Se o Diabo e Deus existissem realmente enquanto personificações antropomórficas que imaginamos e não como meras tentativas arcaicas de compreender as aparentes forças formadoras da dualidade universal, então teríamos um grave PARADOXO.
Claro, esse paradoxo, por considerar como realidade fatos não demonstráveis, revela que a doutrina onde se insere está distante de uma honesta e simples investigação da verdade.
Trocando em miúdos, a ideia de Deus-Diabo (todas herdadas de Zaratustra?) é insustentável MESMO quando consideradas verdadeiras as premissas envolvidas.
Vejamos (imaginando que fossem reais as proposições básicas):
Se Deus é onipresente, onisciente e onipotente,
O Diabo foi uma criação sua consciente, com algum propósito,
Pois Ele não apenas sabia de antemão que Shaitan/Moloch/Baalzebub/Tinhoso se "rebelaria", como já o projetara justamente com esse propósito.
Não assumir a inefabilidade dessas conclusões é o mesmo que dizer que Deus NÃO é Deus, ou melhor dizendo, que Ele não é Onipotente, Onisciente e Onipresente, não valendo-se a pena perder tempo com algo que não reúna tais características (afinal, não é Deus).
Assim, temos que concluir que o Diabo é o testa-de-ferro de Deus, que não quis sujar as mãos nos fazendo sofrer diretamente. Tipo um carrasco. Pois é, talvez estejamos num manicômio cósmico, do qual só se sai, quem sabe, através da Vontade.
Em práticas ritualísticas, sejam elas do nível "alta magia" (como algumas correntes tântricas ou como a Teurgia propriamente dita) ou do patamar de "invocações infernais˜, como a Goetia e o Grimorium Verum, entre outros tantos, há sempre um forte componente focal.
Anjo e demônio: ángelos (mensageiro, em grego) e dáimon (entidade, em grego). Esses somos nós.
Tudo isso é conhecimento mitológico sobre as possibilidades existenciais e suas qualidades positivas ou negativas (cada uma tem sua necessidade).
O mito iorubá de Eshu é isso. Ele não é um orishá (sobre a cabeça), mas foi gerado por Eledunmare (o Supremo, ou seja, o Todo) como guardião entre os reinos, entre a dualidade. Sua satanização sistemática decorre de necessidades imperialistas.
Não há bem sem mal, assim como não há acertos sem erros. Nossos cultivos já nos ensinam isso no plano material.
Tem gente que pensa que pensa que "concentração em energias baixas˜ é algo ruim, mas sem elas nunca teria vindo a existir nesse plano. Uma sessão enteógena que lide com as Qliphoth (os cascarões, a vivência autômata e massificada) não é nada mais do que uma entrega deliberada a lidar com o lixo interno que precisa ser reciclado.
Isso é natural, como disseram. Inevitável e democráticas são tais experiências, com ou sem catalisadores associados.
Algumas mentes fracas passam por coisas assim e se deixam arrebatar, atrasando o ajuste, a grande obra de refinar-se a si mesmo.
Outros usam as mesmíssimas experiências para balizar uma vida mais positiva, ajudando este mundo a crescer e prosseguir.
Valeu, Galera Cogumelada!!!! Sem vocês aqui e sem esse interesse mais profundo (seja nos cogumelos, seja nos pilares da existência), minha vida seria triste!