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esse mundo é real?

O universo e a matéria, a energia e o movimento, existem para além da mente humana. Felizmente.

A pergunta é: o que te dá tanta certeza disso? Eu não quero te provar (isso é impossível para mim) nem te convencer de que o mundo não é real, eu só quero que você perceba que é impossível ter certeza de que o mundo é real. Se você for analisar friamente, você vai perceber que não existe uma única evidência que prove que o mundo é real.

Ou você por acaso tem uma prova irrefutável que prove a realidade do mundo? Só o que você tem são suas percepções e sensações, mas isso prova que de fato existe um objeto do lado de fora que já estava ali antes de ser percebido e vai continuar ali quando mais ninguém o estiver percebendo?

Quando você vê um objeto, o que te dá tanta certeza de que realmente esse objeto existe objetivamente? Como você sabe que não é uma alucinação? Você pode argumentar dizendo que outras pessoas veem o mesmo que você, como quando, por exemplo, vocês concordam com o fato de que um tomate é vermelho. Mas como você pode saber que a outra pessoa está vendo exatamente a mesma coisa que você? Ela pode estar vendo outro objeto que ela também chama de tomate e outra cor que ela também chama de vermelho.

Você já teve acesso à subjetividade de outra pessoa pra ver se ela realmente está vendo a mesma coisa que você ou sequer pra saber se ela de fato possui uma consciência e não é só mais uma ilusão? E mesmo que você pudesse acessar a consciência de outra pessoa e de fato ver que o que ela chama de tomate é a mesma coisa que você chama de tomate e que a cor que ela chama de vermelho é a mesma cor que você chama de vermelho, isso provaria que de fato existe um tomate que é vermelho?

Como você saberia que ela também não está alucinando? Não poderiam duas ou mais pessoas estarem tendo a mesma alucinação?

Afinal de contas, o mundo é uma alucinação coletiva. Como tá todo mundo tendo a mesma alucinação (se é que tá todo mundo tendo a mesma alucinação), a gente acha que isso é saudável e normal, mas o fato é que somos todos esquizofrênicos.

Mas perceba que nada disso do que eu falei prova que o mundo não é real, apenas expõe a impossibilidade de se encontrar uma evidência irrefutável da realidade das coisas. A ausência de evidências de algo não prova o seu contrário. Assim sendo, o certo seria o mais completo ceticismo: admitir para si mesmo que é impossível provar a realidade do mundo, mas nem só por isso crer que o mundo é uma ilusão, já que isso seria apenas mais uma crença infundada (a menos, é claro, que você tivesse uma evidência irrefutável da irrealidade do mundo, mas daí isso não seria uma crença, mas sim um saber).

Então, como você pode ver, não existe nenhuma prova da objetividade do mundo e, portanto, afirmar com tanta convicção como você está afirmando que o mundo é real não é muito diferente do que um evangélico fanático faz ao afirmar que Deus e o Diabo existem. Talvez não seja exatamente a mesma coisa porque acreditar na realidade das coisas é uma crença instintiva nossa, mas no fim das contas é apenas uma crença que não pode ser provada.

O movimento é uma ilusão sim, porque esse espaço tridimensional é uma ilusão. Você deve conhecer o paradoxo de Zenão. Falando de forma bem resumida, esse paradoxo mostra que eu nunca consigo chegar a lugar algum por um motivo muito simples: para chegar a qualquer lugar eu preciso percorrer uma distância infinita, mesmo para minha palma da mão bater na outra ela precisa percorrer uma distância infinita. Agora eu pergunto: pode alguém percorrer uma distância infinita? Se um dia você decide percorrer uma distância infinita, quando você acabaria de percorrê-la? Nunca, certo?

Agora perceba que, para qualquer lugar para o qual você se desloque, há uma distância infinita entre esse lugar e seu ponto de partida. Para chegar a seu destino, primeiro você tem que percorrer metade do trajeto até ele. Você nunca chegará lá sem antes percorrer a metade do trajeto. Mas para chegar à metade do trajeto, primeiro você tem que percorrer a metade dele, ou seja, a metade da metade do seu trajeto total, e para isso você tem que primeiro percorrer a metade da metade da metade, e para isso a metade da metade da metade da metade e assim regressivamente ao infinito.

Falando de outro modo, quantos números racionais existem entre 1 e 2? Uma quantidade infinita, certo? Suponhamos que você decide se deslocar um centímetro, você só vai conseguir isso se você percorrer as infinitas medidas que existem dentro de um centímetro. Quando você vai dar conta de percorrer as infinitas medidas que existem em um centímetro? Nunca, certo?

É preciso que haja um "teletransporte" para que você se mova. O movimento na verdade é apenas uma ilusão gerada pela sucessão de imagens criadas pelo pensamento. Essas imagens são tudo o que a gente percebe. Cada pensamento cria uma imagem, em uma imagem criada você está no ponto X, na próxima imagem você está no ponto Y, mas isso não quer dizer que você percorreu a distância entre um ponto e outro. É que nem num filme: não existe movimento algum ali, apenas uma rápida sucessão de fotos (24 fotos por segundo, geralmente) que gera a impressão de que há movimento. As imagens criadas pelo pensamento são tão rápidas e nós estamos tão distraídos que a gente não percebe isso. A gente não vê o vazio que existe entre um frame e outro.

A propósito, por que você colocou esse "felizmente" aí? Você acha a existência dessas coisas algo bom? Se sim, por quê? Se não existissem você acharia ruim? Se sim, por quê?
 
Discordo, as evidências da realidade são sólidas e tangíveis. Dê uma cabeçada na parede e me diga que ela não é real...
Eu já tive o vislumbre da subjetividade de outras pessoas sim, nunca conversou com alguém mais longamente e percebeu afinidade e convergência de visões nos mais diversos assuntos? E quando se faz amor com outra pessoa aquela sensação de sintonia plena, fusão de corpos e mentes? O que é?
Mostre cartões com cores para pessoas diferentes separadamente e peça para que identifiquem...Se cada um enxergasse uma cor não haveria nunca consenso. Se existe algum lastro entre os tons também existe aproximação suficiente para um consenso médio.
O espaço existe em si, como a matéria a energia e o movimento...Medições de distância e tempo sem dúvida são abstrações humanas...A matemática é uma abstração e por isso é tão capciosa como nos exemplos que você deu. Mas o próprio pensamento é uma manifestação da matéria e da energia que existem no espaço. Um cérebro sem pulsos elétricos não "roda".
O vazio entre os frames é a demonstração de que o tempo é uma medição e percepção humana mas o movimento é constante. Como haveria música sem movimento? Luz sem energia?
Me diga, antes do primeiro homem então o que havia na Terra? Nada? Não havia reflexão ou conceitos humanos...Ainda assim....
Você me pergunta porque acho bom a existência da vida, da humanidade, do unisverso e da matéria? Porque o nada é inconcebível. Não digo bom no sentido de julgamento moral mas no sentido de fascinante e necessário. Se tais coisas não existissem eu não acharia nada e se acho bom é pq existem e pq existo. E é bom também que continuem existindo quando eu deixar de existir. E a matéria que me forma continuará existindo e se movimentando e se transformando. Assim como o mistério que forma a matéria que me forma e o mistério que há para além da máxima escala que vislumbramos.
 
Discordo, as evidências da realidade são sólidas e tangíveis. Dê uma cabeçada na parede e me diga que ela não é real...

Isso não prova que a parede existe. E quem garante que cabeça e a dor que eu sinto se batê-la numa parede são reais? A gente pode perceber e sentir muitas coisas irreais. Uma pessoa que sofre de alucinações e delírios pode sentir e perceber muitas coisas que não estão lá. Quando você usa um psicodélico você poderá ver e perceber coisas que não estão realmente lá. Quem garante que com o mundo não é a mesma coisa?

Eu já tive o vislumbre da subjetividade de outras pessoas sim, nunca conversou com alguém mais longamente e percebeu afinidade e convergência de visões nos mais diversos assuntos?

Isso não é de modo algum ter um vislumbre da subjetividade alheia. Conversar com alguém não é ter acesso à subjetividade, mente, consciência, percepção do outro. Quando você conversa com alguém a única coisa a qual você tem acesso são às palavras do outro, e as palavras não são a subjetividade do outro, já que as palavras não são a consciência, os pensamentos e a percepção do outro e não há como você saber se as palavras que o outro usa se referem às mesmas coisas que você entende. Afinal, quem garante que o outro não é um robô, uma máquina ou uma ilusão criada pela sua mente?

E quando se faz amor com outra pessoa aquela sensação de sintonia plena, fusão de corpos e mentes? O que é?

Isso também nunca foi, não é nem nunca jamais será ter acesso à subjetividade alheia. É apenas uma sensação de prazer individual, nada além disso. A propósito, qualquer relação que você tenha com outra pessoa é uma ilusão, porque é sempre a imagem que você formou de si mesmo, que é uma ilusão, se relacionando com a imagem que a sua autoimagem formou do outro, que também é uma ilusão. O outro, por sua vez, tem uma imagem de si mesmo e essa imagem forma uma imagem da pessoa com quem ele se relaciona, no caso você. Então é sempre uma imagem interagindo com outra, uma mentira interagindo com outra. Mesmo o relacionamento com aquelas pessoas que você mais julga amar e conhecer é, em última instância, uma mentira, porque é uma relação entre imagens.

E, mesmo considerando que esses exemplos que você citou sejam ter acesso à subjetividade alheia, quem garantiria que o outro também não estaria se enganando e vivendo num mundo ilusório?

Mostre cartões com cores para pessoas diferentes separadamente e peça para que identifiquem...Se cada um enxergasse uma cor não haveria nunca consenso. Se existe algum lastro entre os tons também existe aproximação suficiente para um consenso médio.

Novamente isso não é ter acesso à subjetividade alheia. Você tá confundido subjetividade com as palavras que o outro fala. Uma pessoa pode usar as mesmas palavras que você e estar se referindo a uma coisa completamente diferente. Ouvir a palavra que o outro fala não é ver o que outro vê, pensar o que o outro pensa, sentir o que outro sente.

Você pode muito bem sair com um cartão azul e perguntar para as pessoas que cor elas veem e elas responderem azul. Mas isso não prova que as pessoas veem a mesma cor, já que elas podem usar a mesma palavra, "azul", para se referir a cores diferentes. Você só poderia ter certeza se a palavra "azul" que o outro diz se refere à mesma cor azul que você vê se você pudesse ver com os olhos do outro. Se você não pode fazer isso, você não poderá nunca saber se o outro está vendo amarelo ou vermelho e chamando essas cores de azul.

Um exemplo disso é o daltonismo, que só veio a ser amplamente conhecido no século XVIII. Um daltônico pode ver um cartão vermelho e chamá-lo de vermelho quando na verdade ele está vendo verde, mas ele chama de vermelho porque aprendeu a associar a palavra vermelho à cor verde.

O espaço existe em si, como a matéria a energia e o movimento...Medições de distância e tempo sem dúvida são abstrações humanas...A matemática é uma abstração e por isso é tão capciosa como nos exemplos que você deu.

Toda área do conhecimento humano é uma abstração. Se a matemática é abstrata e enganosa, então a física o é mais ainda, já que a física está sujeita à matemática. E, por consequência, a química, a biologia e qualquer ramo da ciência também serão sempre uma abstração.

Mas o próprio pensamento é uma manifestação da matéria e da energia que existem no espaço. Um cérebro sem pulsos elétricos não "roda".

Como você sabe que o pensamento é uma manifestação da matéria e da energia? Se você afirma isso, você poderia ao menos explicar como que pulsos elétricos no cérebro fazem o pensamento surgir?

O vazio entre os frames é a demonstração de que o tempo é uma medição e percepção humana mas o movimento é constante. Como haveria música sem movimento? Luz sem energia?

Luz e música não existem. São apenas ilusões.

Me diga, antes do primeiro homem então o que havia na Terra? Nada?

Não havia Terra.

Não havia reflexão ou conceitos humanos...Ainda assim....

Você tá esquecendo que tudo o que nós vemos, ouvimos, sentimos, percebemos e pensamos são conceitos humanos. A Terra é um conceito humano.

Você me pergunta porque acho bom a existência da vida, da humanidade, do unisverso e da matéria? Porque o nada é inconcebível.

O fato de não existirem coisas nem indivíduos não implica que não existe nada.

Não digo bom no sentido de julgamento moral mas no sentido de fascinante e necessário. Se tais coisas não existissem eu não acharia nada e se acho bom é pq existem e pq existo. E é bom também que continuem existindo quando eu deixar de existir. E a matéria que me forma continuará existindo e se movimentando e se transformando. Assim como o mistério que forma a matéria que me forma e o mistério que há para além da máxima escala que vislumbramos.

Será que o fato de você achar a existência de coisas algo bom, fascinante e necessário não condiciona você a acreditar tão cegamente na existência das coisas, assim como o fato de pessoas acharem confortante a ideia de Deus e Céu as condiciona a acreditarem que Deus e Céu existem? Será que todo esse apego que você tem à matéria não é medo de encarar o abismo?
 
Bom cara, desculpe...Não consegui ler sua resposta toda. Realmente perdi o interesse nessa conversa. Está caindo numa lenga-lenga.. Sigamos então eu "crendo" na parede e você não "crendo". Um abraço.
 
Cada dia me convenço mais sobre a certeza da verdade e quanto mais penso que avanço nesse sentido mais perdido fico, acredito que o homem está tão distante de Deus que essa verdade vai demorar muito a ser compreendida, vivemos uma grande ilusão tangidos por uma suposta compreensão dos fatos.
existe um segredo, eu não sei o que, mais quando estou do outro lado, eu percebo que tem algo que ainda vai assustar a todos da terra quando for descoberto. Q
 
Tudo que se crê é real,a humanidade crê nesta realidade logo ela é real,mas se vc não acredita nesta realidade e continua tomando nossos amiguinhos de luz,tu podes acabar indo para outra dimensão....
 
Existem coisas que são bem reais. Além do método científico, é claro.

O que significa ser real?

E por que o método científico é real?

E, além do método científico, me diga pelo menos uma outra coisa que seja real.
 
O que significa ser real?
Assunto próprio para este tópico...
E por que o método científico é real?

E, além do método científico, me diga pelo menos uma outra coisa que seja real.
O método em si é real, não necessariamente as conclusões. Apesar, é claro, de um método ser algo abstrato, intangível, como o pensamento.

O método é uma tentativa de determinar o que é real e o que não é. Nesse método, se todas as observações concordam com a hipótese, estabelece-se que algo é real (ou abre-se uma nova linha de pesquisa). Mas acho que você já conhece bastante sobre isso.

A existência me parece bem real, independente do que seja. Cogito, ergo sum. Penso, logo existo.

O resto vira uma sopa de moléculas e conceitos, às vezes.
 
Assunto próprio para este tópico...

Tá, mas você não respondeu à pergunta que eu tinha feito. Portanto, vou fazê-la novamente:

O que significa ser real? Quando podemos dizer que algo é real? O que algo precisa ser ou ter para ser considerado real? O que diferencia algo real de algo irreal?

O método em si é real, não necessariamente as conclusões. Apesar, é claro, de um método ser algo abstrato, intangível, como o pensamento.

O método é uma tentativa de determinar o que é real e o que não é. Nesse método, se todas as observações concordam com a hipótese, estabelece-se que algo é real (ou abre-se uma nova linha de pesquisa).

Se você considera o método científico real, devo supor que você também considera o objeto de estudo das ciências (isto é, os corpos físicos, a matéria, os átomos) real, certo?

Cogito, ergo sum. Penso, logo existo.

Mas quem ou o que é isso que pensa?

Ao ler essa pergunta, muito provavelmente a primeira resposta que lhe surge, sob a forma de um pensamento, é: “sou eu”. Mas não há um eu que diz “sou eu”, quem diz “sou eu” é apenas um pensamento. Você poderia dizer que o pensamento é produto, capacidade e atividade de um sujeito, mas por acaso você já viu esse sujeito que supostamente cria os pensamentos? Você já viu um sujeito anterior ao pensamento, ou o sujeito só é uma ideia que surge a partir e depois do pensamento? Você já viu um pensamento sendo produzido por um sujeito, ou os pensamentos já chegam prontos para você sem que você tenha visto de onde eles surgiram?

Nós estamos sempre pensando e falando a palavra “eu”, mas você por acaso alguma vez já viu quem de fato é esse eu a quem os pensamentos se referem quando dizem essa palavra? Ao ler essa pergunta, muito provavelmente lhe surge, sob a forma de um pensamento, uma imagem do indivíduo que você acredita ser, mas essa imagem é apenas mais um pensamento e nunca foi vista como algo concreto.

Não é você quem pensa, quem pensa é o pensamento. E embora o pensamento sempre esteja dizendo a palavra “eu”, essa palavra não está se referindo a nada nem a ninguém.
 
Última edição:
E embora o pensamento sempre esteja dizendo a palavra “eu”, essa palavra não está se referindo a nada nem a ninguém.

Um adendo: mesmo se considerarmos que os pensamentos estão se referindo a si mesmos quando dizem a palavra “eu”, ainda assim seremos obrigados a admitir que eles não estão todos se referindo a um eu em particular ou ao mesmo eu, já que o eu (o indivíduo, o sujeito) é sempre concebido como sendo uma entidade única, indivisível (a própria palavra “indivíduo” significa aquilo que não se divide), fixa e imutável, enquanto os pensamentos são sempre múltiplos, diversificados, fragmentados e mutáveis. Desse modo, uma vez que um pensamento nunca é o mesmo que o outro (há sempre uma brecha entre eles), se eles estão se referindo a si mesmos quando dizem a palavra “eu”, eles estão, necessariamente, se referindo cada um a um eu ou a uma entidade diferente. E então ficaria a pergunta: qual desses “eus” é quem você realmente é?

No entanto, os pensamentos nem sequer são um eu ou uma entidade.
 
Olá, @morpheu
Ja me fiz algumas dessas perguntas em algum momento da vida.
Felizmente estou com bastante tempo de sobra esse mês, entao vamos la, hehe

Mas perceba que nada disso do que eu falei prova que o mundo não é real, apenas expõe a impossibilidade de se encontrar uma evidência irrefutável da realidade das coisas. A ausência de evidências de algo não prova o seu contrário. Assim sendo, o certo seria o mais completo ceticismo: admitir para si mesmo que é impossível provar a realidade do mundo, mas nem só por isso crer que o mundo é uma ilusão, já que isso seria apenas mais uma crença infundada (a menos, é claro, que você tivesse uma evidência irrefutável da irrealidade do mundo, mas daí isso não seria uma crença, mas sim um saber).

1: fato. Não dá pra provar que o mundo não é real... até pq o "irreal" teria que ser criado de alguma maneira.
2: vc esta aqui se comunicando com outras pessoas, atraves de tecnologias certamente criadas e concretas. Isso é uma boa pista de realidade.
3:Certamente a realidade que percebemos com nossos 5 sentidos é limitada e pode ser distorcida.
Os cogus nos mostram que a realidade é mais ampla e misteriosa do que costumavamos perceber. Nao é que nao exista... é que aquilo que a gente achava que era toda a realidade é apenas uma parte da "realidade".
Você já teve acesso à subjetividade de outra pessoa pra ver se ela realmente está vendo a mesma coisa que você ou sequer pra saber se ela de fato possui uma consciência e não é só mais uma ilusão? E
Realmente nao tem jeito de acessar a subjetividade do outro. O mais proximo que podemos chegar disso é atraves da linguagem ou da arte. E apesar das limitações inerentes à comunicaçao e linguagem, nos comunicamos. E o mais incrivel de se comunicar é perceber que a experiencia de cada pessoa é ímpar, nao vai ter igual msm. E que aprendemos uns com os outros.
Mas podem existir padroes... de comportamento, sentimento, etc, e nisso o metodo científico pode ajudar muito.

Você deve conhecer o paradoxo de Zenão. Falando de forma bem resumida, esse paradoxo mostra que eu nunca consigo chegar a lugar algum por um motivo muito simples: para chegar a qualquer lugar eu preciso percorrer uma distância infinita, mesmo para minha palma da mão bater na outra ela precisa percorrer uma distância infinita. Agora eu pergunto: pode alguém percorrer uma distância infinita? Se um dia você decide percorrer uma distância infinita, quando você acabaria de percorrê-la? Nunca, certo?

Sobre o paradoxo de Zenão, transcrevi um pedaço de um livro muito bom. Indico muitissimo, me esclareceu mt coisa.

"Para ver como o processo funciona, em vez de tentarmos calcular a que distancia a aluna chegará após cruzar toda a infinidade de intervalos de Zenao, vamos tomar um intervalo por vez.
Intervalo 1: 1/2 metro
Intervalo 2: 1/2 metro + 1/4m = 3/4m
Intervalo 3: 1/2 metro+ 1/4m+1/8m = 7/8m
....
Há um padrão nesses numeros: 1/2m; 3/4m, 7/8m, 15/16m... o denominador é uma potencia de dois, e o numerador é uma unidade a menos que o denominador. A partir desse padrao, podemos adivinhar que, apos 10 intervalos, a aluna teria caminhado 1023/1024m, apos 20 intervalos, 1048575/1048576 m e assim por diante. O padrao deixa claro que Zenao esta correto na ideia de que, quanto mais intervalos incluimos, maior sera a soma distancias obtida. Mas esta errado ao dizer que a soma se encaminha ao infinito. Pelo contrário, os números parecem estar se aproximando de 1; ou, como diria um matemático, 1 metro é o limite dessa sequencia de distancias. Isso faz sentido, pois, embora Zenao tenha entrecortado a caminhada da aluna num numero infinito de intervalos, ela tinha, afinal de contas, se disposto a caminhar apenas 1m.
O paradoxo de Zenao esta ligado à quantidade de tempo necessaria para completar a jornada, e não à distancia percorrida." Leonard Mlodinow. O andar do bêbado, p.103.

Esse esclarecimento sobre o paradoxo de Zenon demonstra a importância do método cientifico pra testar hipoteses (que no fim das contas sao pensamentos, e como todo pensamento, pode induzir ao erro).
O paradoxo de zenon parece ser um bom pensamento, mas facilmente induz ao erro.
"Mas o metodo científico tb pode induzir ao erro", vc poderia dizer. Sim, pode induzir ao erro ou induzir "produçao de verdade", é por isso que quem quer fazer ciência deve ter um compromisso ético em fazer autocritica e ter consciencia dos fatores que influenciam uma pesquisa. A ciencia sempre se renova. Isso é lindo.

Ao ler essa pergunta, muito provavelmente a primeira resposta que lhe surge, sob a forma de um pensamento, é: “sou eu”. Mas não há um eu que diz “sou eu”, quem diz “sou eu” é apenas um pensamento. Você poderia dizer que o pensamento é produto, capacidade e atividade de um sujeito, mas por acaso você já viu esse sujeito que supostamente cria os pensamentos? Você já viu um sujeito anterior ao pensamento, ou o sujeito só é uma ideia que surge a partir e depois do pensamento? Você já viu um pensamento sendo produzido por um sujeito, ou os pensamentos já chegam prontos para você sem que você tenha visto de onde eles surgiram?

Esse é um questionamento muito importante. A psicologia é uma area do conhecimento que busca entender essas questões.
Realmente podemos nao ter controle sobre alguns pensamentos, que vem prontos e aparentemente do nada... mas se vc notar, existe aquele que "observa os pensamentos", aquele que questiona os proprios pensamentos.
A mente é um ótimo servo mas um terrível senhor. "Aquele que observa a mente" tem que ter o controle sobre a mente, se a mente estiver no controle... bem, nao falta nome de psicopatologia pra classificar.
Gosto da visao do jung, que divide a psique em camadas: persona, ego e self.
Os pensamentos e sentimentos fazem parte do nosso ego. O ego é real, mas ao mesmo tempo é de carater ilusorio pq é construido... e como tal pode ser transformado pela propria pessoa. Nao é atoa q experiencias psicodelicas causam essa "dissoluçao do ego". O ego é passivel de ser dissolvido temporariamente ou modificado a longo prazo atraves de autoconhecimento.
"Aquele que observa o ego", "self", ou qlq nome que se dê pra nosso "núcleo", é indissolúvel... é individuo e todo ao msm tempo. É nossa essencia, e só pode ser experimentado, a linguagem é muito limitada pra falar disso... mas as pessoas tentam e em alguma medida se fazem entender.
 
1: fato. Não dá pra provar que o mundo não é real...

Na verdade o que não dá para provar é que o mundo é real, porque o mundo é, sim, irreal, e isso não é uma crença ou uma opinião minha, isso é o que é. Mas a irrealidade do mundo não pode ser demonstrada através de uma prova objetiva, científica, racional, porque provas desse tipo pertencem ao próprio mundo e porque isso seria supor que a irrealidade do mundo é um fato objetivo que pode ser conhecido pelo sujeito, quando, na verdade, a experiência que revela a irrealidade do mundo ao mesmo tempo também revela a irrealidade do sujeito, já que sujeito e mundo são um só.

Aliás, o que nós queremos dizer quando dizemos que o mundo é real é o seguinte: o mundo tem uma existência objetiva, isto é, uma existência independente do sujeito, ou, dizendo ainda de outro modo, o mundo continua aí no lugar dele mesmo quando não está sendo percebido por ninguém. Por exemplo: nós não dizemos que os sonhos, uma miragem que se vê no deserto ou as alucinações e delírios provocados por certas drogas ou por doenças como a esquizofrenia são reais, porque nós dizemos que tudo isso existe apenas na imaginação e na percepção da pessoa; mas nós dizemos que os objetos que vemos diariamente, como uma mesa, são reais, porque achamos que esses objetos existem mesmo quando não há ninguém para percebê-los. Quando nós atribuímos essa existência ao mundo, nós estamos dizendo que é possível haver um objeto separado de um sujeito, e isso é um completo absurdo, já que ninguém nunca viu sujeito e objeto separados: ninguém nunca teve a percepção do mundo sem estar ao mesmo tempo tendo a percepção de si mesmo e ninguém nunca teve a percepção de si mesmo sem estar ao mesmo tempo tendo a percepção do mundo (no sono profundo, sujeito e objeto desaparecem; no sonho, sujeito aparece e junto com ele os objetos; quando se acorda, sujeito aparece e junto com ele os objetos).

Nós dizemos que o sujeito está do lado de dentro e o objeto está do lado de fora. Se eu lhe perguntasse se um determinado objeto, como uma mesa, está do lado de dentro ou do lado de fora, provavelmente você responderia: “do lado de fora”. Mas, se esse lado onde está a mesa é o lado de fora, então onde está o lado de dentro? Aliás, você percebe a mesa da mesma forma que você percebe o seu corpo, isto é, tanto a mesa quanto o seu corpo são objetos que são percebidos no mesmo espaço, ou no mesmo lado de fora, e se você acredita que está localizada dentro do seu corpo, ou se você acredita ser o seu corpo, não tem que você também estar localizada do lado de fora?

Um determinado som que você ouve, como uma música, está do lado de dentro ou do lado de fora? O gosto da comida que você sente na língua está do lado de dentro ou do lado de fora? A sua língua está do lado de dentro ou do lado de fora?

Você por acaso consegue ver a linha divisória que separa você do mundo? Você consegue dizer onde termina você e começa o mundo ou onde termina o mundo e começa você?

O conhecedor (isto é, o sujeito) só é conhecedor na medida em que já está sempre conhecendo algo que é por ele conhecido (isto é, o objeto), da mesma forma que o conhecido só é conhecido na medida em que sempre já há um conhecedor o conhecendo. Não há um conhecedor sem o seu conhecido e nem um conhecido sem o seu conhecedor. Mas, na verdade, não há nem conhecedor e nem conhecido, só o que há é o puro ato de conhecer. E esse ato de conhecer não é capacidade de um sujeito e nem conhece um objeto: do mesmo modo como o sujeito não chove, nem neva, nem venta, não é o sujeito que conhece, e isso que é conhecido por esse conhecer não é uma coisa, mas sim a própria ação de conhecer (ou seja, ele conhece apenas a si mesmo).

Mas deixando de lado esse papo de sujeito e objeto e voltando a falar sobre a irrealidade do mundo:

O que lhe garante que a sua percepção não está lhe enganando e fazendo-a ver coisa onde não existe? Enquanto você sonha, você toma o sonho como sendo real, por mais que apareçam coisas absurdas nele, mas, quando acorda, você percebe que tudo aquilo foi uma ilusão; o que lhe garante que com isso que nós chamamos de realidade não acontece exatamente a mesma coisa? E se os sonhos que você tem quando dorme forem apenas sonhos dentro de outro sonho?

Nós achamos que o mundo é independente da percepção de um sujeito. Mas, se você não está percebendo um objeto, como pode afirmar que ele continua lá no lugar dele? Como você pode afirmar que o mundo já estava aqui antes de você começar a percebê-lo, se você ainda não tinha nenhuma percepção dele? É completamente ilógico fazer tais afirmações.

até pq o "irreal" teria que ser criado de alguma maneira.

Você está supondo que tudo aquilo que é criado é real? Pois é exatamente o contrário: tudo que é criado tem um começo, tudo que tem um começo está inserido no tempo e terá um fim, e tudo que é temporário e finito é uma ilusão.

2: vc esta aqui se comunicando com outras pessoas, atraves de tecnologias certamente criadas e concretas. Isso é uma boa pista de realidade.

Só porque algo é percebido quer dizer que isso seja real?

Num sonho também é possível você se comunicar com outras “pessoas” e usar aparelhos tecnológicos. Isso prova que o sonho é real?

3:Certamente a realidade que percebemos com nossos 5 sentidos é limitada e pode ser distorcida.
Os cogus nos mostram que a realidade é mais ampla e misteriosa do que costumavamos perceber. Nao é que nao exista... é que aquilo que a gente achava que era toda a realidade é apenas uma parte da "realidade".

Na verdade isso que chamamos de realidade nem sequer pode ser chamado com esse nome. Se a experiência com cogumelos é incapaz de fazer você perceber que o mundo é uma ilusão, isso é sinal de que os cogumelos nem são tão poderosos assim e que a experiência que eles proporcionam é extremamente limitada.

Aliás, de que adianta ter uma experiência mística extremamente forte, se essa experiência é incapaz de fazer com que o usuário deixe de continuar cego para o que está bem debaixo do seu nariz? É por isso que eu não hesito em afirmar que essas experiências místicas são apenas recreação disfarçada de algo elevado e superior.

Os usuários de alucinógenos (e espiritualistas em geral) costumam se achar mais sábios e conhecedores que as pessoas comuns, quando na verdade eles são tão ignorantes, alienados, cegos e comuns quanto o resto da humanidade. Superficialmente pode até haver uma mínima diferença entre eles, mas essa diferença é apenas uma aparência, porque no fundo são tudo farinha do mesmo saco.

"Para ver como o processo funciona, em vez de tentarmos calcular a que distancia a aluna chegará após cruzar toda a infinidade de intervalos de Zenao, vamos tomar um intervalo por vez.
Intervalo 1: 1/2 metro
Intervalo 2: 1/2 metro + 1/4m = 3/4m
Intervalo 3: 1/2 metro+ 1/4m+1/8m = 7/8m
....
Há um padrão nesses numeros: 1/2m; 3/4m, 7/8m, 15/16m... o denominador é uma potencia de dois, e o numerador é uma unidade a menos que o denominador. A partir desse padrao, podemos adivinhar que, apos 10 intervalos, a aluna teria caminhado 1023/1024m, apos 20 intervalos, 1048575/1048576 m e assim por diante. O padrao deixa claro que Zenao esta correto na ideia de que, quanto mais intervalos incluimos, maior sera a soma distancias obtida. Mas esta errado ao dizer que a soma se encaminha ao infinito. Pelo contrário, os números parecem estar se aproximando de 1; ou, como diria um matemático, 1 metro é o limite dessa sequencia de distancias. Isso faz sentido, pois, embora Zenao tenha entrecortado a caminhada da aluna num numero infinito de intervalos, ela tinha, afinal de contas, se disposto a caminhar apenas 1m.
O paradoxo de Zenao esta ligado à quantidade de tempo necessaria para completar a jornada, e não à distancia percorrida." Leonard Mlodinow. O andar do bêbado, p.103.

Esse exemplo que esse autor cita não é o mesmo que eu havia citado anteriormente neste tópico. Chegaram até nós quatro paradoxos de Zenão que mostram que o movimento é impossível, o que eu citei havia sido o da dicotomia, que é bem parecido, embora não idêntico, ao de Aquiles e a tartaruga. Esse exemplo que você transcreveu é mais parecido com o de Aquiles e a tartaruga do que com o da dicotomia, porque, no da dicotomia, a aluna nem sequer teria conseguido percorrer 1/2m, já que, antes de percorrer a metade de 1m, ela teria que percorrer a metade da metade de 1m, e antes de percorrer a metade da metade de 1m, ela teria que percorrer a metade da metade da metade de 1m, e assim sucessivamente. Ou seja, ela nem sequer conseguiria sair do lugar. No entanto, esse exemplo da aluna também não é igual ao de Aquiles e a tartaruga, porque neste a tartaruga vai se movendo enquanto Aquiles tenta alcançá-la, enquanto o 1m que a aluna se dispõe a percorrer permanece fixo.

De qualquer maneira, esse tal de Leonard Mlodinow não conseguiu refutar Zenão. Antes de tudo, o que precisamos saber é que esses paradoxos de Zenão foram criados para mostrar que o movimento não existe, pois, uma vez que qualquer unidade de espaço pode ser dividida em infinitas partes menores do que ela, para percorrer qualquer unidade de espaço é necessário percorrer as infinitas partes em que essa unidade pode ser dividida, e para percorrer essas infinitas partes é necessário um tempo infinito, de tal forma que a transposição de qualquer unidade de espaço se torna impossível, pois não se concluiria nunca.

Esse autor erra no seguinte:

Mas esta errado ao dizer que a soma se encaminha ao infinito. Pelo contrário, os números parecem estar se aproximando de 1; ou, como diria um matemático, 1 metro é o limite dessa sequencia de distancias.

O que ele não percebe é que em 1m já está contido o infinito, porque esse 1m pode ser dividido em infinitas unidades de espaço menores do que ele, como ele mesmo acabou admitindo:

Isso faz sentido, pois, embora Zenao tenha entrecortado a caminhada da aluna num numero infinito de intervalos, ela tinha, afinal de contas, se disposto a caminhar apenas 1m.

Dizendo de outro modo, entre os números zero e um há infinitos números, como, por exemplo, 0,1, 0,579, 0,14, 0,454646546... Ou seja, assim como é impossível contar todos os números existentes entre zero e um, também é impossível percorrer todas as partes em que 1m pode ser dividido.

De fato 1m é o limite que a aluna se dispôs a percorrer. No entanto, esse limite nunca é de fato atingido. A aluna se aproxima infinitamente dele, mas nunca o alcança. E é esse o argumento que mostra que o movimento é impossível. Portanto, falar que a soma não se encaminha ao infinito, mas se aproxima de 1, não derruba o paradoxo, pois essa aproximação é infinita. E, de qualquer maneira, o paradoxo não diz que a soma de todas as distâncias se encaminha ao infinito, mas sim que a própria quantidade de distâncias que precisam ser percorridas já é infinita, e é isso que torna o movimento um absurdo. Esse autor parece nem sequer ter compreendido o paradoxo.

Alguém poderia dizer que isso não prova que o movimento não existe, porque, embora a aluna não tenha percorrido o 1m, pelo menos ela percorreu 0,9m. Mas a mesma regra que se aplica ao 1m também se aplica a qualquer outra unidade de espaço, inclusive as que compõem o 1m. Ou seja, da mesma forma que a aluna tende a 1m mas nunca conclui esse 1m, ela tende a 1cm mas nunca conclui esse 1cm, ela tende a 1mm mas nunca conclui esse 1mm, ela tende a um bilionésimo de milímetro mas nunca conclui esse um bilionésimo de milímetro, e assim sucessivamente.

O paradoxo de Zenao esta ligado à quantidade de tempo necessaria para completar a jornada, e não à distancia percorrida.

Uma vez que a distância é infinita, o tempo necessário para completar a jornada também tem que ser infinito. Uma vez que a cada unidade de tempo a aluna se move uma unidade de espaço, e sendo infinitas as unidades de espaço necessárias para completar a jornada, a quantidade de unidades de tempo também precisa ser infinita. Ou seja, a aluna ficaria eternamente tentando completar o 1m, mas jamais o conseguiria.

O fato é que esses paradoxos de Zenão são completamente lógicos, não há nenhum absurdo neles. As pessoas acham que há algo errado e tentam derrubá-los porque elas veem o movimento acontecendo e não conseguem aceitar que isso que elas veem acontecendo o tempo todo é algo logicamente impossível. Um tempo atrás li que não sei quem (provavelmente um cientista) disse que o erro do paradoxo da dicotomia era supor que as unidades de espaço são infinitamente divisíveis, quando na verdade era possível chegar a uma unidade de espaço indivisível; mas aposto que quem disse isso nunca conseguiu chegar a essa unidade de espaço indivisível, já que isso não faria o menor sentido, visto que toda unidade de espaço possui extensão, e tudo aquilo que tem extensão pode ser dividido. Outra vez ouvi um professor de matemática, comentando o paradoxo de Aquiles e a tartaruga, falar que matematicamente é impossível Aquiles alcançar a tartaruga, mas fisicamente é possível, sendo que isso é um absurdo, já que a física está sujeita à matemática: se algo é impossível matematicamente, também tem que ser impossível fisicamente.

Nós vemos o movimento acontecendo, mas é uma ilusão. E apenas ler e compreender intelectualmente esses paradoxos de Zenão ainda não nos faz ver concretamente a irrealidade do movimento. Vai por mim, há um abismo infinito de diferença entre ter uma compreensão intelectual da impossibilidade do movimento e de fato experienciar diretamente a inexistência do movimento.

Quando nós vemos um filme, nós temos a ilusão de que há algum movimento ali, quando na verdade o que há é apenas uma rápida sucessão de fotos (24 por segundo) que cria a ilusão de movimento. Tem gente que faz vários desenhos nas páginas de um caderno e depois o folheia rapidamente de tal modo que dá a impressão de que o desenho está se movendo, como um desenho animado, sendo que o que há são apenas vários desenhos parados. Com o movimento disso que nós chamamos de realidade é a mesma coisa.

Aliás, como eu já disse anteriormente, além dos paradoxos da dicotomia e de Aquiles e a tartaruga, chegaram até nós outros dois paradoxos de Zenão contra o movimento e também alguns contra a pluralidade. Recomendo a quem estiver lendo isso não apenas dar uma pesquisada nesses outros paradoxos de Zenão, mas também em outros dois paradoxos gregos: o paradoxo sorites e o paradoxo do navio de Teseu.

Esse esclarecimento sobre o paradoxo de Zenon demonstra a importância do método cientifico pra testar hipoteses (que no fim das contas sao pensamentos, e como todo pensamento, pode induzir ao erro).
O paradoxo de zenon parece ser um bom pensamento, mas facilmente induz ao erro.
"Mas o metodo científico tb pode induzir ao erro", vc poderia dizer. Sim, pode induzir ao erro ou induzir "produçao de verdade", é por isso que quem quer fazer ciência deve ter um compromisso ético em fazer autocritica e ter consciencia dos fatores que influenciam uma pesquisa. A ciencia sempre se renova. Isso é lindo.

Não apenas nada do que a ciência diz é a verdade, como também ela nunca vai chegar à verdade. Alguns argumentos contra a ciência:

- ela acredita e funciona dentro da separação entre sujeito e objeto;

- ela sempre já parte de pressupostos não questionados que ela toma como verdadeiros (por exemplo: a ciência não questiona a realidade do mundo, ela já o toma como real, por mais que ela nunca tenha encontrado uma única evidência da existência objetiva do mundo);

- ela nunca lida com o todo, mas apenas com fragmentos, visto que ela acredita que o mundo é um conjunto de coisas separadas;

- ela só lida com coisas que não existem e que ela não percebe que não existem (como tempo, espaço, causa e efeito, matéria, corpos...);

- os cientistas nem sequer conhecem a si mesmos e acham que podem conhecer os objetos, o mundo, o fundamento último da matéria, a origem de tudo;

- você mesma disse que a nossa percepção é limitada, pois não tenha a menor dúvida de que a ciência é feita totalmente dentro dessa percepção limitada.

Basicamente, a ciência acha que é possível chegar à verdade conhecendo fragmento por fragmento, e é por isso que ela toda está erigida sobre um equívoco. Ela pode até ter utilidade prática, mas nada além disso.

Esse é um questionamento muito importante. A psicologia é uma area do conhecimento que busca entender essas questões.

Se a psicologia busca entender essas questões e até hoje ainda não entendeu, isso é um sinal de que tem algo errado com ela e que ela é um fiasco.

Aliás, a psicologia, tal como a ciência, é fragmentária e acredita e funciona dentro da separação entre sujeito e objeto; a diferença é que as ciências naturais buscam conhecer o objeto, enquanto a psicologia busca conhecer o sujeito.

E, mesmo sem saber o que de fato é o sujeito, o indivíduo, a mente, a psicologia ainda assim tem a cara de pau de achar que pode dar palpite sobre isso e ajudar os indivíduos a serem felizes, melhores e saudáveis.

O ego é real, mas ao mesmo tempo é de carater ilusorio pq é construido...

Como algo pode ser real e ilusório ao mesmo tempo? Isso é uma contradição.

O ego é passivel de ser dissolvido temporariamente ou modificado a longo prazo atraves de autoconhecimento.

Tentar mudar ou melhorar a si mesmo é a mesma coisa que tentar enxugar gelo ou perfumar um balde de vômito.

"Aquele que observa o ego", "self", ou qlq nome que se dê pra nosso "núcleo", é indissolúvel... é individuo e todo ao msm tempo.

Mas você já viu esse tal de “self”, ou você está apenas acreditando no que o Jung disse?

E quando você diz que esse tal de “self” é indivíduo e todo ao mesmo tempo, você está querendo dizer que esse “self” é um sujeito, uma coisa? Que cada pessoa tem um “self” só seu?
 
quem disse isso nunca conseguiu chegar a essa unidade de espaço indivisível, já que isso não faria o menor sentido, visto que toda unidade de espaço possui extensão, e tudo aquilo que tem extensão pode ser dividido.
Isso é uma ilusão, conceito humano. Ainda não temos capacidade tecnica de chegar ao fim da matéria, se é que existe, e como já pudemos ver através da física quântica, em escalas menores a matéria pode se comportar fora de padrões lógicos, ou pelo menos, fora dos padrões lógicos da física clássica. Então, o que nos parece lógico na escala humana, se torna ilógica em outra escala da existência.
Pode ser que se chegue a uma unidade de espaço sem extensão; ou ainda com extensão indivisível, o mistério torna tudo possível.

já que a física está sujeita à matemática: se algo é impossível matematicamente, também tem que ser impossível fisicamente.
Não necessariamente. Novamente, a matéria se comporta de maneira sobrenatural no campo das partículas subatômicas. Veja a descrição matemática para o entrelaçamento quântico, seu funcionamento implica em exceder a velocidade da luz! Algo provado impossível matematicamente.

Alguns argumentos contra a ciência:
Engraçado, você usa ferramentas da ciência (matemática, por exemplo) em seus argumentos e na sequencia a desclassifica como recurso para encontrar a verdade. Pirei.

Não apenas nada do que a ciência diz é a verdade, como também ela nunca vai chegar à verdade.
Depende da verdade. Aquelas que fundamentam a realidade, as causas primarias, realmente estamos longe (ciência no campo da metafísica). Mas a verdade, na ciência, pode ser vista como um espectro que ainda não conhecemos a extensão. A verdade da física clássica funciona para construirmos aviões que vencem a gravidade mas não funciona em escalas menores, onde a matéria se comporta de maneira insana.

ela sempre já parte de pressupostos não questionados que ela toma como verdadeiros
A ciência tem que trabalhar com a matéria que tem em mãos para que esses mesmo pressupostos possam um dia, quem sabe, ser esclarecidos.

O universo é mistério.
 
Última edição:
Ainda não temos capacidade tecnica de chegar ao fim da matéria, se é que existe

Eu não estava falando sobre chegar ao fim da matéria, mas, sim, sobre chegar a uma unidade de espaço indivisível. De qualquer modo, da mesma forma que toda unidade de espaço tem que ter uma extensão e, portanto, ser divisível, também todo corpo material, uma vez que ocupa lugar no espaço, tem que ter uma extensão e, portanto, ser divisível em corpos menores do que ele.

e como já pudemos ver através da física quântica, em escalas menores a matéria pode se comportar fora de padrões lógicos, ou pelo menos, fora dos padrões lógicos da física clássica.

“[...] como já pudemos ver [...]”, já pudemos ver? Eu pelo menos nunca vi isso. E você, já viu isso ou está apenas acreditando no que os cientistas dizem? É engraçado que nós achamos um absurdo as pessoas acreditarem em coisas que elas nunca viram, como Deus, por exemplo, mas nós acreditamos em partículas subatômicas, em emaranhamento quântico, em ultrapassagem da velocidade da luz, e quantos de nós realmente já viram isso? Nossa atitude em relação à ciência é idêntica à atitude de um religioso frente à religião: da mesma forma que o religioso toma tudo que os livros sagrados e líderes religiosos dizem como verdade, por mais que nunca tenha visto nada disso, também nós tomamos tudo que os cientistas e livros e publicações científicas dizem como verdade, por mais que nunca tenhamos visto nada disso. Nós lemos esses textos sobre física quântica, não entendemos absolutamente nada do que está escrito ali, mas olhamos para aquilo e dizemos “isso é verdade”. Nós ouvimos um cientista falando algo, nem sequer fazemos ideia de qual experimento ele fez para chegar àquela conclusão, mas mesmo assim ouvimos aquilo e dizemos “isso é verdade”. Aliás, nós não apenas não entendemos nada do que a física quântica diz, como também não vemos absolutamente a menor graça nisso; só ficamos pesquisando e lendo essa chatice toda porque assim nos sentimos menos ignorantes e mais inteligentes e bem informados. Nós não estamos nem aí para as partículas subatômicas, mas gostamos de nos iludir achando que estamos conhecendo alguma coisa.

De qualquer maneira, o movimento é ilógico e mesmo assim nós temos a ilusão de que ele acontece. Esse comportamento ilógico da matéria é algo tão ilusório quanto o movimento (aliás, as próprias partículas subatômicas já são apenas mais uma ilusão em que os cientistas acreditam).

Então, o que nos parece lógico na escala humana, se torna ilógica em outra escala da existência.

E desde quando a existência pode ser dividida em escalas? O ser humano adora ver e fazer separação onde não existe. Onde termina a escala humana e começa outra escala da existência? Você já viu a linha divisória que separa a escala humana de outra escala qualquer?

Pode ser que se chegue a uma unidade de espaço sem extensão; ou ainda com extensão indivisível

Pois olha só que engraçado, mesmo se considerarmos a existência de unidades de espaço indivisíveis, ainda assim o movimento continuará sendo absurdo. Zenão quis mostrar que, considerando unidades de tempo e de espaço mínimas e indivisíveis ou infinitamente divisíveis, o movimento é impossível de qualquer maneira. Para as unidades de tempo e de espaço mínimas e indivisíveis, há os paradoxos da seta e do estádio (ou das fileiras em movimento); para as unidades de tempo e de espaço infinitamente divisíveis, há os paradoxos da dicotomia e de Aquiles e a tartaruga. Vou dar o exemplo do paradoxo da seta, que é bem mais simples que o do estádio:

Vamos considerar as unidades de tempo e de espaço indivisíveis como sendo o instante e o ponto, respectivamente. Uma seta em movimento no ar está parada em um ponto específico a cada instante da sua trajetória. No instante 1 ela está imóvel no ponto A, no instante 2 ela está imóvel no ponto B, no instante 3 ela está imóvel no ponto C, e assim sucessivamente. A seta está sempre em repouso quando ocupa um espaço igual às suas próprias dimensões. Em qualquer instante da trajetória do voo da seta, ela ocupa um espaço igual às suas próprias dimensões. Se a seta se movimentasse num instante, ela estaria em dois lugares ao mesmo tempo. Portanto, uma seta em movimento está sempre em repouso.

Zenão sem dúvida alguma estava anos-luz à frente de qualquer cientista da atualidade (o que, convenhamos, não é muito difícil).

Não necessariamente. Novamente, a matéria se comporta de maneira sobrenatural no campo das partículas subatômicas. Veja a descrição matemática para o entrelaçamento quântico, seu funcionamento implica em exceder a velocidade da luz! Algo provado impossível matematicamente.

Por que é matematicamente impossível exceder a velocidade da luz?

Engraçado, você usa ferramentas da ciência (matemática, por exemplo) em seus argumentos e na sequencia a desclassifica como recurso para encontrar a verdade. Pirei.

Eu usei argumentos matemáticos para mostrar que o movimento não existe, e não para mostrar a verdade a alguém.

De qualquer forma, uma mera compreensão intelectual e matemática da impossibilidade do movimento não faz com que se descubra concretamente que o movimento não existe. As pessoas geralmente compreendem perfeitamente esses paradoxos de Zenão e nem por isso percebem diretamente a inexistência do movimento, enquanto pessoas que nunca nem sequer ouviram falar desses paradoxos ou pararam para pensar no assunto podem descobrir direta e concretamente que o movimento é uma ilusão.

Depende da verdade.

Verdade só existe uma.

Aquelas que fundamentam a realidade, as causas primarias, realmente estamos longe (ciência no campo da metafísica).

Não é que a ciência está longe disso. A ciência nunca vai chegar a isso.

Em primeiro lugar, a verdade é o que há de mais óbvio, evidente e simples. Ela já está sempre escancarada bem na nossa cara. Nós só não a vemos porque estamos distraídos pelo mundo. E o cientista é aquele que tem a ilusão de achar que é possível chegar à verdade estudando um pequeno fragmento do mundo, e ao fazer isso ele só se distrai ainda mais da verdade, embora se engane achando que está chegando cada vez mais perto dela. A ciência, ao invés de prestar atenção no simples e evidente, busca o complicado e o que não é nem um pouco evidente.

Aliás, os cientistas estão tão preocupados em conhecer o fundamento último da matéria porque eles têm a ilusão de achar que é a matéria o fundamento de tudo o que há. Pois eles podem passar o restante da eternidade tentando chegar ao fundamento definitivo da matéria que nunca vão conseguir. E, mesmo que um dia conseguissem chegar ao suposto fundamento último da matéria, eles iriam descobrir que isso não daria nenhuma resposta para nenhuma de suas perguntas e o mundo continuaria tão inexplicável quanto o era nos primórdios da ciência, há não sei quantos séculos ou milênios.

Nós podemos estudar física quântica o quanto quisermos que isso não vai nos tornar menos ignorantes. No máximo nós poderemos nos sentir mais bem informados e inteligentes, mas o mundo vai continuar nos aparecendo como algo tão estranho quanto ele nos aparecia quando nós ainda tínhamos 8 anos de idade.

A ciência pode estudar as partículas subatômicas o quanto quiser que isso não vai fazer diferença na vida de ninguém, todo mundo vai continuar infeliz e sem saber quem é, de onde vem e para onde vai.

Aliás, de que adianta eu ficar lendo sobre física quântica, se eu nunca vou conseguir ver nenhuma partícula subatômica mesmo? A única coisa que um estudo desses pode me dar é mais crendices e conceitos para eu acumular. E, mesmo que eu me torne um cientista, vá para o laboratório e de fato veja uma partícula subatômica ou um entrelaçamento quântico, que diferença isso fará para mim? Isso não vai mudar em absolutamente nada o modo como eu percebo e me relaciono com o mundo e comigo mesmo.

Só sendo muito cego mesmo para não perceber o quanto ficar estudando partículas subatômicas é apenas uma forma de se distrair daquilo que realmente importa. O máximo que os cientistas podem conseguir extrair de todo esse estudo quântico é alguma utilidade prática e tecnologias mais avançadas, o que, no final das contas, não vai fazer diferença nenhuma para a humanidade.

A verdade da física clássica funciona para construirmos aviões que vencem a gravidade mas não funciona em escalas menores, onde a matéria se comporta de maneira insana.

A verdade da física clássica não é a verdade. A verdade não é a verdade disso ou a verdade daquilo, é só a verdade e pronto.

Nada do que a ciência diz é a verdade porque tudo que ela diz consiste em informações a respeito de coisas. Ela ainda está presa na ilusão de achar que as coisas existem e que a verdade é uma informação, um fato objetivo ou um acontecimento que pode ser conhecido pelo sujeito.
 
Tinha deixado passar batido o seguinte:

Pode ser que se chegue a uma unidade de espaço sem extensão

Supor a existência de unidades de espaço sem extensão nos leva a outro paradoxo, qual seja, como é possível que uma unidade de espaço com determinada extensão (como, por exemplo, 1 m) seja composta de unidades de espaço sem nenhuma extensão? A soma de várias unidades de espaço sem extensão só poderia resultar em algo sem extensão. Supor que a soma de várias unidades de espaço sem extensão (ou seja, de extensão igual a zero) possa resultar numa unidade de espaço com extensão é a mesma coisa que supor que a soma de vários zeros (0 + 0 + 0 + 0 + 0 + 0...) possa resultar num número natural não nulo, como 1, 5, 81, 1528...
 
Última edição:
Boa pergunta... Espero que seja, pois gosto muito de viver... Seria uma pena ver que toda essa galera gente boa foi tudo em vão...
 
acabo de ter outra maravilhosa trip, e depois de 3 anos de post concluo


ESTAMOS EM UMA SIMULAÇÃO !!!!!
 
Tudo está no nada, como o nada está em tudo!

Que tipo de simulação que nos encontramos?
 
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