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Completo A+ albino em fibra de coco

Diário de cultivo completo.
Resolvi testar um cultivo com fibra de coco. É um material interessante, muito fácil de encontrar, e ao que parece, pelos relatos, um substituto à altura para a vermiculita.

A princípio seriam duas strains diferentes, Cambodian (a partir de uma CL que recebi em doação) e A+ Albino (multiesporos). Mas acabou sendo um cultivo só da A+ Albino.

Comprei um saco de fibra de coco com volume declarado de 3 litros e peso declarado de 500 g. Pensei que teria de picotá-la antes, mas achei a fibra bem fragmentada, então fui em frente sem picotá-la. Mais tarde percebi que foi um erro. Acredito que deveria tê-la picotado bem, e é o que farei da próxima vez.

Como era a primeira vez com fibra de coco resolvi usar o grão que mais conheço e considero mais seguro, arroz integral (agulha com alguns grãos vermelhos). No dia 21/10 cozinhei dois copos desse arroz por vinte minutos, escorri e deixei secar em um escorredor por meia hora. Depois fiz o mesmo procedimento que faço com vermiculita, medi quatro copos de fibra de coco, (compactei-a bem para medir) e depois misturei com o arroz cozido, em uma bacia. Foi mais difícil misturar do que quando uso vermiculita. E alguns agregados de fibra foram especialmente difíceis de separar e misturar ao arroz.

arroz_e_fibra_pre_mistura_DSC_0028.JPG arroz_e_fibra_misturados_ DSC_0029.JPG arroz_e_fibra_misturados_ DSC_0030.JPG

Coloquei o substrato em copos de vidro de requeijão de 250 ml. Tampa de papel alumínio duplo. Sem selo de vermiculita. Rendeu nove copos, mais ou menos o que rende com vermiculita, mas tive a impressão de que o substrato ficou mais aerado. Para os A+ albino usei quatro copos desse substrato.

copos_antes_da_esterilizacao_ DSC_0033.JPG copos_antes_da_esterilizacao_ DSC_0032.JPG copo_antes_da_esterilizacao_ DSC_0030b.JPG

Os outros copos inoculei com Cambodian, mas no final a tentativa com essa strain fracassou, então só vou tratar dos A+ Albinos no diário.

Na noite de 21/10 esterilizei de uma só vez os quatro copos do cultivo de A+ Albino em panela de pressão por 1:30 h, cinco minutos após pegar pressão. Os vidros foram colocados na PP com tampa de alumínio solta, somente encaixada nos copos. Coloquei cada copo em cima de um potinho inox para sorvete, que serviu como suporte e me permitiu colocar mais água na panela, para a mesma não correr risco de secar durante a esterilização. Coloquei água até pouco menos da metade da altura dos copos. Após a esterilização desliguei a panela e a deixei fechada com os vidros esfriando até a manhã do dia 22/10.

Quando saíram da panela de pressão, os vidros pareciam úmidos internamente, mas a umidade foi absorvida até o dia seguinte. Lacrei a tampa dos copos com fita crepe logo que os retirei da panela de pressão.

No mesma manhã do dia 22/10 preparei uma solução multiesporos de A+ albino, de um carimbo que já tinha utilizado antes, usando um pote estéril de coleta e um frasco recém aberto de solução fisiológica 0,9% de cloreto de sódio (essa dica de usar solução fisiológica é do @Mauricio). Raspei os esporos com uma colher de chá flambada, após esfriar, é claro. Rendeu talvez uns 40 ou 50 ml. Com uma seringa estéril retirei 5 ml da solução e inoculei os quatro vidros com os A+, em três pontos cada um, com o volume de somente uma seringa. Não deixei os esporos hidratarem. Fiz a solução de esporos e inoculei logo em seguida. Fiz todo o processo de preparação da solução de esporos e de inoculação na tampa do forno quente.

albino_aplus_pos_inoc_DSC_0029a.JPG albino_aplus_pos_inoc_DSC_0028a.JPG albino_aplus_pos_inoc_DSC_0027a.JPG

Como não coloquei o selo de vermiculita resolvi vedar bem os furos de inoculação, com uma camada extra de fita crepe colocada transversalmente à primeira.

Guardei o resto da solução de esporos de A+ albino na geladeira, no próprio pote de coleta, junto com a seringa, em que restou um pouco de solução.

Aí começou uma longa espera. Os copos de albino A+ ficaram um tempão sem micélio aparente. Pensei que teria que descartá-los. Desisti de olhar a cada dois ou três dias, mas após esquecê-los na gaveta que faz de incubadora por uma semana e meia fui verificar de novo com 3 semanas, em 12/11. Dois copos bem com micélio avançados. Outro medianamente colonizado e um no início da colonização.

A colonização seguiu lentamente. Alguns setores pareciam que não colonizavam. Senti o meio bem seco. Conversando com o @Amaral no chat (https://teonanacatl.org/chat/?room=1) ele disse que teria sido melhor hidratar a fibra de coco antes de usá-la. Eu simplesmente usei seca, como vermiculita, e misturei nos grãos cozidos.

As fotos abaixo são de 28/11.

A plus DSC_0035 28-11.JPG A plus DSC_0034 28-11.JPG

Finalmente na noite do dia 27/12 resolvi que os quatro copos estavam prontos para aniversariar, e que os pontos falhos que eu via eram devido ao substrato mesmo. Parece que algumas áreas com pedaços de fibra de coco não são colonizados, ou só aparece um micélio ralo. Não abri furos para troca gasosa em todo esse período. Fiquei preocupado com a falta do selo de vermiculita. Mas uma fita ou outra um pouco frouxa em cima dos furos pode ter permitido troca gasosa.

Tirei os quatro bolos dos copos e coloquei em um dunk / cold shock. Minha impressão foi que estavam mais leves que copos de substrato feitos do mesmo modo, mas com vermiculita. Mas o aspecto geral estava bom, com o cheiro característico do micélio de cubensis.

Deixei por aproximadamente 36 horas em dunk / cold shock, em água fervida, já fria, naturalmente. Ao tirá-los para colocar no terrário continuei achando que estavam muito leves. Como se tivessem absorvido pouca água.

Como não queria correr mais riscos fiz um roll em vermiculita mesmo, coloquei uma camada úmida de vermiculita em cima e em baixo de cada bolo e acomodei-os no terrário - uma caixa plástica organizadora sem furos, mas cuja tampa não veda totalmente - em 29/12 pela manhã. Usei um vaporizador com água fervida para espalhar vapor d´água por todo o terrário e umedecer a vermiculita do roll. O terrário fica no nível do chão, em uma área mais fresca do quarto, e pega luz natural indireta.

Copos no terrário.JPG Copos no terrário II.JPG

Mantive sem controle de temperatura, mesmo nesses picos de calor do período de final do ano no Rio. Duas trocas de ar manuais pela manhã, com um intervalo curto entre elas, tipo uma hora e meia; e mais duas trocas de ar manuais à noite, com cerca de três horas entre elas. Depois da vaporizada inicial passei a vaporizar o terrário somente uma vez por dia.

Hoje, 06/01/2015, pela manhã, vi os primeiros pins.

Primeiros pins.JPG Primeiros pins II.JPG

Vou manter o mesmo regime de vaporização, mas vou passar a deixar duas bolsas térmicas congeladas no terrário durante o dia.


Fora isso o plano é fazer um outro dunk / cold shock após o primeiro flush, para ver se os bolos absorvem mais água.


E ter cuidado com a pré-hidratação da fibra de coco na próxima vez que for utilizá-la.
 
Eu me enganei sobre o final do segundo flush. Após colher os cogumelos da foto de 23/01 outros pinaram e cresceram.

DSC_0135 2 flush continuação.JPG
 
Terceiro flush.

Antes de fotografar agora à noite colhi um cogumelo, que estava no ponto, de manhã. E agora vou colher parte desses da foto. E limpar alguns abortos.

A plus 02-02.JPG
 
Mias um flush, praticamente seguido ao anterior.

Os cogumelos estão ligeiramente diferentes, com o topo dos chapéus com uma leve pigmentação, que já dava para perceber no flush anterior.

DSC_0135 - quarto flush.JPG
 
Esse diário deveria ser fixado, serio mesmo, pra servir de referencia para os iniciantes, nem precisaria de tutorial, já bastaria...:troll:

Sé um inciante após ler esse diário não ter noção de nada deveria voltar a estudar português... :whistle: ... A narrativa é clara!

Sem contar os detalhes para que não haja acidentes, além do experimento ser referencia valida com pó de coco como substituto para vermiculita.

Parabéns :velhinho:
 
Última edição por um moderador:
Após o quarto flush de 07/02 um dos bolos se contaminou com um bolor preto, e foi descartado.

Os outros três bolos restantes ainda deram um quinto flush pequeno umas duas semanas depois, e agora um sexto flush um pouco maior, que acabei de colher hoje.

Ainda vou manter os bolos para tentar mais um flush, mas dou o cultivo por completo.
 
Última edição:
Ah sim, vlw pela resposta.
Mas ai fala sobre usar a fibra e não o pó (na pf tek).
Já usei no casing, mas to em duvida se da pra usar o pó no pf tek.
 
Parabéns pelo cultivo Ecuador, ficaram bem massa!
Eu fiquei interessado pelo seu terrário, estou pensando em fazer algo semelhante.
Gostaria de saber se você pode detalhar um pouco mais ele. Principalmente em relação do vaporizador, ele ficava externo e era ligado a caixa por uma mangueira? Usou algum filtro? E também sobre a troca de ar, gostaria de saber porque você evitou usar furos embaixo para a saída do CO2.
Obrigado e desculpa o incômodo!
 
Gostaria de saber se você pode detalhar um pouco mais ele.

O terrário foi somente uma caixa plástica. Normalmente escolho opções mais simples.

O vaporizador era de mão mesmo. Eu abria o terrário e vaporizava.

Com relação aos furos ao nível do chão eu já notei, depois de vários cultivos, que não são necessários. O que se precisa é de troca de ar. Essa história do CO2 sair pelos furos de baixo é meio controversa. Quando há uma fonte de CO2 realmente o mesmo pode se acumular no local, mas também pode se misturar no ar em volta tanto por difusão como por convecção, formando a mistura uniforme que normalmente respiramos, com o nome de ar. E ainda não vi dados reais de medições que mostrem que em terrários o CO2 se acumule no fundo.
 
O terrário foi somente uma caixa plástica. Normalmente escolho opções mais simples.

O vaporizador era de mão mesmo. Eu abria o terrário e vaporizava.
Entendi, obrigado pelas informações. Eu gostei bastante do seu esquema por não usar argila expandida ou perlita, deixando um ambiente mais "clean" e também acredito que deve facilitar a limpeza e manutenção.
Vou procurar uma solução parecida, mas acho que utilizarei um vaporizador ultrassônico que achei em promoção com timer.
Obrigado!
 
gostaria de saber em qual temperatura você manteve eles no terrário pra frutificação? .... Queria ter uma ideia! Valeu abraços!

Grato pelo parabéns, MaximuS_dark.

Mantive o terrário na temperatura ambiente da época, verão no Rio. Só escolhi um canto mais fresco da casa para colocar o terrário.

Estava bem mais quente do que a temperatura ideal, que é de 24 a 26 graus celsius. Os picos de temperatura durante o dia chegaram talvez a trinta e poucos graus, amenizados com as bolsas térmicas. Infelizmente não tenho registros mais precisos.
 
Obrigado pela informação @Ecuador , quis saber porque estou com meu terrário, incubadora, tudo pronto pra iniciar meu primeiro cultivo, porém aonde deixo as minhas coisas guardadas(terrário, incubadora e etc) é no forro de casa(sotão), porque moro com meus pais, que por sinal são super caxias, e lá em cima andei medindo a temperatura dentro do terrário, nos horários de maior calor(entre as 14:00 às 16:00 hrs mais ou menos) esta chegando aos 32º graus! Acho arriscado começar agora, preciso esperar pra comprar umas PLACAS de GEL pra ajudar nos horários de maior calor!
 
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