O tempo que fiquei em Manaus foi 24 horas.
Foi o tempo que levou para eu dormir, ir à zona franca comprar algumas coisas e encontrar meu próximo destino.
De manhã sai pela cidade perguntando onde ficava a zona franca, e descobrir que estava dentro dela, eram muitas lojas com produtos inimagináveis, coisas que a gente não tinha acesso nas lojas de outras cidades.
A cidade era como em outro país, os edifícios tinham portas com sensores, os sinais de trânsito (semáforos) eram 5 faróis que ficavam todos verdes trocavam para vermelho um a um até todos estarem vermelhos.
Motos 400four eram as mais comuns nas ruas, onde se viam 1000CC, 1200CC, de todas as marcas, aquelas enormes motos do filme americano Sem Destino com Denis Hope passavam de quando em quando.
Eu tinha algum dinheiro dos picolés vendidos em Belém e comprei algumas coisas.
1 câmera Olimpus trip 35, 10 filmes 36 poses, 1 tripé, 5 túnicas indianas, incenso e outras bobagens.
Uma dessas túnicas, a branca com pequenos elefantes dourados, foi usada no meu 1º casamento.
Caminhando fui até o porto, era aberto, qualquer pessoa entrava e passeava rente aos navios.
Parei frente ao navio Praia Grande da empresa Navego e um tripulante, 3º maquinista veio conversar.
No papo eu disse que era do Rio de Janeiro, estava com o projeto Rondon e perdera a partida, ficando só em Manaus, ele disse que também era do Rio e o capitão o único outro carioca.
Falou que o navio partiria naquele dia e ancoraria no Rio em 30 a 40 dias. Comentou que se eu pedisse uma carona ao comandante poderia conseguir.
Fiquei estupefato como as coisas aconteciam, estava voltando para o Rio de Janeiro.
Fiquei alojado na cabine do pratico, que tirou o navio do porto e desembarcou.
A viagem foi fantástica, não existe nada na minha lembrança que se compare aquele percurso, indescritível. Eu estava percorrendo o 2º maior rio do planeta, o 1º em volume d’água, dentro da maior selva do mundo.
Quantos habitantes do mundo gostariam de estar ali, sonhavam em seus cantões pelo mundo todo com uma aventura assim.
Eu ficava grudado nas paisagens para tê-las pelo resto da vida na memória, tudo deveria ser retratado e fui fotografando.
O rio amazonas tem dois fascinantes detalhes que até hoje me deixam abestalhado: O 1º é que tem trechos que parece que se está em mar aberto, não se vê margem alguma, não parece um rio e sim um mar removido de barro.
O 2º é que tem trechos que se você esticar o braço a mão toca a mata.
Em Óbidos, uma cidade no trecho dentro do estado do Pará, é extremamente profundo e a correnteza arrasta a uma velocidade enorme.
Até hoje imagino como será mergulhar naquele abismo, que seres podem ser encontrados
Numa outra viagem que fiz de barco senti como é está dentro d’água e a correnteza levando você.
Continua