícil; a ganância é forte e há muitos apegos. Para outros a generosidade vem facilmente. Não importa. De qualquer lugar do qual estejamos começando, simplesmente começamos a praticar. Cada ato de generosidade lentamente enfraquece o fator avidez. Compartilhar abertamente é uma forma linda de viver no mundo e, através da prática, podemos nos tornar doadores reais.

Há dois tipos de consciência que estão envolvidos em nossos atos. Uma delas é a "consciência induzida": a mente que considera e delibera antes de agir. A outra é a chamada "consciência não-induzida" e é muito espontânea. Quando uma ação específica foi bem cultivada, não há mais necessidade de deliberar. Essa consciência não-induzida, muito espontânea, opera bem no momento. Através da prática, desenvolvemos o tipo de consciência em que dar se torna a expressão natural da mente. Devemos cultivar a generosidade a partir da compaixão e do amor por todos os seres. Em muitos discursos, o Buda incitou as pessoas a praticarem a doação até que ela se tornasse uma expressão fácil, sem esforço, da compreensão. A generosidade é um grande parami: figura como a primeira das perfeições do Buda. À medida que vai sendo cultivada, torna-se causa de grande felicidade em nossas vidas.

O segundo pilar ou sustentáculo do Dharma, ou campo de ações purificadoras, é a abstenção moral. Isso significa seguir os cinco preceitos básicos: não matar, não roubar, não cometer desregramento sexual, não utilizar discurso errado e não utilizar tóxicos que turvam a mente e a tornam embaraçada.

- Todos os seres querem viver e ser felizes; todos os seres desejam ser livres da dor. É um estado mental muito mais leve preservar a vida do que destruí-la. É muito melhor remover gentilmente um inseto de dentro de nossas casas e colocá-lo para fora do que matá-lo. É ter reverência por todos os seres vivos.

- Não roubar significa abster-se de tirar as coisas que não nos foram dadas.

- Má conduta sexual ou desregramento sexual é mais facilmente entendido como abstenção de ações sensuais que causem dor ou prejudiquem os outros, ou turbulência e distúrbio em nós mesmos.

- Abster-se do discurso incorreto significa não apenas dizer a verdade, mas evitar todo tipo de conversa frívola ou inútil. Muito do nosso tempo é perdido em fofocas. As coisas surgem em nossa mente e falamos sem considerar sua utilidade. Restrição no discurso é muito útil para tornar a mente pacificada. Não usar linguagem rude ou abusiva. Nosso falar deve ser gentil, cultivando harmonia e unidade entre as pessoas.

- Abster-se de tóxicos: Ao caminharmos no caminho da iluminação, em direção à liberdade e clareza da mente, também não é muito útil usar coisas que nublam nossa mente, tornando-a embaraçada. O descuido no uso de tóxicos enfraquece sobremaneira nossa resolução de mantermos os outros preceitos.

A importância e o valor dos preceitos está em muitos níveis. Eles agem como uma proteção para nós, uma guarda contra a criação de carma maléfico. Todos esses atos dos quais nos refreamos, nos abstemos, envolvem motivos de avidez, ódio ou ilusão e são carmicamente produtores de dor e sofrimentos futuros. Enquanto a atenção ainda estiver sendo desenvolvida e, às vezes, não estiver ainda muito forte, a resolução de seguir os preceitos servirá como um aviso quando vocês estiverem a ponto de cometer algum ato ruim. Atos inúteis ou ruins também causam um peso e escuridão mental no momento em que os praticamos. Cada ação útil, boa, cada refrear de atividades maléficas, traz leveza e claridade. Se vocês observarem cuidadosamente a mente ao fazerem qualquer atividade, vocês começarão a perceber que toda atividade baseada na ganância, no ódio ou ilusão causa peso para surgir. Seguir esses preceitos morais como regras para viver nos mantêm leves e permite que a mente seja aberta e clara. É uma forma muito mais fácil e menos complicada de viver. Neste nível de compreensão, os preceitos não são entendidos como mandamentos e sim seguidos pelo efeito que têm sobre a nossa qualidade de vida. Não existe o sentido de imposição de forma alguma porque eles são a expressão natural de uma mente clara.

Os preceitos têm um significado ainda mais profundo no caminho espiritual. Eles libertam a mente do remorso e da ansiedade. Culpa a respeito de ações do passado não ajuda muito e mantém a mente agitada. Ao estabelecer uma pureza de ações no presente, a mente torna-se mais facilmente tranquila e penetrante. Sem concentração, o insight é impossível. De modo que um alicerce na moralidade torna-se a base do desenvolvimento espiritual.

O terceiro campo de atividade purificadora é a meditação. A meditação está dividida em duas correntes principais. A primeira é o desenvolvimento da concentração, a habilidade da mente permanecer firme sobre um objeto, sem vacilar nem passear. Quando a mente está concentrada há um grande poder de penetração. A mente que está espalhada, dividida, não consegue enxergar a natureza do corpo e da mente. Mas concentração apenas não é suficiente. A poderosa força da mente precisa ser utilizada à serviço da compreensão, que é o segundo tipo de meditação: o cultivo doinsight, da percepção. Isto significa ver claramente o processo das coisas, a natureza de todos os Dharmas.

O sábio corrige sua mente inquieta, agitada,ardilosa, não-confiável, tal como o arqueiro constrói a flecha
(Buda; Dhammapada - verso 33)

Tudo é impermanente e está em fluxo, surgindo e passando de momento em momento. A consciência, o objeto, todos os diferentes fatores mentais, o corpo: todos os fenômenos compartilham do fluxo da impermanência. Quando a mente está clara ela experimenta essa mudança incessante a nível microscópico: de instante a instante estamos nascendo e morrendo. Não há nada ao que nos agarrarmos, nada a que nos atarmos. Não devemos nos apegar a nenhum estado mental ou corporal, nenhuma situação externa a nós mesmos, pois tudo esta mudando no momento. O desenvolvimento do insight significa experimentar o fluxo da impermanência dentro de nós de modo que possamos começar a abrir mão, a ceder, não nos agarrando tão desesperadamente aos fenômenos mente-corpo. Experimentar a impermanência leva a uma compreensão de insatisfação inerente do processo mente-corpo: insatisfação no sentido de que ele é incapaz de nos dar qualquer tipo duradouro de felicidade. Se pensarmos que o corpo vai ser a causa da nossa paz, felicidade e alegria permanentes, então não estaremos vendo a decadência inevitável que vai ocorrer. Conforme começamos a ficar velhos e doentes, decadentes e morremos, as pessoas com um forte apego ao corpo experimentarão grande sofrimento. A decadência é inerente a tudo o que aparece, que surge. Todos os elementos da matéria, todos os elementos da mente, surgem e desaparecem.

Outra característica de toda existência, que pode ser vista com o desenvolvimento do insight e da consciência, é que em todo esse fluxo dos fenômenos não existe algo como um "eu" ou um "self", um "meu", ou um "mim". São apenas fenômenos fluindo, fenômenos vazios, vazios de self, de ego. Não há entidade por trás de tudo que esteja experimentando tudo. O experimentador, o sabedor é, em si mesmo, parte do processo. À medida que o insight é cultivado através da prática da atenção, as três características da existência são reveladas.

O insight é um processo de purificação: quando todas as negatividades em nossa mente tiverem sido vistas, examinadas e finalmente extirpadas, elas não surgem de novo.

Sabedoria é a culminação do caminho espiritual, que começa com a prática da generosidade, refreamentos morais e o desenvolvimento da concentração. A partir dessa base de pureza surge o insight penetrante na natureza da mente e do corpo. Ao estarmos perfeitamente atentos ao momento, tudo aquilo que foi acumulado em nossas mente começa a subir, emergir. Todos os pensamentos e emoções, toda a malevolência, avidez e desejo, toda a luxúria, todo o amor, toda a energia, toda a confiança e alegria, tudo que está em nossas mentes começa a ser trazido ao nível consciente. E através da prática da atenção, do não agarramento, da não-condenação, não-identificação com coisa alguma, a mente torna-se mais leve e mais livre.

Uma indicação do poder relativo desses vários campos de parami foi dada pelo Buda. Ele disse que o poder da purificação na doação é aumentado pela pureza do recebedor. Mas muitas vezes mais poderosa, até mesmo do que ter feito uma oferenda ao próprio Buda ou à uma ordem inteira de monges e monjas iluminados, é a prática do pensamento da bondade amorosa com uma mente concentrada. E ainda mais potente do que cultivar esse pensamento amoroso é ver claramente a impermanência de todos os fenômenos, pois esse insight dentro da impermanência é o início da liberdade.

Por Joseph Goldstein; A Experiência do Insight - Editora Roca

http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2006/03/os_tres_pilares.html
 
"Poder da escolha
A qualquer momento você pode escolher seguir a cadeia de pensamentos, emoções e sensações que reforçam a percepção de si mesmo como vulnerável e limitado, ou você pode lembrar que sua verdadeira natureza é pura, não condicionada e incapaz de ser ferida.

Você pode permanecer no sono da ignorância ou se lembrar que você está — e sempre esteve — acordado. De qualquer modo, você ainda está expressando a natureza ilimitada de seu verdadeiro ser. Ignorância, vulnerabilidade, medo, raiva e desejo são expressões do potencial infinito de sua natureza buda.

Não há nada inerentemente errado ou certo em fazer essas escolhas. O fruto da prática budista é simplesmente o reconhecimento que essas e outras aflições mentais são nada mais nada menos do que escolhas disponíveis para nós porque nossa verdadeira natureza é infinita em alcance.

Escolhemos a ignorância porque podemos. Escolhemos o estado desperto porque podemos. Samsara e nirvana são simplesmente diferentes pontos de vista baseados nas escolhas que fazemos sobre como analisar e compreender nossa experiência.

Não há nada mágico no nirvana e nada ruim ou errado no samsara. Se você está determinado a pensar em si mesmo como limitado, medroso, vulnerável ou assustado pelo passado, saiba apenas que você escolheu fazer isso. A oportunidade de vivenciar a si mesmo de modo diferente está sempre disponível."


http://darma.info/trechos/2009/07/poder-da-escolha/
 
Samyutta Nikaya XXII.61

Aditta Sutta

Em Chamas


Em Savatthi. "Bhikkhus a forma está em chamas, a sensação está em chamas, a percepção está em chamas, as formações volitivas estão em chamas, a consciência está em chamas. Vendo desse modo, o nobre discípulo se desencanta com a forma, com a sensação, com a percepção, com as formações volitivas, com a consciência. Desencantado ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”

http://www.acessoaoinsight.net/sutta/SNXXII.61.php
 
Cruzar adiante, não segurar

Walpola Rahula (Sri Lanka, 1907 ~ 1997):

[...] o Buda disse: “Uma pessoa tem uma fé. Se ela diz: ‘Esta é a minha fé’, até aqui ela mantém a verdade. Mas ela não deve chegar à conclusão absoluta: ‘Só esta é a Verdade, todo o restante é falso’. [...] Se apegar a determinada visão e menosprezar outras, como algo inferior, isto os sábios definem como estar acorrentado”.

Certa vez, o Buda explicou a doutrina sobre causa e efeito aos discípulos, que disseram ter enxergado e compreendido claramente. Então o Buda disse:

“Ó monges, mesmo essa visão, que é tão pura e clara, se se apegarem a ela, se a prezarem, como um tesouro, se se prenderem a ela, então vocês não compreendem que o ensinamento é como uma canoa, que serve para cruzar adiante, e não para segurá-la.”

“What the Buddha Taught”, loc. 509

Auspicioso Chokkor Düchen (feriado tibetano que celebra o 1º giro da roda do darma) para todos!


http://darma.info/trechos/2014/07/cruzar-adiante-nao-segurar/
 
Eis aqui uma das minhas partes preferidas do livro As Portas da Percepção de Huxley.

"E lembrei-me, então, de uma passagem que lera em um dos ensaios de Suzuki: "Que é o Dharma-Corpóreo do Buda?". (O Dharma-Corpóreo do Buda é outro modo de se referir à Mente, à Peculiaridade, ao Vazio, à Divindade.) A pergunta foi feita, em um mosteiro zen, por ardente e perplexo noviço. E, com a vivaz insensatez de um dos Irmãos Marx, respondeu-lhe o superior: "A sebe ao fundo do jardim". "E poderia eu perguntar" — retrucou timidamente o noviço — "qual o homem que concebeu essa verdade?" A que Groucho, dando-lhe uma pancada nas costas com seu bastão, responde: "Um leão de cabelos de ouro!".

Quando li esse diálogo, achei-o pouco mais ou menos um amontoado de insensatez. Agora, porém, tudo está tão claro como o dia, tão evidente quanto o postulado de Euclides. Não há a menor dúvida de que o Dharma-Corpóreo do Buda seja a sebe do fim do jardim. Ao mesmo tempo, e com igual certeza, ele é estas flores, ele é qualquer coisa que desperte a atenção de meu ego (ou melhor, de minha bem-aventurada despersonalização, liberta por um momento de meu abraço asfixiante)." - As Portas da Percepção.
 
Prece Libertadora

LOUVOR A BUDA SHAKYAMUNI

Ó Abençoado, Shakyamuni Buda,
Precioso tesouro de compaixão,
Concessor de suprema paz interior,

Tu, que amas todos os seres sem exceção,
És fonte de bondade e felicidade,
E nos guia ao caminho libertador.

Teu corpo é uma jóia-dos-desejos,
Tua fala é um néctar purificador e supremo
E tua mente, refúgio para todos os seres vivos.

Com as mãos postas, me volto para ti,
Amigo supremo e estável,
E peço do fundo do meu coração:

Por favor, concede-me a luz de tua sabedoria
Para dissipar a escuridão da minha mente
E curar o meu continuum mental.

Por favor, me nutre com tua bondade,
Para que eu possa, por minha vez, nutrir todos os seres
Com um incessante banquete de deleite.

Por meio de tua compassiva intenção,
De tuas bênçãos e feitos virtuosos
E por meu forte desejo de confiar em ti,

Que todo o sofrimento rapidamente cesse,
Que toda a felicidade e alegria aconteçam
E que o santo Darma floresça para sempre.


Composta pelo Venerável Geshe Kelsang Gyatso no Centro Manjushri, Inglaterra, Junho 2001
© Geshe Kelsang Gyatso and New Kadampa Tradition 2001








 
Última edição:
Angulimala: Uma história do poder da compaixão
(Contada pelo Ven. Walpola Piyananda Thera em Love in Buddhism)

Houve uma vez o filho de um brâmane (mais elevada casta "sacerdotal" na Índia) na corte do rei Pasenadi de Kosala, cujo nome era Ahimsaka. Ele foi enviado para Taxila para seus estudos. Ahimsaka era inteligente e obediente a este professor; portanto, ele era querido pelo professor e sua esposa. Isso fez com que os outros alunos ficassem com ciúmes dele. Então eles foram até o professor e falsamente acusaram Ahimsaka de ter um relacionamento imoral com a esposa do professor. A princípio, ele não acreditava neles, mas depois de ouvi-los várias vezes, ele pensou que era verdade e prometeu se vingar em Ahimsaka. Ele pensou que matá-lo se refletiria muito mal sobre ele. Sua raiva o levou a sugerir o impensável para o jovem e inocente Ahimsaka. Ele disse a seu aluno para matar mil seres humanos, e para trazer o polegar da mão direita de cada como pagamento por ensinar-lhe. É claro que o jovem não seria sequer capaz de pensar em tal coisa, por isso ele foi banido da casa do professor e voltou para seus pais.

Quando o pai soube por que Ahimsaka havia sido expulso, ele ficou furioso com seu filho, e não quis saber de nenhuma ponderação. Naquele mesmo dia, com a chuva caindo, ele ordenou que Ahimsaka saísse de casa. Ahimsaka foi até sua mãe e pediu-lhe conselhos, mas ela não poderia ir contra a vontade de seu marido. Então Ahimsaka foi para a casa de sua noiva (de acordo com o costume antigo na Índia do noivado de crianças muito antes de seu casamento real), mas quando a família soube por que Ahimsaka havia sido expulso da escola, eles o colocaram para fora. A vergonha, raiva, medo e desespero de Ahimsaka o deixaram fora de si. Sua mente, em sofrimento, podia somente se lembrar da ordem do professor: coletar 1.000 polegares humanos. E então ele começou a matar, e os polegares por ele coletados foram pendurados em uma árvore, porém eles foram destruídos por corvos e abutres, então ele começou a usar uma guirlanda de dedos para manter o controle do número.

Devido a isso, ele passou a ser conhecido como Angulimala (guirlanda de dedos) e tornou-se o terror da zona rural. O próprio rei ouviu falar sobre as façanhas de Angulimala, e ele decidiu capturá-lo. Quando Mantani, a mãe de Ahimsaka, ouviu sobre a intenção do rei, ela foi para a floresta, em uma tentativa desesperada de salvar seu filho. Por esta altura, a corrente em volta do pescoço de Angulimala tinha 999 dedos nela, apenas a um dedo de completar 1000.

O Buda; soube da tentativa da mãe para dissuadir o filho de, e refletiu que, se ele não interviesse, Angulimala, que estava à procura da última pessoa para fazer a milésima vítima, veria sua mãe e poderia matá-la. Nesse caso, ele teria que sofrer um período ainda maior pelo seu mal carma. Por compaixão, o Buddha partiu para a floresta.

Angulimala, depois de muitos dias e noites sem dormir, estava muito cansado e quase esgotado. Ao mesmo tempo, ele estava muito ansioso para matar a última pessoa a fazer a sua cota completa de 1000 e assim completar sua tarefa. Ele se preparou mentalmente para matar a primeira pessoa que encontrasse. Quando ele olhou para baixo de seu esconderijo na montanha, ele viu uma mulher na estrada abaixo. Ele queria cumprir sua promessa de completar os 1000 polegares, mas quando ele se aproximou, viu que era sua mãe. Ao mesmo tempo, o Buda estava se aproximando, e Angulimala teve presença de espírito suficiente para decidir matar o monge errante, em vez de sua mãe. Ele partiu atrás do Abençoado com a faca levantada. Mas o Buda continuou se movendo à frente dele. Angulimala simplesmente não conseguia alcançá-lo. Por fim, ele gritou: "O Bhikkhu, pare, pare!" E o Iluminado respondeu: "Eu parei. É você quem não parou." Angulimala não entendeu o significado dessas palavras, então ele perguntou: "O bhikkhu! Por que você diz que você parou, enquanto eu não?"

O Buda respondeu: "Eu digo que eu parei porque eu desisti de matar todos os seres. Desisti de maltratar todos os seres, e me estabeleci no amor universal, paciência e conhecimento através da reflexão. Mas você não parou de matar ou maltratar os outros e você ainda não está estabelecido no amor universal e paciência. Assim, você é o único que não parou. "Ao ouvir estas palavras Angulimala foi chamado de volta para a realidade, e pensou, essas são as palavras de um homem sábio. Este monge é muito sábio e muito corajoso, e ele deve ser o líder dos monges. Na verdade, ele deve ser o próprio iluminado! Ele deve ter vindo aqui especialmente para fazer-me ver a luz. Pensando assim, ele jogou fora suas armas e perguntou ao Abençoado se poderia ser admitido à ordem dos bhikkhus, que o Buda concedeu.

Quando o rei e os seus homens chegaram para capturar Angulimala, encontraram-no no mosteiro de Buda. Ao ver que o Angulimala havia desistido de seus maus caminhos e se tornardo um bhikkhu, o rei e os seus homens concordaram em deixá-lo sozinho. Durante a sua estada no mosteiro, Angulimala praticou meditação ardentemente

Angulimala não tinha paz de espírito, porque mesmo em sua meditação solitária que ele costumava recordar memórias de seu passado e os gritos patéticos de suas infelizes vítimas. Como resultado de seu mal carma, enquanto a pedir esmola nas ruas ele se tornava alvo de pedras e paus e voltava para o mosteiro Jetavana com a cabeça quebrada e sangue fluindo, cortado e machucado, para ser lembrado pelo Buda: "Meu filho Angulimala. Você acabou com o mal. Tenha paciência. Este é o efeito das más ações que cometeu na existência. Seu mal carma teria feito você sofrer em inúmeras existências se eu não tivesse te conhecido."

Certa manhã, ao ir em uma esmola de alimentos em Savatthi, Angulimala ouviu alguém gritando de dor. Quando ele veio a saber que uma mulher grávida estava tendo dores de parto e enfrentando dificuldade para parir a criança, ele refletiu que todos os seres mundanos estão sujeitos ao sofrimento. Movido pela compaixão, ele relatou o sofrimento desta pobre mulher ao Buda, que o aconselhou a recitar as seguintes palavras verdadeiras, que mais tarde vieram a ser conhecidas como o Angulimala Paritta. Indo para a presença da mulher que sofria, ele se sentou em um assento separado dela por uma tela, e proferiu as seguintes palavras:

Irmã, desde o dia em que me tornei um arahat
Eu conscientemente não destruí
A vida de nenhum ser vivo.
Por essa verdade, possa você ficar bem
E possa a sua criança ainda não nascida ficar bem.

Instantaneamente, a mulher teve o seu filho com facilidade. Tanto a mãe quanto a criança estavam bem e saudáveis. Ainda hoje muitos recorrem a este paritta.

Angulimala gostava de viver na solidão e no isolamento. Mais tarde, ele morreu em paz. Como um arahant, ele atingiu o Parinibbana.

Outros bhikkhus perguntaram ao Buda onde o Angulimala renasceu, e quando o Abençoado respondeu, meu filho Angulimala alcançou o Parinibbana, mal podiam acreditar. Então eles perguntaram se era possível que um homem que matou tantas pessoas tinha na verdade alcançado o Parinibbana. A esta pergunta, o Buda respondeu: "Bhikkhus, Angulimala fez muito mal, porque ele não tinha bons amigos. Mas depois, ele encontrou bons amigos e com a sua ajuda e bons conselhos, tornou-se firme e consciente na prática do Dhamma e meditação. Assim, seus atos malignos foram esmagados pelo bom carma e sua mente foi completamente limpa de todas as impurezas. "

O Buda disse de Angulimala

"De quem o mal feito é obscurecido pelo bem,
Ele ilumina este mundo como a
lua se liberta de uma nuvem ".

O poder do amor e compaixão são mais fortes do que qualquer mal, e são condições absolutas para despertar.

Traduzida livremente de http://www.ic.sunysb.edu/Clubs/buddhism/story/angulimala.html


Há várias versões da história de como o Angulimala encontrou o Buda e se tornou um monge, como em http://www.sotozencuritiba.org/Angulimama.php, todas com basicamente o mesmo final.
 
Última edição:
Auto Importância

Quanto vale a sua opinião? A sua verdade? O quanto você se acha superior ou inferior aos outros? Qual a auto-importância que você se dá?

Auto-importância é diferente de auto-estima. Auto-importância é ter a crença que você possui a verdade, que o seu raciocínio serve mais do que o dos outros, que você já sabe o que está acontecendo e não precisa escutar outras opiniões.
A auto-estima tem haver com o sentir-se seguro e feliz; é conhecer seus defeitos e qualidades e estar bem com eles. Estar em paz com a complexidade que se é.
Quando nos damos muita auto-importância, ficamos surdos e cegos ao mundo, como se vivêssemos ao redor de nosso próprio umbigo. Isso não é positivo porque não conseguimos interagir, agimos como se todos fossem o nosso espelho.

Geralmente quando nos damos muita auto-importância temos baixa-estima. Como se compensássemos uma coisa com a outra, não permitimos que ninguém interfira em nossas ações. Ninguém consegue nos tirar da nossa ilusão de perfeição.

Temos que perceber que todos somos iguais em importância, que cada um é único e está em um momento específico da vida e que sempre há muito a aprender e compartilhar.

Lotus Urbano: http://www.lotusurbano.com.br/index...:importancia&catid=42:artigos-blog&Itemid=204
 
Votos de bodisatva

Na tradição budista, um bodisatva é um ser dedicado ao despertar universal, a trazer compaixão e sabedoria para todos os seres vivos, leve o tempo que levar. É o que se expressa na promessa de não entrar no domínio do Nirvana antes que a última folha de grama possa entrar também.

Antes de cada meditação, praticantes do mundo inteiro repetem os votos de bodisatva, para ter sempre em mente essa intenção. Os votos começam assim: “Os seres vivos são em número infinito; prometo servir até que todos estejam libertados. A ignorância e a ganância são ilimitadas; prometo transformá-las e erradicá-las totalmente”.

A promessa de proporcionar despertar e compaixão a inúmeros seres através dos éons é uma tarefa esmagadora. Os alunos que fazem esses votos têm que refletir sobre seu significado, descobrir como vivê-los. Será que o eu, este “pequeno eu”, vai ter que percorrer o universo salvando todos os seres? Como medir o sucesso? Como começar?

É simples: os votos de bodisatva não se referem a uma realização, mas a uma direção, a um rumo da intenção. Sejam quais forem as circunstâncias — nascimento ou morte, alegria ou tristeza — meu corpo, minha fala e minha mente seguem a direção da compaixão e do despertar. A cada momento, vou plantar sementes de bondade e libertação para mim e para todos os seres vivos.

Jack Kornfield (EUA, 1945 ~)
“Depois do êxtase, lave a roupa suja”, parte 4 | 16

http://darma.info/trechos/2011/01/votos-de-bodisatva/
 
"Eu vim a um mundo de sonho, dar ensinamentos de sonho, a seres de sonho com sofrimentos de sonho. Eu não vim e eu não vou". (Palavras atribuídas ao Buda Sakyamuni, ditas pouco antes de sua morte.)

"Todos os conceitos e pensamentos que surgem na mente, na verdade toda a nossa experiência da realidade, não é muito diferente de desenhos feitos com o dedo, sobre a superfície da água. No próprio ato em que uma imagem está sendo criada, ela deixa de existir". (Chadud Tulko Rinpoche - Portões da Prática Budista)
 
Transgressão

Em Savatthi. Agora, naquela ocasião dois bhikkhus tiveram uma disputa e um bhikkhu cometeu uma transgressão contra o outro. Então, o primeiro bhikkhu confessou a sua transgressão para o outro bhikkhu, mas este último não quis perdoá-lo. [1]

Então, um grande número de bhikkhus foram até o Abençoado e depois de cumprimentá-lo sentaram a um lado e relataram tudo que havia ocorrido. [O Abençoado disse:]

“Bhikkhus, há dois tipos de tolos: um que não enxerga uma transgressão como uma transgressão; e um que, quando um outro está confessando uma transgressão, não o perdoa de acordo com o Dhamma. Esses são os dois tipos de tolos.

“Bhikkhus, há dois tipos de pessoas sábias: uma que enxerga uma transgressão como uma transgressão; e uma que, quando um outro está confessando uma transgressão, o perdoa de acordo com o Dhamma. Esses são os dois tipos de pessoas sábias.

“Certa vez no passado, bhikkhus, Sakka, o senhor dos devas, instruindo os devas do Tavatimsa no salão de assembléias Sudhamma, recitou este verso:

“’Tenham a raiva sob seu controle;
não permitam que as suas amizades se deteriorem.
Não critiquem quem é inculpável;
não pronunciem palavras de discórdia.
Como uma avalanche na montanha
a raiva esmaga as pessoas más.”


[1] De acordo com a disciplina monástica, se um bhikkhu ofender outro bhikkhu, o primeiro deve se desculpar e o último deve aceitar as desculpas.


http://www.acessoaoinsight.net/sutta/SNXI.24.php
 


Ativem a legenda do vídeo.
 
Avalokiteshvara e seus mil braços e cabeças

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Avalokiteshvara
(em sânscrito Avalokiteśvara, "Aquele que enxerga os clamores do mundo"; em tibetano Chenrezig), é o/a bodisatva (bodhisattva) que representa a suprema compaixão de todos os Budas. Um bodhisattva é aquela criatura que está adiantada ou pronta para alcançar o estado de Buda; contudo faz voto de só alcançá-lo plenamente quando nenhum ser estiver mais no samsara, ou na roda de encarnações neste mundo.

Sendo a compaixão uma virtude central do budismo, Avalokiteshvara tornou-se muito conhecido por budistas e não budistas, sendo comum encontrar inscrições com seu mantra - Om mani padme hum- mesmo em meios não budistas.

A ligação entre Avalokiteshvara e o Buddha Amitaba é expressa por uma parábola que diz que o bodisatva, ao ver o sofrimento nos infernos, fez o voto de só atingir a iluminação quando os esvaziasse. Amitaba então perguntou que castigo ele receberia se falhasse e Avalokiteshvara lhe respondeu que poderia lhe partir a cabeça ao meio se não o fizesse. Imediatamente, Avalokiteshvara começou a retirar os seres dos infernos e trabalhando incessantemente, conseguiu esvaziá-los. Porém, tão logo se apresentou a Amitaba, os infernos estavam repletos, pois apenas os humanos mortos eram suficientes para enchê-los. Amitaba então bateu em sua cabeça e ela se partiu, nascendo em seguida mais cabeças e mais braços, para que Avalokiteshvara pudesse ver e acudir o número imenso de seres presos nos infernos e no samsara. Essa pequena história retrata a compaixão providente dos budas, que mesmo diante de nossos compromissos mais estranhos - partir a cabeça, por exemplo - podem extrair benefício a todos.

Encontra-se na iconografia budista imagens de Avalokiteshvara com mil braços e cabeças.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Avalokiteshvara
 
Última edição:
Hoje eu estava navegando no Reddit (especificamente no subreddit sobre budismo) e achei um tópico interessante: "Se não existe self, o que é aquilo que renasce?"

Vou tentar traduzir abaixo duas respostas que achei bem esclarecedoras. Peço desculpas antecipadamente por qualquer erro, meu inglês não é fluente.

philosarapter disse:
The analogy I use to understand it is as follows: Consider a rich tapestry constructed of the finest threads. When viewed from a distance, the patterns of the colored threads create an image. This image is analogous to the self. After a while this tapestry frays and the image falls apart, but the threads are reused and rewoven to form a new image. In this way, the image never truly had an existence of its own, it was an illusion created by the pattern. But new images can be born from new patterns, using the same threads. ...

"A analogia que eu uso para entender é a seguinte: Considere um tapete ricamente construído com as melhores linhas. Quando visto de uma distância, os padrões das linhas coloridas criam uma imagem. Esta imagem é análoga ao self. Depois de um tempo esse tapete enfraquece e a imagem se desfaz, mas os fios são reutilizados e renovados para formar uma nova imagem. Desta forma, a imagem nunca realmente teve uma existência própria, era uma ilusão criada pelo padrão. Mas novas imagens podem nascer a partir de novos padrões, usando as mesmas linhas. ..."


krodha disse:
Afflictive causes and conditions (karmic cause and effect) simply proliferate incessantly and indefinitely as long as ignorance regarding those processes remain. So rebirth is not a process that entails a transmigrant mind that leaves a body like some sort of soul, but rather that cause and condition simply continue to unfold.


And that is important to understand: Buddhism is never dealing with an independent entity like a self, soul, etc., it is dealing with causes and conditions, afflictive processes and habitual patterns. For example; the 'self' is merely a useful (ultimately unfounded) convention attributed to (and imputed upon) the sum total of those processes. There is no self enduring from moment to moment, there is patterns of conduct, behavior, grasping, which are simultaneous causes and effects for further proliferation of the same expressions.

...

So there is a conventional self, but that doesn't truly constitute a self. The self is an expression of karma, where there is karma there is conditioning, and the perception of a self appears as a result of those processes. There is no actual self (nor actual absence thereof) though, in any sense of the term.


If those karmic propensities are allowed to proliferate, then the conditions persist. The continuity of those afflictive propensities is called 'rebirth'. What is reborn is habitual patterns and traces of afflictive action, however again, there is no actual entity like a self or soul within that patterning. That is why when one's karma is exhausted then liberation occurs.


The entire occurrence is equivalent to an illusion, it is no different than going to bed at night and waking up the next morning with the impression that the same entity who went to sleep the night before is now waking up to begin a new day. Those processes of confusion beget further confused processes. When confusion is overturned, then those processes are seen for what they are, devoid of substantiality.

"Causas aflitivas e condições (de causa e efeito cármico) simplesmente proliferam incessantemente e indefinidamente, enquanto a ignorância em relação a esses processos permanecem. Então renascimento não é um processo que implica uma mente transmigrante que deixa um corpo como uma espécie de alma, mas sim de causas e condições que simplesmente continuam a se desdobrar.

E isso é importante para entender: o Budismo nunca está lidando com uma entidade independente como um self, alma, etc., mas lida com as causas e condições, processos aflitivos e padrões habituais. Por exemplo; o "EU" é apenas uma (em última instância, improcedente) convenção útil atribuída a (e imputado a) soma total desses processos. Não há um self sofrendo de momento a momento, há padrões de conduta, comportamento, agarramento, das quais simultaneamente são as causas e efeitos para a proliferação das mesmas expressões.

...

Portanto, há um self convencional, mas que não constitui verdadeiramente um self. O self é uma expressão do carma, onde há carma há condicionamento, e a percepção de um self aparece como um resultado desses processos.

Se essas tendências cármicas são permitidas a proliferar, então as condições persistem. A continuidade dessas tendências aflitivas é chamada de "renascimento". O que renasce são os padrões habituais e vestígios de ações aflitivas, porém mais uma vez, não existe uma entidade real, como um "EU" ou alma dentro dessa padronização. Por isso, quando o carma é esgotado então libertação ocorre.

Toda a ocorrência é equivalente a uma ilusão, não é diferente do que ir para a cama à noite e acordar na manhã seguinte com a impressão de que a mesma entidade que foi dormir na noite anterior está acordando agora para começar um novo dia. Esses processos de confusões geram processos ainda mais confusos. Quando a confusão é derrubada, então os processos são vistos pelo que são, desprovidos de substancialidade."

Há mais discussões no tópico :teo_seta_direita: https://www.reddit.com/r/Buddhism/comments/2tbhms/if_there_is_no_self_what_is_it_that_gets_reborn/
 
Antes dos budistas já haviam escolas tântricas hindus, e como fez com outros conceitos, como carma e renascimento, a nascente religião budista absorveu de seus antecessores na Índia também o Tantra, dando-lhe aspectos próprios.


O texto budista abaixo é da Nova Tradição Kadampa


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O que é uma autêntica prática tântrica?

Visto que os seres vivos possuem diversas inclinações e capacidades mentais, Buda Shakyamuni ensinou três veículos: o hinayana, o paramitayana e o vajrayana.

Para atender aqueles que possuem aspirações limitadas e que se preocupam principalmente com sua própria libertação do sofrimento, ele ensinou o hinayana. Os hinayanistas são bastante conscientes das falhas do apego e o consideram como seu principal objeto de abandono. Por essa razão, esse caminho às vezes é conhecido como “o veículo da separação do apego”.

Para abandonar o apego temporariamente, os hinayanistas renunciam à suas famílias, casas etc. e se retiram para lugares isolados, a fim de meditarem sobre repugnância; e para abandonar o apego por completo, eles meditam sobre a vacuidade.

Para aqueles que se sentem atraídos pelo caminho vasto, Buda expôs o paramitayana, no qual ensinou as seis perfeições e os dez solos do Bodissatva. Os principais objetos a serem abandonados pelos Bodissatvas são as obstruções à onisciência.

Os Bodissatvas não temem o apego, porque eles sabem como transformá-lo em caminho espiritual. Do mesmo modo que um agricultor usa estrume e outras substâncias impuras para fertilizar o solo, os Bodissatvas Superiores usam suas delusões como uma ajuda para alcançarem a budeidade, depois de tê-las neutralizado pela força da sua sabedoria e compaixão.

Para aqueles que se sentem atraídos pelo Darma profundo, Buda ensinou o terceiro veículo, o vajrayana. O vajrayana, ou mantra secreto, às vezes, é chamado de “o veículo do apego”, porque, em vez de tentar abandonar o apego imediatamente, os praticantes desse veículo usam o apego como uma ajuda para gerarem o grande êxtase espontâneo, com o qual eles meditam sobre a vacuidade.

Além disso, quando por fim alcançam a iluminação, embora não tenham apego desejoso, eles mostram uma aparência de ter apego, surgindo como Budas tântricos sob o aspecto do Pai e Mãe em abraço sexual.

Embora seja possível transformar apego em caminho espiritual praticando o mantra secreto, isso requer imensa habilidade porque, em geral, quando o apego se manifesta com força, ele automaticamente perturba nossa paz mental.

A maioria dos Budas não explicará o mantra secreto para evitar que praticantes não-qualificados usem esses ensinamentos para satisfazerem seus prazeres mundanos; é raro encontrar praticantes qualificados entre os discípulos. No entanto, os ensinamentos de Buda Shakyamuni são uma exceção. Graças ao poder de suas preces anteriores e da sua determinação, seus discípulos têm um carma especial para praticar o mantra secreto.

Há uma profecia de que, quando o Darma de Buda Shakyamuni estiver chegando ao fim, a prática do mantra secreto terá um rápido e amplo florescimento mundial, como uma chama de vela que brilha mais intensamente um pouco antes de se extinguir. Parece que hoje em dia há muitos livros sobre o tantra, muitos professores ensinando o tantra e muitos alunos tentando praticar o tantra. Contudo, nem todos esses livros e ensinamentos são puros e autênticos. Assim, torna-se cada vez mais importante distinguir entre os ensinamentos tântricos autênticos e outros que foram misturados com ensinamentos não-budistas.

Somos extremamente afortunados por termos encontrado os ensinamentos tântricos completamente puros de Buda Shakyamuni, transmitidos por Je Tsongkapa e por vários professores realizados da Nova Tradição Kadampa. Je Tsongkapa, que era uma emanação do Buda da Sabedoria Manjushri, esclareceu diversos aspectos da prática tântrica, que haviam sido mal interpretados no passado. Mostrou como é possível – e essencial – praticar a união do sutra e do tantra.

Antes de Je Tsongkapa, muitas pessoas achavam que o mantra secreto e a disciplina moral do vinaya eram contraditórios, e que uma pessoa não podia praticar os dois. Porém, Je Tsongkapa mostrou que, longe de contradizer o vinaya, a prática do mantra secreto é o meio supremamente habilidoso de manter a disciplina vinaya com pureza.

Considero-me extremamente afortunado pelo fato de poder transmitir os puros ensinamentos tântricos de Je Tsongkapa, e o leitor também deve se sentir afortunado com a oportunidade de estudá-los.

© Geshe Kelsang Gyatso & New Kadampa Tradition

http://kadampa.org/pt-br/books/solos-e-caminhos-tantricos#excerpt
 
O Budismo atual se divide, a grosso modo, em três linhas:

Hinayana: ou Pequeno Veículo, que são as escolas mais tradicionais do sul da Ásia, como o Budismo Theravada
Mahayana: ou Grande Veículo, que são as escolas do leste da Ásia, como a Chan chinesa, o budismo coreano e vietnamita, e o Zen japonês.
e Vajrayana: ou Caminho do Diamante, que é o Budismo Tibetano e escolas semelhantes de regiões próximas, como o Butão

Isso é só uma introdução, e para dizer que o texto abaixo é de um mestre Vajrayana. Outras linhas podem ter diferentes pontos de vista.


Extratos de:

OS QUATRO SELOS DO DHARMA
Dzongsar Jamyang Khyentse Rinpoche

http://www.nossacasa.net/shunya/default.asp?menu=11


O Primeiro Selo

"Podemos aceitar facilmente certos aspectos da impermanência, como a mudança do tempo; há, porém outros aspectos, igualmente óbvios, que não aceitamos. Embora nosso corpo seja visivelmente impermanente, envelheça a cada dia, não queremos aceitar isso. Certas revistas populares que vendem a juventude e a beleza exploram essa atitude. "

"Poderíamos, então, nos perguntar, "E daí?" "Por que se preocupar com esse tipo de coisa?" "O que há de tão importante nisso?" "Tem um começo, meio e fim - e daí?" Não é que os buddhistas estejam de fato preocupados com começos, meios e fins. Esse não é o problema aqui. O problema está no fato de que, quando a impermanência está presente, a incerteza e o sofrimento também estão presentes."

"Algumas pessoas acham que o buddhismo é pessimista, sempre falando de morte, morrer, impermanência, velhice - mas isso não é necessariamente verdade. A impermanência é um alívio! Eu não tenho uma BMW hoje e é graças à impermanência desse fato que eu posso vir a ter uma amanhã. Sem a impermanência eu ficaria preso à não-posse de uma BMW e nunca poderia vir a ter uma. Eu posso estar me sentindo muito deprimido hoje e, graças à impermanência, amanhã eu posso estar me sentindo ótimo. A impermanência não é necessariamente uma má notícia; tudo depende de como a interpretamos e a compreendemos. Mesmo que hoje nossa BMW seja riscada por um vândalo ou que nosso melhor amigo nos deixe na mão, não vamos ficar tão preocupados assim.Quando não reconhecemos que toda coisa composta é impermanente, isso é um engano, uma ilusão. Quando compreendemos isso - e não só intelectualmente - ficamos livres desse engano. É a isso que chamamos de liberação: ficar livre da crença unidirecionada e bitolada de que as coisas são permanentes. Mesmo o caminho, o precioso caminho buddhista, também pertence à esfera do composto, quer gostemos disso ou não. Ele tem um começo, tem um fim, tem um meio."

"Quando você compreende que todas as coisas compostas são impermanentes e você vive alguma perda, você tem condição de aceitar esse fato. Visto que todas as coisas são impermanentes, esse fato é de se esperar."
 
Última edição:
OS QUATRO SELOS DO DHARMA
Dzongsar Jamyang Khyentse Rinpoche

http://www.nossacasa.net/shunya/default.asp?menu=11

O Segundo Selo

"Todas as emoções são dor. Nós aceitamos que certas emoções, como a raiva ou o ciúme, são dor. Mas o que dizer do amor e do carinho, da bondade e da devoção? O que dizer dessas emoções que são agradáveis, belas, adoráveis? Nós não as encaramos como sendo dor. No entanto, as emoções implicam em dualidade, o que, ao final, cria sofrimento. Emoções como o choro, a dor, a raiva, são na verdade apenas o amadurecimento de emoções mais sutis; surgem no final de um processo. Elas são as menos perigosas e logo se exaurem. A causa é a verdadeira emoção, a mente dualista, e isso inclui quase todos os pensamentos que temos."

"A mente dualista cria muitas expectativas, muito medo, muitas esperanças. Onde quer que a mente dualista exista, existe a esperança, existe o medo. A esperança é uma forma perfeita e sistematizada de sofrimento. Com relação ao medo nenhuma explicação é necessária, mas nossa tendência é pensar que a esperança não é sofrimento. Na verdade, porém, é um grande sofrimento e definitivamente é uma fonte de dor."

"O Buddha ensinou "conheça o sofrimento". Essa é a Primeira Nobre Verdade. Muitos de nós tomamos erroneamente o sofrimento pelo prazer. O prazer que tenho hoje é, na verdade, a própria causa da dor que vou estar experimentando mais cedo ou mais tarde. Uma outra forma que o buddhismo tem de colocar isso é dizer que, quando uma grande dor fica menor, tomamos isso por prazer. Esse é o período que chamamos de felicidade. Além disso, a emoção é algo que não tem uma existência intrínseca."

"Tudo o que criamos por intermédio das emoções, ao final, é completamente fútil e doloroso. Por essa razão os buddhistas fazem meditação shamatha e vipassana. O benefício que isso nos traz é soltar o laço com o qual as emoções nos prendem, soltar a fixação que temos em relação às emoções."
 
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