Título original: “The fast way to Chan”
Escrito por: Chuan Zhi Shakya,
www.hsuyun.org
Tradução: Fa Jing
Muitos buscadores espirituais ficam frustrados à medida em que se perdem no emaranhado de métodos para se “alcançar” a iluminação apresentados na literatura budista por diversos mestres espirituais: “Tome este caminho...” “ou aquele caminho...”; “Estude este sutra, depois aquele...”; “Faça estas coisas, não faça aquelas.” Há também muita discussão sobre psicologia, filosofia, ciências, um bilhão de coisas para ocupar a mente e nos distrair da simples e direta questão da auto-realização. Enquanto todas estas coisas são, em si mesmas, boas e úteis, não é de surpreender que poucos vem a perceber a natureza iluminada em si próprios através de tais métodos. A mente descuidada naturalmente se apega ao efêmero como se este fosse permanente. Aí é quando nós paramos de perseguir nossas próprias caudas, já tontos, e nos encontramos totalmente desorientados.
Se você é uma das raras pessoas que deseja apenas por mãos à obra, aqui vão as ferramentas:
1) Adivinhe: nós já somos todos iluminados. O objetivo da prática espiritual é, simplesmente, nos fazer perceber isso.
2) Todos os caminhos para a Iluminação são, na verdade, simulações e todos eles levam à mesma Verdade.
3) Os caminhos são simulações porque, na verdade, não há caminho algum. Não há nenhum destino diferente de onde estamos neste exato momento, assim, não há o que se trilhar. Apenas estar.
4) Os caminhos apenas nos ajudam a nos prepararmos para Sermos, mas eles não nos levam a tal estado. À medida em que alguém está trilhando um caminho, esta pessoa está em uma viagem e, se ela está em uma viagem ela não está onde gostaria de estar. O lugar onde desejamos tanto chegar é exatamente onde estamos agora. Não pense que a viagem deva resultar em um destino!
5) Sentir-se perdido no trajeto e pedir que lhe digam aonde ir é como estar em sua própria casa e perguntar a alguém como ir para casa!
6) Quando nós lutamos com a prática somos como ladrões fingindo ser policiais, e assim prendemos a nós mesmos.
Mas isto não enfoca o tópico desta nossa conversa: o meio rápido para o Zen. Aqui vai: tudo o que precisamos fazer é questionar profundamente a natureza do “Eu”. Onde está o “Eu”? Quem sou “Eu”? Quem é este que está lendo este texto agora? Quem pensa estes pensamentos?
Koans, Hua Tous, cânticos, recitações dos nomes de Buddha, disciplinas religiosas de todo tipo não tem outro propósito senão o de nos trazer diretamente a encarar esse “Eu”. Não há nenhum caminho a percorrer para alcançar isso. O único esforço necessário é o de manter tal questionamento. E é aí que está a dificuldade, pois não pode haver fingimento. Nós temos que ser excruciantemente honestos com nós mesmos. Temos que ter a coragem de confrontar a natureza fundamental da vida e da morte e isso significa abandonar nossas criações mentais sobre nós mesmos e sobre tudo mais. Imparcialidade é essencial.
Assim, se você está cansado e frustrado da batalha, apenas pare e pergunte-se: “Quem é este que está cansado e frustrado?” Com o estalo de um trovão o véu desvanecerá.
E esse é o meio rápido para o Chan!
http://hsuyun.blogspot.com.br/2011/02/o-meio-rapido-para-o-chan.html