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Aqui discutimos micologia amadora e enteogenia.

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Budismo

Reconhecer nossa falsidade


É muito importante para nós reconhecermos a nossa própria falsidade. Isso não é um julgamento sobre o fato de que às vezes somos autênticos e às vezes, falsos. Significa que tudo sobre nós, em nosso sentido comum de eu, é falso, porque se baseia em um entendimento enganado sobre a natureza da realidade [...].
É como alguém na faculdade passando pelos exames finais. Ela entra na sala de prova errada e, sem ler as questões muito bem, escreve longas respostas sobre seus assuntos que, infelizmente, não são aqueles em que ela precisa ser examinada. Não importa quão boa seja a resposta, ela vai falhar, porque não está se dirigindo à questão.
A questão básica sempre é: “Quem é você?”, “Quem sou eu?”, mas não compreendemos isso e, assim, respondemos com uma narrativa sem fim sobre auto-definição.
Isso bloqueia o frescor da questão, a possibilidade de olhar e ver; então, todas nossas respostas são antiquadas: são reconstruções de versões auto-defensivas a partir de elementos não-examinados. Temos muitas, muitas respostas; e todas elas são falsas. É por isso que é muito importante, ao meditar, colocar toda sua energia de modo unidirecionado na prática, para tentar reparar o erro básico inicial que separou sujeito e objeto.
É muito importante parar de sentir vergonha de ser falso. Porque precisamos ver como a falsidade surge, como o obscurecimento se desenvolve. Queremos olhar diretamente em nossa própria falsidade e aprender seus truques para que não sejamos enganados por eles. Isso ajuda a abrir o espaço onde podemos reconhecer nossa própria natureza.
“Quando você compreender a falsidade da sua confusão, permaneça de modo não artificial, sem esforço, no modo natural (dharmakaya).”
James Low
“Being Right Here”
( Dharma Quote of the Week – Snow Lion, 2012-04-16)

http://darma.info/trechos/2012/07/reconhecer-nossa-falsidade/
 
Preguiça e hiperatividade

B. Alan Wallace (EUA, 1950 ~):

Indolência espiritual é um termo facilmente mal compreendido. A tradição contemplativa cristã da idade média tem um conceito correspondente, que em latim é chamado de acedia, também traduzido frequentemente como “indolência espiritual”. Acredito que esse conceito se aproxima mais do significado do termo budista. A partir do tibetano, contudo, com frequência isso é traduzido como “preguiça”.
Na verdade, a indolência espiritual pode sim surgir como no caso de alguém que não sai do sofá. Você chamaria isso de preguiça, quando está realmente letárgico, como uma lesma — o sentimento pesado do elemento terra. Mas nem toda indolência espiritual se expressa como preguiça.
A indolência espiritual, para pessoas do tipo fogo e ar, se manifesta quando elas são capturadas pelo envolvimento com um projeto depois do outro — quando elas sempre têm algo acontecendo, continuamente aprisionadas por uma atividade mundana depois da outra. Cada vez que elas são pegas em tal atividade incessante, sempre têm a resposta pronta: “Ah, mas isso é realmente importante, porque é para o bem dos seres sencientes, e é virtude”.
Então, a indolência espiritual pode se manifestar em um modo preguiçoso e lento, ou como hiperatividade: pular para lá e para cá fazendo o bem, o que dissipa sua energia. Você reúne mérito — bom karma — mas termina rodando em círculos no samsara.
Em outras palavras, você pode ter algumas experiências muito profundas no Zen, Dzogchen, Mahamudra ou Vedanta, mas você é deixado com nada além de memórias. Depois, você gasta o restante de sua vida correndo de um projeto para outro, sempre capturado pelos pequenos assuntos da vida cotidiana, cuidadosamente cumprindo seus prazos de entrega, até que finalmente o prazo de entrega que você cumpre é o de sua própria morte.
“Stilling The Mind – Shamatha Teachings From Dudjom Linpa’s Vajra Essence”, loc. 2866

http://darma.info/trechos/2012/07/preguica-e-hiperatividade/
 
Abertura para tudo que surgir

Pema Chodron:

A paz que estamos buscando não é a paz que desmorona assim que há dificuldade ou caos. Se estamos buscando paz interior, paz global ou uma combinação de ambas, o modo para vivenciar isso é construir a partir da fundação da abertura incondicional para tudo o que surgir.
A paz não é uma experiência livre de desafios, livre de aspereza e maciez; é uma experiência que é expansiva o suficiente para incluir tudo que surgir sem nos sentirmos ameaçados.

“Taking the Leap”

(Weekly quote from Pema Chodron)

http://darma.info/trechos/2012/07/abertura-para-tudo-que-surgir/
 
Equivalente ao "Memento Moris" de alguns monges cristãos, o budismo tibetano usa de elementos evocativos do nosso maior tabu para nos fazer lembrar que se o amanhã é apenas uma esperança, a gentil bondade do agora é algo possível ao nosso alcance. Ame antes que seja tarde demais! Amar não é pensar sobre amor. É amar mesmo. É dançar como esses esqueletos e os do Disney abaixo. É encarando nossos piores medos que nos libertamos deles:




Qualquer semelhança não é mera coincidência:

 
Consciência primordial


Milarepa (Tibete, séc. 11):

A consciência primordial existe de modo pervasivo em todos seres sencientes. Todos os budas são luminosidade no dharmakaya. Iogues praticam meditação usando uma variedade infinita de meios hábeis e, assim, podem naturalmente realizar a visão. Emoções aflitivas naturalmente cessam. Pensamentos dualistas são auto-liberados sem esforço e a sabedoria espontaneamente desperta.
Nesse ponto, a realização e experiência de uma pessoa não podem ser expressas em palavras. É como o êxtase de uma jovem mulher ou o sonho de um surdo-mudo. Embora essa base esteja em todos os seres sencientes, eles falham em reconhecê-la. Então, é muito importante seguir um mestre que detenha uma linhagem.
A consciência primordial não tem origem. Sua porta de entrada não pode ser bloqueada de qualquer forma. Ela não pode ser demonstrada por nenhuma analogia. Não pode ser descrita por quaisquer palavras. Não pode ser demonstrada por nenhum racioncínio. Então, não devemos tentar fabricá-la. Apenas deixe ir e relaxe no reino do estado natural da mente.

“Life of Gampopa” (loc. 494)

http://darma.info/trechos/2012/07/consciencia-primordial/
 
Limitar a mente


Yongey Mingyur Rinpoche (Nepal, 1975 ~):
Uma das primeiras lições que aprendi com meu pai [Tulku Urgyen Rinpoche] foi que os budistas não vêem a mente como uma entidade distinta, mas como uma experiência em eterna mutação. Posso me lembrar do meu estranhamento inicial diante dessa ideia, sentado na sala de aula do mosteiro no Nepal, cercado de alunos do mundo inteiro. Havia tantos de nós apinhados naquela pequena sala que mal havia espaço para nos movermos. Mas pela janela eu podia enxergar a enorme superfície de montanhas e florestas. E meu pai estava sentado lá, com muita compostura, ignorando totalmente o calor gerado por tantas pessoas, dizendo que o que consideramos ser nossa identidade — “minha mente”, “meu corpo”, “meu ser” — é, na verdade, uma ilusão gerada pelo contínuo fluxo de pensamentos, emoções, sensações e percepções.

Eu não sei se foi pelo poder da experiência de meu pai, transmitida enquanto ele falava, ou pelo contraste físico entre sentir-me apertado em um banco entre outros alunos e a visão dos espaços abertos que eu tinha pela janela, ou ambos, mas naquele momento algo fez sentido. Tive uma experiência da liberdade de distinguir entre pensar em termos de “minha” mente ou de “meu” ser e a possibilidade de serde forma tão ampla e aberta quanto a extensão das montanhas e do céu através da janela.Mais tarde, quando fui ao Ocidente, ouvi vários psicólogos comparando a experiência da “mente” ou do “ser” a assistir um filme. Quando assistimos a um filme, eles explicavam, parecemos vivenciar um fluxo contínuo de sons e movimentos à medida que quadros individuais passam por um projetor. A experiência seria drasticamente diferente, contudo, se pudéssemos ver o filme quadro a quadro.
E é exatamente como meu pai começou a me ensinar a olhar para a minha mente. Se eu observasse cada pensamento, sentimento e sensação passando pela minha mente, a ilusão de um “eu” limitado se dissolveria, para ser substituída por uma consciência muito mais calma, ampla e serena. E o que aprendi com outros cientistas foi que, como a experiência altera a estrutura neuronal do cérebro, quando observamos a mente dessa forma, podemos alterar a conversa entre as células que perpetua a experiência de nosso próprio “eu”.

“Alegria de viver”, parte 1 | 2

http://darma.info/trechos/2012/08/limitar-a-mente/
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A vida é um drink puro
Posted: 07 Jan 2011 07:35 AM PST
Buda nunca se referiu ao correto em oposição ao errado. Correto significa ser correto sem um conceito do que é correto. Correto é a tradução do sânscrito “samyak”, que significa “completo”. A completude não precisa de ajuda relativa, ou apoio de comparações; ela é auto-suficiente.
Samyak significa ver a vida como ela é, sem muletas, de maneira pura. No bar, as pessoas dizem: “quero um drink puro”. Não diluído com soda ou água; você toma ele puro. Isso é samyak. Sem diluições ou misturas — apenas um drink puro.
Buda descobriu que a vida poderia ser poderosa e deliciosa, positiva e criativa, e compreendeu que você não precisa de nenhuma invenção para misturar com ela. A vida é um drink puro — prazer puro, dor pura, pureza, cem porcento.
Chogyam Trungpa (Tibete, 1939 – Canadá, 1987)
“The Myth of Freedom and the Way of Meditation”
(Ocean of Dharma Quotes of the Week, 29/09/10)
 
Prece ao Buddha da Medicina

Philippe Bandeira de Mello

Salve o Buda da Medicina, Professor da Medicina, Rei da Luz Lápis-lázuli, Senhor Vaidurya.
Salve Senhor Kashyapa, Salve Senhor Manjushri, nos assista Senhora Tara, a que salva.
Ó suprema e nobre exaltada Tara. Protege-nos contra todos os tipos de temores e sofrimentos.
Senhor Vajrapani nos proteja.
Hum Vajra Phat. Senhor Avalokiteshvara, boddhisattva da compaixão, em sua manifestação curativa especial como Simhaanada, o da voz do leão, o destruidor de todas as moléstias, faze-nos saudáveis.
Sejam os que se encontram desnorteados, temerosos, as crianças, os idosos, os desvalidos, os embrutecidos e os insanos, guardados por espíritos celestes benfeitores.
Que possamos todos que partilhamos uma conexão com o Buddha da Medicina sermos inspirados pela iluminação. Possam as bênçãos da saúde e do bem estar caírem em abundância como flores fragrantes do paraíso da medicina.
Possa o Dharma progredir, possam todos os seres serem felizes e compreenderem a grande perfeição.


Tayata Om Bekandze Bekandze Maha Bekandze Radza Samudgate Soha


 
Última edição:
Belas imagens e um som poderoso. Obrigado Ecuador. :)
 
TUDO O QUE A MENTE CONCEBE É CRIAÇÃO MENTAL

- Seis são os elementos que constituem o homem: solidez, fluidez, calor, movimento,
espaço e consciência. O discípulo os analisa e descobre que nenhum deles é “eu” ou
"meu". Analisando, compreende como a consciência surge e desaparece, como as
sensações agradáveis, desagradáveis ou indiferentes surgem e desaparecem. Em
conseqüência desse conhecimento, sua mente se desapega. Percebe, então, em si
mesmo uma equanimidade pura, que ele pode dirigir alcançando um dos mais
elevados estados espirituais. Ele sabe que esta pura equanimidade perdurará por um
longo período de tempo. Mas observa: "Se dirijo esta pura e clara equanimidade até a
Esfera do Espaço Infinito e se se desenvolve uma mente correspondente, é uma
criação mental - samkhatam. Se dirijo esta pura e clara equanimidade em direção à
Esfera da Consciência Infinita, ou em direção à Esfera onde não existe Percepção,
nem não-Percepção, e se se desenvolve uma mente correspondente, é uma criação
mental."
Logo, ele não cria mentalmente, nem deseja a continuidade, o vir-a-ser, ou a
aniquilação. Não se apegando a nada neste mundo, não sentindo apego, não está
ansioso; como está liberto de toda ansiedade, está completamente apaziguado (a
chama do desejo está completamente extinta dentro de si). Ele sabe: "Terminou o
renascimento, a vida pura foi vivida, fiz o que tinha de fazer."
Após isto, quando experimenta uma sensação agradável, desagradável ou
indiferente, sabe que todas são impermanentes, não se apega a elas, nem as
experimenta com paixão. Qualquer que seja a sensação, ele a experimenta sem apego,
ou aversão. Sabe que, com a dissolução do corpo, essas sensações se apaziguarão,
como a chama de uma lâmpada quando o combustível e o pavio se consomem.
Conseqüentemente, bhikkhus, uma pessoa assim dotada possui a Sabedoria
absoluta, porque o conhecimento da extinção total de dukkha é a nobre e absoluta
Sabedoria.
Aqueles que são desapegados, neste mundo, daquilo que foi visto, entendido
ou pensado, de toda virtude e de todas as obras; que após terem-se desapegado de toda
espécie de causa e terem penetrado a essência do desejo são sem paixão, a esses eu
chamo homens que atravessaram a correnteza.
Budismo - Psicologia Do Auto Conhecimento​
 
Porque não estamos iluminados

Jetsunma Tenzin Palmo



Tenzin Palmo (Inglaterra, 1943 ~):

Se alguém refletir genuinamente sobre renúncia, não se trata de desistir de coisas externas como dinheiro, deixar a casa ou a família. Isso é fácil. A renúncia verdadeira é abrir mão de nossos queridos pensamentos, de todo nosso deleite nas memórias, esperanças e devaneios, nossa tagarelice mental. Renunciar a isso e ficar nu no presente, isso é renúncia.
O fato é que dizemos que queremos a iluminação, mas na verdade não queremos. Apenas porções de nós quer a iluminação: o ego que pensa como isso seria bom, confortável e prazeiroso. Mas realmente abandonar tudo e ir atrás? Poderíamos fazer isso em um instante, mas não fazemos.
E a razão é que somos muito preguiçosos. Ficamos paralisados pelo medo e letargia — a grande inércia da mente. A prática está lá. Qualquer pessoa no caminho budista certamente conhece essas coisas. Então, como é que não estamos iluminados? Não temos ninguém para culpar a não ser nós mesmos.
É por isso que ficamos no Samsara, porque sempre achamos desculpas. Em vez disso, devemos nos despertar. Todo caminho budista é sobre despertar. Ainda assim, o desejo de continuar dormindo é tão forte. Independente de quanto dizemos que iremos despertar para ajudar todos os seres sencientes, na verdade nós não queremos isso. Gostamos de sonhar.
“Cave in the Snow”, loc. 3208

http://darma.info/trechos/2012/08/porque-nao-estamos-iluminados/
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Darma não é terapia


Dzongsar Khyentse Rinpoche (Butão, 1961 ~)

É um grande erro pressupor que praticar o darma irá nos ajudar a acalmar e a levar uma vida sem problemas; nada poderia estar mais distante da verdade. Darma não é uma terapia. É bem o oposto na verdade: o darma é algo sob medida para virar sua vida de cabeça para baixo — é justamente isso que você encomendou.
Então, quando sua vida sai completamente do planejado, por que você reclama? Se sua prática e sua vida não capotarem, esse é um sinal de que o que você está fazendo não está funcionando.
É isso que distingue o darma de métodos New Age envolvendo auras, relacionamentos, comunicação, bem-estar, a Criança Interior, ser um com o universo e abraçar árvores. Do ponto de vista do darma, tais interesses são os brinquedos de seres samsáricos — brinquedos que rapidamente nos entediam até a letargia.
“Not For Happiness”, loc. 300

http://darma.info/trechos/2012/08/darma-nao-e-terapia/
 
PENSAMENTO CORRETO
"Tudo o que somos é resultado do que temos pensado (criação mental). Se um
homem fala ou age com uma mente impura, o sofrimento acompanha-o tão perto
como a roda segue a pata do boi que puxa o carro.
Se o homem fala ou age com a mente pura, a felicidade o acompanha como
sua sombra inseparável."
(Dhammapada 1-2.)
 
Desejos superficiais e extraordinários



Chagdud Tulku Rinpoche (Tibete, 12 de agosto de 1930 – Brasil, 17 de novembro de 2002):

Até agora nossos desejos tenderam a ser muito superficiais, egoístas e imediatistas. Se tivermos que querer algo, então que seja nada menos do que a completa iluminação de todos os seres. Eis aí algo digno de ser desejado. Recordarmo-nos sempre do que verdadeiramente vale a pena querer é um importante elemento da prática espiritual.
Desejo e apego não mudam da noite para o dia. O desejo, porém, torna-se menos comum à medida que redirecionamos nossos anseios mundanos para a aspiração de fazer tudo o que está ao nosso alcance para ajudar todos os seres a encontrar felicidade permanente.
Não temos que abandonar os objetos habituais dos nossos desejos — relacionamentos, riqueza, fama — mas, na medida em que contemplamos sua impermanência, ficamos menos apegados a eles. Se temos a atitude de nos regozijar com a nossa sorte quando eles aparecem e, ao mesmo tempo, reconhecermos que não irão durar, começamos a desenvolver qualidades espirituais. Cometemos, em menor número, os atos nocivos que resultam do apego e, assim, criamos menos carma negativo; geramos mais carma favorável, aumentando gradativamente as qualidade positivas da mente.

“Portões da prática budista”, I | 2

http://darma.info/trechos/2012/08/desejos-superficiais-e-extraordinarios/
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Distinção entre o que fazemos e o que somos


Dalai Lama (Tibete, 6 de julho de 1935 ~):

O perdão é uma parte essencial de uma atitude compassiva, mas é uma virtude facilmente mal compreendida. Para começar, perdoar não é o mesmo que esquecer. Afinal, se alguém esquecer um mal que foi cometido, não sobra nada para perdoar! Em vez disso, o que estou sugerindo é que encontremos uma maneira de lidar com os atos errados para termos paz mental e, ao mesmo tempo, evitar que caiamos nos impulsos destrutivos como o desejo de vingança.
[...] parte do que é requerido é uma aceitação de que o que está feito está feito. Tanto no nível individual quanto da sociedade como um todo, é importante reconhecer que o passado está além do nosso controle. O modo como reagimos aos atos errados passados, no entanto, não está.
Como já mencionei, é vital manter em mente a diferença entre o ator e o ato. As vezes isso pode ser difícil. Quando nós mesmos ou aqueles muito próximos de nós foram vítimas de crimes terríveis, pode ser difícil não sentir ódio pelos perpetradores desses crimes. Ainda assim, se pararmos para pensar sobre isso, compreendemos que diferenciar entre um ato terrível e seu perpetrador é na verdade algo que fazemos todo dia em relação a nossas próprias ações e nossas próprias transgressões.
Em momentos de raiva ou irritação, podemos ser rudes com pessoas amadas ou agressivos com os outros. Depois, podemos sentir remorso ou arrependimento, mas ao recordarmos de nossa explosão, não deixamos de diferenciar entre o que fizemos e o que somos. Nós naturalmente perdoamos a nós mesmos e talvez nos determinemos a não fazer a mesma coisa de novo.
Já que achamos tão fácil nos perdoar, certamente podemos estender a mesma cortesia aos outros! Obviamente, nem todos conseguem se perdoar, e isso pode ser um obstáculo. Para tais pessoas, pode ser importante praticar a compaixão e o perdão em relação a elas mesmas, como uma fundação para praticar a compaixão e o perdão para os outros.
“Beyond Religion”, loc. 842

http://darma.info/trechos/2012/08/distincao-entre-o-que-fazemos-e-o-que-somos/
 
Itivuttaka 58
Tanha Sutta
Desejo

Isto foi dito pelo Abençoado, dito pelo Arahant, assim ouvi: “Há esses três tipos de desejo. Quais três? Desejo pela sensualidade, desejo por ser/existir, desejo por não ser/existir. Esses são os três tipos de desejo.”

Escravizados pelo desejo,
com as mentes castigadas pelo ser/existir e pelo não ser/existir,
escravizados pelos grilhões de Mara -
seres que não estão a salvo do cativeiro,
seres que permanecem perambulando,
dirigindo-se para o nascimento e morte.
Enquanto que aqueles que abandonaram o desejo,
livres do desejo por ser/existir e não ser/existir,
realizando o fim das impurezas,
embora estejam no mundo,
foram para mais além.
http://www.acessoaoinsight.net/sutta/It.58.php
 
ECUADOR,não sei se alguém já lhe disse,mas esses seus posts servem 'tambêm' como um excelente guia de Viagem... ! Muito obrigado caro amigo.
 
A consciência não é alguém


Tenzin Palmo (Inglaterra, 1943 ~):

Há o pensamento, e então a consciência sobre o pensamento. E a diferença entre estar consciente do pensamento e apenas pensar é imensa. É enorme … Normalmente ficamos tão identificados com nossos pensamentos e emoções, que somos eles. Somos a felicidade, somos a raiva, somos o medo. Precisamos aprender a dar um passo para trás e saber que nossos pensamentos e emoções são apenas pensamentos e emoções. Eles são apenas estados mentais. Não são sólidos, são transparentes.
É preciso conhecer isso e então não se identificar com o conhecedor. É preciso saber que o conhecedor não é um alguém. [...]
Você pensa que entendeu quando compreende que você não é o pensamento ou sentimento — no entanto, ir mais adiante e saber que você não é o conhecedor… isso te traz a pergunta: “Quem sou eu?”.
E essa foi a grande compreensão do Buda — entender que quanto mais recuamos, mais aberta e vazia se torna a qualidade de nossa consciência. Em vez de encontrar alguma pequena e sólida entidade eterna — ou seja, o “eu” — recuamos para essa vasta mente espaçosa que está interconectada com todos os seres vivos. Nesse espaço, você precisa perguntar: “onde está o ‘eu’?” e “onde está o ‘outro’?”.
Enquanto estamos no reino da dualidade, há “eu” e “outro”. Essa é nossa ilusão básica — é o que causa todos nossos problemas. Por causa disso temos o sentimento de ser bem separados. Essa é nossa ignorância básica. [...]
Ao compreendermos que a natureza de nossa existência está além de pensamentos e emoções, que é incrivelmente vasta e interconectada com todos os outros seres, então o sentimento de isolamento, separação, medos e esperanças desmorona. É um alívio espantoso!
“Cave in the Snow”, loc. 3176

http://darma.info/trechos/2012/08/a-consciencia-nao-e-alguem/
 
Liberdade total da ilusão



Nyoshul Khenpo Rinpoche (Tibete, 27 de agosto de 1932 – França, 1999):

O que estamos vivendo é como um longo sonho, um sonho mais longo do que os sonhos comuns do sono, mas se forem dez minutos ou uma vida inteira, a natureza ilusória dos sonhos é a mesma. Quando conhecemos e vivenciamos o longo sonho desta vida, então depois de morrer teremos outro longo sonho: o de nascer em outro estado de existência. Assim, um longo sonho irá se seguir a outro, enquanto a ilusão permanecer.
A qualidade extraordinária do Buda Darma é que ele nos dá os meios para reconhecer que esta vida é apenas como um sonho, que falta a ela existência verdadeira, e todos os nossos objetivos samsáricos centrados no ego são relativamente sem sentido e improdutivos — que eles não têm nenhuma essência e realidade verdadeira.
Iremos não apenas chegar a entender isso, mas o Darma também nos dá a chance de ver que há um modo de dispersar nossa ilusão e, através de meios hábeis, chegar à realização última da natureza buda, que é liberdade total em relação à ilusão, liberdade perfeita e paz transcendental.
“Natural Great Perfection”, loc. 342

http://darma.info/trechos/2012/08/liberdade-total-da-ilusao/
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