Minha crítica ao texto.
Ele (Eduardo) não está errado.
Na crítica ao materialismo espiritual e na repetição de padrões.
Não obstante, religiões e filosofias estudam justamente estes tópicos (e o budismo em particular).
Em que acreditar que uma substância irá resolver tudo. Não vai.
Mas também não está certo.
A repetição de padrões é algo inerente ao ser humano. Há padrões em tudo o que vemos (literalmente); e não seria trilhar um caminho, digamos o Budismo, repetir os mesmos padrões que outrem?
Ele diz que experimentou LSD e não foi nada demais. Aham...
Depois que já consumiu enteógenos, ou psicodélicos em geral, é bem fácil falar que não precisa deles. O efeito já aconteceu... O aluno entendeu as lições. Do Buda, Krishna, Jesus ou quem for.
O "conhecimento" não está em todos, destarte, não. A capacidade de meditar, sim. É preciso pensar um pouquinho para se chegar em qualquer tipo de conhecimento, especialmente o transcendente. De qualquer tipo. Enquanto o caminho do aprendizado por si seja muito interessante e, em muitos casos, indispensável, às vezes é mais fácil e prático simplesmente consultar a resposta num livro. E mesmo assim não sei vai entender o que se procura. Só vai se descobrir o que se está procurando.
E às vezes também, o conteúdo espiritual já está na pessoa. Só o que falta é entender. E quaisquer obras religiosas, ou mesmo filosóficas, podem parecer fazer bem mais sentido depois de uma experiência psicodélica. "Depois" de forma temporal, não necessariamente em seguida. Pode ser coisa de anos depois. Mas fica mais fácil.
É como procurar um objeto desconhecido no meio da bagunça. Fica bem mais fácil se você já tiver visto ele antes - mesmo que teha sido apenas uma foto, não o objeto real. Uma sensação, uma noção, uma epifania. Não é real, mas é a foto daquilo.
Em termos práticos, até meditar é mais fácil, se depois de uma experiência psicodélica, você aprender a enxergar onde está o próprio foco da sua atenção. Ter mais consciência do seu próprio corpo, respiração. Aprender a observar o próprio humor variando ao longo do dia. etc.
Algumas pessoas não precisam do enteógeno, para isso tudo. Essas pessoas são privilegiadas. Já têm o suficiente no próprio sangue, naturalmente, da química que os psicodélicos/psicotrópicos propiciam, artificialmente. Ou simplesmente já são assim, meio loucas, meio iluminadas, sem tomar nada. Vai saber.
É inegável que existem por aí pessoas que precisam dessa ajuda, e não só por razões espirituais. Haja vista os deprimidos.
Agora, dizer que ninguém precisa de uma substância e deve conseguir "iluminação", "conhecimento" ou "liberdade" por si próprio, sóbrio, apenas sentando sobre os calcanhares com as costas retas e respirando... Depois de já ter usado? Hahaha.
Embora não haja nada de intrinsecamente errado com essa viagem, eventualmente podemos vir a acreditar que somos capazes de encontrar algum significado último confinado em alguma destas experiências, ou a quimera de uma "terra prometida", uma realidade definitiva.
É muito importante não desviar da realidade definitiva que está além dos conceitos,
Papo de cogumeleiro, sem dúvida.
E que bela contradição... Pois que "realidade definitiva" é essa? A realidade objetiva, por si só, não está nada além de conceito algum - como ele mesmo diz no texto, "está, e sempre esteve, sob nosso próprio nariz".
Sei que o texto não é novo, e que, 20 anos depois, uma crítica e nada é a mesma coisa.
E que nesse tempo todo, o cara pode até ter realmente alcançado o Nirvana...
Mas lendo um pouco do site que ele tem sobre ele mesmo, pensei.
Será que não é ele quem está há 20 anos no cubículo, repetindo os próprios padrões?