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Espécies de fungos neurotrópicos no Brasil

:teo_seta_direita: 22- Psilocybe hoogshagenii var hoogshagenii

Stamets, em Psilocybin Mushrooms of the World, diz que este nome é sinônimo de P. caerulipes, P. zapotecorum e P. semperviva. Entretanto aqui não o considero como sinônimo de P. zapotecorum. Segundo os artigos de Guzmán P. zapotecorum é uma espécie diferente. P. caerulipes também não é mais aceito como sinônimo de P. hoogshagenii por alguns autores.

Píleo 4 -35 mm de diâmetro, cônico a sub-umbonado ou campanulado, com uma papila aguda, marrom-avermelhado a marrom-escuro; superfície lisa, seca. Lamelas próximas a moderadamente distantes, adnatas, amarelo-esverdeadas a marrons e marrom-escuras com as bordas brancas. Carimbo marrom púrpura escuro.

Estípite 20-120 × 1-3 mm, central, cilíndrico; marrom-avermelhado a marrom-claro, manchando-se de azul; superfície fibrilosa, estriada; às vezes tornando-se oco. Véu aracnóide em indivíduos jovens, entre a margem do píleo e o estípite, logo desaparecendo. Contexto esbranquiçado, com reação de azulamento. Odor farináceo.

Aspectos ecológicos: Solitários a gregários, em solo, em florestas subtropicais. Psilocybe hoogshagenii é relatado em outros países como ocorrendo em cafezais, mas não está claro se isso se aplica aos que ocorrem no Brasil.

É moderadamente ativo. Especimens do Brasil, segundo Stijve & de Meijer, 1993, têm em média 0,3% de psilocina e 0,3% de psilocibina (aproximadamente a metade da potência de P.cubensis). Heim & Hofmann, 1958, segundo Stamets, 1996, relataram potência parecida: 0,105% de psilocina e 0,60% de psilocibina. Há uma variedade mexicana que pode ser mais potente (var. convexa - que foi encontrada posteriormente no Brasil por Silva, 2013 - ver mensagem a respeito mais adiante no tópico).

Segundo Silva, 2013, a distribuição do Psilocybe hoogshagenii var hoogshagenii é América do Norte (Wasson 1957) e América do Sul – Argentina (Guzmán 1983), Brasil (Stijve & Meijer 1993) e Colômbia (Stamets 1996).

Há relatos de cultivos, mas pelas fotos que vi os cultivados ficam algo diferentes dos coletados.

As fotos abaixo não são de exemplares encontrados no Brasil. A variedade daqui pode ser bem semelhante, ou não. No livro do Stamets há mais uma foto de alguns exemplares, inclusive de alguns bem mais maduros do que os abaixo, com o chapéu quase totalmente aberto.

Psilocybe_hoogshagenii.11701.jpgsuesses Paar Gross-klein.jpg

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:teo_seta_direita: 23 - Psilocybe microcystidiata

Mais uma espécie com pouca ou nenhuma informação na net.

Só achei basicamente a descrição da mesma:

Chapéu com 0,7 a 1 cm. Marrom avermelhado ou mais escuro. Haste fina, entre 2,5 e 3 cm, de cor marrom a marrom avermelhada. Lamelas Marrom violeta. Carimbo marrom.

Ocorre em grupos no solo. Conhecida somente da localidade tipo, Pouso Alegre, MG.

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:teo_seta_direita: 24 - Psilocybe paulensis

É sinônimo de Psilocybe banderillensis subsp. paulensis Guzmán & Bononi

Descrição:

Chapéu com 0,5 a 1,2 cm. Marrom chocolate a Marrom avermelhado, ou mais escuro. Haste com 2 a 5 cm. Marrom avermelhada. Lamelas violeta escuro pálido. Carimbo marrom

Encontrado em grupos, no solo descoberto, em uma floresta subtropical (ou mesofítica), em Cananéia, SP. Coletado em novembro.

A espécie Psilocybe banderillensis foi descrita no México, e faz parte de um complexo deespécies inter-relacionadas.


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:teo_seta_direita: 26 - Psilocybe plutonia

Sinônimo de Agaricus plutonius. O nome plutonia/plutonius pode ter sido dado devido à aparência escura dos cogumelos.

Chapéu com 0,5 a 2,5 cm de diâmetro. Marrom avermelhado, Marrom amarelado ou cor de argila. Tem fibras brancas que diminuem com a maturação do cogumelo. O tecido é fino e marrom. Haste com 1,8 a a 5 cm, ligeiramente alargada na base. 0,5 a 1,5 mm de diâmetro e oca. Marrom escura a marrom avermelhada. Lamelas marrom claro a marrom escuro. Mais escuras nos cogumelos maduros. Carimbo marrom púrpura.

Cresce solitário ou em grupos, de junho a fevereiro, em madeira em decomposição ou no solo com madeira em decomposição, em florestas tropicais do Brasil (coletado no Amazonas), Ecuador, Venezuela, Colômbia e Cuba (onde a espécie foi identificada pela primeira vez). Porém foi encontrado recentemente na Carolina do Norte (EUA). Prefere altitudes perto do nível do mar, ou elevações baixas. Apesar da ampla distribuição não é coletado com frequência.

Acredita-se que tenha psilocina e psilocibina. Potência não determinada.

Encontrei uma foto de exemplares americanos e outras de cogumelos coletados no Ecuador.

RLC130.Psilocybe.8+1205082264.JPGRLC130.Psilocybe.12+1205082334.JPGPsilocybe_plutonia_North_Carolina.jpg

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:teo_seta_direita: 27 - Psilocybe ramulosa

Não está claro se está espécie é uma variedade de P.zapotecorum (var. ramulosum).

Chapéu com 2 a 8 cm. Marrom chocolate com alguns tons de marrom violeta a cor de palha. Haste com 4 a 14 cm e 5 a 10 mm de diâmetro. Uniforme ou ligeiramente mais larga na base. Com reação muito lenta de azulamento quando os tecidos são danificados. Lamelas marrom violeta. Carimbo Marrom violeta escuro.

Ocorrência em grupos. Coletado no mês de novembro em Cananéia, SP, em solo argiloso descoberto da floresta subtropical.

A semelhança com P.zapotecorum é tão grande que autores como Guzmán preferiram de início considerá-la uma variedade do mesmo até que mais estudos sejam realizados, apesar de alguns detalhes indicarem que é uma espécie nova. As fotos de P.zapotecorum podem ser então um bom guia na busca por P.ramulosa.

Potência desconhecida, mas se for semelhante a P.zapotecorum é bem potente (um pouco mais do que P.cubensis), embora com muito mais psilocina do que psilocibina, o que é uma desvantagem para a secagem, já que a psilocina tem mais tendência a se degradar na mesma que a psilocibina.

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:teo_seta_direita: 28 - Psilocybe subcubensis

Para esta espécie vale geralmente o que foi escrito para P. cubensis, já que é uma espécie indistínguível a nível macroscópico do mesmo.

No entanto P. subscubensis é predominante em climas tropicais, enquanto P. cubensis predomina em climas subtropicais e temperados. Isso não quer dizer, entretanto, que haja uma área rígida de ocorrência de um e outro.

Não há relatos de diferenças de potência entre uma e outra espécie.

Pelo menos uma das raças populares cultivadas, a Ecuador, foi identificada com sendo P. subcubensis (conforme John Allen).

Informações úteis também no tópico Identificações confirmadas de Psilocybe cubensis e P.subcubensis
 
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:teo_seta_direita: 29 - Psilocybe subyungensis

Poucas informações.

Chapéu com cerca de 1 cm, marrom ou marrom avermelhado. Com o envelhecimento fica amarelado. Apresenta azulamento quando danificado, às vezes ficando quase preto. Haste com cerca de 3,5 cm e 1 mm de diâmetro. Marrom avermelhada tendendo a ser mais escura na base. Pode ter fibras brancas, principalmente perto da base. Também apresenta azulamento dos tecidos. Lamelas marrom violeta. Carimbo marrom amarelado.

Ocorre em grupos em madeira bem apodrecida, no interior da floresta tropical. Descrito por Guzmán na Venezuela e coletado no Brasil no estado do Paraná.

Considerado próximo das espécies Psilocybe yungensis e Psilocybe fuliginosa.

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:teo_seta_direita: 30 - Psilocybe wrightii

Espécie cuja primeira coleta no Brasil foi relatada por Guzmán & Cortez na revisão de 2004 (podem ser vistos desenhos da espécie nessa revisão). Foi encontrado em maio no Rio Grande do Sul, em Santa Maria, numa área de floresta subtropical. Anteriormente tinha sido coletado somente na região de Tucumán, na Argentina, também em floresta subtropical. Essa espécie pode ser próxima de P.caerulescens e P.heliconiae (esta última da Colômbia). Pode ser sinônimo de P.farinacea. Encontrado também em outros locais no RS, como o Parque de Itapuã, em Viamão (Silva, Cortez & Silveira, 2008; Silva, 2008). Deve ser relativamente comum no estado.

Chapéu com 2,2 a 6,5 cm. Cor variando de marrom amarelado, mais escuro no centro, a marrom avermelhado. Alguns são cor de palha. Haste com 4,7 a 9,5 cm e 3 a 9 mm de diâmetro. Esbranquiçada a Marrom avermelhada, ou mesmo mais escura. Lamelas marrom acinzentadas ou marrom amareladas a marrom avermelhadas violeta escuro. Carimbo violeta negro.

Na descrição de Guzmán da espécie, de 1978 (com os exemplares coletados na Argentina em 1971) é mencionado que ocorrem em grupos, em solo com gramíneas, na borda da floresta subtropical. A coleta foi em fevereiro. No Rio Grande do Sul foi encontrado no solo úmido, com gramíneas, também na borda da floresta subtropical ou mata ciliar (que acompanha rios e córregos), incluindo-se as margens de riachos e córregos. Tanto em como Viamão e Santa Maria foram coletados em maio.

Apresenta azulamento dos tecidos quando danificados. Pode apresentar coloração azulada ou esverdeada mesmo quando aparentemente intactos, antes de serem coletados.

Rossato (Avaliação quimiotaxonômica de cogumelos da espécie Psilocybe wrightii, 2009), encontrou 1,06% (10,6mg/g) de psilocibina e 5,32% (53,2mg/g) de psilocina, em cogumelos secos. Se esses valores forem confirmados por outros estudos é uma espécie muito potente, e deve ser tratada com cuidado se coletada. Rossato estima que um único cogumelo já representa uma dose capaz de provocar efeitos. A fotos dos exemplares abaixo retirei do artigo anexo (recomendo), onde podem ser vistos também alguns desenhos.

p wrightii 85.JPG

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Anexos

  • Psilocybe wrightii - 000672227.pdf
    1.5 MB · Visualizações: 34
:teo_seta_direita: 31 - Psilocybe zapotecorum

Esta espécie ocorre no sul do México e em áreas com clima subtropical na América do Sul, incluindo Colombia, Peru, Argentina e Brasil. O nome vem dos zapotecas, povo indígena do México, onde é usado em rituais xamânicos até hoje.

Chapéu com 2 a 13 cm, às vezes assimétrico ou irregular. Em exemplares maduros frequentemente com uma depressão no centro e um "umbigo" nesta depressão. Dificilmente fica plano quando maduro. mas pode apresenta grande variação na forma do chapéu. Cor marrom amarelado, marrom avermelhado ou marrom em exemplares jovens, tendendo a marrom e amarelo em cogumelos maduros. Espécimens velhos podem se apresentar escurecidos. Haste com 3 a 26 cm, e 0,5 a 1 cm de diâmetro. Apresenta escamas esbranquiçadas a azuladas-esverdeadas. Cor branca, cinza, amarelada ou azulada. Pode se apresentar escurecida em exemplares velhos. Lamelas creme quando jovens e marrom violeta quando maduros. Carimbo marrom violeta escuro. O chapéu e a haste apresentam azulamento marcante quando danificados, embora às vezes lento. Podem apresentar azulamento mesmo antes da coleta, aparentemente intactos.

Crescem solitários ou em grupos em solo com restos de madeiras, folhas, lamacento ou ricos em húmus. Ocorrem em plantações de café ou florestas decíduas (floresta de climas com estações definidas e onde geralmente as árvores que perdem as folhas no outono). No Brasil foi coletada pelo em São Paulo, por Pegler, 1997, e em Cananéia (em novembro), por Guzman, 2004; Rio Grande do Sul (em São Francisco de Paula, por Silva, 2008), no Paraná (Stijve & de Meijer, 1993), em florestas subtropicais, e no Mato Grosso do Sul, no Rio Negro, Pantanal do Rio Negro, às margens de lagoa (Bononi & outros, 2008).

A variedade encontrada no Brasil foi denominada
ramulosum por Guzmán.

É uma espécie potente, com exemplares brasileiros apresentando cerca de 0,30% de psilocibina e 1,00% de psilocina, segundo Stijve & de Meijer (1993). Os princípios ativos podem não resistir bem ao processo de secagem.

800px-Psilocybe.zapotecorum.6.jpg800px-Psilocybe.zapotecorum.7.jpg800px-Psilocybe.zapotecorum.9.jpg15253.jpg15255.jpg

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:teo_seta_direita: 32 - Psilocybe rickii

Sobre essa espécie só localizei as informações do artigo de 2005 de Guzmán & Cortez, relatando a descoberta da mesma.

A descrição foi feita a partir de exemplares secos, coletados em 1908 por Johannes Rick. Chapéu com cerca de 3,8 cm. Marrom claro. Haste com 5 cm e 4 mm de diâmetro. Marrom avermelhada. Lamelas marrons. Carimbo marrom amarelado.

Coletado em solo arenoso, provavelmente solitário, em São Leopoldo, RS. Conhecido até agora somente pelos exemplares coletados por Rick.

Com base em características dos espécimens examinados Guzmán e Cortez consideram a espécie provavelmente alucinógena, com azulamento dos tecidos danificados também provável. Considerado relacionado a uma espécie colombiana, Psilocybe guatapensis.

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:teo_seta_direita: 33 - Amanita pantherina

Esta espécie é citada no artigo de Menolli, Asai & Capelari, de 2009, sobre Amanita coacta, que também tem uma chave para as espécies de Amanita encontrados no Brasil.

A variedade de A. pantherina encontrada no Brasil é multisquamosa , coletada por Giachini et al. em Santa Catarina, no outono, associada a uma espécie de pinheiro, Pinus taeda (Giachini AJ, Oliveira VR, Castellano MA, Trappe JM. 2000. Ectomycorrhizal fungi in Eucalyptus and Pinus plantations in southern Brazil. Mycologia 92: 1166-1177; Giachini AJ, Souza LAB, Oliveira VL. 2004. Species richness and seasonal abundance of ectomycorrhizal fungi in plantations of Eucalyptus dunnii and Pinus taeda in southern Brazil. Mycorrhiza 14:375-381). O artigo de 2004 está anexo.

Essa variedade é incluída entre as psicoativas por Guzmán, Allen & Gartz na revisão de 2000 - A Worldwide Geographical Distribution of the Neurotropic Fungi, an Analysis and Discussion - mas a revisão não aponta a ocorrência dela aqui. Mas os dados de Giachini et al. com o relato da espécie no Brasil são de 2009, e a revisão foi escrita em 1998 e publicada em 2000.

Já temos uma boa descrição de A.pantherina aqui no CM, cortesia do corcelll - https://teonanacatl.org/threads/tod...-de-acordo-com-mushexp.2714/page-3#post-45974 . Há outras referências à espécie aqui CM, a maioria advertindo que é tóxica. E pelo que li em alguns links ela é realmente responsável por várias intoxicações em humanos. Ao que parece é preciso um preparo correto, que não conheço, para que a mesma possa ser usada com alguma segurança.

amanita-pantherina1.jpgamanita-pantherina2.jpgamanita-pantherina3.jpgamanita-pantherina4.jpgamanita-pantherina5.jpgamanita-pantherina6.jpg

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Anexos

  • giachini et al 2004.pdf
    186.7 KB · Visualizações: 16
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:teo_seta_direita: 34 - Psilocybe subbrunneocystidiata

Espécie descrita por Silva e outros em 2007 (SILVA, Paula Santos da ; GUZMAN, G. ; CORTEZ, Vagner Gularte ; RAMIREZ-GUILLEN, F. ; SILVEIRA, Rosa Mara Borges da . Psilocybe subbrunneocystidiata (Strophariaceae, Agaricales): new species from southern Brazil. Mycotaxon, v. 102, p. 203-207, 2007.).

A espécie foi classificada na Sect. Brunneocystidiatae (Sect. é seção, uma classificação taxonômica intermediária entre gênero e espécie). Todos os membros dessa seção são tropicais e neurotrópicos.

O material examinado foi coletado no Parque Estadual de Itapuã, Viamão, Rio Grande do Sul, em maio de 2004, no solo. Encontrado sobre madeira no interior de Floresta subtropical, sendo reconhecidos pelos basidiomas de tamanho reduzido, com píleo (chapéu) de até 10 mm de diâmetro, coloração marrom-escura, com tons azulados no estípite, esta sendo uma importante característica dentro do gênero Psilocybe.

Microscopicamente, caracteriza-se pelo tamanho dos basidiósporos, presença de pleurocistídios dimórficos e dotados de conteúdo marrom claro. Por suas características macro e microscópicas peculiares, foi proposta como uma nova espécie.

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Grato ao @gltdn por apontar a existência da espécie, que havia escapado dos levantamentos anteriores.
 

Anexos

  • 923-4023-2-PB.pdf
    1.4 MB · Visualizações: 28
  • 2007 SILVA et al. - Psilocybe subbrunneocystidiata sp. nov. from Brazil.pdf
    331.6 KB · Visualizações: 4
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:teo_seta_direita: 35 - Psilocybe araucariicola P.S. Silva & Ram.-Cruz, sp. nov.


Espécie nova proposta e descrita por Paula Santos da Silva em sua tese de doutorado "Os gêneros Deconica (W. G. Sm.) P. Karst. e Psilocybe (Fr.) P. Kumm. (Agaricales) na Região Sul do Brasil: contribuição à sua filogenia com bases morfológicas, moleculares e químicas". Porto Alegre, 2013.

Segue resumo da descrição e dados de Silva, entre aspas:

"Píleo 10-19 mm de diâmetro, plano-convexo, umbonado, marrom, pálido nas proximidades das margens, levemente azulando nas bordas; superfície lisa, úmida a sub-víscida, translúcido-estriada, higrófana; margem mais ou menos crenada.

Lamelas próximas, adnexas a sinuadas, estreitas, marrom a marrom-escuras, com manchas azuladas em alguns indivíduos, bordas esbranquiçadas.

Estípite (22) 25-30 × 1,5-2 mm, central, cilíndrico, marrom-escuro; ligeiramente estriado, úmido, coberto por fibrilas brancas; fibroso; oco. Véu ausente. Contexto fino, da mesma coloração do píleo, não mudando de cor na exposição ao ar. Odor não distinto.

Aspectos ecológicos: Solitários a gregários, em madeira em decomposição (encontrada em Araucaria augustifolia em decomposição), em floresta subtropical.

Distribuição: Conhecido somente para a localidade tipo. Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul, São Francisco de Paula.

Comentários: Espécie caracterizada pelo hábito lignícola, basidioma de coloração marrom, e ausência de anel. Essa espécie é proposta como nova para a ciência neste trabalho (...). Como apresenta alguns leves tons azulados no chapéu e lamelas de alguns indivíduos é possível que esta espécie tenha psilocina/psilocibina e seja neurotrópica."

Novos dados são necessários para confirmar a presença ou não de psilocina ou psilocibina, e em que quantidade, na espécie.

As duas fotos abaixo foram retiradas da tese da Paula Silva.

Psilocybe araucariicola - P.S.Silva - tese de Paula Silva.jpg Psilocybe araucariicola - tese de Paula Silva.jpg
 
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:teo_seta_direita: 36 - Psilocybe hoogshagenii var. convexa

Também conhecida como Psilocybe sempervivae.

Píleo com 12 mm, convexo, umbonado, castanho, manchando-se de azul em algumas partes. Lamelas adnatas, castanhas, tornando-se azuladas quando quebradas. Esporada marrom-clara.

Estípite 45 × 2 mm, central, cilíndrico; superfície lisa. Véu ausente.

Aspectos ecológicos: Solitário, em solo, em florestas subtropicais.

Psilocybe hoogshagenii
é relatado em outros países como ocorrendo em cafezais, mas não está claro se isso se aplica aos que ocorrem no Brasil.

Distribuição: América do Norte (Heim & Cailleux 1958) e agora RS - Brasil, conforme Silva, 2013

Comentários: O píleo não papilado separa essa variedade da variedade tipo Psilocybe hoogshagenii var. hoogshagenii. A partir da descrição macroscópica original do coletor (A. Batista), o píleo apresenta forma convexa, umbonado e não papilado. Todas as características microscópicas concordam com as descritas para a variedade tipo (Guzmán 1983). Psilocybe hoogshagenii var. convexa é registrada pela primeira vez para o Brasil por Silva, 2013. Ilustrações da mesma podem ser vistas no apêndice cinco da tese de Silva - "Os gêneros Deconica (W. G. Sm.) P. Karst. ePsilocybe (Fr.) P. Kumm. (Agaricales) na Região Sul do Brasil: contribuição à sua filogenia com bases morfológicas, moleculares e químicas". Porto Alegre, 2013.
 
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:teo_seta_direita: 37 - Pluteus albostipitatus

E voltamos ao gênero Pluteus.

No artigo de Menolli, Asai & Capelari citado em https://teonanacatl.org/threads/espécies-de-fungos-neurotrópicos-no-brasil.4606/#post-67881 (Registros e novas espécies de Pluteus do Brasil com base em dados morfológicos e moleculares) há uma lista de espécies do gênero Pluteus que ocorrem no Brasil. Revisando a lista achei a espécie Pluteus albostipitatus (= Pluteus spilopus var. albostipitatus). E Menolli e colaboradores nem mesmo foram os primeiros a coletar a espécie no Brasil, visto que Stijve and Meijer já teriam coletado a mesma em 1993.

No gênero Pluteus a presença de psilocibina em P. salicinus foi demonstrada usando exemplares de coleções da América do Norte (Saupe 1981) e Europa (Stijve & Bonnard 1986), e está correlacionada com a cor azul ou azul-esverdeada nos basidiocarpos - Ver Justo e colaboradores - pág. 17 de http://www.clarku.edu/faculty/dhibbett/reprints pdfs/phylogeny_pluteaceae.pdf. Vale lembrar que apesar de Pluteus salicinus ser citado na seção de não venenosos do livro de Stamets há poucos relatos sobre a comestibilidade ou ingestão do mesmo e outras espécies do gênero.

A ocorrência do mesmo traço em outras espécies próximas do gênero está certamente correlacionada à presença de psilocibina. E essa coloração azulada foi também demonstrada para P. albostipitatus var. poliobasis e P. glaucotinctus.

A descrição de Menolli e colaboradores para Pluteus albostipitatus é: Chapéu com 34 a 37 mm de diâmetro, ligeiramente a marcadamente umbonado (quer dizer, com uma projeção no centro do chapéu), marrom claro a marrom acinzentado, e mais escuro, com tons de café, no centro. Coberto por fibras dispostas de forma radial, menos marcadas na borda que no centro. Dá a impressão de ser coberto por um pó fino no centro. Margens sulcadas ou estriadas. Lamelas livres, brancas a rosadas. Haste medindo entre 35 e 54 mm, com 4 mm de diâmetro na base e 2 mm de diâmetro perto do chapéu. Cor branco pálido creme, um pouco acinzentado a prata na base. Ligeiramente estriado longitudinalmente estriado, com escasso micélio basal. Odor, sabor e cor da tecido não anotados. Encontrado solitário, no solo.

O exemplar examinado por Menolli e colaboradores no artigo de 2010, e base da descrição, foi coletado no Parque Estadual da Cantareira, Núcleo Engordador, em abril de 2007, no estado de São Paulo. No Brasil, esta espécie já foi também coletada no Paraná (Stijve and Meijer 1993 as
P. cf. albostipitatus; Meijer 2001, 2006) e Rio Grande do Sul (Wartchow et al. 2006), além de outra coleta em São Paulo (Pegler 1997).

Já foi coletada também em outros lugares da América do Sul, como na Argentina (Singer 1956, 1958, Horak 1964), Bolivia (Singer 1958), Martinica (Pegler 1983), Ilhas Galápagos (Reid et al. 1981) e Guiana Grancesa (Courtecuisse 1991).

Segundo Justo e colaboradores, 2011, exemplares de Pluteus albostipitatus ocorrem também na República Democrática do Congo, e os dados moleculares indicam grandes semelhança com exemplares coletados no Brasil. o que sugere um meio de dispersão de longa distância, ligado ou a não à ação humana.

Wartchow et al. (2006) descreveram exemplares com chapéus maiores (50 a 55 mm de diâmetro). E há exemplares mexicanos atribuídos à mesma espécie mas com traços diferentes, como haste cinza perolada. Menolli menciona provável variação nas características macroscópicas da espécie conforme o local de coleta, e possível variação grande nas características microscópicas dos exemplares.

É considerado próximo a uma espécie descrita na Amazônia, Pluteus melanopotamicus, que pode mesmo ser um sinônimo. De qualquer forma a taxonomia da espécie Pluteus albostipitatus parece indefinida.

Não encontrei dados da concentração de psilocina e psilocibina, mas se for parecida com a de Pluteus salicinus são menos potentes que Psilocybe cubensis.

A única suposta imagem da espécie que consegui recuperar (de um tópico do Shroomery - Pluteus albostipitatus group.) está anexa.

Links:
- http://www.clarku.edu/faculty/dhibbett/reprints pdfs/phylogeny_pluteaceae.pdf
 

Anexos

  • 14288838957_b194320d24_b.jpg
    14288838957_b194320d24_b.jpg
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:teo_seta_direita: 38 - Pluteus glaucotinctus

Continuando no gênero Pluteus, a espécie acima é citada por Justo e colaboradores como ocorrendo no Brasil, e também como apresentando reação de azulamento - Ver discussão acima, no item 37 - Pluteus albostipitatus.

Encontrei poucas referências à ocorrência da espécie no Brasil, como a tese "O gênero Pluteus no Brasil: revisão taxonômica e contribuição à filogenia molecular - de Nelson Menolli Junior -- São Paulo, 2013" - na qual há a referência de dois artigos de Justo e outros, de 2011. E um resumo de Raphael de Lima Dias na 6ª Siepe - 2014 - Universidade Federal do Paraná, abaixo:

"0165

Título
ESPÉCIES DE PLUTEUS FR. (BASIDIOMYCOTA) NO PARQUE ESTADUAL DE SÃO CAMILO, PALOTINA, PR

Aluno: Raphael de Lima Dias - PIBIC-AF/CNPq - Curso de Ciências Biológicas - Gestão Ambiental - Palotina (MT) - Orientador: Vagner Gularte Cortez - Departamento de Ciências Biológicas - Área de conhecimento: 21201030 - Palavras-chave: pluteaceae; micobiota; taxonomia.

O Paraná possui uma micobiota relativamente bem estudada, possuindo mais de 1700 fungos registrados, porém a maior parte das ocorrências se limita a áreas de Floresta Ombrófila Mista e Densa. O presente estudo tem como objetivo contribuir ao conhecimento da micobiota do oeste do Paraná, em particular do gênero Pluteus Fr. Os fungos deste gênero se caracterizam por possuir basidiomas pluteoides, lamelas livres com coloração rosada, basidiósporos lisos, trama da lamela inversa e ausência de véu universal. Pluteus é o maior gênero da família Pluteaceae Kotl. & Pouzar, com cerca de 300 espécies, das quais 34 são conhecidas no Paraná. O local de estudo foi o Parque Estadual de São Camilo (PESC), uma unidade de conservação localizada no município de Palotina situada entre as coordenadas 24°18'00" - 24°19'30 S e 53°53'30" - 53°55'30" W. O PESC compreende um remanescente de Floresta Estacional Semidecidual inserido no domínio de Mata Atlântica e possui uma área de 387,30 hectares. O material estudado foi obtido a partir de coletas realizadas aproximadamente quinzenalmente no período de agosto de 2013 a fevereiro de 2014. Também foram analisadas exsicatas previamente coletadas nos anos de 2010, 2011 e 2012. Foram analisadas as características macroscópicas (características do píleo, do estipe, das lamelas, véu), e também as características microscópicas (basidiósporos, cistídios, basídios, hifas) de acordo com técnicas padronizadas para este grupo de fungos. Foram coletados 64 espécimes pertencentes ao gênero Pluteus. Todo o material coletado e identificado foi preservado no Herbário da Universidade Federal do Paraná, Campus Palotina (HCP). Até o momento, as seguintes espécies foram identificadas: Pluteus albostipitatus (Dennis) Singer,P. argentinensis Singer, P. cervinus (Schaeff.) P. Kumm, P. dominicanus var. hyalinus Menolli & Capelari, P. glaucotinctus E. Horak, P. globiger Singer e P. xylophilus (Speg.) Singer. São apresentadas descrições morfológicas detalhadas de todas as espécies identificadas. Pluteus dominicanus var. hyalinus, conhecida somente no estado de São Paulo, tem sua distribuição estendida para o estado do Paraná."



Links:
- http://www.cinfop.ufpr.br/cd_siepe_14/evinci/0165.html
- http://www.biodiversidade.pgibt.ibot.sp.gov.br/web/teses/2013/pdf/nelson_menolli_junior_dr.pdf
- http://eurekamag.com/research/005/981/005981665.php
 
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A nova lista de fungos neurotrópicos encontrados no Brasil, sujeita a atualizações quando necessário, é, então:

1 - Amanita muscaria (Homrich, 1965; Stijve, 1995; Stijve & de Meijer, 1993)
2 - Claviceps paspali (Grasso, 1955)
3 - Claviceps purpurea (Grasso, 1955)
4 - Copelandia anomala (Pollock, 1976) ou Panaeolus cyanescens
5 - Copelandia cyanescens (Singer, 1960a; Ola´h, 1969; Pollock, 1976; Stamets, 1996) ou Panaeolus cyanescens
6 - Gerronema fibula (Rick, 1961)
7 - Gymnopilus spectabilis (Rick, 1961)
8 - Panaeolina foenisecii (Rick, 1961; Stijve & de Meijer, 1993)
9 - Panaeolus fimicola (Rick, 1961)
10 - Panaeolus papilionaceus (Rick, 1961; Pegler, 1997)
11 - Panaeolus sphinctrinus (Ola´h, 1969)
12 - Panaeolus subbalteatus (Olah, 1969; Stijve & Meijer, 1993; Stamets, 1996) ou Panaeolus cinctulus
13 - Pluteus glaucus (Stijve, 1995; Stijve & Meijer, 1993)
14 - Psilocybe acutipilea (Guzmán, 1983; 1995; Guzmán et al., 1984; Pegler, 1997)
15 - Psilocybe blattariopsis (Guzmán, 1983; Pegler, 1997)
16 - Psilocybe brasiliensis (Guzmán, 1983; Stamets, 1996; Pegler, 1997)
17 - Psilocybe caeruleoannulata (Guzmán, 1983; Stijve & de Meijer, 1993; Pegler, 1997; Silva 2013)
18 - Psilocybe caerulescens (Stijve & de Meijer, 1993; Stamets, 1996)
19 - Psilocybe cubensis (Rick, 1961; Guzmán, 1983; Stijve & de Meijer, 1993; Gartz, 1996; Pegler, 1997)
20 - Psilocybe farinacea (Guzmán, 1983, 1995; Singer, 1986)
21 - Psilocybe furtadoana (Guzmán, 1983; Pegler, 1997)
22 - Psilocybe hoogshagenii var hoogshagenii (Stijve & de Meijer, 1993; Stamets, 1996)
23 - Psilocybe microcystidiata (Guzmán et al., 1984)
24 - Psilocybe paulensis (Guzmán, 1995; Guzmán et al., 1984; Pegler, 1997) ou Psilocybe banderillensis subsp. paulensis
25 - Psilocybe pericystis (Singer, 1989; Guzmán, 1995)
26 - Psilocybe plutonia (Guzmán, 1983)
27 - Psilocybe ramulosa (Guzmán et al., 1984; Guzmán, 1995; Stijve & de Meijer, 1993; Pegler, 1997)
28 - Psilocybe subcubensis (Rosa et al, 2003)
29 - Psilocybe cf. subyungensis (Stijve & de Meijer, 1993)
30 - Psilocybe wrightii (Guzmán and Cortez, 2004)
31 - Psilocybe zapotecorum (Guzmán, 1983; Stijve & de Meijer, 1993; Stamets, 1996)
32 - Psilocybe rickii (Guzmán & Cortez, 2005)
33 - Amanita pantherina var multisquamosa (Giachini et al., 2000;2004)
34 - Psilocybe subbrunneocystidiata (Silva et al., 2007)
35 - Psilocybe araucariicola (Silva, 2013)
36 - Psilocybe hoogshagenii var convexa (Silva, 2013)
37 - Pluteus albostipitatus (Stijve and Meijer, 1993; Nelson Menolli Jr., Tatiane Asai & Marina Capelari, 2010)
38 - Pluteus glaucotinctus (Menolli, 2013)



Quem quiser contribuir ou discutir alguma informação relativa a este tópico por favor faça-o em https://teonanacatl.org/com...écies-de-fungos-neurotrópicos-no-brasil.4647/

Informações postadas e discutidas nesse tópico de discussão acima poderão ser incorporadas no tópico por mim ou pelos outros moderadores, sempre com o crédito para o colaborador, é claro.
 
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:apontar: 12 - Panaeolus subbalteatus

Espécie conhecida também como Panaeolus cinctulus, nome que pode se tornar o mais aceito. Sinônimos em desuso incluem Agaricus cinctulus, Agaricus fimicola var. cinctulus, Agaricus subbalteatus, Coprinus cinctulus, Panaeolus benanosis, Panaeolus dunensis, Panaeolus fimicola var. cinctulus e Panaeolus venenosus.

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Chapéu de 1,5 a 5,5 cm. A cor varia bastante, mais comumente entre diversos tons de marrom. Tende a ficar marrom avermelhado quando úmido e esbranquiçado quando seco. Pode apresentar uma "banda" no chapéu. Nesse caso a borda é mais escura. O ápice do chapéu é mais claro, ou há uma banda mais clara intermediária entre o ápice e a borda escura. Segundo Stamets uma banda na margem do chapéu também pode ser observada em Panaeolus acuminatus, P.fimicola e P.foenisecii, mas a consistente e marcante banda de Panaeolus subbalteatus é a característica macroscópica mais típica para distinguir a espécie de outras. Exemplares jovens têm chapéus hemisféricos ou convexos. Exemplares maduros têm tendência a chapéus planos ou com um "umbigo". Tecido fino, marrom avermelhado a creme.

Haste com 2 a 10 cm, e 2 a 9 mm de diâmetro. A cor varia de esbranquiçada a avermelhada e marrom. Com tendência a escurecer em direção à base. Oca, quebradiça e sem resquícios de véu. Reta ou então cônica nas pontas. Estrias longitudinais na ponta superior ou em toda a haste. Aspecto de estar coberta com pó branco, apresentando também fibras brancas longitudinais. Os cogumelos jovens são mais despigmentados.

Lamelas creme quando jovens. Marrom-escuro a negras quando maduras. Às vezes mosqueadas. Bordas das lamelas esbranquiçadas. Lamelas cinzas não ocorrem ou são raras. Carimbo negro.

Ocorre na maioria das vezes em terra adubada. Algumas vezes direto no esterco (incluindo esterco de cavalo). Quase sempre em grupos.

O chapéu raramente apresenta azulamento, mas as hastes ficam suavemente azuladas quando os tecidos são danificados.

Gosto farináceo e odor ligeiramente farináceo.

É uma espécie moderadamente psicoativa. Contém psilocibina, psilocina e baeocistina. Stamets (Psylocibin Mushrooms of the World, 1996) apresenta os dados de teores de psicoativos encontrados na espécies por alguns autores: 0,14% de psilocibina, 0% de psilocina e 0,33% de baeocistina (Stijve & Kuyper, 1985), 0,08% de psilocibina e 0% de psilocina (Stijve & Meijer, 1993 - espécimens brasileiros), 0,7% de psilocibina, 0% de psilocina e 0,46% de baeocistina (Gartz, 1993) e entre 0,14 e 0,36% de psilocibina (Gurevich, 1993 - espécimes da Rússia). A ausência de psilocina pode ser responsável pelo azulamento tardio e pouco notável observado nessa espécie, já que a oxidação desse alcaloide seria o responsável pelo azulamento. No caso do Panaeolus subbalteatus é necessário ocorrer primeiro a desfosforilação da psilocibina em psilocina para depois esta se oxidar.

Cerca de vinte a quarenta cogumelos são necessários para efeitos médios. Se forem especialmente grandes cinco cogumelos podem corresponder a vinte dos de tamanho menos avantajado. Há relatos de que quando secos provocariam menos náusea e uma experiência mais agradável. Mas a experiência com P.subbalteatus é geralmente relatada como distinta da experiência com cubensis . Uma dose média dos secos seria de 3 a 5 g, ligeiramente mais fracos que os Psilocybe cubensis. Segundo este FAQ as doses em gramas de cogumelos frescos variam de 30 a 100g. Stamets aconselha a não ingerí-los crus, pois esse modo de ingestão estaria associado a espasmos estomacais, fraqueza muscular e mal estar.

Pode ser confundida com várias outras espécies não psicoativas ou muito fracas, que crescem próximas ou no mesmo habitat, como Panaeolina foenisecii (Panaeolus foenisecii), Panaeolus antillarum, Panaeolus semiovatus, Panaeolus papilionaceus (Panaeolus sphinctrinus), Panaeolus campanulatus e possivelmente outras espécies.

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Abaixo alguns exemplares coletados em Cascavel (PR), pelo WOLF (cogumelo peludo):

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Guia de caçada para Panaeolus subbalteatus, no CM: https://teonanacatl.org/threads/guia-de-caçada-para-panaeolus-subbalteatus.596/

Outro tópico do CM: https://teonanacatl.org/threads/maiores-informações-sobre-paneoulus.541/

E um ótimo tópico do figurinha: Os sagrados Panaeolus Subbalteatus

A distribuição conhecida da espécie no mundo (by Wikipedia) pode ser vista abaixo:

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Esporos:

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:apontar: Links:
Valeu meu amigo, não sabia que podia seca-los. Pensei serem como o cyanescens que pelo que eu sei não se poder desidratar, pois perde a substancia. Vou secar daqui p frente pois prefiro come-los ao fazer o chá...
:apontar: 4 e 5 - Copelandia anomala = Copelandia cyanescens

Estes dois nomes específicos se referem a uma só espécie, e o nome aceito atualmente para esta espécie é Panaeolus cyanescens. Como não achei para este gênero revisões tão boas como as que existem para Psilocybe optei por deixar as duas espécies na lista, apesar da unificação das duas, muito provavelmente correta, como Panaeolus cyanescens.

Outros nomes específicos que são sinônimos de P.cyanescens, mas que caíram em desuso, são Agaricus cyanescens, Copelandia affinis, Copelandia papilonacea, Copelandia westii, Panaeolus anomalus, Panaeolus bohemica, Panaeolus maire e Panaeolus serbica.

Chapéu variando de 1,5 a 4 cm. Quando jovem é marrom claro e hemisférico, ficando cinza ou esbranquiçado com a idade, em forma de sino ou convexo. Algumas vezes fica com tons amarelados ou amarronzados. Haste fina (uma medida típica é por volta de 3mm de diâmetro), comprimento de 6 a 12 cm e da mesma cor que o chapéu, podendo ser ligeiramente alargada na base, mas com o restante do comprimento sem alteração do diâmetro. Tem aspecto de estar coberta com um pó. As lamelas são de início cinzas, ficando negras à medida que os esporos maturam. Bordas das lamelas esbranquiçadas. Os esporos são negros. Apresenta reação rápida de azulamento ou esverdeamento quando os tecidos são danificados.

Ocorre no esterco de bovinos (boi, bisão, búfalo) ou em terrenos fertilizados com, em áreas tropicais e subtropicais de ambos os hemisférios. Não está claro se ocorre em esterco de equinos. O habitat de ocorrência então é basicamente o mesmo de P. cubensis e P. subcubensis.

Pode ser confundida com Panaeolus antillarum, que também cresce em estrume e é parecido a olho nú, mas não é psicoativo, e não apresenta reação de azulamento quando os tecidos são danificados. Outras espécies de Panaeolus psicoativos que são praticamente indistinguíveis a olho nú de Panaeolus cyanescens não foram ainda relatadas no Brasil (Espécies psicoativas de Panaeolus que se confundem a nível macroscópico).

É cultivada, embora o sucesso não seja tão fácil como com P.cubensis.

O tamanho e os alcalóides encontrados variam conforme a procedência. Ver imagem anexa Stijve 1992 (dá para salvar e ler com o Paint), com o artigo Stijve T, 1992 - Psilocin, psilocybin, serotonin and urea in Panaeolus cyanescens from various origin. Persoonia 15: pages 117-121. Um resumo está dispnível abaixo, em percentual por peso seco:

Australia (Queensland) - Psilocina: 0,025 - 0,071 / Psilocibina: mais que 0,012 - 0,04 / Baeocistina: mais que 0,01
Tailândia (Koh Samui) - Psilocina: 0,40 - 1,05 / Psilocibina: mais que 0,025 / Baeocistina: mais que 0,025
Hawaii (09/1989) - Psilocina: 0,055 - 0,33 / Psilocibina: mais que 0,03 - 0,28 / Baeocistina: mais que 0,01 - 0,025
Hawaii (12/1989) - Psilocina: 0,38 - 1,30 / Psilocibina: mais que 0,07 - 0,44 / Baeocistina: mais que 0,005 - 0,026
Hawaii (Oahu - 07/1990) - Psilocina: 0,04 - 0,60 / Psilocibina: mais que 0,01 - 0,73 / Baeocistina: mais que 0,005 - 0,035

Em média a psilocina varia entre 0,17 e 0,95, a psilocibina entre 0,012 e 0,19 e a baeocistina entre 0,001 e 0,020.

É uma espécie geralmente considerada mais potente que Psilocybe cubensis, embora pareça reagir mal à secagem e perder muita potência. O motivo pode ser o alto percentual de psilocina, que se oxida, em relação à psilocibina.

Parece ter ampla distribuição no país, pelo menos nas área com habitats favoráveis, indo pelo menos do Paraná (de Meijer, 2006) a Pernambuco (Wartchow, Carvalho e Sousa, 2009)

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Os exemplares abaixo foram encontrados no sul fluminense, pelo @neto27 (Os sagrados Panaeolus cyanescens)

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Mais material coletado pelo @neto27 em: Panaeolus Cyanescens

O @figurinha também conseguiu boas coletas, no interior de Minas Gerais:

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Outras boas fotos dessas coletas em: Os sagrados Panaeolus cyanescens

A distribuição conhecida da espécie no mundo (by Wikipedia) pode ser vista abaixo:

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:apontar: Links:
Já encontrei em est. de equinos, essa semana rsrs..
A nova lista de fungos neurotrópicos encontrados no Brasil, sujeita a atualizações quando necessário, é, então:

1 -Amanita muscaria (Homrich, 1965; Stijve, 1995; Stijve & de Meijer, 1993)
2 -Claviceps paspali (Grasso, 1955)
3 -Claviceps purpurea (Grasso, 1955)
4 -Copelandia anomala (Pollock, 1976) ou Panaeolus cyanescens
5 - Copelandia cyanescens (Singer, 1960a; Ola´h, 1969; Pollock, 1976; Stamets, 1996) ou Panaeolus cyanescens
6 -Gerronema fibula (Rick, 1961)
7 -Gymnopilus spectabilis (Rick, 1961)
8 -Panaeolina foenisecii (Rick, 1961; Stijve & de Meijer, 1993)
9 -Panaeolus fimicola (Rick, 1961)
10 -Panaeolus papilionaceus (Rick, 1961; Pegler, 1997)
11 -Panaeolus sphinctrinus (Ola´h, 1969)
12 -Panaeolus subbalteatus (Olah, 1969; Stijve & Meijer, 1993; Stamets, 1996) ou Panaeolus cinctulus
13 -Pluteus glaucus (Stijve, 1995; Stijve & Meijer, 1993)
14 -Psilocybe acutipilea (Guzmán, 1983; 1995; Guzmán et al., 1984; Pegler, 1997)
15 -Psilocybe blattariopsis (Guzmán, 1983; Pegler, 1997)
16 -Psilocybe brasiliensis (Guzmán, 1983; Stamets, 1996; Pegler, 1997)
17 -Psilocybe caeruleoannulata (Guzmán, 1983; Stijve & de Meijer, 1993; Pegler, 1997; Silva 2013)
18 -Psilocybe caerulescens (Stijve & de Meijer, 1993; Stamets, 1996)
19 -Psilocybe cubensis (Rick, 1961; Guzmán, 1983; Stijve & de Meijer, 1993; Gartz, 1996; Pegler, 1997)
20 -Psilocybe farinacea (Guzmán, 1983, 1995; Singer, 1986)
21 -Psilocybe furtadoana (Guzmán, 1983; Pegler, 1997)
22 -Psilocybe hoogshagenii var hoogshagenii (Stijve & de Meijer, 1993; Stamets, 1996)
23 -Psilocybe microcystidiata (Guzmán et al., 1984)
24 -Psilocybe paulensis (Guzmán, 1995; Guzmán et al., 1984; Pegler, 1997) ou Psilocybe banderillensis subsp. paulensis
25 -Psilocybe pericystis (Singer, 1989; Guzmán, 1995)
26 -Psilocybe plutonia (Guzmán, 1983)
27 -Psilocybe ramulosa (Guzmán et al., 1984; Guzmán, 1995; Stijve & de Meijer, 1993; Pegler, 1997)
28 -Psilocybe subcubensis (Rosa et al, 2003)
29 -Psilocybe cf. subyungensis (Stijve & de Meijer, 1993)
30 -Psilocybe wrightii (Guzmán and Cortez, 2004)
31 -Psilocybe zapotecorum (Guzmán, 1983; Stijve & de Meijer, 1993; Stamets, 1996)
32 -Psilocybe rickii (Guzmán & Cortez, 2005)
33 - Amanita pantherina var multisquamosa (Giachini et al., 2000;2004)
34 - Psilocybe subbrunneocystidiata (Silva et al., 2007)
35 - Psilocybe araucariicola (Silva, 2013)
36 - Psilocybe hoogshagenii var convexa (Silva, 2013)
37 - Pluteus albostipitatus (Stijve and Meijer, 1993; Nelson Menolli Jr., Tatiane Asai & Marina Capelari, 2010)
38 -Pluteus glaucotinctus (Menolli, 2013)



Quem quiser contribuir ou discutir alguma informação relativa a este tópico por favor faça-o em https://teonanacatl.org/com...écies-de-fungos-neurotrópicos-no-brasil.4647/

Informações postadas e discutidas nesse tópico de discussão acima poderão ser incorporadas no tópico por mim ou pelos outros moderadores, sempre com o crédito para o colaborador, é claro.
????????????..
:apontar: 22- Psilocybe hoogshagenii var hoogshagenii

Stamets, em Psilocybin Mushrooms of the World, diz que este nome é sinônimo de P. caerulipes, P. zapotecorum e P. semperviva. Entretanto aqui não o considero como sinônimo de P. zapotecorum. Segundo os artigos de Guzmán P. zapotecorum é uma espécie diferente. P. caerulipes também não é mais aceito como sinônimo de P. hoogshagenii por alguns autores.

Píleo 4 -35 mm de diâmetro, cônico a sub-umbonado ou campanulado, com uma papila aguda, marrom-avermelhado a marrom-escuro; superfície lisa, seca. Lamelas próximas a moderadamente distantes, adnatas, amarelo-esverdeadas a marrons e marrom-escuras com as bordas brancas. Carimbo marrom púrpura escuro.

Estípite 20-120 × 1-3 mm, central, cilíndrico; marrom-avermelhado a marrom-claro, manchando-se de azul; superfície fibrilosa, estriada; às vezes tornando-se oco. Véu aracnóide em indivíduos jovens, entre a margem do píleo e o estípite, logo desaparecendo. Contexto esbranquiçado, com reação de azulamento. Odor farináceo.

Aspectos ecológicos: Solitários a gregários, em solo, em florestas subtropicais. Psilocybe hoogshagenii é relatado em outros países como ocorrendo em cafezais, mas não está claro se isso se aplica aos que ocorrem no Brasil.

É moderadamente ativo. Especimens do Brasil, segundo Stijve & de Meijer, 1993, têm em média 0,3% de psilocina e 0,3% de psilocibina (aproximadamente a metade da potência de P.cubensis). Heim & Hofmann, 1958, segundo Stamets, 1996, relataram potência parecida: 0,105% de psilocina e 0,60% de psilocibina. Há uma variedade mexicana que pode ser mais potente (var. convexa - que foi encontrada posteriormente no Brasil por Silva, 2013 - ver mensagem a respeito mais adiante no tópico).

Segundo Silva, 2013, a distribuição do Psilocybe hoogshagenii var hoogshagenii é América do Norte (Wasson 1957) e América do Sul – Argentina (Guzmán 1983), Brasil (Stijve & Meijer 1993) e Colômbia (Stamets 1996).

Há relatos de cultivos, mas pelas fotos que vi os cultivados ficam algo diferentes dos coletados.

As fotos abaixo não são de exemplares encontrados no Brasil. A variedade daqui pode ser bem semelhante, ou não. No livro do Stamets há mais uma foto de alguns exemplares, inclusive de alguns bem mais maduros do que os abaixo, com o chapéu quase totalmente aberto.

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