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Completo Primeiro Diário: Cultivando apartir de esporos de Cubensis selvagem.

Diário de cultivo completo.
Olá pessoal aqui do fórum, venho compartilhar com vocês o meu primeiro cultivo de cogumelos da espécie Psilocybe Cubensis. Já vou avisando que não terá muitas fotos, e pretendo posta-las apenas quando necessário.

Estava fazendo trilhas e já tinha interesse nessa área, me deparei com alguns cogumelos e procurei me informar sobre as características deles de tal que consegui identificar o Cubensis. Fiz a coleta de um grande e sadio cogumelos e trouxe pra casa, coletei os esporo pelo método tradicional (deixar quieto em cima de uma folha de papel alumínio durante 24h fechado por um recipiente) e obtive um considerável carimbo.

Não tive como guardar essa carimbo de uma maneira extremamente higiênica, apenas dobrei o máximo de vezes que consegui, dividindo o em 4. Coloquei em cima do meu guarda roupa e deixa lá por uns dias, enquanto lia e ia comprando os materiais.

Após uns 20 dias tive a oportunidade de iniciar o processo.

O meu substrato é composto de fibra de coco em pedaços (muito utilizada para orquídeas) e arroz integral. Fiz o cozimento de ambos por 20 minutos, separados. A proporção foi: 3 copos de fibra de coco e apenas 1 de arroz.

Depois de cozido e escorrido um pouco da água, comecei a misturar os dois até ficar mais homogêneo possível. Os copos eram aqueles de requeijão, e pela quantidade que utilizei deu pra encher o total de 5 copos de 200ml de requeijão.

Não teve como eu esterilizar os copos com os substratos no mesmo dia que foram feitos, então deixei eles bem limpos e guardados em uma caixa higienizada.

No dia seguinte fiz a esterilização, coloquei 5 copos dentro da panela com um pano no fundo e enchi de água até cobrir 1/3 dos copos. Levei ao fogo e aos 55 minutos começou um cheiro de queimado e decidi desligar, mesmo nos manuais falando que precisa ser de 1h/1h30. Durante esse processo, aumentava e diminuía o fogo de acordo com minha intuição.

Depois disso limpei todo o banheiro, onde ia realizar a inseminação. Fiz isso com álcool 70, borrifando nos objetos que serviram de bancada assim como na atmosfera próxima a eles. Também não economizei na hora de borrifar na janela e porta. Tomei um banho e vesti roupas limpas.
Consegui fazer uma boa seringa de esporos e apliquei cerca de 5 à 6 ml por copo. Não vi problemas em fazer isso. (usei água destilada).

Depois disso fechei os furos com esparadrapos e coloquei os copos prontos dentro de uma caixa de sapatos devidamente higienizada e coberta por um saco de lixo preto. Já estão 6 dias na "incubadora", há coloquei próxima do meu computador que esquenta bastante. Não estou usando termostato nem outro tipo de tecnologia para manter a temperatura. O ambiente está, nesses dias, variando de 22°C ~ 30°C.

Apresentou alguns focos de desenvolvimentos 4 dos 5 copos. Como fiz um isolamento muito grande, consigo ver poucas partes. A partir desse ponto vou atualizando com o passar dos dias.

DÚVIDAS:
  • Carimbos de esporos podem estar contaminados devido a forma que foram armazenados de tal maneira a contaminarem toda a produção?
  • Como diferenciar essas manifestações brancas dos cow.. (esqueci)?
  • Tem como montar um terrário sem o termostato e quais a chances de ter êxito?

Durante a confecção da seringa de esporos perdi o carimbo, mas tenho o copo com agua cheia de esporos assim como uma seringa, eles serviram por mais quantos tempo? Estão armazenados na geladeira.
 
Última edição por um moderador:
Se eles não abortarem durante o dunk podem crescer e tornarem-se frutos maduros.



Exato. Claro que você quer fazer isso tudo de uma vez só. Ou seja, só abra o copo com os pins quando estiver com o substrato do lado pronto para a transferência. Tente usar uma pinça esterilizada ou se não tiver use luvas e passe álcool 70 nelas antes da transferência. O legal de fazer uma colonização assim é que você vai ter um copo de micélio clonado e provavelmente uma produção mais uniforme.



A luz é o elemento mais irrelevante para o aparecimento dos pins. Antigamente quando se fazia bulk (granel? em larga escala?) em bacias transparentes, se acreditava que os pins que apareciam nas laterais eram por causa da luz. Aí colocavam fita escura para evitar que isso acontecesse e ainda acontecia. Então passaram a usar uma camada de plástico que encolhe junto com o substrato e não deixa haver espaço entre o substrato e a borda do recipiente e isso passou a evitar os pins laterais. Quando aparecem os pins laterais, é por conta do microclima ali criado que é propício para a formação dos nós hifais e que leva aos pins (alta umidade na superfície do bolo e troca de ar que possibilita a evaporação).
Cara, com essa explicação sobre o microclima ali formado fiquei apaixonado nessa ciência, e tu falou sobre os nós que vão se formando; estou vendo grandes quantidades deles. Estou realmente me apaixonando por isso tudo.
Enfim, estou terminando de esterilizar a argila expandida e amanhã já vou colocar alguns no terrário. Vou pesquisar mecanismo alternativos, pois não tenho higrômetro e muito menos termostato. Enfim, como tu indicou, vou pegar alguns pins e fertilizar novos substratos.
Amanhã se conseguir fazer tudo isso, já trago umas fotos pra vocês. Obrigado!

É difícil dizer ao certo, não é uma ciência exata. Eles podem crescer muito in vitro.


Se os bolos já estiverem bem firmes, você pode tirar esses pins e fazer o dunk + cold enquanto prepara para aniversariar.

Estranho seus bolos já pinarem tanto assim dentro do copo. O local que usa como incubadora tem alguma fonte de luz? Ou os bolos estão expostos de alguma forma a luz?
Vou pesquisar mais sobre o dunk e cold, não sei o que são. Há duas semanas atrás estavam totalmente isolados da luz, depois disso deixei eles livres como foi indicado acima.
 
Acho que ele quis dizer dunk and roll, que significa mergulhar por 24h na água e depois rolar na vermiculita para colocar no terrário.
Na verdade me referi a Cold Shock
Mas você lembrou bem do Roll após o Dunk

Esses termos podem ficar meio confusos mas aqui tem os links para leitura.

Resumindo se faz uma imersão do bolo em água limpa (dunk) para promover a hidratação do mesmo. Pode ser complementado com o choque térmico (cold shock). Após uma 12 horas ou o tempo que você julgar necessário pode rolar o bolo em vermiculita e depois umedecer-la para prolongar a hidratação do bolo.
 
@Finganforn Quando te referistes à água limpa, seria apenas água limpa (água mineral comprada no mercado) ou água passada por algum processo de esterilização? E essa hidratação do bolo seria como? apenas usar um borrifador e dar umas leves borrifadas?
 
@Finganforn Quando te referistes à água limpa, seria apenas água limpa (água mineral comprada no mercado) ou água passada por algum processo de esterilização? E essa hidratação do bolo seria como? apenas usar um borrifador e dar umas leves borrifadas?
Sabe aquelas vasilhas de sorvete que vem com tampa? Uso uma delas para quatro bolos. Eles ficam submersos e na geladeira (na parte de baixo) em água mineral por umas 12 horas. Após isso tiro os bolos e rolo em vermiculita seca e depois borrifo água mineral neles para umedecer a vermiculita.
 
Sabe aquelas vasilhas de sorvete que vem com tampa? Uso uma delas para quatro bolos. Eles ficam submersos e na geladeira (na parte de baixo) em água mineral por umas 12 horas. Após isso tiro os bolos e rolo em vermiculita seca e depois borrifo água mineral neles para umedecer a vermiculita.
Vou fazer isso com todos os meus bolos, se os pins resistirem, bom; caso contrário poderia retira-los e fertilizar novos substratos, depois do dunk e roll?
 
Pode explicar melhor o que você pensou em fazer, Otaniel?
Ali em cima me falaram que alguns pins podem não sobreviver a um possível dunk. Há bastante tempo meus substratos estão dentro do copo, algo em torno de 30 dias. Como você pode ver já tem pins em todos eles, mas bem pequenos em vista de não haver tanto espaço.
Quero fazer um dunk, com o intuito de aniversariar eles e começar um novo flush. Meio que abortar todos que se estruturaram até agora, em busca de mais uniformidade e ordem.
Bom, gostaria de saber se um preciso tirar os pins pra fazer o dunk; se não e se eles não sobreviverem após o dunk, posso utilizar eles para colonizar novos substratos?
Sim, nada impede. Só irá atrasar um pouco o cultivo, até que o micélio tome de conta de todo o novo substrato.
Atrasar em partes, pois continuo com os substratos que já estariam colonizados e hidratados.
Tava pensando em fazer até um cultivo in vitro de forma descente, pra ver o que virá.
 
Se você quer usar os pins para inocular um novo substrato, deve fazer isso antes de mais nada. Depois de já ter feito o mergulho vai ter tanta bactéria e outras coisas indesejáveis neles que o fracasso será quase que garantido.

só abra o copo com os pins quando estiver com o substrato do lado pronto para a transferência. Tente usar uma pinça esterilizada ou se não tiver use luvas e passe álcool 70 nelas antes da transferência.

Basicamente, todo o processo e cuidado para evitar contaminações que você utilizou na sua primeira inoculação devem ser repetidos.

caso contrário poderia retira-los e fertilizar novos substratos, depois do dunk e roll?

Então a minha resposta seria não à esta pergunta.

Na verdade me referi a Cold Shock

Não tem nenhum benefício fazer cold shock com psilocybe cubensis, alias provavelmente vai só atrasar o cultivo em alguns dias. Algumas espécies de cogumelo inclusive morrem com um cold shock, como o pleurotus djamor. Cogumelos são tão diversos quanto plantas e animais, nem tudo que funciona para um, funciona para outro. Nós fazemos o mergulho na geladeira para proteger o micélio das bactérias, que mesmo assim vão aparecer, por isso é bom lavar os bolos após tirá-los do mergulho. Eu apenas faço o mergulho na geladeira no verão (aqui no sul do Brasil), nas outras estações não acho necessário, mas se você mora em um local onde é quente o ano inteiro, provavelmente será uma boa ideia fazer sempre na geladeira. Neste caso é bom achar a parte mais quente da geladeira. Tem geladeira que chega a congelar o micélio. Isso não é nada bom.

Quando te referistes à água limpa, seria apenas água limpa (água mineral comprada no mercado) ou água passada por algum processo de esterilização?

Eu uso água da torneira filtrada, bem mais barato e prático do que ficar comprando água mineral e funciona da mesma forma. O único motivo de usar água mineral seria se a água da sua cidade é muito poluída e a quantidade de cloro é muito alta na água da torneira. Mesmo assim, tem alternativas mais baratas, como ferver a água da torneira para livrar-se do cloro.

Ali em cima me falaram que alguns pins podem não sobreviver a um possível dunk.

Na minha experiência os que ainda estão bem pequenos tendem a abortar e os mais desenvolvidos tendem a sobreviver. Eu diria para usar alguns para inocular um novo substrato e deixar o resto para ver o que acontece. No mínimo você vai adquirir experiência.
 
Galera venho atualizar vocês, resolvi abrir todos os copos! Aniversariar os que já estavam com vários pins à mostra e fazer o dunk naqueles que apontaram só os primeiros. Vamos lá.
Bolos que foram para o dunk:IMG_20170131_140959449.jpg
Bolo 1:IMG_20170131_141007652.jpg IMG_20170131_141013745.jpg
Bolo2:IMG_20170131_141003819.jpg IMG_20170131_141018538.jpg

dois dos 5 copos estavam nas condições de fazer o dunk, um ou dois pins no máximo que apontaram e tinha muitos nós miceliais. Coloquei eles dentro de um recipiente de sorvete e mergulhei eles na água. Fechei o recipiente e vou deixar umas 15hrs na geladeira na potência mínima. A minha dúvida em relação a eles é: depois que terminar de "hidrata-los" posso simplesmente lava-los e já coloca-los no terrário junto com os outros, ou há mais algum procedimento há ser feito? Usei água filtrada.


Bolos que foram para o terrário:
IMG_20170131_140919079.jpg

Bolo 3: IMG_20170131_140912533.jpg IMG_20170131_140906758.jpg

Bolo 4: IMG_20170131_140931577.jpgIMG_20170131_140924447.jpg

Bolo 5: IMG_20170131_140944811_HDR.jpg

há 3 bolos que foram para o terrário, mas apenas um deles está coberto uniformemente pelo fungo (bolo 3), enquanto os outros dois apresentam regiões que ainda não foram colonizadas e o arroz nessas partes ficou com um aspecto bem ruim e "gosmento", então com um palito de dente, fui retirando essas gosmas e demais grãos que estavam soltos. Isso já esperávamos em vista dos grandes pedaços de fibra de coco. Minha dúvida em relação a esses, que já apresentam pequenos pins mas em grandes quantidade, um deles já tem 10 dos pequenos; posso deixa-los no terrário mesmo e ir controlando o micro-clima lá dentro ou há mais algum procedimento a ser feito com eles?
 

Anexos

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depois que terminar de "hidrata-los" posso simplesmente lava-los e já coloca-los no terrário junto com os outros, ou há mais algum procedimento há ser feito? Usei água filtrada.
Você pode ainda rolar em vermiculita e depois borrifar água neles. Isso vai de cada cultivador

Minha dúvida em relação a esses, que já apresentam pequenos pins mas em grandes quantidade, um deles já tem 10 dos pequenos; posso deixa-los no terrário mesmo e ir controlando o micro-clima lá dentro ou há mais algum procedimento a ser feito com eles?
Pode deixar, mas tome cuidado. Se um pin ficar com a cabeça preta, quer dizer que ele abortou e pode apodrecer, abrindo porta pra contaminação. É só tomar esse cuidado.

Show de bola.
 
Boa sorte cara! Agora é questão de um dia ou dois para vermos o que vai acontecer com esses pins aí.

Fico aguardando notícias.
 
Boa sorte cara! Agora é questão de um dia ou dois para vermos o que vai acontecer com esses pins aí.

Fico aguardando notícias.
Não tinha noção de que seria tão rápido assim. Como não tenho termostato e o higrometro, estou borrifando água e abanando 3 vzs no dia.
 
Ah sim, você vai ver o quanto eles crescem da noite para o dia. :)
 
Mudando de assunto. @Otaniel já tem o necessário para a secagem dos meninos mágicos.
 
Mudando de assunto. @Otaniel já tem o necessário para a secagem dos meninos mágicos.
Muito bem lembrado! Não tenho nenhuma tecnologia pra secagem deles, procurei sílica na minha cidade mas não encontrei. Não estou em condições de fazer um pedido pela internet agora. Todavia, estava pensando em fazer um túnel de vento com cano PVC já que tenho um cooler de 120mm parado.
Qual a eficiência desse método?
Se isso tudo não der certo, tenho um forno em casa que dá pra usar também. Mas agora peço opiniões de você para me indicarem os métodos mais acessíveis e baratos.

Outra dúvida, queria usar esse primeiros frutos, se vierem com o chapéu de consideráveis tamanhos para fazer carimbos. Quero produzir uma grande quantidade de carimbos e armazena-los para doar e ficar sossegado enquanto a isso.
A dúvida é: uma vez peguei um Cubensis no pasto, bem grande, seu chapéu tinha uns 8cm de raio, trouxe pra casa e ainda fresco coloquei ele para depositar os esporos no papel alumínio fechado com um recipiente, quando fui ver, dois dias depois (porque depois do período de 24h não havia carimbo ainda) estava tudo decompondo e tinha muita água, o cheiro era horrível!
Tem um período certo depois que o véu se abre, ou a qualquer momento após a ruptura já é possível produzir os carimbos?
 
Qual a eficiência desse método?

Vai depender de onde você mora e a época do ano. Se você mora em uma cidade com baixa umidade relativa do ar pode ser que nem precise de dessecante. Infelizmente este não é o caso para a maioria de nós. Neste caso você deveria deixar secando na frente do ventilador por 48-72 horas e depois quem sabe colocar atrás da geladeira? Não é o melhor método, mas o forno é bem mais provável de elevar demais a temperatura e reduzir a potência. Uma outra opção, que é mais em conta e efficiente, é ir até o mercado e comprar um daqueles podes de colocar no armário anti mofo, eles custam de 5 a 15 reais. Coloca junto num pote bem fechado para terminar o processo depois que os cogumelos saírem do túnel de ar. Tem um guia disso aqui no site.

Simples e eficiente (Cracker Dry) 100% garantido

Tem um período certo depois que o véu se abre, ou a qualquer momento após a ruptura já é possível produzir os carimbos?

Se o cogumelo estiver muito úmido isso pode acontecer mesmo. Para evitar isso é bom parar de borrifar um pouco antes da colheita e também é possível colocar uma folha de papel toalha dobrada em cima do cogumelo para absorver a umidade durante a coleta. Espere romper completamente o anel e o chapel abrir um pouco. É questão de horas até isso acontecer. Logo ele começa a depositar esporos.
 
quando fui ver, dois dias depois (porque depois do período de 24h não havia carimbo ainda) estava tudo decompondo e tinha muita água, o cheiro era horrível!
O cogumelo selvagem já estava todo recoberto de bactérias, então se decompôs rapidamente. Já deixei meus cogumelos 2 dias pra fazer carimbo e nunca aconteceu isso, já que cogumelos de cultivo são mais limpos por assim dizer.

A dica do @coguosho sobre o papel toalha é uma boa ;)
 
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