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Vários tópicos de poesia e comentários reunidos

tópico dedicado ao vocalista e poeta Jim Morrison.


Resolvi juntar ao tópico de poesia, Paulojacs.

Mas Jim Morrisson (Mr Mojo Rissin) é realmente um grande autor que expressou como poucos o espírito psicodélico.
 
"Abre os olhos e encara a Vida! A sina
Tem que cumprir-se! Alarga os horizontes!
Por sobre lamaçais alteia pontes
Com tuas mãos preciosas de menina.

Nessa estrada da vida que fascina
Caminha sempre em frente além dos montes!
Morde os frutos a rir! Bebe nas fontes!
Beija aqueles que a sorte te destina!

Trata por tu a mais longínqua estrela,
Escava com as mãos a propria cova
E depois, a sorrir, deita-te nela!

Que as mãos da Terra façam, com amor,
Da graça do teu corpo, esguia e nova,
Surgir à Luz a haste de uma flor!...

Florbela Espanca
de "A mais forte, o nosso corte"
 
Poemas de um hippie que eu conheci na rodoviária certo dia perdido na história.. ele me deu um livrinho tipo cordél com alguns poeminhas:

Viajei mil vidas só para ver flores
Que brotavam no meu coração velho
E caduco das tantas mesmas dores
Onde cansado, tolo e só eu me espelho.
Vi caras feias de mil demônios antigos
Que caíam sobre mim de tantas janelas
Quantas meus olhos viram como abrigos,
Quando de andar já me doíam as canelas.
Andei mil mundos que ainda ando, guerreiro
Beijo milhões de orquídeas raras, belas,
Meu braço cada vez é mais ligeiro.
Minha alma só descansa as almas delas,
Meu coração sorri o Amor Primeiro
Quando penso no cheiro doce delas...
(Eraldo Antônio Benine - 06/2008)
Em épocas estúpidas
Reverenciei demônios
Enquanto anjos
Choravam minha perda
Calei a boca de espanto
Ao ver novos sóis
Colorirem meu caminho.
Matei amores vãos
Enquanto me perdia nas selvas
Procurando por Deus.
Esmigalhei sem dó
Teu coração
E não me interessa saber de ti.
Vi aves fétidas
Por sobre babilônias acabadas
Em caminhos difíceis
Onde o perigo me procurava.
Venci os cães da guerra
E nem liguei quando o Diabo apareceu.
Beijei as faces da Sorte
Quando o sangue me cegava.
Espalhei meu espírito árduo e felino
Por todos os cantos deste mundo.
Degolei os emissários da Morte
E lhe enviei as cabeças
Em tigelas de prata.
Vi belas ninfas saindo do mar
E me apaixonei por todas.
Tive mil virgens
Enquanto minhas mulheres
Choravam de ciúmes.
Matei mil inimigos
Enquanto as Musas
Cantavam minhas batalhas.
Cuspi na cara do Diabo
E me ri de sua tolice.
Invoquei antigos sábios
E beijei a face de Deus.
Agora miro um outro objetivo
Em um outro tempo
E num outro espaço
Enquanto Deus sorri


(Eraldo Antônio Benine - 06/2008)
 
Os Ombros Suportam o Mundo

Carlos Drummond de Andrade

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
 
Sobre a prática

Passamos a vida lutando com demônios
que a própria vida criou.
A única maneira de derrotar tais demônios
é parar de criá-los.
Mas, já que estão criados, a melhor maneira de
parar de criá-los é derrotá-los.

CACASO
 
...
Perdão​

Quem És tu meu irmão?
Tão íntimo em seu DNA;
Plataforma dá vida
Criação ou Eternidade?
É vermelho como o pássaro;
VERdade o É,
Tié-sangue à voar
Como pôde apedrejar-Me?
Venho aqui à Cantar,
Ouça aquele Merecer;
Não tão quanto o sabiá
Belos timbres?
Sim, Já recebestes a Mala
Minha cançao É
Dançar.

Premonisöm
28/08/2012 - 5:23
 
Morte

Terreno Sagrado chegar;
Medo, primeira Barreira
Por que És tão doce?
Fome, dosagem encarar;
Amargo como abricó,
Da pele o Pêlo se vai
Nos dentes firmei;
Vejo o gosto da Carne
Cabelos nas mãos,
Da fruta se afasta;
Ó sangue cruel.​

Meu osso, tão mole!
Branco É minha dor;
Dura são as palavras
Cálcio, nos vegetais;
Nas ruas caminhar
Minha sede sufoca;
Gotas trapaceiras,
O Fardo ão de pagar.​

Premonisöm
28/08/2012​
 
Adoro os poetas malditos!

Cântico negro
José Régio

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
 
Alberto Caieiro (Fernando Pessoa)

Mistério

O mistério das coisas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio e que sabe a árvore
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as coisas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.

Porque o único sentido oculto das coisas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as coisas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.

Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: —
As coisas não têm significação: têm existência.
As coisas são o único sentido oculto das coisas.
 
Boa tarde galera!

domingo muito chato aqui, pelo menos está chovendo:D !resolvi escrever alguma coisa,saiu isso aqui:


Adentro da escuridão dos meus olhos fechados
abita cores que jamais foram vistas
algo que não existe na mente dos conformados
que não enxergam o infinito dos amanitas

Meu sangue que azula em contato com oxigênio
me levam a lugares que eles não podem imaginar
revelam mistérios que nem em um milênio
nunca vão conseguir desvendar

Vi cirandas de planetas
estrelas á colidir
caudas de todos os cometas
entrei no buraco que faz tudo sumir

Tens medo de mergulhar na piscina
que te mostra quem você é
cheia verdade verdade e psilocibina
é tudo o que um explorador quer

A pergunta: quem nós somos?
quem sabe onde esta a resposta?
na sabedoria de um gnomo?
que de olhos abertos você da as costas

Infeliz e viver em um mundo
que um papel é o comandante
onde a maioria se fazem de mudos
e esquecem os livros na estante

Triste é botar o pé no chão
mas a paz já está chegando
virá com um lindo clarão
que os seres de luz já vinham avisando .

O coma divino
Eu queria entrar​
Em um coma eterno​
Em um mundo só meu​
Onde eu fosse deus​
E pudesse comandar​
Mandar e desmandar​
Criar​
Até que minha criação​
Em seu auge de ingratidão​
Desejasse um coma eterno​
Em um mundo só seu​
Onde ela fosse deus ...​
E pudesse, como eu​
Criar​
Psilo​


PQT! ÉPICO
 
JALALUDDIN RUMI

O QUE NÃO SOU

Que devo fazer, ó muçulmanos,
se já não me reconheço?

Não sou cristão, nem judeu,
nem mago, nem muçulmano.
Não sou do Oriente, nem do Ocidente,
nem da terra, nem do mar

Não venho das entranhas da natureza,
Nem das estrelas girantes.
Não sou da terra, nem da água
Nem do fogo, nem do ar

Do empíreo não sou,
nem do pó deste tapete.
Não sou da tona, nem do fundo,
nem do antes, nem do depois.

Nem da Índia, nem da China
nem da Bulgária, nem de Saqsin,
não sou do reino do Iraque,
Nem da terra de Khorassan.

Nem deste mundo, nem do próximo,
nem do céu, nem do purgatório.
Meu lugar é o não lugar,
meu passo é o não passo.

Não sou corpo, não sou alma
A alma do Amado possui o que é meu.
Deixei de lado a dualidade,
vejo os mundos num só.

Procuro o Um, conheço o Um,
vejo o Um, invoco o Um.
Ele é o primeiro e o Último,
O exterior e o interior.
Nada existe senão Ele.

Ébrio da taça do amor,
os dois mundos escorrem por minhas mãos.
Nada mais me move
além do gozo desse vinho.

Se em minha vida passo
um só momento sem ti
Desprezo o que vivi
desde aquele instante.

Se neste mundo eu estiver
um só momento frente a ti,
porei os dois mundos a meus pés
e dançarei de alegria.

Oh, Shams de Tabriz, tão bêbado estou
que nada mais invoco
senão delírio e embriaguez.
 
Última edição:
A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como
sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um
sujeito que abre
portas, que puxa válvulas,
que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora,
que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.​
Manoel de Barros
 
Renascer

Reconhece a silhueta de tua sombra
Quebra a razão, flui com tudo o que sobra
Torna escuridão vívida cor rubra

Expandir o ponto, encontrar a esfera
Serenidade, cognição espera
Amolecer toda memória dura

No interior profundo a luz de tua mente
Revela o entender sem pensar e sente
A verdade, um novo ser ascendente​
 
La cerveza del pescador Schiltigheim
Raúl González Tuñon

Para que bebamos la rubia cerveza del pescador Schiltigheim.
Para que amemos Carcassonne y Chartres, Chicago y Québec, torres y puertos.
Los blancos molinos harineros y la luz de las altas ventanas de la noche
encendidas para los hombres de frac y los ladrones.
Y las islas en donde los Kanakas comen plátanos fritos
y bajo las palmeras entre ágiles mulatas suenan los ukeleles.
Islas, dije, las islas, soles rojos, platillos para Darius Milhaud.
¡Tener un corazón ligero! Vale decir, amar a todas las mujeres bellas.
Y una moral ligera, vale decir, andar con gitanos alegres
y dormir en un puerto un ocaso cualquiera y en otro puerto y otro
y andar con suavidad y con desenvoltura de fumador de opio.
Para que a cada paso un paisaje o una emoción o una contrariedad
nos reconcilien con la vida pequeña y su muerte pequeña.
Para que un día nos queden unos cuantos recuerdos: decir, estuve,
estuve en tal pasión, en tal recodo. Estuve por ejemplo,
en la feria de Aubervilliers una mañana, con un trozo de asado,
una amistad tranquila, la mesa clara, el perro, el buen hablar
y afuera, las verduleras de París chapoteando con los zuecos en la nieve.

Para que bebamos la rubia cerveza del pescador de Schiltigheim
es necesario no asustarse de partir y volver, camaradas.
Estamos en una encrucijada de caminos que parten y caminos que vuelven.

 
Navegar é Preciso

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

Fernando Pessoa
 
Eutenhopensadoarespeitodadiferença entreaágua easondassobreelas.Elevandose, aáguapermaneceágua,voltandoacair, éágua,evocêpoderiadarmeumapista decomoseparar umadaoutra? Porquealguéminventouapalavra “onda”tenhoquedistinguila daágua? HáumAlgoSecreto emnossointerior; osplanetasetodasasgaláxias passamporsuamão comocontas.
Issoécomoumcordãodecontasquedevemosolhar comolhosluminosos.

Kabīr
 
Nao sei Quantas Almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa - Alberto Caeiro
 
Além das ideias de certo e errado,
há um campo. Eu lhe encontrarei lá.

Quando a alma se deita naquela grama,
o mundo está preenchido demais para que falemos dele.

Ideias, linguagem, e mesmo a frase “cada um”
não fazem mais nenhum sentido.


Jalal ud-Din Rumi
 
A SEGUNDA VINDA - W.B. Yeats (1865-1939)

Tradução: Paulo Azevedo Chaves


Girando e girando em círculos que se ampliam,
O falcão não pode ouvir os comandos do falcoeiro;
As coisas se despedaçam; o centro se desloca;
A anarquia está à solta no mundo,
A maré tinta de sangue está à solta e por toda parte
A cerimônia da inocência está sendo afogada;
Aos melhores falta qualquer convicção
Enquanto os piores estão plenos de ardor.

Certamente alguma revelação está por acontecer,
Certamente a Segunda Vinda está por acontecer.
A Segunda Vinda! Mal essas palavras são proferidas
Quando uma vasta imagem que sai do Spiritus Mundi
Perturba minha vista: em algum lugar nas areias do deserto
Uma forma com corpo de leão e cabeça de homem,
De olhar vazio e impiedoso como o sol,
Move as coxas lentas, enquanto à sua volta
Circulam as sombras de pássaros irados do deserto.
A escuridão baixa novamente, mas agora eu sei
Que vinte séculos de um sono pétreo
Viraram pesadelo ao embalo de um berço
E que besta rude, sua hora enfim chegada,
Arrasta-se rumo a Belém para nascer?
 
esperando o inesperado- Crazy blue

Foi um dia de sol sozinho
era só eu e o caminho
como um filme mudo e sem sentido
andei sem rumo e distraído
o céu nada me dizia
o vento em meu rosto era o que
me satisfazia
a hora era incerta
a dor em meu peito ainda me aperta
minha timidez é discreta
eu não a mostro
eu não me mostro
a flor mais bonita do mundo
vai secar no chão
e eu esperando o inesperável
o fim é inevitável
 
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