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Tempo muito Louco

  • Criador do tópico Mauricio
  • Data de início
Flwwww Maurição!!!

Ler essas memórias está demais!!!! Parece q eu li o seu pensamento umas noites antes de ver o tópico, tava indo dormir com a idéia de começar umas anotações com as minhas memórias (por enquanto, só pra mim.) uma coisa pra com o tempo ir completando e lembrando, desde o meu inicio.
Adoro conhecer novas pessoas e velhas histórias.
A maior riqueza do homem são as pessoas ao seu redor e suas memórias!
 
Mauricio muito massa e empolgante essas passagens da sua vida, uma historia que gostaria de passar para frente quando tiver meus filhos, mas claro que sendo comigo . ^^

Ultimamente tenho tido essa ideia mesmo de sair viajar e perigrinar por algum tempo pelo pais, mas como e a minha e acho que de grande parte de quem quer fazer isso seja falta de coragem e a insegurança do pais hj !!

Penso nessa viajem a muito tempo em busca de saber "o que realmente busco e sou" uma forma de me liberta do mundo e me achar de verdade e claro de ter algumas experiencias de vida. Ate falei com um amigo meu sobre isso acho que quinta feira que passou e na sexta a tarde ele me contou sobre esse topico e foi mais um dos meus motivos de estar escrevendo aqui hj alem dos cogumelos !!!



Vlw pelo depoimento feito por vc isso encheu meu coraçao de alegria e coragem....Vlw

:)
 
que historia,.... incrivel...:D
 
Já desliguei a Tv acendi uma vela e aguardo o proximo capitulo da saga :)
esse entra pro BEST OFF CM.org.

Nao sei se perceberam, mas nosso fórum além de uma OTIMA fonte de informaçoes sobre cultivo consumo e preparo de cogumelos magicos, tem se tornado um "bunker" de contra-cultura.
Acredito que o nosso senhor admin que está no céu fica muito orgulhoso disso tudo!
Como nós, nao construtores mas o CIMENTO desse bunker ficamos ao ler cada vez mais e mais negaçao/ação/reaçao contra a merda enlatada que enfiam nos nossos olhos e ouvidos durante o dia-dia.

OBRIGADO a todos por tornarem isso possível.


CM Eu te Amo Sabia?
Engraçado, eu te amo, sabia?
Mas engraçado por que?
Não é tão simples amar!
Talvez eu ache engraçado
esse seu jeitinho
que me faz de repente.

Eu não te entendo, sabia?
Mas talvez nem eu me entendo!
Não sei se é porque te amo e não sou amado...
mas o que importa?
o Sol aquece e não é aquecido!

Você é linda, sabia?
Linda, mas como é ser linda?
É ser como a Primavera que ignora seu encanto,
é ser como a rosa que ignora seu perfume...
é ser como você!

E como é você?
É simples como um sorriso, humilde como a prece!

Você me dá felicidade, sabia?
Felicidade... mas o que é felicidade?
É esse seu sorriso lindo, é essa sua voz que me dá vida!
Foi um dia te encontrar e te amar!

Mas, por que te amo?
É porque meu coração palpita quando te vê,
é porque meus olhos procuram os seus,
é porque minhas mão ficam frias e só se aquecem com as suas,
é porque o sorriso só reina em meus lábios quando tenho você,
é porque te amar é viver!
E é por isso que estou vivo!!!

E como é viver?
É ter esperança que um dia vai me amar,
é ter a luz do teu olhar,
enfim, viver é te amar!

E o que é Amar?
É sentir uma ternura infinita,
é sentir ser o cravo mais bonito,
é sentir ser sublime como a prece,
é sentir ser puro como as nuvens,
é sentir-se suave como a brisa,
é sentir-se lindo como o céu...
é sentir você em meu coração!

Eu estou chorando, sabia?
Chorando, mas por que?
Porque estou feliz!
E quem está feliz chora?
Chora sim!
E por que estou feliz?
É porque eu te amo

Você não sabia?
Loucamente
Te Amo
 
Mauricio, vc citou algumas frutas de sua região que deram água na boca!​


Sou apaixonado pelo cerrado e caatinga, temos uma fruta aqui chamada Pequi, sou um paixonado!!​


Hoje no almoço pude "roer" pequi à vontade!​


P.s. - O Pacha (Pantaneiro doido) conhece e sabe do que eu estou falando.​


Não vivo sem Pequi! :D


Obs: As fotos são do almoço de hoje.
Pequi.JPGDSC00055.JPGDSC00056.JPG
 
Vida de Viajante
Composição: Luiz Gonzaga/ Hervé Cordovil

Minha vida é andar por esse País
Pra ver se um dia descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei

Chuva e sol
Poeira e carvão
Longe de casa, sigo o roteiro
Mais uma estação
E alegria no coração

Minha vida é andar por esse País
Pra ver se um dia descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei

Mar e terra
Inverno e verão
Mostro o sorriso
Mostro a alegria
Mas eu mesmo não
E a saudade no coração
 
Ô Mauricio, me arruma um picolé de groselha aí faiz favoire! uhauahuh

Esse é o tipo de leitura que faz o cara pensar milhares de vezes sobre o que é realmente gratificante nessa existência. O diploma que tu têm faculdade nenhuma é capaz de dar, meu velho. Sorte dos teus filhos!
 
Mauricio, vc citou algumas frutas de sua região que deram água na boca!​
Sou apaixonado pelo cerrado e caatinga, temos uma fruta aqui chamada Pequi, sou um paixonado!!​
Hoje no almoço pude "roer" pequi à vontade!​
P.s. - O Pacha (Pantaneiro doido) conhece e sabe do que eu estou falando.​
Não vivo sem Pequi! :D
Obs: As fotos são do almoço de hoje.
tambem adoro pequi, por aqui eu pago uma nota por um pote de pequi..
so p matar a vontade...

olha isso....impossivel
http://www.albinoblacksheep.com/flash/focus
 
Última edição por um moderador:
Que História de vida hein?

Somente agora pude ler com calma toda sua história Profeta.....

Confesso que me emocionei em várias partes desse seu relato !

Estou até agora muito impressionado com tudo isso !!!

Paz e Muita luz....
 
A viagem até Belém no Praia Grande foi a primeira vez que desci o rio Amazonas.

Seguindo o fluxo do rio o tempo de viagem é 4 à 5 dias, em navio de passageiros.

Passamos por diversas comunidades, deixando e recebendo mercadoria.

Quando o navio se aproximou de Belém, a rota para contornar a Ilha de Marajó levou-nos pelo estreito de Breves.

É o caminho para navios que transportam cargas, sendo bem conhecido e seguro.

Nesse trecho os ribeirinhos aproximam-se em canoas e esperam por donativos que são jogados embrulhados em sacolas plásticas.

O Amazonas coloca suas águas barrentas no oceano Atlântico, através de incontáveis canais, que formam um grandioso delta.

Levamos 10 dias até entrar no porto de Belém. Dali em diante o navio seguiu em cabotagem até o porto do Rio de Janeiro.

Ao sairmos de Belém, a água barrenta foi ficando cada vez mais límpida e translúcida.

O oceano foi substituindo o rio, as ondas começam a balançar o navio e acontece a indisposição estomacal, normal a todos que se aventuram pela primeira vez ao mar.

Foi muito estranho, eu estava muito bem, de repente o estômago não segura mais nada e expele tudo.

Passei um bom tempo vomitando, eu fiquei tão mal que o capitão cogitou prender-me para evitar qualquer ato desesperado de atirar-me ao mar.

Até que o meu camarada, 3º maquinista, deu a fórmula para parar. Primeiro estranhei, mas como não havia outra alternativa, executei e para meu alívio tudo ficou normal.

É simples é só comer e comer, por comida no estômago para parar o enjôo.

A cabotagem levou-me a diversos portos na costa brasileira. Ponta Branca é um terminal, em mar aberto, na costa do Rio Grande do Norte.

Uma plataforma, como as de petróleo, flutuando em mar aberto para por sal nos porões dos navios.

Os navios ancoram próximos ao terminal e aguardam a vez para pegar a carga de sal.

Passamos muitas horas esperando a nossa vez e enquanto esperávamos, varas, iscas e anzóis apareceram.

Ali entre os pilares da plataforma peixes, muitos peixes encontram abrigo e foram fisgados, não eram peixinhos, mas peixes de metro para cima, azul cintilante.

Foram pescados muito, limpos e congelados no freezer do navio.
Comemos bastante peixe o que foi legal para variar.

Paramos nos portos de todos os estados até o Rio de Janeiro, sempre deixando e recebendo mercadoria.

Entramos na baia de Guanabara ao amanhecer, a baia estava com um tapete de névoa e parecia que o navio navegava no céu, não sobre o mar.

Muitos golfinhos acompanhavam o navio e saltavam abrindo furos no tapete branco. Como um sonho, íamos passando entre ilhas, contornando e rasgando a bruma.

Quando for juntar-me a Deus quero lembrar desse dia e ouvir A Momentary Lapse of Reason (Pink Floyd).

Continua
 
Estive em quase todos os estados e capitais e também em muitas outras cidades desse Brasil.

Nalguns locais fui levado e conheci assim pelas mãos de amigos e amigas, noutros levei para retribuir tantas belezas que pude ver.

Nunca ocorreu nenhum incidente, nem mesmo leve. Nunca briguei com ninguém, nunca fui ameaçado ou agredido.

Em 1985 estava em Natal, havia tempo que estava casado, mas não era meu tempo de parar.

Casei alguns anos antes, logo depois que voltei de Santiago.

Cheguei ao Rio e fui para o alojamento de estudantes no Fundão. Era carnaval e depois de um banho caminhei do prédio até a saída do campus.

Esse caminho, esse trecho de 1500 metros mais ou menos, tem tantas, mais tantas estórias que são estórias a parte.

Então cheguei ao ponto de ônibus na saída da ilha. Apanhei o ônibus Freguesia – Castelo para ir até o local de desfile.

Ao entrar, antes de atravessar a roleta, parei para pegar o dinheiro no bolso e pagar a passagem, olhei para traz e vi pela primeira vez os olhos cor de mel da minha esposa.

Ela, a irmã e o cunhado estavam no último banco. Eu passei a roleta e sentei num banco a frente, ela passou e sentou do meu lado.

Eu disse para ela:
Seu perfume me lembra margaridas.
Ela disse:
Margaridas não tem perfume e rimos.

Passados 6 meses eu estava em Natal, passei minhas férias de meio de ano lá com ela.
Fiquei no alojamento de estudantes da federal do RN.

Finda as férias voltei para o Rio, passei o semestre seguinte escrevendo e desenhando para ela. Voltei à Natal no fim de ano, consegui um estagio na fábrica de refrigerantes da Coca e passei um semestre lá.

Casamos, usei a túnica indiana de elefantes dourados. Voltamos para o Rio e terminei o curso. Foi um período difícil, ao termino consegui emprego numa fabrica de bebidas no Recife, depois fui para Manaus e depois voltei ao Rio e voltei para Manaus e deixei o último cargo para ficar em Natal para fazer concurso para cargo publico.

Estudei, fui aprovado nos exames e reprovado nos testes psico.
Abatido fiquei alguns meses estudando e então era ano do Rock in Rio.

Continua
 
Guerreiro!

Linda experiencia de vida.
Tb me emocionei lendo.
Me faz lembrar dos momentos que passei tb.
Bons e más , continuamos vivos e com os pés no chão até a hora da partida.
( ou com os pés nas nuvens depois de umas gramas de cogumelos ) rsrs

Complementando que ainda temos muito pela frente..
Se não for aqui será do outro lado
Concientemente ou incocientemente, who know?!


Só quem sai de casa quando novo sabe como é barra se sustentar e se virar sozinho em outra cidade.
As vezes bate aquele desespero mas Deus só dá a carga que a gente pode aguentar.
Quando estamos pesados quase caindo ele nos levanta denovo e nos guia pelo caminho da felicidade e paz.

Tb já passei uma barra porque sai de casa nova e tive de me virar pra viver..


Te admiro muito Mauricio :pos:

Bom saber que vc teve coragem e perseverança.

É o desafio que nos dá a força e garra pra lutar :pos:


Ele é carioca tb minha gente :D:p:

A proprosito ( eu nasci em Campos ) ,)
 
Levei 10 anos para terminar um curso de cinco, levei uma noite para decidir que amava minha esposa, mas não era o tempo de ter filhos e lembrar estórias, era tempo de fazer, de desafios, de ver tudo para contar para os netos.

Tomei a decisão de ir só para o Rio, ver o que poderia rolar e disse que procuraria emprego, menti.

Sem dinheiro, fui para estrada e pedi carona, logo consegui uma boa companhia, uma menina potiguar, viajamos juntos de Natal ao Rio em 29 dias, caronas, caronas e caronas.

As estradas, nesses anos loucos, eram caminhos para qualquer um, não havia desconfiança de motorista e caronas, havia um clima pós Woodstok, paz e amor, algo que as pessoas curtiam e viviam vendo outros viajando e dando carona.

Era legal chegar numa cidade com uma mochila e todos olharem para você e ver em você um sonho deles, uma vontade de fazer aquilo. As pessoas dispunham-se a ajudar e ter um pouco da aventura, ouvir o sotaque de outro lugar, ver como eram os rostos das pessoas de outros lugares.

Nessa viagem ganhei, já na Bahia, um papagaio que levei até o Rio de Janeiro.

Chegamos no Rio no primeiro dia do festival. Fui ao alojamento, tomei banho, fui a uma loja de biquínis em Ipanema e vendi o papagaio para uma amiga. Comprei baguio.
E fui para o Rio Center ouvir Rock.

Não sei como certas coisas acontecem, mas sei que podem acontecer.
Entrei 3 dias, vi só as bandas que escolhi ver, noutros dias ficava fora curtindo o som e trampando.
Vendi muita bermuda que comprava na rua da Alfandega pros hermanos e outros da redondeza.

Nos 3 dias entrei sem pagar ingresso, cada dia uma trama diferente, mas o primeiro dia foi inusitado.

Estávamos sobre o muro, um muro apinhado de jovens eu era um entre tantos.

Os seguranças eram muitos, só esperando a hora que algum pulava e então guentava.

Bem, uma hora o bando todo pulou eu fiquei no muro e os seguranças atrás da galera, catando e reunindo para por pra fora, poucos, muitos poucos escapavam.

Eu fiquei no muro e pulei quando todos os seguranças partiram atrás dos camaradas.

No que pulei abaixei a calça, fiquei de cógoras e fingi está arreando um barro. Os caras voltaram segurando os camaradas pegos e me viram ali.

- Que tu tá fazendo aí o cara.
- To cagando, o banheiro tá uma merda só.
- Aqui não é lugar, cai fora, volta pra lá, vai cagar no banheiro.
- Desculpe, to indo.

Fui ver o show.

Continua.
 
Mesmo na estrada já, rumo as minhas ferias não deixarei de acompanhar essa história linda e que sempre me faz se emocionar....

Concordo com Morgana, só quem sai cedo de casa enfrentar esse mundo cão, sabe o que o nosso Profeta passou nessa vida...

E a parte de Uma cagada por um show de rock foi o pico desse mundo louco hein?

Continuamos comendo o asfalto e acompanhando essas lokuras.....

Sem sombra de dúvidas é o melhor relato de uma vida que já li até hoje.......

Tem um picolezinho aí carioca........!!!
 
Última edição por um moderador:
A cada frase, uma nova emoção.


Simplicidade que toca o coração.

Muitas de suas palavras cabem na minha história.

Obrigado Maurício!!!
 
Mas que cagada hein???? Isso que é gostar de rock!!rsrs

Enquanto o próximo capitulo não vem!!!

Uma salva de palmas para o Mestre!!!

E tem gente que acha que chamavam o Mauricio de mestre por que ele cultiva cogumelos como ninguem, mas agora já sabem que não e´só por isso!!

abraço Irmão
 
Mauricio seu relato está mesmo muito emocionante, parece que a cada nova linha uma aventura se inicia e é como se estivéssemos todos lá presentes acompanhando...obrigado por compartilhar suas memórias conosco!
 
O Rock in Rio foi uma grande confraternização, chegou gente de todo o mundo para ver o festival.

Houve tempo para conhecer gente, trampar, ver e ouvir as bandas e marcar encontros para adiante.

De dia antes de iniciar as apresentações as pessoas estavam espalhadas pela cidade, mas Copacabana era um fervedouro, no calçadão um monte de gente vendendo e comprando, na areia gente dormindo para estar disposto para a noite.

Eu comprei muitas bermudas e camiseta do Rock in Rio já pensando em viajar e vender pelos locais.

As camisetas eram lindas, de algodão toda preta de mangas verdes ou mangas abobora, no peito um circulo, dentro uma guitarra, A cima escrito Rock in Rio, abaixo Eu fui. Comprei umas 100 camisetas na Rua da Alfândega.

À tarde o pessoal já ia para os pontos de ônibus que saiam dos bairros para a Cidade do Rock. Já dentro do ônibus rolava muito baguio lá atrás nos últimos bancos.

Eu fazia uns sacolés de vocka é limão dava um nó, amarrava barbante e pendurava na cintura. Parecia um cinto com munição.

Lá dentro era a maior fartura, o baguio passava de mão em mão direto. Entrei com crachá que o pessoal da Escola de Belas Artes do Fundão copiou da imprensa no segundo dia.

Vi Barão, Iron Maiden, Scorpions, AC/DC, uma artista alemã muy loca, entre outros.

Quando o festival acabou, logo depois chegou o Quiet Riot ao Rio para um apresentação no Maracanã, eu fui, levei 3 base e me guentaram, fiquei 20 dias de molho no Ponto Zero, em Bonsucesso. Ainda bem que tinha terminado o curso e o juiz aliviou.

Nessa altura, escrevi para minha esposa que estava em Natal, ela foi direta:
Não precisa voltar, pode ficar aí na farra. E eu em cana.

Quando me deram o alvará peguei as camisetas e sai do Rio de carona.


Continua
 
Quando se está numa cidade pensando em viajar para outra, sempre é bom programar para chegar de dia, pois assim descansa-se no ônibus e chegando de dia é possível arranjar tudo à tempo para passar a primeira noite já alojado.

Viajando de carona uma rede é imprescindível, a rede pode ser presa nos ganchos que seguram a lona do caminhão e fazer a noite agradável. Na pensão, se a cama não for legal, a rede pode forrar o chão ou prender a parede.

Nas cidades, os alojamentos de estudantes são ótimas opções, basta viajar com a carteira de estudante. As vezes o improviso é a última alternativa. Improvisando já dormi em igreja, banco de praça, posto de combustível, posto da polícia rodoviária, delegacia, e cemitério. Cemitério é um local onde se dorme tranqüilo, sem medo de ser roubado.

No Rio uma boa porta de saída para o nordeste é a BR 101, depois de atravessar a ponte sempre rola carona para subir.

As camisetas que vinha carregando fizeram um peso danado. Uma coisa que aprendi cedo viajando de carona, é levar o mínimo de peso, pois o pior que pode acontecer é desanimar por causa do cansaço.

Dessa vez eu esqueci a regra e foi difícil tomar conta da situação, mas cheguei a Salvador com todas em cima, tentei logo fazer negócio com as camisetas e troquei 20 delas por baguio.

Vendi picolé para descolar uma grana e deixei as camisetas para trocas noutras cidades.

Em Pernambuco foi a Caruaru e troquei camisetas por baguio, Conseguir uma penca de baguio que só terminou em Belém.

Eu já havia descido o rio Amazonas, agora era hora de subir. Próximo ao porto muito vendedores oferecem redes, corda para amarrar a rede e passagens. Comprei uma passagem no piso das redes, deu tempo de comprar cerveja em lata Cerpa, pão e frutas antes de embarcar.

Subindo o rio são 7 dias e 7 noite, lá em cima no teto da embarcação de dia é chuveirada, forró, brega, dominó, cartas, ou apenas debruçar e ficar acompanhando a paisagem, a noite alguns vão pra proa tomar um vento e ver as estrelas , o céu é um espetáculo na escuridão da selva.

Já no estado do Amazonas, uma manobra fez quebrar o eixo do hélice, por sorte fomos rebocado até Itacoatiara e ficamos a noite e parte do dia esperando o conserto.

De dia, papo vai papo vem os locais souberam de cariocas e paulistas no barco e convidaram a gente para bater uma bola. O campo era um estábulo, muita merda espalhada no chão.
Chegamos a fazer 3 gol mas depois deixamos empatar para confraternizar.

Sai coberto de merda, lavei-me no rio e fui para o teto do navio pular na água como outros faziam. Vi duas meninas numa canoa e pedi um passeio, elas remavam, pois eu não sabia e assim fomos desbravando um igarapé.

Na volta eu peguei o remo mas não consegui o controle para avançar e afastei-me na margem, já estávamos sendo puxados pela correnteza, quando fiz a bobagem de jogar-me n'água para tentar puxar a canoa, maior besteira.

Continuávamos sendo arrastado e eu agora do lado de fora. Gritei por socorro já imagindo ser comido por piranhas ou um candiru entrar no meu c*. Uma lancha veio socorrer a gente e consegui sair d'água.

Chegamos em Manaus, fiquei na casa do estudante.

Continua
 
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