Teonanacatl.org

Aqui discutimos micologia amadora e enteogenia.

Cadastre-se para virar um membro da comunidade! Após seu cadastro, você poderá participar deste site adicionando seus próprios tópicos e postagens.

  • Por favor, leia com atenção as Regras e o Termo de Responsabilidade do Fórum. Ambos lhe ajudarão a entender o que esperamos em termos de conduta no Fórum e também o posicionamento legal do mesmo.

Espécies de fungos neurotrópicos no Brasil

Ecuador

Artífice esporulante
Membro da Staff
Cultivador confiável
22/12/2007
9,110
5
98
Na revisão (vide anexo) A Worldwide Geographical Distribution of the Neurotropic Fungi, an Analysis and Discussion - de Guzmán, Allen e Gartz - Annali di Museo Civico di Rovereto, 2000 (1998) - três autores bem conhecidos na área, citam 31 espécies de fungos neurotrópicos que ocorrem no Brasil (Uma distribuição geográfica mundial dos fungos neurotrópicos).

São elas:

1 - Amanita muscaria (Homrich, 1965; Stijve, 1995; Stijve & de Meijer, 1993)
2 - Claviceps paspali (Grasso, 1955)
3 - C. purpurea (Grasso, 1955)
4 - Copelandia anomala (Pollock, 1976)
5 - C. cyanescens (Singer, 1960a; Ola´h, 1969; Pollock, 1976; Stamets, 1996)
6 - Gerronema fibula (Rick, 1961)
7 - Gymnopilus spectabilis (Rick, 1961)
8 - Panaeolina foenisecii (Rick, 1961; Stijve & de Meijer, 1993)
9 - Panaeolus fimicola (Rick, 1961)
10 - P. papilionaceus (Rick, 1961; Pegler, 1997)
11 - P. sphinctrinus (Ola´h, 1969)
12 - P. subbalteatus (Olah, 1969; Stijve & Meijer, 1993; Stamets, 1996)´
13 - Pluteus glaucus (Stijve, 1995; Stijve & Meijer, 1993)
14 - Psilocybe acutipilea (Guzmán, 1983; 1995; Guzmán et al., 1984; Pegler, 1997)
15 - P. blattariopsis (Guzmán, 1983; Pegler, 1997)
16 - P. brasiliensis (Guzmán, 1983; Stamets, 1996; Pegler, 1997)
17 - P. caeruleoannulata (Guzmán, 1983; Stijve & de Meijer, 1993; Pegler, 1997)
18 - P. caerulescens var. caerulescens (Stijve & de Meijer, 1993; Stamets, 1996)
19 - P. cubensis (Rick, 1961; Guzmán, 1983; Stijve & de Meijer, 1993; Gartz, 1996; Pegler, 1997)
20 - P. farinacea (Guzmán, 1983, 1995; Singer, 1986)
21 - P. furtadoana (Guzmán, 1983; Pegler, 1997)
22 - P. hoogshagenii var. hoogshagenii (Stijve & de Meijer, 1993; Stamets, 1996)
23 - P. microcystidiata (Guzmán et al., 1984)
24 - P. paulensis (Guzmán, 1995; Guzmán et al., 1984; Pegler, 1997)
25 - P. paupera (Guzmán, 1983) [/i](see discussion)
26 - P. pericystis (Singer, 1989; Guzmán, 1995)
27 - P. plutonia (Guzmán, 1983)
28 - P. ramulosa (Guzmán et al., 1984; Guzmán, 1995; Stijve & de Meijer, 1993; Pegler, 1997)
29 - P. cf. subyungensis (Stijve & de Meijer, 1993)
30 - P. uruguayensis (Stijve & de Meijer, 1993)
31 - P. zapotecorum (Guzmán, 1983; Stijve & de Meijer, 1993; Stamets, 1996)

- ATENÇÃO - ver revisão desta lista na mensagem 12 desse tópico, e uma lista atualizada, com link para cada espécie, no post final do tópico.

Geralmente escrevi o nome do gênero completo apenas na primeira espécie do mesmo, quando se trata de um texto onde o mesmo é citado várias vezes. Assim onde temos Claviceps paspali e logo abaixo C. purpurea , entenda-se a segunda espécie como Claviceps purpurea .

Os autores citados entre parênteses são os que identificaram, ou em alguns casos descreveram, essas espécies no Brasil. As referências estão no PDF.

Como parece ainda haver dúvidas básicas sobre as espécies psicoativas que ocorrem por aqui vou tentar fazer uma mensagem, com descrição geral da aparência, do carimbo, ecologia e fotos de cada uma (se disponíveis).

Quando encontrei dados na Wikipédia sobre uma determinada espécie tentei sempre confirmar em outras fontes, quando possível.

A idéia é que esse tópico sirva como fonte de informações básicas sobre as espécies psicoativas que podemos encontrar por aqui. É claro que já há muito material a respeito pelo fórum, e vou citar outros tópicos quando necessário e possível, mas não há um tópico organizado com todas as espécies como este pretende ser.

Quem quiser contribuir ou discutir alguma informação relativa a este tópico por favor faça-o em https://teonanacatl.org/threads/tópico-para-discussão-de-espécies-de-fungos-neurotrópicos-no-brasil.4647/
 

Anexos

  • art09-Guzman_&_C.pdf
    1.8 MB · Visualizações: 258
Última edição:
1 - Amanita muscaria já é um cogumelo bem discutido no fórum. Há muitas informações e fotos do mesmo.

Sua presença no Brasil foi relatada em 1965, e desde então algumas vezes mais (Homrich 1965, Figueiredo et al. 1996, Fosco-Mucci & Yokomizo 1985, Giachini et al. 2000, 2004, Meijer 2001, 2006, Sobestiansky, 2005), fora os coletores "informais", é claro. Pelas citações em artigos já foi coletado nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e São Paulo, mas pode ocorrer em outros estados que tenham a vegetação e o clima propício. Provavelmente foi introduzido com mudas importadas de Pinus. A bibliografia citada pode ser verificada no PDF anexo, que tem uma chave taxonômica para os amanitas encontrados no Brasil.

No Brasil a ocorrência de Amanita muscaria está quase sempre associada a espécies de pinheiros, embora também tenha sido encontrada junto a Castanea sativa e mesmo alguns exemplares esparsos junto a Araucárias e Eucaliptos (ver mensagens 4 e 9 de Artigo - Simbiose Araucaria angustifolia). Na Europa, Ásia e América do Norte há outras árvores além dos pinheiros que formam relações simbióticas com A.muscaria e portanto estão associadas à ocorrência do mesmo, como espécies de bétulas e cedros, mas são espécies raras ou ausentes no Brasil, enquanto é relativamente fácil encontrar pinheiros por aqui.

Uma revisão das espécies de Amanita encontradas por aqui pode ser vista em Menolli, Asai & Capelari (2009. Amanita coacta (Amanitaceae, Agaricales) with a key to Amanita species occurring in Brazil, MYCOTAXON, Volume 107, pp. 419–430 - Artigo - Amanita coacta (Amanitaceae, Agaricales) with a key to Amanita species occurring in Brazil. Neste artigo também há uma chave para os amanitas do Brasil.

O usuário @Dodox relatou ter encontrado A. muscaria associado a Cupressus lusitanica (cedro português, cedro-de-portugal ou cedro-do-buçaco, apesar de originário da América central) - https://teonanacatl.org/threads/caça-às-amanitas-aberta-a-temporada-2014.10157/page-4#post-153970.

Segundo uma comunicação pessoal de Wartchow a Sulzbacher os A. muscaria encontrados associados a Pinus taeda provavelmente são da sub-espécie flavivolvata (Ectomycorrhizal fungi from southern Brazil – a literature-based review, their origin and potential hosts - http://www.mycosphere.org/pdfs/MC4_1_No5.pdf).

Para um comentário sobre a taxonomia de A. muscaria e dois artigos de dados moleculares sobre a mesma ver Taxonomia de Amanita muscaria - dados morfológicos e moleculares

A seção de Amanita é Amanitas

Foto como estas, de cogumelos encontrados aqui no Brasil ...

amanitas-muscaria1.jpgamanitas-muscaria2.jpgamanitas-muscaria3.jpgamanitas-muscaria4.jpgamanitas-muscaria5.jpgamanitas-muscaria6.jpg

... podem ser facilmente vistas nos tópicos da seção, como estes:

  1. Galeria Amanitas
  2. Amanitas em Cotia - São Paulo - setembro/2007
  3. Contribuição com o CM: Algumas Amanitas da Caçada de hoje
  4. ajudem-me, posso ingeri-las com o devido tratamento??
  5. Encontro com as gigantes vermelhas
  6. Amor, Carinho, RESPEITO - JÁ ESTÁ ABERTA TEMPORADA 2009 DE CAÇA AOS AMANITAS!
  7. Amanitas 2009
  8. Amanitas sem bolinhas brancas
  9. Amanita meu amor, Amanita!
  10. Sob um céu de blues - Encontro com os amanitas
  11. Ring de amanitas
  12. Amor, Carinho, RESPEITO - JÁ ESTÁ ABERTA TEMPORADA 2010 DE CAÇA AOS AMANITAS!

Informação útil também no link: Identificações confirmadas de Amanita Muscaria
 
Última edição:
:teo_seta_direita: 2 e 3 - Claviceps paspali e Claviceps purpurea

Claviceps paspali e Claviceps purpurea são ergots, ou seja, um grupo de fungos que cresce nos grãos de centeio, trigo e plantas relacionadas, e que produzem alcalóides psicoativos. Por isso sua inclusão no grupo dos fungos neurotrópicos.

Entretanto outros efeitos bastantes desagradáveis, incluindo a morte, podem advir da intoxicação (ergotismo) por ingestão dos ergots. Definitivamente não são fungos de uso recreativo.

Ocorrem no Brasil outras espécies do gênero, igualmente portadoras de alcalóides, mas não vou fazer um levantamento das mesmas. Vou deixar somente estas duas, as mais conhecidas, no item, com o aviso sobre a toxicidade, que vale para outras espécies do gênero.

Link:
- https://teonanacatl.org/threads/fungos-tóxicos-com-ocorrência-no-brasil.10511/#post-154401

1.jpg250px-Claviceps_purpurea.JPG
 
Última edição:
:teo_seta_direita: 4 e 5 - Copelandia anomala = Copelandia cyanescens

Estes dois nomes específicos se referem a uma só espécie, e o nome aceito atualmente para esta espécie é Panaeolus cyanescens. Como não achei para este gênero revisões tão boas como as que existem para Psilocybe optei por deixar as duas espécies na lista, apesar da unificação das duas, muito provavelmente correta, como Panaeolus cyanescens.

Outros nomes específicos que são sinônimos de P.cyanescens, mas que caíram em desuso, são Agaricus cyanescens, Copelandia affinis, Copelandia papilonacea, Copelandia westii, Panaeolus anomalus, Panaeolus bohemica, Panaeolus maire e Panaeolus serbica.

Chapéu variando de 1,5 a 4 cm. Quando jovem é marrom claro e hemisférico, ficando cinza ou esbranquiçado com a idade, em forma de sino ou convexo. Algumas vezes fica com tons amarelados ou amarronzados. Haste fina (uma medida típica é por volta de 3mm de diâmetro), comprimento de 6 a 12 cm e da mesma cor que o chapéu, podendo ser ligeiramente alargada na base, mas com o restante do comprimento sem alteração do diâmetro. Tem aspecto de estar coberta com um pó. As lamelas são de início cinzas, ficando negras à medida que os esporos maturam. Bordas das lamelas esbranquiçadas. Os esporos são negros. Apresenta reação rápida de azulamento ou esverdeamento quando os tecidos são danificados.

Ocorre no esterco de bovinos (boi, bisão, búfalo) ou em terrenos fertilizados com, em áreas tropicais e subtropicais de ambos os hemisférios. Não está claro se ocorre em esterco de equinos. O habitat de ocorrência então é basicamente o mesmo de P. cubensis e P. subcubensis.

Pode ser confundida com Panaeolus antillarum, que também cresce em estrume e é parecido a olho nú, mas não é psicoativo, e não apresenta reação de azulamento quando os tecidos são danificados. Outras espécies de Panaeolus psicoativos que são praticamente indistinguíveis a olho nú de Panaeolus cyanescens não foram ainda relatadas no Brasil (Espécies psicoativas de Panaeolus que se confundem a nível macroscópico).

É cultivada, embora o sucesso não seja tão fácil como com P.cubensis.

O tamanho e os alcalóides encontrados variam conforme a procedência. Ver imagem anexa Stijve 1992 (dá para salvar e ler com o Paint), com o artigo Stijve T, 1992 - Psilocin, psilocybin, serotonin and urea in Panaeolus cyanescens from various origin. Persoonia 15: pages 117-121. Um resumo está dispnível abaixo, em percentual por peso seco:

Australia (Queensland) - Psilocina: 0,025 - 0,071 / Psilocibina: mais que 0,012 - 0,04 / Baeocistina: mais que 0,01
Tailândia (Koh Samui) - Psilocina: 0,40 - 1,05 / Psilocibina: mais que 0,025 / Baeocistina: mais que 0,025
Hawaii (09/1989) - Psilocina: 0,055 - 0,33 / Psilocibina: mais que 0,03 - 0,28 / Baeocistina: mais que 0,01 - 0,025
Hawaii (12/1989) - Psilocina: 0,38 - 1,30 / Psilocibina: mais que 0,07 - 0,44 / Baeocistina: mais que 0,005 - 0,026
Hawaii (Oahu - 07/1990) - Psilocina: 0,04 - 0,60 / Psilocibina: mais que 0,01 - 0,73 / Baeocistina: mais que 0,005 - 0,035

Em média a psilocina varia entre 0,17 e 0,95, a psilocibina entre 0,012 e 0,19 e a baeocistina entre 0,001 e 0,020.

É uma espécie geralmente considerada mais potente que Psilocybe cubensis, embora pareça reagir mal à secagem e perder muita potência. O motivo pode ser o alto percentual de psilocina, que se oxida, em relação à psilocibina.

Parece ter ampla distribuição no país, pelo menos nas área com habitats favoráveis, indo pelo menos do Paraná (de Meijer, 2006) a Pernambuco (Wartchow, Carvalho e Sousa, 2009)

70977-good_cope.jpg375px-Panaeolus-cyanescens-y-axis-flipped cultivados.jpgfig1.hawaiiccyan.jpgfig2.hawaiiccyan.jpg

Os exemplares abaixo foram encontrados no sul fluminense, pelo @neto27 (Os sagrados Panaeolus cyanescens)

copelandia-cyanescens1.jpg copelandia-cyanescens2.jpg

Mais material coletado pelo @neto27 em: Panaeolus Cyanescens

O @figurinha também conseguiu boas coletas, no interior de Minas Gerais:

copelandia-cyanescens3.jpg copelandia-cyanescens4.jpg

Outras boas fotos dessas coletas em: Os sagrados Panaeolus cyanescens

A distribuição conhecida da espécie no mundo (by Wikipedia) pode ser vista abaixo:

mapa-de-localidade-dos-panaeolus-cyanescens.jpg

:teo_seta_direita: Links:
 

Anexos

  • Panaeolus cyanescens em Pernambuco 1297-7465-1-PB.PDF
    414.9 KB · Visualizações: 86
  • PERS1992015001012.pdf
    532.9 KB · Visualizações: 16
Última edição:
:teo_seta_direita: 6 - Gerronema fibula

Espécie de taxonomia confusa. Achei 12 sinônimos: Agaricus fibula, Hemimycena fibula , Hygrocybe fibula , Marasmiellus fibula , Micromphale fibula , Mycena fibula , Omphalia fibula , Omphalina fibula , Omphalopsis fibula , Rickenella fibula , Rickenella fibula var. aulacomniophila e Rickenella aulacomniophila.

Não ficou claro se realmente se referem à mesma espécie.

A princípio a espécie contém psilocibina, ou psilocina. Não achei informações sobre a potência.

O Lycaeum se refere a outra espécie do gênero que também teria psilocibina, Gerronema swartzii. E ainda haveria Gerronema solidipes. Essas duas outras espécies não foram relatadas como ocorrendo do Brasil. Mas ocorrem no país outras espécies do gênero, que podem ser consultadas em Lista de Espécies da Flora do Brasil

G. fibula provavelmente é saprófita, ocorrendo em associação com musgos. Talvez envolvida em algum tipo de mutualismo com os mesmos. Ocorrência solitária ou em grupos.

Embora o chapéu possa chegar a 1,5 cm de diâmetro e a fina haste a 5 cm os exemplares normalmente são menores, e é geralmente descrita como um pequeno cogumelo alaranjado. Lamelas creme ou esbranquiçadas. Carimbo branco.

Pode ser confundida com várias outras espécies alaranjadas de pequenos cogumelos.

O tamanho reduzido (no quesito comestibilidade um site diz que a espécie é insignificante), a possibilidade de confusão com outras espécies, a nomenclatura confusa que não deixa claro qual se a espécie que ocorre no Brasil é realmente G. fibula ou um sinônimo válido, a potência desconhecida e mesmo a possibilidade de que não tenha nenhum princípio ativo (STIJVE T. & TH. W. KUYPER, 1988 - Absence of psilocybin in species of fungi previously reported to contain psilocybin and related tryptamine derivatives. Persoonia 13: 463-465.) não parecem fazer dessa espécie um alvo desejável de coleta.

Rickenella_fibula(bk-02).jpgrickenella_fibula_01.jpgsowerby_045.jpgbull186.jpgoranjegeel_trechtertje.jpg

:teo_seta_direita: Links:
 
Última edição:
:apontar: 7 - Gymnopilus spectabilis

É sinônimo de Gymnopilus junonius.

Espécie impressionante, de grande porte, que cresce na maioria das vezes em grupos. Um único cogumelo pode pesar mais de um quilo.

É saprófito, se alimentando de madeira em decomposição. Ocorre em coníferas ou madeiras duras, com chápeus variando entre 5 e 40 cm de diâmetro, e haste com entre 3 e 20 cm. Carimbo em tom laranja oxidado ou enferrujado, brilhante. Mas há também referência a carimbos marrons. Gosto descrito como muito amargo, a ponto de dificultar o consumo (ver, por exemplo, referências a esta espécie na pág. 182 do Psilocybin Mushrooms of the World de Paul Stamets).

A menção é que contém psilocibina. E provavelmente outros compostos psicoativos. Já foram encontradas bis-noriangonina e hispidina, dois compostos estruturalmente relacionados às alfa-pironas da kava-kava - Piper methylsticum (Hatfield GM, Brady LR. (1969). "Occurrence of bis-noryangonin in Gymnopilus spectabilis". Journal of Pharmaceutical Sciences 58 (10): 1298–1299). E também Gymnopilin K.

Pode ser entretanto que seus efeitos psicoativos sejam devidos principalmente aos outros compostos psicoativos e não à psilocibina. Entretanto há relatos de azulamento em tecidos danificados de espécies de Gymnopilus que contêm psilocibina.

Há relatos de que 5 gramas secas do cogumelo já seriam levemente ativos. O dobro disso pode ser necessário para sentir os efeitos. Mas vi pelo menos um relato de que 5 gramas FRESCOS provocaram efeitos.

Em uma espécie do mesmo gênero, G. validipes, o conteúdo de psilocibina encontrado foi de 0,12% (Hatfield GM, Valdes LJ. The occurrence of psilocybin in Gymnopilus species. Lloydia. 1978 Mar-Apr;41(2):140-4.). Outra espécie, G. purpuratus, que ocorre na Argentina, Chile, Austrália, Reino Unido e Alemanha (nesses três últimos países pode ter sido introduzido) parece ter maior quantidade de princípio ativo. A porcentagem de princípio ativo variou 0,07 a 0,31% de psilocibina, e 0,03 a 0,29% de psilocina, considerando cogumelos coletados e cultivados (Jochen Gartz. New Aspects of the Occurrence, Chemistry, and Cultivation of European Hallucinogen Mushrooms, Supplemento agli Annali dei Musei Civici di Rovereto, Sezione Archeologica, Storia e Scienze Naturali, vol. 8 (1992); Jochen Gartz. Occurrence of psilocybin, psilocin and baeocystin in Gymnopilus purpuratus, Persoonia. Vol. 14, no. 1, pp. 19-22. (1989) - anexo).

Há reconhecidamente variações na psicoatividade de sub-espécies ou populações de Gymnopilus spectabilis. Há mesmo relatos de espécimens não ativos. Pode também ser confundido com Gymnopilus ventricosus, ligeiramente menor, e do qual não encontrei referências sobre ocorrência no Brasil, mas que não é psicoativo. Mas outras espécies do gênero ocorrem no Brasil (pesquisar por Gymnopilus em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/listaBrasil/PrincipalUC/PrincipalUC.do)

A variação de princípios ativos entre populações e a presença de compostos pouco conhecidos recomendam cautela com esta espécie.

Também há um aviso no Livro de Putzke, Cogumelos no sul do Brasil - volume 1, pág. 36: "Estes fungos são encontrados em madeira, em geral restos de eucalipto, às vezes na base de árvores ainda vivas e neste caso Gymnopilus spectabilis. Outras espécies são encontradas em outros tipos de madeira, mas sua comestibilidade é desconhecida. As lamelas são adnatas e ferrugíneas. O véu no estipe e a coloração geral são exclusivos, como se vê na foto abaixo. É de sabor muito amargo e até apimentado, queimando a ponta da língua (característico deste gênero). Desta forma pode-se diferenciá-lo. Apesar de comestível quando cozido, há pessoas que tem sensibilidade e podem ter efeitos adversos; portanto cuidado."

E segundo o site Cogumelos do Sul do Brasil os exemplares desta espécie encontrados na América do Sul não seriam psicoativos (Gymnopilus spectabilis / Gymnopilus junionus):

"Entretanto na América do Sul não se encontrou a psilocibina nesta espécie e ela é considerada comestível² ³. No Uruguai é muito popular e é conhecido como “hongo del Chivito” e inclusive encontram-se receitas do seu preparo em sites uruguaios.

Cresce na madeira, sendo mais comum seu aparecimento em árvores de eucalipto. Seu píleo (chapéu) pode chegar 20cm e apresenta escamas. De cor amarelo alaranjado, possui anel, lamelas adnatas. Sua esporada é cor de ferrugem."


Gymnopilus_spectabilis(mb).jpgGymnopilus_spectabilis(tfl-c1021-62).jpgnadon_gymnopilus_junonius_02.jpgzurowski_gymnopilus_spectabilis_02.jpg

A distribuição conhecida da espécie no mundo (by Wikipedia) pode ser vista abaixo:

mapa-gymnopilus-spectabilis.png

:!: ATENÇÃO: duas espécies muitos tóxica da Europa, Cortinarius rubellus e Cortinarius orellanus, têm aspecto semelhante a Gymnopilus spectabilis. Vejam por exemplo abaixo a foto de alguns Cortinarius rubellus, a mais tóxica, e também a de C. orellanus, esta de um um site italiano. Estas espécies tendem a ser menores (chapéu com 3 a 9 cm) que a G. spectabilis, mas todo cuidado é pouco. C. orellanus é comum na Europa, e Cortinarius rubellus um pouco mais rara e restrita a climas mais frios. Não sei se ocorrem no Brasil. Outras espécies do gênero Cortinarius, de aparência variada, também podem conter toxinas.

Cortinarius orellanus
cortinarius_orellanus.jpg

Cortinarius rubellus
Cortinarius_rubellus_01.jpg

:!: Links:
 

Anexos

  • Gartz - Persoonia - tryptamineoccurrencegymnopilus.pdf
    437 KB · Visualizações: 81
Última edição:
:teo_seta_direita: 8 - Panaeolina foenisecii

Sinônimos levantados: Agaricus foenisecii, Panaeolus foenisecii, Psilocybe foenisecii e Psathyrella foenesecii.

Chapéu cônico de 1 a 5 cm de diâmetro. De forma cônica a convexa. Margem frequentemente com uma banda mais escura, que some à medida que o cogumelo seca. Haste fina de 4 a 10 cm, com 1 a 3 mm de diâmetro, oca, frágil, cor esbranquiçada, cinza ou marrom claro e com aspecto de estar coberta com pó. Véu ausente. O tamanho mais normalmente visto é até 5 cm. Lamelas marrons, com o surgimento de manchas à medida que os esporos amadurecem. Bordas das lamelas mais claras. Carimbo negro a púrpura.

Sabor e cheiro desagradáveis.

Encontrado em terrenos com gramíneas.

A princípio contém psilocibina, mas a quantidade é incerta. Pode ser tão pouca que a espécie seja praticamente inativa. Ou pode mesmo ser inativa. Os relatos de efeitos psicoativos podem ser devidos a confusão com exemplares de Panaeolus subbalteatus ou outros Panaeolus psicoativos. Por causa disso essa espécie em sim não parece merecer a atenção de coletores à procura de cogumelos psicoativos.

400px-Panaeolina.foenisecii.jhollinger.jpg800px-Pan.foe.darvin.jpg800px-Pan.foe.darvin.underside.jpgpanaeolina_foenisecii_963.jpgPanaeolus_foenisecii(fs-05).jpgPanaeolus foenisecii by Michael W. Beug 27.jpg

:!: Links:
 
Última edição:
:teo_seta_direita: 9 - Panaeolus fimicola

O nome mais aceito atualmente para esta espécie é Panaeolus ater, embora haja autores que ainda considerem P. ater uma espécie diferente. Outros sinônimos encontrados na literatura e já em desuso são Agaricus fimicola, Agaricus variegatus, Agaricus varius, Coprinarius fimicola, Panaeolus obliquoporus e Prunulus varius.

Chapéu variando de 1 a 4 cm. De início em forma de sino e depois convexo a plano em exemplares maduros. Cor amarronzada, cinza ou quase negra, às vezes apresentando tons avermelhados ou cor de avelã. Ligeiramente estriado na margem quando úmido. Tecido fino e acinzentado. Em exemplares desidratados tem cor cinza pálida ou amarelada. Haste frágil de 4 a 10 cm de comprimento e 1 a 3 mm de diâmetro, oca. Ligeiramente alargada na base e reta no restante do comprimento. Cor branco "sujo" a cor de terra, com tendência a ficar mais escura na base em exemplares maduros. Aspecto de estar coberta com um pó branco na parte superior, mais próxima ao chapéu. Tecido ocre e frágil. Anel ausente. Lamelas no início cinza, escurecendo com a maturação dos esporos. Bordas esbranquiçadas. Carimbo cinza escuro a negro. Aparentemente não apresenta reação de azulamento ou esverdeamento dos tecidos (ver foto).

Cresce solitário ou em grupos no solo ou no esterco, ou ainda em terrenos com gramíneas que receberam adubo.

Aparentemente pode conter pequena quantidade de psilocibina. Não é claro se vale a pena ser coletado, pois os relatos variam entre não ativo a fracamente ativo.

3374-PPanFimi.jpg4597.jpg4615.jpg9190-MVC-040S.JPGPanaeolus_fimicola.jpgp.fimicola-crop 1.JPG04E02F_1.jpg

:!: Links:
 
:teo_seta_direita: 10 e 11 - Panaeolus papilionaceus = Panaeolus sphinctrinus

Outros sinônimos são Agaricus calosus, Agaricus campanulatus, Agaricus papilionaceus, Galerula campanulata, Panaeolus calosus, Panaeolus campanulatus, Panaeolus retirugis e Psilocybe campanulata.

Chapéu de 1 a 5 cm, esbranquiçado, cinza ou marrom, cônico, ficando em forma de sino com a idade. Com restos de fragmentos de véu semelhantes a dentes na borda em exemplares jovens. Tecido fino. Haste fina de 6 a 16 cm, com 2 a 4 mm de diâmetro. Cor cinza a marrom, mais clara no alto, e fica mais escura quando manejada. É fibrosa e tem aspecto de estar coberta com pó. Lamelas cinza-pálido quando jovens, escurecendo com a idade. Bordas esbranquiçadas. Carimbo preto.

Cresce sozinho ou em grupos no esterco ou em solo adubado com.

A opinião mais aceita hoje é que não contém psilocibina, e que relatos sobre a possível psicoatividade podem ser devido à confusão com espécies parecidas que são medianamente ativas. Não parece ser um bom alvo de coleta.

É comestível, não tóxico, mas o sabor pode não ser agradável.

Panaeolus papilionaceus1_small.jpgPanaeolus papilionaceus2_small.jpgPanaeolus papilionaceus3_small.jpgPanaeolus.papilionaceus3.-.lindsey.jpgpanaeolus_papilionaceus_01.jpg

Ao que parece é uma espécie de distribuição cosmopolita, desde que haja as condições adequadas para o crescimento.

Além das referências de Guzmán, Allen e Gartz (Rick, 1961 - no RS; e Pegler, 1967 - em SP) achei uma citação de identificação por Capelari e outros em 2010, também no RS. Mas a espécie provavelmente tem uma distribuição mais ampla que esses dois estados.

No tópico abaixo podem ser vistos prováveis Panaeolus papilionaceus coletados pelo Ishwara, no interior de São Paulo, região sudoeste, pouco mais de 100 km da capital:

Panaeolus sphinctrinus? Alguém pode confirmar?

:!: Links:
 
Última edição:
:teo_seta_direita: 12 - Panaeolus subbalteatus

Espécie conhecida também como Panaeolus cinctulus, nome que pode se tornar o mais aceito. Sinônimos em desuso incluem Agaricus cinctulus, Agaricus fimicola var. cinctulus, Agaricus subbalteatus, Coprinus cinctulus, Panaeolus benanosis, Panaeolus dunensis, Panaeolus fimicola var. cinctulus e Panaeolus venenosus.

203-Panaeolus_cinctulus.jpg

Chapéu de 1,5 a 5,5 cm. A cor varia bastante, mais comumente entre diversos tons de marrom. Tende a ficar marrom avermelhado quando úmido e esbranquiçado quando seco. Pode apresentar uma "banda" no chapéu. Nesse caso a borda é mais escura. O ápice do chapéu é mais claro, ou há uma banda mais clara intermediária entre o ápice e a borda escura. Segundo Stamets uma banda na margem do chapéu também pode ser observada em Panaeolus acuminatus, P.fimicola e P.foenisecii, mas a consistente e marcante banda de Panaeolus subbalteatus é a característica macroscópica mais típica para distinguir a espécie de outras. Exemplares jovens têm chapéus hemisféricos ou convexos. Exemplares maduros têm tendência a chapéus planos ou com um "umbigo". Tecido fino, marrom avermelhado a creme.

Haste com 2 a 10 cm, e 2 a 9 mm de diâmetro. A cor varia de esbranquiçada a avermelhada e marrom. Com tendência a escurecer em direção à base. Oca, quebradiça e sem resquícios de véu. Reta ou então cônica nas pontas. Estrias longitudinais na ponta superior ou em toda a haste. Aspecto de estar coberta com pó branco, apresentando também fibras brancas longitudinais. Os cogumelos jovens são mais despigmentados.

Lamelas creme quando jovens. Marrom-escuro a negras quando maduras. Às vezes mosqueadas. Bordas das lamelas esbranquiçadas. Lamelas cinzas não ocorrem ou são raras. Carimbo negro.

Ocorre na maioria das vezes em terra adubada. Algumas vezes direto no esterco (incluindo esterco de cavalo). Quase sempre em grupos.

O chapéu raramente apresenta azulamento, mas as hastes ficam suavemente azuladas quando os tecidos são danificados.

Gosto farináceo e odor ligeiramente farináceo.

É uma espécie moderadamente psicoativa. Contém psilocibina, psilocina e baeocistina. Stamets (Psylocibin Mushrooms of the World, 1996) apresenta os dados de teores de psicoativos encontrados na espécies por alguns autores: 0,14% de psilocibina, 0% de psilocina e 0,33% de baeocistina (Stijve & Kuyper, 1985), 0,08% de psilocibina e 0% de psilocina (Stijve & Meijer, 1993 - espécimens brasileiros), 0,7% de psilocibina, 0% de psilocina e 0,46% de baeocistina (Gartz, 1993) e entre 0,14 e 0,36% de psilocibina (Gurevich, 1993 - espécimes da Rússia). A ausência de psilocina pode ser responsável pelo azulamento tardio e pouco notável observado nessa espécie, já que a oxidação desse alcaloide seria o responsável pelo azulamento. No caso do Panaeolus subbalteatus é necessário ocorrer primeiro a desfosforilação da psilocibina em psilocina para depois esta se oxidar.

Cerca de vinte a quarenta cogumelos são necessários para efeitos médios. Se forem especialmente grandes cinco cogumelos podem corresponder a vinte dos de tamanho menos avantajado. Há relatos de que quando secos provocariam menos náusea e uma experiência mais agradável. Mas a experiência com P.subbalteatus é geralmente relatada como distinta da experiência com cubensis . Uma dose média dos secos seria de 3 a 5 g, ligeiramente mais fracos que os Psilocybe cubensis. Segundo este FAQ as doses em gramas de cogumelos frescos variam de 30 a 100g. Stamets aconselha a não ingerí-los crus, pois esse modo de ingestão estaria associado a espasmos estomacais, fraqueza muscular e mal estar.

Pode ser confundida com várias outras espécies não psicoativas ou muito fracas, que crescem próximas ou no mesmo habitat, como Panaeolina foenisecii (Panaeolus foenisecii), Panaeolus antillarum, Panaeolus semiovatus, Panaeolus papilionaceus (Panaeolus sphinctrinus), Panaeolus campanulatus e possivelmente outras espécies.

056332102-Blue_stems.jpgPanaeolus.subbalteatus.3.jpgPanaeolus.subbalteatus.4.jpgPanaeolus.subbalteatus.angryshroom.jpgpanaeolus_subbalteatus2.jpg

Abaixo alguns exemplares coletados em Cascavel (PR), pelo WOLF (cogumelo peludo):

f7.jpg

Guia de caçada para Panaeolus subbalteatus, no CM: https://teonanacatl.org/threads/guia-de-caçada-para-panaeolus-subbalteatus.596/

Outro tópico do CM: https://teonanacatl.org/threads/maiores-informações-sobre-paneoulus.541/

E um ótimo tópico do figurinha: Os sagrados Panaeolus Subbalteatus

A distribuição conhecida da espécie no mundo (by Wikipedia) pode ser vista abaixo:

aupload.wikimedia.org_wikipedia_commons_thumb_9_95_Panaeolus_s66377b7cd710e167da58b72e23e2f199.png

Esporos:

Panaeolus_subbalteatus.spores.jpg

:teo_seta_direita: Links:
 
Última edição:
:teo_seta_direita: 13 - Pluteus glaucus

Esse gênero ocorre em madeira morta ou em decomposição. As espécies típicas têm carimbo rosa, lamelas livres e ausência de anel e volva, embora tenha havido inclusão no gênero de novas espécies que apresentam anel. Pluteus glaucus é uma espécie típica do gênero.

Além de Pluteus glaucus outras espécies, como Pluteus brunneidiscus, Pluteus salicinus, Pluteus cyanopus, Pluteus nigriviridis e Pluteus villosus têm psilocibina. Apresentam uma lenta reação de azulamento quando os tecidos são danificados, especialmente perto da base da haste.

Não encontrei detalhes na net sobre para Pluteus glaucus, que é a espécie psicoativa que, segundo o artigo de Guzmán, Allen e Gartz (citando Stijve, 1995; Stijve & Meijer, 1993) ocorre no Brasil. Essa falta de informações pode ser devido à espécie ser típica daqui, ao contrário das bem estudadas espécies de Pluteus da América do Norte, Europa e Ásia.

Mas encontrei dados e fotos de outra espécie ativa do gênero, Pluteus salicinus. Esta é um cogumelo com chapéu de 2 a 8 cm de diâmetro. Cor variável, marrom, marrom esverdeado, cinza e cinza amarronzado. Haste esbranquiçada de 3 a 11 cm. Lamelas esbranquiçadas a creme, ou rosadas devido aos esporos. Essa espécie não ocorre em grupos grandes. No máximo alguns exemplares juntos.

Exemplares secos de Pluteus salicinus apresentaram concentraçãoes de psilocibina e psilocina de 0.21-0.35 e 0.011-0.05%, respectivamente (Christiansen AL, Rasmussen KE, Hoiland K. (1984). Detection of psilocybin and psilocin in Norwegian species of Pluteus and Conocybe. Planta Medica 51(4): 341-34; Ohenoja E, Jokiranta J, Mäkinen T, Kaikkonen A, M. Airaksinen MM. (1987). The occurrence of psilocybin and psilocin in Finnish fungi. Journal of Natural Products 50(4): 741-744). Com essa concentração de psilocibina/psilocina são certamente menos potentes que Psilocybe cubensis, cujos exemplares secos têm por volta de 1% de princípios ativos.

Segundo Stamets, no Psilocybin Mushrooms of the World, pág. 190, citando Stijve & Meijer, 1993, Pluteus glaucus tem até 0,28% de psilocibina e 0,12% de psilocina, o que é comparável a Pluteus salicinus. Vale lembrar que apesar de Pluteus salicinus ser citado na seção de não venenosos do livro de Stamets há poucos relatos sobre o mesmo.

O problema com a coleta de Pluteus glaucus é a identificação. Segundo Putke & Wartchow, 2008, há 45 espécies de Pluteus no Brasil (Lista de espécies de Pluteaceae (Agaricales) que ocorrem no Brasil | Putzke | Biociências (On-line)). E novas espécies continuam sendo encontradas, como nesta comunicação de Menolli & Capelari, 2009 (Notes on Pluteus (Pluteaceae, Agaricales) from Brazil including two new species and a new record).

O azulamento da base pode ser um bom critério de procura, desde que o gênero seja identificado como Pluteus. No artigo de Putke & Wartchow, 2008 há uma descrição das características do gênero, em português.

Outro problema é a tendência dos cogumelos ocorrerem solitários ou em grupos pequenos, que parece típica do gênero, aliado à potência média. Pode ser pouco provável, mesmo superada a questão da identificação, conseguir coletar espécimens suficientes para uma experiência.

De qualquer forma em um trabalho de 2010 Menolli, Asai & Capelari citam que "todos os registros de Pluteus do Brasil são muito confusos e incompletos devido a descrições pobres, sinonímia, identificações incorretas, falta de material preservado e falta de descrições" (pág. 131 de https://teonanacatl.org/threads/registros-e-novas-espécies-de-pluteus-do-brasil-com-base-em-dados-morfológicos-e-moleculares.10554/).


Atenção - como mencionado no texto as imagens abaixo, que eu postei somente para dar uma idéia da aparência dos cogumelos do gênero, não são de Pluteus glaucus, mas sim de outra espécie psicoativa do grupo, Pluteus salicinus.

19951.jpg19952.jpg50130_large.jpg515887517-pluteus_salicinus_01.jpgPluteus_salicinus.jpgPluteus salicinus by by Michael W. Beug 30.jpg

:teo_seta_direita: Links:
 
Última edição:
Chegou a vez das espécies do gênero Psilocybe. Pelo número de espécies e representatividade das mesmas pode-se dizer que é o principal gênero de cogumelos psicoativos em quase todos os países.

Dentre as espécies destaca-se, é claro, a dupla Psilocybe cubensis e Psilocybe subcubensis, os mais cultivados cogumelos psicoativos do mundo.

Além do artigo base de Guzmán, Allen e Gartz, de 2000, citado na primeira mensagem do tópico há outra revisão sobre o gênero Psilocybe no Brasil, de Guzman e Cortez, 2004, já assunto de um tópico do CM: https://teonanacatl.org/threads/espécies-neurotrópicas-de-psilocybe-encontrados-no-brasil.1526/

Esta revisão mais recente menciona 21 espécies psicoativas de Psilocybe ocorrendo no Brasil, ao invés das 18 espécies psicoativas listadas no artigo de 2000.

A tabela 1 desta revisão, página 384 (segunda página do PDF que pode ser baixado no tópico do CM) mostra as espécies psicoativas marcadas com um * (asterisco). Lá estão marcadas como psicoativas 23 espécies, porém a de número 27 - Agaricus rythopilus - é uma citação de um trabalho antigo, de 1856, e é provavelmente a espécie 10 - P.cubensis, da mesma lista. A 29 - Stropharia siccipes é considerada igual a e sinônimo de outra espécie citada, a 7 - P. caeruleoannulata. A 35 - Naucoria tenax é considerada sinônimo da 11 - P. farinacea. A 39 - P. uruguayensis é considerada sinônimo também da 7 - P. caeruleoannulata. Além disso a espécie 2 - P.albofimbriata é indicada na própria lista como um nome não aceito (os nomes aceitos estão em negrito). Essa espécie é atualmente considerada sinônimo de 11 - P. farinacea.

Logo restam 18 espécies psicoativas, únicas e válidas, apesar do artigo falar em 21 espécies psicoativas.

A lista modificada deste artigo de 2004, com as espécies válidas (e nomes aceitos marcados em negrito), fica então:

1 - Psilocybe acutipilea
5 - P. blattariopsis
6 - P. brasiliensis
7 - P. caeruleoannulata = 39 - P. uruguayensis = 29 - Stropharia siccipes
8 - P. caerulescens
10 - P. cubensis = 27 - Agaricus rythopilus
11 - P. farinacea = 2 - P.albofimbriata = 35 - Naucoria tenax
12 - P. furtadoana
14 - P. hoogshagenii
18 - P. microcystidiata
20 - P. paulensis
23 - P. pericystis
25 - P. plutonia
26 - P. ramulosa
33 - P. subcubensis
34 - P. cf. subyungensis
41 - P. wrightii
42 - P. zapotecorum

Coincidentemente, após os ajustes, fica o mesmo número de 18 espécies psicoativas do gênero Psilocybe relatadas no Brasil.

A diferença em relação à lista da revisão de 2000 é a inclusão de duas espécies, P. subcubensis e P. wrightii; e para compensar essas duas inclusões a junção de P. caeruleoannulata e P. uruguayensis numa única espécie, e a exclusão de P. paupera, que consta no artigo de 2004 como não psicoativo.

Além disso há diferença no nome de uma espécie, que esta P. ramulosa na lista de 2000, e P. ramulosum na lista de 2004.

Como a lista da revisão de 2004 é mais recente, e o principal autor é o próprio Guzman, vou considerá-la no lugar da lista de 2000, exceto no detalhe do nome de P. ramulosa, que pelo que pesquisei é o correto, e que mantive.

E ainda, após ver a descrição de P. rickii em Guzman, Gaston & Vagner Gularte Cortez. A new species of Psilocybe (Agaricales, Strophariaceae) from southern Brazil. Mycotaxon 93: 95-98. 2005 - https://teonanacatl.org/threads/novo-psilocybe-psicoativo-descoberto-no-brasil.648/ - vou acrescentar essa espécie, a 19ª espécie psicoativa do gênero Psilocybe encontrada no Brasil, como o número 32 da lista.

A nova lista com modificações entre os números de 14 a 31 passa a ser:

1 - Amanita muscaria (Homrich, 1965; Stijve, 1995; Stijve & de Meijer, 1993)
2 - Claviceps paspali (Grasso, 1955)
3 - C. purpurea (Grasso, 1955)
4 - Copelandia anomala (Pollock, 1976)
5 - C. cyanescens (Singer, 1960a; Ola´h, 1969; Pollock, 1976; Stamets, 1996)
6 - Gerronema fibula (Rick, 1961)
7 - Gymnopilus spectabilis (Rick, 1961)
8 - Panaeolina foenisecii (Rick, 1961; Stijve & de Meijer, 1993)
9 - Panaeolus fimicola (Rick, 1961)
10 - P. papilionaceus (Rick, 1961; Pegler, 1997)
11 - P. sphinctrinus (Ola´h, 1969)
12 - P. subbalteatus (Olah, 1969; Stijve & Meijer, 1993; Stamets, 1996)´
13 - Pluteus glaucus (Stijve, 1995; Stijve & Meijer, 1993)
14 - Psilocybe acutipilea (Guzmán, 1983; 1995; Guzmán et al., 1984; Pegler, 1997)
15 - P. blattariopsis (Guzmán, 1983; Pegler, 1997)
16 - P. brasiliensis (Guzmán, 1983; Stamets, 1996; Pegler, 1997)
17 - P. caeruleoannulata (Guzmán, 1983; Stijve & de Meijer, 1993; Pegler, 1997)
18 - P. caerulescens (Stijve & de Meijer, 1993; Stamets, 1996)
19 - P. cubensis (Rick, 1961; Guzmán, 1983; Stijve & de Meijer, 1993; Gartz, 1996; Pegler, 1997)
20 - P. farinacea (Guzmán, 1983, 1995; Singer, 1986)
21 - P. furtadoana (Guzmán, 1983; Pegler, 1997)
22 - P. hoogshagenii (Stijve & de Meijer, 1993; Stamets, 1996)
23 - P. microcystidiata (Guzmán et al., 1984)
24 - P. paulensis (Guzmán, 1995; Guzmán et al., 1984; Pegler, 1997)
25 - P. pericystis (Singer, 1989; Guzmán, 1995)
26 - P. plutonia (Guzmán, 1983)
27 - P. ramulosa (Guzmán et al., 1984; Guzmán, 1995; Stijve & de Meijer, 1993; Pegler, 1997)
28 - P. subcubensis (rosa et al, 2003)
29 - P. cf. subyungensis (Stijve & de Meijer, 1993)
30 - P. wrightii (Guzmán and Cortez, 2004)
31 - P. zapotecorum (Guzmán, 1983; Stijve & de Meijer, 1993; Stamets, 1996)
32 - P. rickii (Guzmán & Cortez, 2005)

A bibliografia dos números 28 e 30 está, é claro, no PDF anexo em: https://teonanacatl.org/threads/espécies-neurotrópicas-de-psilocybe-encontrados-no-brasil.1526/

E a do 32 no PDF do https://teonanacatl.org/threads/novo-psilocybe-psicoativo-descoberto-no-brasil.648/

No fundo escrevi todo esse texto sobre a comparação dos dois artigos para dizer que passarei a considerar esta lista acima como base para as novas mensagens do tópico.

A lista original ficará na primeira mensagem do tópico, com um aviso.

E uma lista atualizada no final do tópico.
 
:teo_seta_direita: 14 - Psilocybe acutipilea

Pouco achei sobre esta espécie, embora ela apareça em várias listas de espécies que contêm psilocibina. Nome em desuso: Deconica acutipilea.

Chapéu com 0,7 a 1,0 cm. Globoso cônico a cônico com papila. Marrom ou amarronzado. Haste com 5 cm e 1 a 2 mm de diâmetro. Oca. Esbranquiçada a amarelada. Cobertas com fibras brancas flocosas. Possivelmente fica azulada quando danificada. Tecido (carne) da haste branco. Lamelas chocolate amarronzado com bordas brancas. Carimbo marrom amarelado.

Ocorre de forma solitária no humus de floresta subtropical. Conhecida somente da localidade tipo, Apiaí, SP, onde foi coletada no outono de 1881, no solo humoso, entre folhas caídas.

Parece ser uma espécie próxima de P.mexicana e P.caerulescens, com características intermediárias entre as duas. Suspeita de ser alucinógena por causa desse relacionamento. Pode mesmo ser sinônimo de P.mexicana (Ramírez-Cruz, Virginia; Guzmán, Gastón; Guzmán-Dávalos, Laura (2013). "Type studies of Psilocybe sensu lato (Strophariaceae, Agaricales)". Sydowia. 65: 277–319.).

O @bufoalvarius postou um trecho interessante no CM, na mensagem 5 do tópico - https://teonanacatl.org/threads/espécies-no-brasil.1777/#post-28824

"Psilocybe acutipilea é a espécie brasileira mais aparentada com P.mexicana. Provavelmente, deve produzir esclerotias se cultivado em casa. Essa espécie foi coletada no Estado de Sao Paulo no mes de novembro e ocorre associadas a afloramentos de calcario.
Foi somente coletada uma vez (1 indivíduo, se nao me engano)."

São mais ou menos as informações que achei, mas pela descrição da espécie o habitat é outro, assim como a época da colheita. Não consegui descobrir a fonte desse texto do @bufoalvarius, nem ele citou a fonte.

0226b.jpg

:teo_seta_direita: Links:
 
Última edição:
:teo_seta_direita: 16 - Psilocybe brasiliensis

Achei informações sobre esta espécie no Psilocybin mushrooms of the world: an identification guide, de Paul Stamets, e na descrição da espécie.

Chapéu tem de 1 a 3 cm, vermelho amarronzado a marrom. Marrom claro quando seco. Tecido esbranquiçado. Haste com 3,5 a 8 cm e 1 a 4 mm de diâmetro. Cor variando de esbranquiçada até da mesma cor que o chapéu. Tecido marrom avermelhado e fibroso. Lamelas amarronzadas a púrpura amarronzadas, com margens brancas. Esporos de cor violeta cinza escuro.

Ocorrência em grupos. Encontrado no solo, em áreas de gramíneas (Anonopus compressus), em uma floresta de Araucaria e Podocarpus (um gênero de pinheiro), perto de Campos do Jordão, no Parque Florestal do Estado de São Paulo, a uma altitude de 1.500m, em março. Nenhuma ocorrência fora dessa localidade foi relatada.

Incluído na lista de cogumelos psicoativos por causa da rápida reação de azulamento quando os tecidos são danificados. Mas na haste esse azulamento é fraco. Potência desconhecida. Considerado próxima de P. caerulescens.

A foto abaixo, com quatro exemplares, mas de má qualidade e em preto e branco, foi extraída do livro do Stamets. A mesma foto, com qualidade pior, pode ser vista na revisão de Gúzman, Allen & Gartz (O autor da foto é Gúzman).

Psilocybe brasiliensis2-crop.JPG0234b.jpg

:teo_seta_direita: Links:
 
:teo_seta_direita: 17 - Psilocybe caeruleoannulata

Espécie encontrada no Paraná (STIJVE & DE MEIJER, 1993; Silva, 2013), Rio Grande do Sul (Guzmán & Cortez, 2004. Silva, Cortez & Silveira, 2008; Silva, 2013) e São Paulo (Pegler, 1977). Um nome em desuso para esta espécie é Stropharia siccipes.

A tese de doutorado da Paula Santos da Silva - "Os gêneros Deconica (W. G. Sm.) P. Karst. ePsilocybe (Fr.) P. Kumm. (Agaricales) na Região Sul do Brasil: contribuição à sua filogenia com bases morfológicas, moleculares e químicas". Porto Alegre, 2013 - tem uma descrição e detalhes sobre dessa espécie.

Ocorre no solo, no interior da mata. Nessa área do Rio Grande do Sul onde a espécie foi encontrada, Parque Estadual de Itapuã, em Viamão, a mata típica não é de coníferas. Apesar de ser um bioma complexa a mata no geral parece ser tipo uma mata atlântica litorânea. Mas também foi encontrada em florestas de Araucaria, Podocarpus e às vezes em esterco. Encontrada no Brasil e no Uruguai.

Os tecidos apresentam azulamento quando danificados. Potência desconhecida.

Chapéu com 1 a 2,2 cm, variando de marrom avermelhado e marrom amarelado a cinza pálido. O centro pode ser marrom ou marrom claro. Forma convexa ou cônica, às vezes com papila. Transparente e com estrias nas margens quando úmido. Haste com 2,5 a 4,5 cm e 1 a 2 mm de diâmetro, esbranquiçada sedosa por causa de uma cobertura sobre um fundo cinza. Fica cinza quando tocado. A base da haste tem um tom cinza-verde-azulado, que diminui em direção ao alto. Lamelas marrom violeta a marrom avermelhado escuro, com bordas esbranquiçadas em cogumelos jovens. Carimbo violeta escuro. O rompimento do véu geralmente deixa um anel de resquício.

Considerada próxima de P.stuntzii e P.uruguayensis.

Há uma foto de dois exemplares da espécie em Silva, Cortez & Silveira, 2008 - anexo (824.PDF). Figura 2 C - ver abaixo. A escala branca tem 10mm.

Psilocybe caeruleoannulata 50.JPG

E essa segunda foto, abaixo, é da tese da Paula Silva (2013).

Psilocybe caeruleoannulata - Paula Santos - tese de Paula Silva.jpg

:teo_seta_direita: Links:
 

Anexos

  • 824.pdf
    1.4 MB · Visualizações: 40
:teo_seta_direita: 18 - Psilocybe caerulescens

Espécie de larga distribuição nas Américas. Pelo menos do Alabama (EUA) até o Brasil, passando por México, América Central e Venezuela. Na América do Norte ocorrem no fim da primavera e no verão.

Chapéu com 1 a 10 cm de diâmetro, porém mais freqüentemente com 3 a 7 cm. Marrom amarelado a Marrom avermelhado, com um brilho metálico azul prateado. Mais pálido na margem, que é ligeiramente translúcida e estriada quando úmida. Podem ser ou não mais claros quando jovens. Quando secos ficam com tonalidade bege ou cor de palha. Forma convexa ou de sino, às vezes com margem encurvada na borda. Raramente planos e frequentemente com um "umbigo" ou uma ligeira depressão no centro. Reação imediata de azulamento. Exemplares jovens podem ficar praticamente negros. Grande variação no formato e na cor dos chapéus.

Haste com comprimento de 2 a 13 cm (mais freqüentemente com 5 a 9 cm), e diâmetro de 5 a 12 mm. Ligeiramente mais espessa na base ou de diâmetro constante. Esbranquiçada a marrom avermelhada, ou escura. Oca. Com reação imediata de azulamento. O véu é bem desenvolvido, mas não forma um anel permanente.

Lamelas de início esbranquiçadas, acizentadas ou amarelo acinzentado. Depois ficam marrom violeta escuro ou marrom sépia. As bordas permanecem esbranquiçadas. Carimbo marrom violeta escuro.

Espécie que ocorre em grupo, raramente solitária, em campos cultivados ou alterados, desprovidos de plantas herbáceas. Cresce frequentemente em locais ensolados, em solos barrentos. No Brasil foram encontrados no Paraná, mas provavelmente ocorrem em outros estados.

Foram os cogumelos usados por Wassom com Maria Sabina, e provavelmente, junto com P. aztecorum, são os cogumelos chamados de Teonanacatl pelos aztecas. Usados até hoje por descendentes de indígenas no México.

A literatura sobre Maria Sabina menciona a ingestão de um a vários pares por pessoa em uma sessão, mas é melhor ser conservador com este cogumelo, pois, apesar do conteúdo de psilocibina/psilocina não ter sido determinado com exatidão, é uma espécie potente.

800px-Psilocybe.caerulescens.SEmushroomHunter.jpg11147.jpg11177.jpg11208.jpg

:teo_seta_direita: Links:
 

Anexos

  • Psilocybe_caerulescens_Specimen.6853.jpg
    Psilocybe_caerulescens_Specimen.6853.jpg
    20.2 KB · Visualizações: 533
Última edição:
:teo_seta_direita: 19 - Psilocybe cubensis

É difícil fazer um post sobre esta espécie, conhecida também por Maria Sabina (como San Isidro)

Juntamente com a sua espécie críptica (indistinguível a nível macroscópico), P. subcubensis, são provavelmente os mais coletados e cultivados cogumelos psicoativos do mundo. Há muito material a respeito no CM.

Para incluir uma descrição formal fiz um resumo, abaixo, entre aspas, de dados da tese de doutorado de Paula Santos da Silva "Os gêneros Deconica (W. G. Sm.) P. Karst. ePsilocybe (Fr.) P. Kumm. (Agaricales) na Região Sul do Brasil: contribuição à sua filogenia com bases morfológicas, moleculares e químicas". Porto Alegre, 2013.

"Outros nomes atribuídos para esta espécie anteriormente foram Stropharia cubensis, Naematoloma caerulescens, Stropharia subcyanescens, Stropharia caerulescens e Stropharia cyanescens.

Resumo da descrição:

Píleo chapéu) com 9-80 mm, cônico a campanulado, tornando-se convexo ou plano com a maturidade, umbonado, marrom alaranjado a branco alaranjado, azulando ao toque ou em indivíduos mais velhos, principalmente nas bordas, amarelo-acinzentado nas proximidades do umbo. Superfície lisa com escamas esbranquiçadas ou amareladas, sub-víscida; margem estriada, às vezes com remanescentes membranáceos de véu.

Lamelas próximas, adnexas a adnatas, acinzentadas a cinza-violeta na maturidade, com uma linha branca contínua nas bordas.

Estípite (haste) 35-82 × 2-13 mm, central, cilíndrico a sub-bulboso, branco a amarelo-pálido e branco-alaranjado, tornando-se azul ao toque ou injúria; estriado na porção superior e apresentando diminutas escamas abaixo do anel; fibroso; oco. Véu formando um anel bem desenvolvido; membranáceo. Contexto (tecido) branco, carnoso,
manchando-se de azul na exposição ao ar.

Odor farináceo. Esporada (carimbo) marrom-violeta.

Nota Ecuador: creio que espécimes maiores que as medidas descritas pela Paula Silva podem ser encontrados, principalmente em regiões quentes e de umidade elevada. Há relatos de coleta de exemplares bem grandes pelo fórum.
Aspectos ecológicos: Solitários a gregários, em esterco de herbívoros, em campos, pastagens e gramados, ou borda de floresta subtropical.

Distribuição: Cosmopolita (Guzmán 1983).

Comentários: Psilocybe cubensis é reconhecido pelo hábito coprófilo, basidioma de tamanho médio a robusto, anel bem desenvolvido, e forte reação no basidioma, manchando-se de azul facilmente ao toque. É, provavelmente, o mais conhecido cogumelo alucinógeno, sendo amplamente utilizado como droga recreacional em todo o mundo. No sul do Brasil foi previamente registrado por Singer (1953), Stijve & Meijer (1993), Cortez & Coelho (2004) e Silva et al.(2006, 2008) - Nota Ecuador: e é claro, por muitos coletores amadores por em boa parte do território nacional."

Ocorrem em esterco, seja bovino, de cavalo ou mesmo de outras espécies de mamíferos herbívoros, em praticamente todo o Brasil, em época quente e chuvosa. Detalhes sobre época de ocorrência por região podem ser pesquisados pelo fórum.

:teo_seta_direita: Temos um guia de caçada em:
Entre os muitos tópicos, com fotos de cogumelos encontrados por aqui, que podem ser consultados no CM estão:

As fotos abaixo são da tese de Paula Silva (Os gêneros Deconica (W.G.Sm.) P.Karst.e Psilocybe (Fr.)P. Kumm. (Agaricales) na região Sul do Brasil):

Psilocybe cubensis - Mateus Reck  - tese de Paula Silva.jpgPsilocybe cubensis - tese de Paula Silva.jpg

Um mapa de distribuição de P.cubensis no mundo (by Wikipedia) pode ser vista em um dos links abaixo. Entretanto a distribuição da espécie provavelmente é bem mais ampla.

aupload.wikimedia.org_wikipedia_commons_0_0b_Psilocybe_cubensis_range_map.png

:teo_seta_direita: Links:

Informações úteis também no tópico Identificações confirmadas de Psilocybe cubensis e P.subcubensis
 
Última edição:
:teo_seta_direita: 20 - Psilocybe farinacea

Espécie com pouca ou nenhuma informação na net.

Foi coletada no Rio grande do Sul conforme Guzmán & Cortez, 2004 (ver artigo da primeira mensagem) . P. albofimbriata é considerado sinônimo. Nomes em desuso são Naucoria albofimbriata e Naucoria tenax.

Inicialmente, antes dos dados de Silva, 2013 (ver abaixo), só achei basicamente a descrição da mesma:

Chapéu de 2 a 4 cm, chegando a 8 cm em alguns casos, de cor marrom, marrom avermelhado ou cor de palha. Convexo ou quase em forma de sino. Suavemente e ligeiramente estriado na margem. Haste com 3,5 a 6,5 cm, podendo chegar a 8 cm, cilíndrica. Cor esbranquiçada a amarronzada. Resquícios do véu, que variam de branco a violeta, permanecem na haste. Tecido branco. Diâmetro de 3 a 8 mm, oca. Lamelas marrom violeta ou marrom chocolate. Esporos marrons.

Apresenta reação de azulamento quando os tecidos são danificado, pelo menos os da haste. Conhecido somente da localidade tipo, São Leopoldo - RS.

Ocorre em grupos no solo.

Odor descrito como "farináceo", termo também usado para o odor de outras espécies de fungos neurotrópicos, como o próprio P.cubensis.

Citado como uma espécie próxima a P.caerulescens. E talvez seja sinônimo de P.wrightii, espécie que será discutida em uma mensagem posterior.

Paula Santos da Silva em sua tese de doutorado "Os gêneros Deconica (W. G. Sm.) P. Karst. ePsilocybe (Fr.) P. Kumm. (Agaricales) na Região Sul do Brasil: contribuição à sua filogenia com bases morfológicas, moleculares e químicas". Porto Alegre, 2013, escreveu sobre esta espécie, entre outras informações (abaixo, entre aspas):

"Píleo 20-40 (80) mm de diâmetro, convexo a sub-campanulado, marrom a marrom-avermelhado; liso a levemente estriado na margem, sub-víscido a seco. Lamelas próximas, adnatas ou sinuadas, marrom-violáceas ou marrom-chocolate, com a margem branca ou não diferenciada.

Estípite 35-65 × 3-8 cm, central, cilíndrico, uniforme a sub-bulboso, esbranquiçado a marrom, azulando ao toque ou injúria; liso ou apresentando fibrilas flocosas no ápice; oco. Véu aracnóide, branco a violáceo, mas não formando um anel no estípite. Contexto branco, azulando quando cortado. Odor farináceo.

Aspectos ecológicos: Gregários, no solo, em região subtropical.

Distribuição: Conhecido somente para a localidade tipo (Guzmán 1978).

Comentários: Psilocybe farinacea se caracteriza pela ausência de anel e basidiósporos sub-rombóides. Esta espécie é similar a P. caerulescens. Devido ao odor e sabor farináceos, esta espécie provavelmente corresponde a um fungo psicotrópico, porém nenhuma coleção foi recoletada para ratificar esta hipótese."

A foto dos exemplares secos abaixo é da tese de Silva (2013).

Psilocybe farinacea - tese de Paula Silva.jpg

:teo_seta_direita: Links:
 
Última edição por um moderador:
:teo_seta_direita: 21 - Psilocybe furtadoana

Outra espécie com pouca ou nenhuma informação na net.

Só achei basicamente a descrição da mesma:

Chapéu com cerca de 1,5 cm. A cor varia entre marrom avermelhada escura, ocre e cor de palha. Transparente e com estrias quando úmido. Tecido branco. Forma semelhante a sino, com tendência a ter papila. Haste fina (1mm de diâmetro), cilíndrica, com cerca de 3,5 cm, marrom avermelhada com tendência a ser mais escura em direção à base, oca. Coberta com fibras flocosas brancas remanescentes do véu. Véu branco. Tecido amarronzado e fibroso. Lamelas marrom violeta escuro, com bordas esbranquiçadas. Esporos marrom-amarelados.

Gosto e odor farináceo. Ligeira reação de azulamento quando a haste é danificada.

Espécie conhecida apenas de exemplares coletados na localidade tipo, Campos do Jordão, SP. Ocorre no solo, exemplares solitários, em florestas de Araucaria e Podocarpus (tipo de pinheiro).

Espécie próxima de P.brasiliensis.

:teo_seta_direita: Links:
 
Back
Top