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Microdoses no dia a dia

os cogumelos possuem concentrações diferentes de ativo nas diferentes estruturas (diferentes concentrações na estipe, no chapéu...), outra que mesmo na mesma strain vai ter concentrações diferentes dependendo do subtrato/condições do cultivo/flush colhido. A menos que você faça uma cromatografia líquida de alta eficiência já não da pra saber a dose. Também teria a opção de ter psilocina ou psilocibina puras, mas no cogumelo tem mais do que só esses alcalóides, logo o efeito seria diferente.

Sim, ocorrem diferenças na concentração de espécime para espécime, mesmo da mesma strain. Mas, essas diferenças são mensuráveis e é em cima delas que trabalhamos. Por exemplo, se você entrar na página do Wikipedia que fala sobre psilocibina (em inglês), vai ver que existe uma tabela de concentrações para as diversas espécies. O Panaeolus azurescens, que foi descrito como contendo 17,8 mg de psilocibina em 1g de cogu, esse número não foi alcançado com base em apenas um espécime de Panaeolus azurescens.

A tabela foi feita por Paul Stamets. Ele é um biólogo micologista que provavelmente teve aula de bioestatística e aprendeu aquelas coisas que eu havia postado antes, pra daí então fazer a média da concentração de psilocibina dos azurescens. E não falo isso em um tom de deboche, mas é que não é preciso ser nenhum deus pra saber dessas coisas...


Quanto mais tempo misturar mais homogêneo vai ficar.

Não necessariamente. Isso depende da afinidade que as moléculas das substâncias que estão sendo misturadas tem de reagir com as moléculas do grão de Nescau em estado sólido e em estado aquoso (que é o estado que eu imagino que você beba seu Nescau no café da manhã). Aliás, você já reparou como sempre fica um restinho no final do copo? Kkk...

E visualmente, os 2 pós tem cores bem diferentes, da pra perceber fácil quando a mistura ficar homogênea. Não da pra garantir 100%, mas da pra chegar fácil pelo menos nos 95, se você triturar (com dichavador mesmo), secar novamente, triturar até obter um pó bem fino (daria até pra usar um gral e pistilo, o pó fica mais fino que o do nescau). Um gral e pistilo não vão custar mais que 80 reais pra essa aplicação, eu uso uma xícara e pistilo pra triturar. Uma balança de precisão custa quanto uns 2000+?

Não quero mais falar de números com você. Você não respeita eles, seu numerofóbico!

Pois é exatamente numa situação assim que a diluição ajudaria, se a balança tem 2 casas decimais, nunca daria pra saber o que está depois do 0,4, se você diluísse 1 parte em 9 partes, teria pesado 4,0g o 0 pode até ter uma variação, mas é mais provável que chegasse mais perto dos 0,40 de cogu do que de 0,49.

Por que seria mais provável? De acordo com seu método, isso vai ficar à cargo da sorte.

Citei a diluição porque é assim que farmácias de manipulação lidam com fármacos potentes, porque diminui a chance de ter uma dose muito diferente da esperada.

Acho que não. Estudo em uma faculdade de farmácia (diga-se de passagem, a melhor do país segundo o ranking ruf 2017) e lá eles usam o método científico. Não é possível que é só lá...

Mas viu @Cantaro eu boto fé nos seus argumentos, não deixam de estar certos, se a diluição for mal feita não vai dar pra saber quanto de cogumelos tem por grama da mistura, além de que a crítica é importante pra rever os conceitos. É que eu to acostumado com essas manipulações, já virou um negócio óbvio e simples pra mim kkkk.

Não sei se pode postar essas coisas de manipulação dos cogumelos, eu vi que extração era proibido no fórum.

O porte da psilocibina/psilocina pura foi proibido pela Portaria 344 de 1998 da Anvisa, por isso falar sobre a extração aqui no fórum não é permitido. Mas eu entendo seu lado cara, desde que suas manipulações não sejam feitas com interesse além do recreativo. Porque, se por um acaso, você tiver uma lojinha e quiser vender microdoses de cogu, aí você estará incorrendo em um erro que pode acarretar até na perda da sua liberdade. Porque uma hora alguém sempre se ferra pela imprecisão de outrém... Mas isso é paranóia minha.
 
Última edição:
Está se falando aqui de se misturar pó de cogumelo com outro pó (no caso, nescau). Não tem nada a ver com moléculas. O pó não chega nem perto do nível molecular, apenas tão fino quanto o próprio nescau, ou pó de café, ou açúcar. Já misturou nescau com açúcar? Acho que não é tão difícil perceber quando a mistura está homogênea o suficiente.

A diluição é usada em farmácia de manipulação, sim. Além de usar a balança analítica, ainda diluem o(s) remédio(s) em um enchimento, por exemplo amido, ou em alguma das substâncias que fazem parte da receita em maior volume, e das quais a quantidade não é tão crítica (por exemplo, vitaminas). Pelas mesmas razões aqui apresentadas.


A concentração de psilocibina nos cogumelos nem chega a ser relevante para as microdoses, pois fazemos a dosagem empiricamente, em miligramas de cogumelos secos, não de psilocibina pura. Ninguém que eu saiba toma microdoses com referência nas porcentagens listadas no livro do Stamets. E isso nem faria sentido, pois em tais estudos os autores dispuseram de métodos de secagem, conservação e análise que vão muito além do que é possível para o cultivador caseiro. São, portanto, valores máximos (e não médias) que o cultivador caseiro poderia obter, na melhor da melhor das hipóteses.
Da forma como são geralmente cultivados e conservados os cogumelos para consumo, além da forma com que são consumidos, a porcentagem de psilocibina efetivamente aproveitada não deve chegar nem perto desses números.

Por isso é ainda mais importante obter doses consistentes, para se conseguir mitigar a variação da dosagem no próprio tratamento, que já é um bocado subjetivo. E para isso a balança e a diluição são complementares.
 
Sim, ocorrem diferenças na concentração de espécime para espécime, mesmo da mesma strain. Mas, essas diferenças são mensuráveis e é em cima delas que trabalhamos. Por exemplo, se você entrar na página do Wikipedia que fala sobre psilocibina (em inglês), vai ver que existe uma tabela de concentrações para as diversas espécies. O Panaeolus azurescens, que foi descrito como contendo 17,8 mg de psilocibina em 1g de cogu, esse número não foi alcançado com base em apenas um espécime de Panaeolus azurescens.

A tabela foi feita por Paul Stamets. Ele é um biólogo micologista que provavelmente teve aula de bioestatística e aprendeu aquelas coisas que eu havia postado antes, pra daí então fazer a média da concentração de psilocibina dos azurescens. E não falo isso em um tom de deboche, mas é que não é preciso ser nenhum deus pra saber dessas coisas...

O pior é que pode ser apenas um cogumelo sim, no próprio wikipédia, na base da tabela ta escrito: concentração máxima obtida. Não é uma média, mas um valor pra você ter como base do efeito máximo que provavelmente vai experimentar.
Sem título.jpg
Do livro citado, página 38.

Achei massa você ter citado isso, eu não conhecia esse livro, agora vou poder estudar mais um pouco.

Não quero mais falar de números com você. Você não respeita eles, seu numerofóbico!

Realmente, não gosto deles mesmo kkkkkk.

Como o brother acima comentou, é sobre diluição de sólidos, acho que você tinha entendido errado o negócio.
 
Olá pessoal, conversando com um amigo psiquiatra à respeito de depressão crônica ele me sugeriu tentar doses mínimas de cogumelo diariamente, sugerindo que a dose adequada seria uma que "se eu começar à ver uma certa distorção visual é que eu passei do limite". Me disse que ao contrário de muitas substâncias, o efeito do cogumelo vai acumulando no organismo e que a duração de cada microdose tende à ser maior com o passar do tempo.

Decidi que vou tentar esta abordagem (e deixar meu relato aqui mais pra frente).

Pergunta de quem não conhece muito o universo dos cogumelos... O Teonanacatl é mais fraco que o Cubensis? Em qual proporção?

Também estava pensando em como medir uma dose constante com segurança e deixo aqui como sugestão uma ideia que tive pra quem não tem uma balança de precisão: comprar cápsulas vazias de, vamos dizer, 500mg e com uma régua definir uma dosagem aproximada... Exemplo se tem 2cm a cápsula, 1cm de preenchimento seria o equivalente de cerca de 250mg, e assim por diante. Tudo bem triturado e misturado pra ficar homogênea a concentração dos psico-ativos.
 
O que você entende por Teonanacatl? Pode estar falando de uma cepa de cubensis, ou outro cogumelo. Se viu isso num e-shop, 99% de chance que é P. cubensis. Nesse caso não, não há diferença significativa entre as cepas.

Como as potências variam entre cultivos, e também a dose individual é bastante subjetiva, o método indicado pelo seu amigo psiquiatra (empírico) é o mais prático.

Medir os cogumelos por volume, como você sugere, não funciona muito bem. As medidas são muito pequenas, e dependendo de quão bem está moído o pó, o mesmo volume pode conter uma quantidade variável de cogumelos, especialmente um volume tão pequeno.

Nesse caso é melhor fazer a diluição geométrica, como nos últimos posts acima, e preencher completamente as cápsulas, de preferência usando uma encapsuladora.
 
Você já é acompanhado formalmente por um psiquiatra? De preferência que não seja seu amigo e tenho um compromisso ético com a sua melhora? Se sim, você já tentou diversas medicações? Você já fez psicoterapia?

Você está saltando direto para um procedimento experimental, que embora pareça muito promissor, ainda não é recomendado como tratamento em lugar nenhum do mundo. Além disso, os artigos pesquisam doses altas, em sets planejados e preparados, o que não tem nada a ver com microdoses diárias.
 
Olá pessoal, conversando com um amigo psiquiatra à respeito de depressão crônica ele me sugeriu tentar doses mínimas de cogumelo diariamente, sugerindo que a dose adequada seria uma que "se eu começar à ver uma certa distorção visual é que eu passei do limite". Me disse que ao contrário de muitas substâncias, o efeito do cogumelo vai acumulando no organismo e que a duração de cada microdose tende à ser maior com o passar do tempo.

Decidi que vou tentar esta abordagem (e deixar meu relato aqui mais pra frente).

Pergunta de quem não conhece muito o universo dos cogumelos... O Teonanacatl é mais fraco que o Cubensis? Em qual proporção?

Também estava pensando em como medir uma dose constante com segurança e deixo aqui como sugestão uma ideia que tive pra quem não tem uma balança de precisão: comprar cápsulas vazias de, vamos dizer, 500mg e com uma régua definir uma dosagem aproximada... Exemplo se tem 2cm a cápsula, 1cm de preenchimento seria o equivalente de cerca de 250mg, e assim por diante. Tudo bem triturado e misturado pra ficar homogênea a concentração dos psico-ativos.

Bom dia!

Seu amigo te explicou o porquê da recomendação em tomar as microdoses diariamente, e não de 3 em 3 dias?
Ele conhece mais gente que toma todos os dias e funciona bem?

Interessante isso de que a duração da micro tende a ser maior com o passar do tempo... c sabe de onde ele tirou essa referência?

A recomendação usual, a la Fadiman, é de intervalo de dois dias, ja que no dia seguinte ao que vc toma a micro ainda é possível perceber seus efeitos (por exemplo, eu fico com bastante energia e super-resolvedora de coisas, mais ate do que no dia em que tomo), e o terceiro dia seria um intervalo msm, sem a substância, pra ter algum parâmetro.

Tem algumas pessoas que acham muito 1x a cada 3 dias e preferem tomar 1x semana. 1 dia sim e outro não talvez possa funcionar bem tb.

Pode ser uma boa tomar todo dia, mas penso que ficaria mais difícil entender/perceber seus efeitos. E acredito que para sentir os efeitos antidepressivos não precisa necessariamente tomar todos os dias como um remédio comum.

Apenas seu teste dirá como funciona melhor pra vc ;)

E sobre a medição da micro, é como o salaam falou, não da pra confiar no olhômetro, varia muito mesmo.

Se a sua intenção é usar a micro séria e terapeuticamente, seria interessante ter uma balança, mesmo q seja daquelas nao taaao exatas de 30$ (tem umas manhas pra diminuir a margem de erro, pq elas variam um pouco). Assim fica mais facil ir testando as dosagens... vai de 0.1g primeiro, testa 0.2g... acho importante saber, com a maior exatidão possível, o quanto vc ta tomando, pra vc regular as doses direitinho e ter a referencia de como reage com cada dose.

Esse critério "se alterar a percepção vc sabe q passou" é complicado... vai q vc percebe isso durante o trabalho, ou dirigindo (um broder meu, que dirige a anos, esqueceu como dirigia no meio da estrada)... melhor evitar.

E o @WoD chamou a atenção pra coisas importantes.

Embora os efeitos ansiolíticos e antidepressivos sejam perceptíveis, é bastante diferente dos remédios comuns.

Acho que as microdoses aliadas à psicoterapia podem ser de grande ajuda. Ao contrário dos antidepressivos comuns, ele não 'embota' os sentimentos, mas permite uma margem maior de insights sobre si mesmo, uma abertura maior, o que pode ser um catalizador no processo terapeutico.

Usar apenas as micros como unico recurso contra a depressão pode não ser tão eficaz.
O mais interessante/impactante no uso terapêutico de psicodélicos, em macro ou microdoses, tem a ver mais com a experiência que com a mera regulação química (q tb existe, mas não é a tônica, saca?)

O único estudo que conheço sobre as micros foi feito pelo Fadiman, baseado em relatos de pessoas que usaram, e algumas usavam as micros concomitantemente a antidepressivos comuns (ele tem uma lista no site dele com os remedios cujo uso concomitante mostrou-se seguro).

Se puder evitar os antidepressivos comuns no seu tratamento, seria ótimo... se não, da pra pensar em usar junto às micros.
 
Última edição por um moderador:
Obrigado pelas ponderações, são de grande ajuda.

Salaam'aleik: Sim, de fato um e-shop. No site não há especificação da espécie e, procurando na internet pelo nome apresentado, Teonanacatl aparece relacionado à Psilocybe mexicana. Todavia agora que você falou, percebi que a foto parece ser mesmo do cubensis... vou me basear nele. Suponho que o chapéu tenha mais concentração que o caule? Como você trituraria para ficar o mais fino possível o resultado?

WoD: Faz mais de 15 anos que vou em psiquiatras e psico-analistas. Tentei vários tipo de medicamentos diferentes (o último foi um anti-epiléptico leve que tecnicamente também tem efeitos no humor), mas ou não apresentam resultados ou, se apresentam, passam após alguns meses (de doses cada vez maiores) e/ou estão acompanhados de efeitos colaterais ruins (especialmente nessas doses grandes). Não há uma mudança de paradigma ou sustentação de longo prazo possível com esses medicamentos farmacêuticos tradicionais já que em algum momento o tratamento tem que ser interrompido, sem alteração na essência do meu problema.

Priscillocibina: Meu amigo não entrou em detalhes à respeito dos dias, e eu creio que ele me sugere essa abordagem baseado na experiência particular dele. Com o que você disse estou pensando em começar fazendo de 2 em 2 dias com doses aproximadas de 100mg e à partir daí sentir qual o melhor caminho à seguir. Meu objetivo é justamente ter menos apatia no dia-a-dia, visando uma maior capacidade de realização, até porque trabalho compondo música e pra mim fica muito difícil compor com constância tendo um estado de espírito que tende ao desânimo. Queria deixar claro que abusava muito de substâncias quando era novo (usava qualquer coisa que aparecia, e apareceu literalmente de tudo) e sinto que isso afetou bastante o funcionamento do meu cérebro e, suponho, mexeu com a química interna. Todavia, não acredito numa solução estritamente de balaceamento químico; há muitos fatores envolvidos... Não vou misturar com farmacêuticos ou qualquer outra coisa (estou à 7 anos e meio sem usar psicodélicos).
 
Não há uma mudança de paradigma ou sustentação de longo prazo possível com esses medicamentos farmacêuticos tradicionais já que em algum momento o tratamento tem que ser interrompido, sem alteração na essência do meu problema.

O Eduardo Schenberg publicou um artigo recentemente fazendo um resumo das pesquisas de terapia com psicodélicos que tem sido feitas, e faz uma reflexão sobre como elas mudam o paradigma da psiquiatra e da psicologia para lidar com problemas como depressão, estresse-pós traumático, etc.
Uma pena q ta em inglês e n tem tradução disponível... mas quem sabe pode ser útil, tem tudo a ver com isso que vc falou.

Psychedelic-Assisted Psychotherapy: A Paradigm Shift in Psychiatric Research and Development

Resumindo a ideia, o que os psicodélicos tem trazido à tona é a ênfase na experiência como meio de mudança e ampliaçao da consciência de si, o que une a psiquiatria (no sentido de ênfase na substância e nos processos químicos) e a psicologia (que lida com a experiência subjetiva, com os conteúdos inconscientes que emergem nas experiencias psicodelicas etc), pq convenhamos, hj em dia essas áreas não conversam tão bem quanto seria desejável.

Considero os medicamentos que são utilizados nornalmente como antidepressivos e ansiolíticos, como paliativos. Podem ajudar muito pontualmente, mas como vc mesmo experienciou, não despertam uma mudança profunda.

Meu objetivo é justamente ter menos apatia no dia-a-dia, visando uma maior capacidade de realização, até porque trabalho compondo música e pra mim fica muito difícil compor com constância tendo um estado de espírito que tende ao desânimo.

Pode ser que apenas as microdoses ajudem, mas o uso junto com a psicoterapia tem mais chance de dar certo, pq uma das coisas mais importantes pra uma experiência psicodélica causar um impacto profundo n vida e personalidade da pessoa (seja com macro ou micro) é o período de integração da experiência... entender e incorporar na vida.

Tem mt a ver tb com a intenção e a vontade que vc coloca no seu objetivo e tal... a substância é apenas uma parte da coisa.

Talvez se vc usar apenas a microdose como recurso terapeutico, perceba algo de diferença mas não tanto quanto seria possível.

O que eu vi de mais consistente foi pesquisa com psilocibina pra tratamento de depressão, mas com macrodose.
Só que ai é algo que tem que ser realmente com acompanhamento terapêutico especializado pra funcionar bem (principalmente na parte da integração da experiência).
Se vc fizer sozinho, ou sem um acompanhamento adequado, pode não ser tão eficaz assim... ou pode até ser uma experiência aversiva.

Tem outros links aqui que talvez possam ser úteis:

FAQ - Microdoses

microdosingpsychedelics.com
 
Obrigado pelas ponderações, são de grande ajuda.

WoD: Faz mais de 15 anos que vou em psiquiatras e psico-analistas. Tentei vários tipo de medicamentos diferentes (o último foi um anti-epiléptico leve que tecnicamente também tem efeitos no humor), mas ou não apresentam resultados ou, se apresentam, passam após alguns meses (de doses cada vez maiores) e/ou estão acompanhados de efeitos colaterais ruins (especialmente nessas doses grandes). Não há uma mudança de paradigma ou sustentação de longo prazo possível com esses medicamentos farmacêuticos tradicionais já que em algum momento o tratamento tem que ser interrompido, sem alteração na essência do meu problema.

Invista em uma psicoterapia eficaz. Apesar de alardeada na mídia, psicanálise é uma linha da psicologia (há controvérsia se realmente é psicologia) que não tem qualquer base de evidência, ou seja não há sustentação científica, sobre impacto positivo em nenhum tipo de sofrer psíquico. Vou ser mais claro: psicanálise não é considerado um procedimento de saúde capaz de trazer melhoras para nenhum tipo de sofrimento psíquico, seja depressão, ansiedade ou qualquer coisa que seja.

Procure terapeutas que pratiquem Terapia Cognitivo Comportamental, Ativação Comportamental, Análise do Comportamento ou Terapia Interpessoal. Estes são as modalidades de terapia recomendadas para pessoas que sofrem com depressão.

O Eduardo Schenberg publicou um artigo recentemente fazendo um resumo das pesquisas de terapia com psicodélicos que tem sido feitas, e faz uma reflexão sobre como elas mudam o paradigma da psiquiatra e da psicologia para lidar com problemas como depressão, estresse-pós traumático, etc.
Uma pena q ta em inglês e n tem tradução disponível... mas quem sabe pode ser útil, tem tudo a ver com isso que vc falou.

Psychedelic-Assisted Psychotherapy: A Paradigm Shift in Psychiatric Research and Development

Resumindo a ideia, o que os psicodélicos tem trazido à tona é a ênfase na experiência como meio de mudança e ampliaçao da consciência de si, o que une a psiquiatria (no sentido de ênfase na substância e nos processos químicos) e a psicologia (que lida com a experiência subjetiva, com os conteúdos inconscientes que emergem nas experiencias psicodelicas etc), pq convenhamos, hj em dia essas áreas não conversam tão bem quanto seria desejável.

Considero os medicamentos que são utilizados nornalmente como antidepressivos e ansiolíticos, como paliativos. Podem ajudar muito pontualmente, mas como vc mesmo experienciou, não despertam uma mudança profunda.



Pode ser que apenas as microdoses ajudem, mas o uso junto com a psicoterapia tem mais chance de dar certo, pq uma das coisas mais importantes pra uma experiência psicodélica causar um impacto profundo n vida e personalidade da pessoa (seja com macro ou micro) é o período de integração da experiência... entender e incorporar na vida.

Tem mt a ver tb com a intenção e a vontade que vc coloca no seu objetivo e tal... a substância é apenas uma parte da coisa.

Talvez se vc usar apenas a microdose como recurso terapeutico, perceba algo de diferença mas não tanto quanto seria possível.

O que eu vi de mais consistente foi pesquisa com psilocibina pra tratamento de depressão, mas com macrodose.
Só que ai é algo que tem que ser realmente com acompanhamento terapêutico especializado pra funcionar bem (principalmente na parte da integração da experiência).
Se vc fizer sozinho, ou sem um acompanhamento adequado, pode não ser tão eficaz assim... ou pode até ser uma experiência aversiva.

Tem outros links aqui que talvez possam ser úteis:

FAQ - Microdoses

microdosingpsychedelics.com

Na verdade está todo mundo bastante empolgado com os impactos dos psicodélicos, mas ainda não há resultados sólidos de que as mudanças funcionem a longo prazo já que a maioria das publicações só faz follow-up de até 1 ano. Além disso, a maioria das pessoas produzindo dados nessa direção acabam adotando posturas pró cultura psicodélica, muitas descrevem abertamente suas próprias experiências. Como viajante, entendo plenamente a motivação e a sensação que as nossas experiências nos dão, mas para o ambiente científico isto acaba se tornando um sério problema de conflito de interesses. Agora, o que mais se busca é a replicação de estudos famosos por pessoas que não estejam de alguma forma ligadas a cultura psicodélica só que, por sua vez, estes pesquisadores sofrem para entender a relevância do set/setting.

Não é possível usar psicodélicos como recurso terapêutico nem no Brasil e em nenhum local do mundo ocidental porque estas substâncias estão contidas em acordos internacionais como proibidas. É necessário uma autorização direta da ANVISA para realizar qualquer procedimento ou simplesmente ter essas substância em posse. Ao encontrar um profissional que tope fazer este tipo de procedimento é mais provável que seja um charlatão do que alguém tentando fazer um trabalho sério.

As críticas as medicações antidepressivas são claras em toda bibliografia, em geral os estudos apontam que cerca de 30 a 40% das pessoas que fazem este tratamento se beneficiam de melhora a curto, médio ou longo prazo. Vale lembrar que os medicamentos atuam nas mesmas vias químicas que os psicodélicos, só que de uma forma mais "controlável", buscando mudanças a longo prazo e não imediatas a ingestão. Quando o tratamento vem de forma concomitante com pacotes terapêuticos com evidência de melhora (como os citados na postagem anterior), esse dado pula pra entre 70 e 80%. Ainda sim a depressão refratária (aquela que não responde a nenhum tipo de tratamento) é um fantasma bem conhecido em qualquer ambulatório de psiquiatria. Ou seja, as melhores chances são medicação + psicoterapia.

Ainda dentro do debate do uso de psicodélicos como tratamento, atualmente a ESKETAMINA (um tautômero da ketamina) vem sendo estudado como possível medicação intranasal. Essa medicação deve sair com o nome comercial de "ESKETIN". Vários centros no Brasil estão atualmente recrutando pacientes para estes estudos. Se o seu estado tiver um hospital das clínicas, vinculado a uma universidade, com curso de medicina e departamento de psiquiatria, é muito provável que um estudo assim esteja ocorrendo lá. Inclusive, a maioria dos centros está desesperada atrás de pacientes.
 
Última edição por um moderador:
Interessante isso de que a duração da micro tende a ser maior com o passar do tempo... c sabe de onde ele tirou essa referência?
Desconfio que o fundamento para essa opinião seja a saturação dos receptores 5HT-2 no cérebro, causando a redução da expressão destes (i.e., diminuição da sensibilidade à serotonina natural, uma forma de tolerância cruzada).
O problema é que...
Tentei vários tipo de medicamentos diferentes ..., mas ou não apresentam resultados ou, se apresentam, passam após alguns meses (de doses cada vez maiores) ...

Meu objetivo é justamente ter menos apatia no dia-a-dia, visando uma maior capacidade de realização, até porque trabalho compondo música e pra mim fica muito difícil compor com constância tendo um estado de espírito que tende ao desânimo. Queria deixar claro que abusava muito de substâncias quando era novo (usava qualquer coisa que aparecia, e apareceu literalmente de tudo) e sinto que isso afetou bastante o funcionamento do meu cérebro e, suponho, mexeu com a química interna.
Em um caso como o seu, tomar mais psicotrópicos (como os cogumelos) vai apenas continuar deixando você naturalmente resistente ao hormônio natural.
É claro, doses suficientemente altas (acima do seu limiar) vão fazer você se sentir melhor, por um tempo. Mas então, assim como acontece com os outros medicamentos, você irá criar alguma tolerância e continuar apático, enquanto não estiver sob efeito.

E embora sejam relativamente inofensivos, os efeitos a longo prazo do uso constante de cogumelos ainda não foram bem estudados.
Eu mesmo não consegui usar microdoses por mais de 1 mês, pois comecei a ter efeitos colaterais desagradáveis.

Suponho que o chapéu tenha mais concentração que o caule? Como você trituraria para ficar o mais fino possível o resultado?
Dizem por aí que o chapéu tem mais que o caule, mas você mói tudo junto já que há psilocibina em tudo, e você estará dosando em miligramas de cogumelo seco, não de psilocibina pura (e a concentração pode variar bastante, entre 0.00% e menos de 1%).

Precisa estar muito bem seco (como se diz "cracker dry", seco e crocante) - para isso deixa-se os cogumelos num pote com sílica dessecante por algum tempo. Para moer uma vez secos você pode usar um moedor de sal, de café, etc. ou triturar usando um cadinho e alguma paciência.

Tem mais posts nesse mesmo tópico e outros no fórum sobre isso, diluição, cápsulas, etc. microdoses | Teonanacatl
 
Caramba quanta informação junta...

Procure terapeutas que pratiquem Terapia Cognitivo Comportamental, Ativação Comportamental, Análise do Comportamento ou Terapia Interpessoal. Estes são as modalidades de terapia recomendadas para pessoas que sofrem com depressão.

Faz bastante sentido.

Ainda dentro do debate do uso de psicodélicos como tratamento, atualmente a ESKETAMINA (um tautômero da ketamina) vem sendo estudado como possível medicação intranasal. Essa medicação deve sair com o nome comercial de "ESKETIN".

Tava lendo um artigo que diz assim:

"Os resultados mostram que o tratamento foi bastante eficaz. Em apenas quatro horas, tanto os médicos quanto os pacientes relataram que aqueles que receberam a esketamina apresentaram sinais de melhora, algo que ainda era perceptível após 24 horas.
No entanto, após 25 dias de tratamento, todos os 68 pacientes foram observados, mas eles não encontraram nenhuma diferença significativa entre o grupo que tomou esketamina e o grupo que usou placebo.
De acordo com os pesquisadores, isso mostra que o medicamento é mais eficaz em casos em que um tratamento precisa ser rápido e eficaz, antes mesmo de o paciente começar a tomar um antidepressivo."

Eu mesmo não consegui usar microdoses por mais de 1 mês, pois comecei a ter efeitos colaterais desagradáveis.

Quais tipos de efeitos colaterais?

O Eduardo Schenberg publicou um artigo recentemente fazendo um resumo das pesquisas de terapia com psicodélicos que tem sido feitas, e faz uma reflexão sobre como elas mudam o paradigma da psiquiatra e da psicologia para lidar com problemas como depressão, estresse-pós traumático, etc.

Da uma olhada na foto em anexo quem é o primeiro na minha lista de amigos sugeridos pelo Facebook... rsrs
 

Anexos

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    face.PNG
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Quais tipos de efeitos colaterais?
Boca seca, retração das gengivas, dor de cabeça, cabeça pesada/zumbido no ouvido, palpitação, ansiedade, bruxismo, alterações na digestão, diminuição do olfato, falta de fome.
Nada muito forte ou grave, mas desconfortável.
 
Boca seca, retração das gengivas, dor de cabeça, cabeça pesada/zumbido no ouvido, palpitação, ansiedade, bruxismo, alterações na digestão, diminuição do olfato, falta de fome.
Nada muito forte ou grave, mas desconfortável.

Caramba! E c tava usando quanto de dose?
 
Apoximadamente 100 mg, às vezes em dias seguidos, às vezes não.

Eu tomei a mesma dose de novo em dias isolados, meses após. Dava uma certa disposição (vontade de resolver de tudo) e fome no primeiro dia horas após e no dia seguinte, mas mantendo a dosagem os efeitos "somem" e os colaterais se tornaram mais perceptíveis que o benefício após umas 2 semanas.
 
O Eduardo Schenberg publicou um artigo recentemente fazendo um resumo das pesquisas de terapia com psicodélicos que tem sido feitas, e faz uma reflexão sobre como elas mudam o paradigma da psiquiatra e da psicologia para lidar com problemas como depressão, estresse-pós traumático, etc.
Uma pena q ta em inglês e n tem tradução disponível... mas quem sabe pode ser útil, tem tudo a ver com isso que vc falou.

Psychedelic-Assisted Psychotherapy: A Paradigm Shift in Psychiatric Research and Development

Muito boa pesquisa, to lendo ela agora e achando muito informativa e bem referenciada. Não conhecia o Schenberg porém já li alguns titulos de Stanislav Grof, que muito se faz referencia no artigo. Agradeço. Fiz esta conta funcionar apenas para lhe agradecer.
 
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