Olá, amigos micológicos.
Antes de ir ao diário de cultivo, gostaria de dizer uma palavra acerca da importância pessoal que essa experiência tem pra mim. Se quiser, é só pular essa parte, não vou ficar magoado.
A primeira vez que entrei aqui no fórum foi a quatro anos. Não sabia absolutamente nada a respeito dos mágicos, ou de biologia. Desde cara fui tomado por uma paixão pelos P. Cubensis, em todos os aspectos: O cultivo por hobby, a enteogenia, o estudo micológico...
Fui juntando materiais desde cedo, mas minha personalidade meio disfuncional e desatenta nunca me permitiu conciliar disponibilidade de tempo, recursos e vontade suficientes.
Até que, fazendo parte de uma reforma íntima que tem tomado todos os aspectos da minha vida, decidi pedir os esporos uma segunda vez e iniciar de vez o cultivo. E tem dado muito certo!
Obrigado CM por ter sido minha fonte de conhecimento durante esses últimos anos, absorvi muita informação a respeito de cultivos, enteogenia e até sobre a vida com os usuários experientes deste fórum cheio de amor.
Terminado o rompante emocional, vamos ao diário:
Diário de Cultivo
Dados:
Munido de um carimbo da PróFungos, uma seringa de 20mL, água de torneira, poucas técnicas assépticas à mão e muita animação, tirei tudo de dentro do meu banheiro, lá pelas 2 da manhã, e borrifei uma solução de 10% de água sanitária por todas as superfícies e pelo ar, especialmente dentro do box, onde realizaria a operação.
Enquanto aguardava os 30 minutos necessários para a desinfecção por contato com o cloro, mantive a porta trancada e fui limpar os materiais.
Não tinha uma glovebox, então usei simplesmente uma "caixa de ar estático", como o pessoal do Mycotopia dizia, que consiste simplesmente de uma caixa deitada de lado.
Esterelizei a água no microondas, cobrindo um pote de vidro com papel alumínio.
"Como assim, você pôs papel alumínio no microondas?". Sim, coloquei, e vi um espetáculo lindo de arcos voltaicos enquanto um medo latente de explosões tomava conta de mim.
Mas tudo ficou bem.
Passada a meia hora, entrei no box, abri a caixa que também tinha sido esterilizada, coloquei a seringa (que só abri lá dentro), o carimbo, o shot glass, meu anel de inoculação, tudo dentro da caixa. O isqueiro e o álcool ficaram de fora; Não é uma boa ideia acender um isqueiro dentro da GB ou da caixa, pois cria arrasto de ar, que é justamente o que tentamos acabar quando temos um acessório desses.
Fiz a seringa, utilizei cerca de um quarto de carimbo para 20mL. Dobrei o carimbo e guardei.
Usei potes de polipropileno de 350mL comprados para este fim, e que acabaram se saindo muito bem. Preparei 9 bolos, limpando a borda (cerca de 1cm de profundidade) para a aplicação do selo de vermiculita seca.
Enquanto terminavam de esfriar, montei o mesmo esquema da confecção da seringa no banheiro.
Só abri a panela no ambiente asséptico. Afrouxei o papel alumínio sobre os potes antes de levá-los à caixa. A inoculação correu bem, mas gastei mais solução do que devia com 3 bolos!
Recolocado o papel alumínio, os potes nem saíram da caixa estéril, que só foi tampada e levada às condições de incubação. Marquei os bolos com a data de inoculação e a strain (2/7/13, Aus).
3 copos de vidro, com uma tampa feita de papel alumínio bem fixa com arame;
1 pote de PP como os outros, com a diferença de que o bolo possuía um reservatório interno de vermiculita, conforme receita do Psilocybe Fanaticus (vou colocar as referências quando fizer o upload das fotos, relaxem).
Não usei caixa de ar estático, a panela de pressão foi aberta acidentalmente pela minha vó (hehe) e o tempo entre esterilização e inoculação foi de cerca de 30 horas. Se eu espero contaminação de alguma leva, com certeza é dessa.
Mas a inoculação correu bem e rapidamente, pois o conforto de não usar a caixa me permitiu trabalhar com precisão (i.e. não derrubei nada, não incendiei nada, etc).
Marquei a data: 5/7, Aus.
Essa foi a leva 8/7, Aus.
A segunda leva apresentou micélio visível no terceiro dia e vai muito bem, obrigado. Nenhum dos bolos contaminou, contrariando todas as expectativas. Estão em 30~40%.
A terceira leva está em 10%, e nenhum dos bolos contaminou também.
Ao todo, são 9 bolos sem nenhuma perda pra contaminação (até agora) e com colonização mais que satisfatória.
EDIT: FOTOS!!!
Todas elas foram tiradas hoje (11/07).
As linhas vermelhas foram feitas ontem(10/07), para marcar crescimento do micélio.
Primeira leva, 2/7/13:
Segunda leva, 5/7/13:
Terceira leva, 8/7/13:
Micélio feliz:
All together now:
Minha glovebox improvisada e a área de trabalho:
Incubadora, mantida lindamente entre 25ºC e 30ºC:
EDIT: Diário estelar, data 150713...
Hoje é dia 15/07 e o micélio já começa a fechar totalmente os primeiros bolos...
É o 13º dia da primeira leva e, considerando que os potem têm 350mL (mais do que os 239mL usados nos "canning jars" que tem na gringa), foi uma colonização rápida!
Vou deixá-los 5 dias ainda em condições de incubação para o micélio se consolidar, e logo logo vamos pro dunk.
Aguardem!!!
~~~~
Complementei este diário com a descrição de como fiz a GB improvisada e a preparação da área estéril (que considerei um sucesso, pois tive 0% de contaminação). Este tópico está aqui.
Aguardem fotos, paz e good vibes!!!!
Antes de ir ao diário de cultivo, gostaria de dizer uma palavra acerca da importância pessoal que essa experiência tem pra mim. Se quiser, é só pular essa parte, não vou ficar magoado.
A primeira vez que entrei aqui no fórum foi a quatro anos. Não sabia absolutamente nada a respeito dos mágicos, ou de biologia. Desde cara fui tomado por uma paixão pelos P. Cubensis, em todos os aspectos: O cultivo por hobby, a enteogenia, o estudo micológico...
Fui juntando materiais desde cedo, mas minha personalidade meio disfuncional e desatenta nunca me permitiu conciliar disponibilidade de tempo, recursos e vontade suficientes.
Até que, fazendo parte de uma reforma íntima que tem tomado todos os aspectos da minha vida, decidi pedir os esporos uma segunda vez e iniciar de vez o cultivo. E tem dado muito certo!
Obrigado CM por ter sido minha fonte de conhecimento durante esses últimos anos, absorvi muita informação a respeito de cultivos, enteogenia e até sobre a vida com os usuários experientes deste fórum cheio de amor.
Terminado o rompante emocional, vamos ao diário:
Diário de Cultivo
Dados:
- Strain: Australian, proveniente da PróFungos.
- Substrato: Bolo FAI clássico, na proporção de 1/1/2 (farinha, água, vermiculita, respectivamente)
- Data de início: 02/07/2013, primeira inoculação.
- Confecção da Seringa
Munido de um carimbo da PróFungos, uma seringa de 20mL, água de torneira, poucas técnicas assépticas à mão e muita animação, tirei tudo de dentro do meu banheiro, lá pelas 2 da manhã, e borrifei uma solução de 10% de água sanitária por todas as superfícies e pelo ar, especialmente dentro do box, onde realizaria a operação.
Enquanto aguardava os 30 minutos necessários para a desinfecção por contato com o cloro, mantive a porta trancada e fui limpar os materiais.
Não tinha uma glovebox, então usei simplesmente uma "caixa de ar estático", como o pessoal do Mycotopia dizia, que consiste simplesmente de uma caixa deitada de lado.
Esterelizei a água no microondas, cobrindo um pote de vidro com papel alumínio.
"Como assim, você pôs papel alumínio no microondas?". Sim, coloquei, e vi um espetáculo lindo de arcos voltaicos enquanto um medo latente de explosões tomava conta de mim.
Mas tudo ficou bem.
Passada a meia hora, entrei no box, abri a caixa que também tinha sido esterilizada, coloquei a seringa (que só abri lá dentro), o carimbo, o shot glass, meu anel de inoculação, tudo dentro da caixa. O isqueiro e o álcool ficaram de fora; Não é uma boa ideia acender um isqueiro dentro da GB ou da caixa, pois cria arrasto de ar, que é justamente o que tentamos acabar quando temos um acessório desses.
Fiz a seringa, utilizei cerca de um quarto de carimbo para 20mL. Dobrei o carimbo e guardei.
- Confecção, esterilização e inoculação dos bolos
Usei potes de polipropileno de 350mL comprados para este fim, e que acabaram se saindo muito bem. Preparei 9 bolos, limpando a borda (cerca de 1cm de profundidade) para a aplicação do selo de vermiculita seca.
- 1ª leva
Enquanto terminavam de esfriar, montei o mesmo esquema da confecção da seringa no banheiro.
Só abri a panela no ambiente asséptico. Afrouxei o papel alumínio sobre os potes antes de levá-los à caixa. A inoculação correu bem, mas gastei mais solução do que devia com 3 bolos!
Recolocado o papel alumínio, os potes nem saíram da caixa estéril, que só foi tampada e levada às condições de incubação. Marquei os bolos com a data de inoculação e a strain (2/7/13, Aus).
- 2ª leva
3 copos de vidro, com uma tampa feita de papel alumínio bem fixa com arame;
1 pote de PP como os outros, com a diferença de que o bolo possuía um reservatório interno de vermiculita, conforme receita do Psilocybe Fanaticus (vou colocar as referências quando fizer o upload das fotos, relaxem).
Não usei caixa de ar estático, a panela de pressão foi aberta acidentalmente pela minha vó (hehe) e o tempo entre esterilização e inoculação foi de cerca de 30 horas. Se eu espero contaminação de alguma leva, com certeza é dessa.
Mas a inoculação correu bem e rapidamente, pois o conforto de não usar a caixa me permitiu trabalhar com precisão (i.e. não derrubei nada, não incendiei nada, etc).
Marquei a data: 5/7, Aus.
- 3ª leva
Essa foi a leva 8/7, Aus.
- Colonização
A segunda leva apresentou micélio visível no terceiro dia e vai muito bem, obrigado. Nenhum dos bolos contaminou, contrariando todas as expectativas. Estão em 30~40%.
A terceira leva está em 10%, e nenhum dos bolos contaminou também.
Ao todo, são 9 bolos sem nenhuma perda pra contaminação (até agora) e com colonização mais que satisfatória.
EDIT: FOTOS!!!
Todas elas foram tiradas hoje (11/07).
As linhas vermelhas foram feitas ontem(10/07), para marcar crescimento do micélio.
Primeira leva, 2/7/13:
Segunda leva, 5/7/13:
Terceira leva, 8/7/13:
Micélio feliz:
All together now:
Minha glovebox improvisada e a área de trabalho:
Incubadora, mantida lindamente entre 25ºC e 30ºC:
EDIT: Diário estelar, data 150713...
Hoje é dia 15/07 e o micélio já começa a fechar totalmente os primeiros bolos...
É o 13º dia da primeira leva e, considerando que os potem têm 350mL (mais do que os 239mL usados nos "canning jars" que tem na gringa), foi uma colonização rápida!
Vou deixá-los 5 dias ainda em condições de incubação para o micélio se consolidar, e logo logo vamos pro dunk.
Aguardem!!!
~~~~
Complementei este diário com a descrição de como fiz a GB improvisada e a preparação da área estéril (que considerei um sucesso, pois tive 0% de contaminação). Este tópico está aqui.
Aguardem fotos, paz e good vibes!!!!
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