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Completo Diário Completo #1 - Ciclo de Vida Cool Bensis - TKSSS em PF Tek - 9º Cultivo

Diário de cultivo completo.
Primeiro diário completo da Família Cool Bensis :cool: - de carimbo a carimbo e além.

Mas, como é o ciclo de vida do Psilocbe Cubensis? :teo_seta_direita: Para esta importante resposta, remeto vocês aos tópicos Ciclo de Vida dos Cogumelos Parte 1 e Ciclo de Vida dos Cogumelos Parte 2 - cujas leituras ajudarão na compreensão de tudo que será feito e dito nestes registros. Aqui neste diário vamos passar por todas essas etapas, começando pelo carimbo de esporos, do qual tiraremos os esporos para confeccionar a seringa, a qual usaremos para a inoculação em data futura.


FASE I - ESPOROS


O que veio primeiro, o cogumelo ou o esporo? :galinha: Deixemos essa para qualificados filósofos responderem. Aqui vamos começar o ciclo de vida do cogumelo pela fase dos esporos.

Bem, em resumo, tudo se (re)inicia com os esporos, que eclodem quando em um substrato para darem origem às hifas que formarão o micélio, o qual será a próxima fase. Em certo momento, este micélio entende que está na hora de se reproduzir e entra finalmente na fase em que os cogumelos são produzidos. Por fim, há o retorno à fase do esporo, com a esporulação, e daí o reinício do ciclo de vida dos Cubensis.

As etapas que envolvem a fase dos esporos vão desde a confecção do carimbo de esporos até a inoculação no substrato, e serão vistas a partir de agora:


Etapa 1 - Carimbo de Esporos


A) Informações Gerais sobre Seringas de Esporos

O que são Esporos?
Esporo é como chamamos a "semente" (entre aspas porque tecnicamente não é semente mas esporo) de fungos. No caso dos esporos de Cubensis, eles dão origem ao micélio que posteriormente produzirá os cogumelos.

O que é Carimbo de Esporos? No momento em que o cogumelo começa a liberar seus esporos, é possível seccionar o chapéu do mesmo e colocá-lo sobre uma superfície, como um papel alumínio, onde ele depositará seus milhões de esporos microscópicos. O carimbo de esporos é então essa superfície onde ficarão os esporos. O nome "carimbo" vem porque, bem, é quase que literalmente uma carimbada - a diferença é que ao invés de tinta o chapéu solta esporos.

Carimbo utilizado neste cultivo. Um carimbo da strain TKSSS (Thai Koh Samui Super Strain), tirado em 23 de Janeiro desse ano, que foi obtido em uma troca com o nobre @Hórus em um momento de sorte minha, pois é uma das novas strains que eu mais desejava cultivar. :)

Como obter um carimbo? São várias formas:
  1. Tirar você mesmo o carimbo de um cogumelo;
  2. Comprar na internet em um sítio que venda esporos - as lojas que se encontram nas regras da comunidade se acham no Repositório / Bancos de Esporos;
  3. Solicitar a um dos bancos de esporos pelo mundo - Repositório / Bancos de Esporos;
  4. Fazer troca com algum amigo ou com outro membro, se tiver acesso ao subfórum Compartilhando & Trocando - veja aqui as condições para participar do fórum de trocas e suas regras.
Informações Centralizadas sobre Carimbos. Na Biblioteca, em Perguntas Frequentes / Carimbos e Seringas, e no subfórum Carimbo, Seringa e Inoculação.

B) Procedimentos com o Carimbo de Esporos

Confecção de Carimbos. Estas informações serão dadas se/quando houver colheita.

Conservação do Carimbo. Eu simplesmente os deixo guardados em um pote vedado hermeticamente, cada um dentro de um ziplock, e com sílica gel dentro do pote, conforme a imagem abaixo:
pote dos carimbos.jpg

Utilização para confecção de seringa de esporos ou de cultura líquida. A seguir, a confecção de seringas, método adotado para este diário.


Etapa 2 - Seringa de Esporos


A) Informações Gerais sobre Seringas de Esporos

O que é uma Seringa de Esporos? É como se chama uma seringa com uma solução de água com esporos misturados nela. Sua função é facilitar no momento da inoculação, que fica mais complicada de fazer se for necessário raspar o carimbo diretamente sobre o substrato onde crescerá o micélio. A agulha da seringa facilita que os esporos sejam inoculados diretamente dentro do substrato, o que inclusive acelera o tempo de colonização - além de possibilitar o uso do selo de vermiculita nos bolos, que é um fator favorável contra contaminações.

Informações Centralizadas sobre Seringas de Esporos. Na Biblioteca, em Perguntas Frequentes / Carimbos e Seringas, e no subfórum Carimbo, Seringa e Inoculação.

B) Confecção da Seringa de Esporos

Resumo. O método que eu adoto desde o primeiro cultivo é o que considero o mais simples de todos e está no tópico Seringas extremamente simples. Em resumo, utiliza-se um pote de coleta de fezes que já vem esterilizado para misturar os esporos com a água, bem como a pazinha que vem dentro pra raspar o carimbo. Não utilizo água destilada nem água mineral, simplesmente fervo a água corrente e depois jogo pra seringa, conforme explicado no tópico citado.

Importância da Assepsia. Ao lado do momento da inoculação, a confecção da seringa de esporos requer muito cuidado para que não haja contaminações. Uma seringa de esporos contaminada pode determinar 100% de fracasso de um cultivo com bolos PF, tornando irrelevantes todos os procedimentos de esterilização realizados posteriormente à confecção da seringa contaminada.

:teo_seta_direita: Para detalhes sobre esterilização e outros procedimentos, confira o subfórum Esterilização.​

Quantidade de seringas.
Foram confeccionadas duas seringas de 20 ml cada com os esporos de TKSSS.

Local da confecção. O local onde faço as seringas é na boca do forno do fogão.

Imagens passo a passo do procedimento:

B.1 - Preparação

01 - material pra confeccionar seringa 1.jpg --> materiais utilizados para fazer a seringa. Só faltou o potinho de polipropileno usado pra facilitar encher as seringas de água quente.
02 - material pra seringa no fogão com água fervendo.jpg --> tudo já sobre a boca do fogão e a água fervendo.
03 - alumínio separado.jpg --> alumínio separado para enrolar as seringas após confeccioná-las.

B.2 - Confecção

04 - captando a água quente nas seringas.jpg --> primeiro encher as seringas com a água fervida ainda quente.
04a - deixa resfriar as seringas.jpg --> depois deixar esfriar pra não matar os esporos, ou pode acelerar o processo com água corrente, com cuidado pra não molhar a agulha.
05 - potinho aberto.jpg --> abrir o potinho logo antes de fazer a raspagem do carimbo.
06a - carimbo aberto.jpg --> abrir o carimbo a ser raspado.
06b - raspando.jpg 06c - raspando.jpg --> raspar o carimbo. Aqui na foto, cerca de 1/4 foi utilizado, o que neste caso foi até muito para duas seringas, dado o tamanho grande do carimbo.
07a - misturando os esporos na água.jpg 07b - misturando os esporos na água.jpg 07c - misturando os esporos na água.jpg --> após raspar os esporos, misturar água no potinho. Uma dica é usar a pressão da água saindo da agulha para limpar os esporos que fiquem grudados na pazinha (foto do meio) e nas paredes do potinho (foto da direita).
08 - enche e esvazia as seringas.jpg --> encher a seringa, tornar a esvaziá-la, enchê-la novamente e repetir até que sinta que os esporos estejam bem misturados. Então, encher de vez.
09 - as seringas feitas.jpg --> Pronto, seringas feitas. :feliz: Como se pode ver, não precisa ser escura a água da seringa, mas dá pra ver de boa os esporos ali em flutuação na água.

B.3 - Armazenamento

10a - armazenando as seringas.jpg 10b - armazenando as seringas.jpg --> finalmente, enrolar as seringas em papel alumínio e...
10c - armazenando as seringas.jpg --> armazenar na geladeira.

Com isto, está completa a confecção da seringa e é só guardar o carimbo pra próxima.

:!: Recomenda-se o descanso das seringas em pelo menos 12 horas antes de utilizá-la, pra que os esporos sejam reidratados.

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O próximo passo será fazer o substrato onde serão inoculados os esporos da seringa recém confeccionada.
 
Última edição:
Com certeza.

Deveria ser um guia avançado para cultivo de cogumelos mágicos.
 
Parabéns pelo cultivo e pelo diário!

Com certeza quem ler isso aqui vai ter tudo o que precisa pra começar um cultivo.

Curti a incubadora na geladeira, minha idéia é fazer uma igual, mudando apenas o aquecimento de lâmpada pra uma resistência.

@ExPoro seus copos não quebram quando você cozinha na panela de pressão? Eu fiz como você e quebrei 2 copos na primeira vez kkkk, agora eu deixo eles em cima de um pano dentro da panela pra eles não baterem.
 
Valeu, @rafael_111, @Finganforn e @Rataiczyk! :feliz:

Em breve pretendo finalmente finalizar este diário com as duas etapas que faltam. :)

@ExPoro seus copos não quebram quando você cozinha na panela de pressão? Eu fiz como você e quebrei 2 copos na primeira vez kkkk, agora eu deixo eles em cima de um pano dentro da panela pra eles não baterem.

Então, nunca usei não e nunca tive copo quebrando não. Eles batem bastante, mas não quebram. Eu sempre usei apenas copos de requeijão e de Whisky, que são bem robustos. Não me sinto muito seguro de usar os panos, acho que aumenta a chance dos copos caírem, e desde que comecei a cultivar sempre regulei o nível certo sem pano, então nunca mexi nisso. :coffee:

Acho muito interessante nesta fase da PP lacrar logo os copos e fazer o furo pra respiração do vapor interno dos copos. Isto não arrebenta o alumínio do lacre e ainda reduz as chances de contaminação na hora da inoculação, pois os copos já vem quase lacrados, bastando apenas passar o micropore sobre os furos quando tirar os copos da PP antes de inocular. :bigode:
 
Já eu, sempre usei o pano na PP porque uso uns copos mais finos, mas também nunca quebraram.

Colocando o pano dentro consigo colocar mais água até ficar no meio dos copos.

Depois de 1 hora ainda tem um pouco de água dentro da panela.

Mas isso vai de cada cultivador, depende também dos copos a serem usados.
 
Ótimo tópico. Sinto até mais tranquilo em relação ao primeiro cultivo. Obrigado.

Só uma duvida;

Etapa 7 - Colocação nos Terrários, os furos inferiores que foram colocados as fitas micropore são para entrada de ar?

No bico da garrafa onde foi colocado perlon posso colocar algodão?

abraço!
 
Última edição:
Muito obrigado, @GuerreiroSonhador. :)

Etapa 7 - Colocação nos Terrários, os furos inferiores que foram colocados as fitas micropore são para entrada de ar?

No bico da garrafa onde foi colocado perlon posso colocar algodão?

Então, não recomendo colocar furos na parte inferior, basta mesmo a entrada de ar da tampa. Eu não faço mais desse jeito, mas eles servem pra isso mesmo. Ocorre que às vezes isso arrisca a umidade. :bigode:

Sobre algodão, nunca tentei, não sei se daria certo. Mas eu compro meu chumaço de perlon por 3 reais em uma loja de aquário, que dura por 1 ano. Tem perlon mais caro lá também, mas tem essa opção baratinha, que acho que seja até melhor, porque parece mais aerada. :coffee:
 
Muito obrigado, @GuerreiroSonhador. :)



Então, não recomendo colocar furos na parte inferior, basta mesmo a entrada de ar da tampa. Eu não faço mais desse jeito, mas eles servem pra isso mesmo. Ocorre que às vezes isso arrisca a umidade. :bigode:

Sobre algodão, nunca tentei, não sei se daria certo. Mas eu compro meu chumaço de perlon por 3 reais em uma loja de aquário, que dura por 1 ano. Tem perlon mais caro lá também, mas tem essa opção baratinha, que acho que seja até melhor, porque parece mais aerada. :coffee:

O perlon só encontra em loja de aquário? Eu nunca tinha escutado fala desse 'perlon' e nao faço a minima onde vende, por isso citei o algodão. Mas vou procurar aqui na cidade onde encontro.
 
O perlon só encontra em loja de aquário? Eu nunca tinha escutado fala desse 'perlon' e nao faço a minima onde vende, por isso citei o algodão. Mas vou procurar aqui na cidade onde encontro.

Procura por perlon ou polyfill (clique para ler o verbete na Biblioteca), que são sinônimos.
 
Etapa 11 - Carimbos de Esporos

A) Informações Gerais sobre Carimbos

O que é Carimbo? É onde ficam depositados os esporos de um cogumelo para posterior confecção de seringas multiesporos (ME) ou para inoculação direta em substratos.
  • O aspecto visual resultante dos milhões de esporos depositados sobre a superfície carimbada lembra justamente a um carimbo na mesma forma do chapéu.
Como o fórum pode lhe ajudar a obter um carimbo? No fórum é proibido debater sobre fontes de esporos, bem como solicitar qualquer tipo de carimbo de cogumelos psicoativos. Só há duas exceções:
  1. Membros com participação no fórum Compartilhando & Trocando podem pedir, oferecer ou trocar esporos entre si - regras para participar;
  2. Membros podem acessar no Biblioteca a lista de Banco de Esporos que estão dentro das regras da comunidade, aos quais poderão pedir carimbos.
Informações centralizadas sobre Carimbos. Na Biblioteca, em Guias de Cultivo/Carimbos e Seringas e em Perguntas Frequentes/Carimbos e Seringas; e, no Fórum, no subfórum Carimbo, Seringa e Inoculação.

B) Procedimento de Confecção de Carimbo

Resumo. Quando o cogumelo começar a esporular, seccione o chapéu e o deposite sobre uma superfície a ser carimbada por 12-24 horas; retire o chapéu e espere 12-24 h até que seque; dobre e guarde em pote hermético sem luz.

Momento para Carimbar. Quando começar a esporular. É importante que comece a esporular antes de retirar o cogumelo, pois senão não irá esporular. Não espere o chapéu ficar muito convexo, nem velho demais.

Situações contrárias a Carimbar. Quando o cogumelo já está muito convexo pode ser chato tirar o carimbo. Mas o maior problema é quando o cogumelo está úmido demais, a ponto de não deixar os esporos se assentarem na superfície a ser carimbada.

Assepsia. É importante para o carimbo, pois irá produzir as seringas. Eu não chego a fazer em glove box, mas cuido de que o alumínio esteja limpo. A opção pelo uso de potes é para que a área interna do carimbo fique isolada do meio externo enquanto carimbo e depois quando seca, o que reduz a chance de contaminantes dentro do carimbo.

Imagens passo a passo da confecção do carimbo:

B.1 - Preparação

1 - potes para carimbo preparados.JPG --> Materiais usados: potes (com a tampa), alumínio e faca. Também é recomendável usar luvas de látex.

:!: Muitos costumam usar glove box para confecção de carimbos.

B.2 - Secção do Chapéu e Colocação para Carimbar

2a - seccionando o chapéu pra carimbar.JPG --> Escolha um chapéu já esporulante, de preferência no começo da esporulação.
2b - seccionando o chapéu pra carimbar.JPG 2c - seccionando o chapéu pra carimbar.JPG 2d - seccionando o chapéu pra carimbar.JPG 2e - seccionando o chapéu pra carimbar.JPG --> Seccione a conexão do caule com o chapéu usando uma faca ou estilete.
2f - seccionando o chapéu pra carimbar.JPG 2g - pronto pra ir pro alumínio.JPG --> Finalmente o chapéu está pronto pra ir carimbar.

3a - no alumínio.JPG 3b - tampado.JPG --> Coloque o chapéu esporulante virado para baixo sobre a superfície a ser carimbada (neste caso, o alumínio) e então tampe para evitar muito contato com contaminantes.

4 - um chapéu menor sobre o alumínio.JPG 5 - os dois carimbos então vão pra um local escuro.JPG --> Ao lado, um chapéu menor que botei pra carimbar, na foto da esquerda.


:!: Os chapéus devem ficar carimbando então por 12-24 horas. Após este período, devem ser retirados dos alumínios, que deverão ser então deixados mais 12-24 horas por si mesmos para secarem antes de serem dobrados e armazenados.

B.3 - Finalização do Carimbo

Obs.: a primeira foto abaixo foi tirada do meu 11º cultivo, pois durante o cultivo deste diário os chapéus usados acima estavam excessivamente úmidos e não depositaram esporos visíveis para as fotos. E a segunda foto abaixo é aquela que fica na primeira postagem deste diário, reconectando o ciclo: do esporo ao esporo.

11c - carimbos tirados da primeira colheita do bolo 1.jpg --> Após as 12-24 horas depois de ter tirado o chapéu da superfície, os carimbos estarão prontos para...
pote dos carimbos.jpg --> ...serem dobrados e armazenados, de preferência em pote hermético e sem luz. E fim.


:!: Carimbos possuem vida útil de pelo menos 2 anos, quando bem conservados. Hidrate por um longo tempo os esporos na seringa (semanas ou meses) ou faça CL quanto mais antigo for seu carimbo.

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A etapa final será finalmente proceder à secagem e conservação dos cogumelos colhidos.
 
Última edição:
Como sempre tudo muito bem explicadinho, nos seus miiiiiinimos detalhes.
:)
 
Etapa 12 - Secagem e Conservação

A secagem e conservação são tratadas juntas por serem normalmente feitas consecutivamente. Evidentemente, se alguém for consumir os cogumelos logo após colhidos, o fará com estes frescos. Normalmente, seca-se para posterior consumo, então também se coloca em algum lugar para a conservação a seco. A única exceção que conheço é quando o cultivador encontra alguma contaminação conhecida que requeira a secagem para anular os efeitos negativos dela na hora do consumo o mais logo possível dos frutos, descartando então a posterior conservação.

A) Informações Gerais sobre Secagem e Conservação

O que é Secagem? É um procedimento que retira toda a umidade do cogumelo fresco colhido, chegando ao fim a uma relação de média de 10% em relação ao peso fresco. Assim, cada 10 gramas de cubensis frescos geram, em tese, 1 grama de cubensis desidratados. Mas condições do cultivo vão fazer este percentual variar, normalmente entre 6% a 14% do peso fresco.
  • O que é cracker dr? É como se fala quando o cogumelo está totalmente desidratado. Ele fica rígido e quebradiço, como um biscoito seco.
  • Método mais comum. Túnel de vento com finalização em pote com sílica gel.
O que é Conservação? No geral, é arrumar algum jeito de conservar o cogumelo e/ou seu princípio ativo para consumo posterior. Pode ocorrer de diversas formas, desde a colocação de cogumelos frescos em mel até o congelamento de chás ou confecção de pastilhas ou ainda de cápsulas.
  • Método mais comum. No contexto após a secagem, significa guardar o cogumelo totalmente seco em um recipiente que o conserve seco e sem contato com troca de ar, em ambiente escuro. O método mais comum e eficiente envolve colocar os cogumelos secos em um saco com ziplock e guardá-los dentro de um pote com sílica gel.
Por que secar e conservar? Bem, secar pra poder conservar. Conservar pra poder usar depois.

Por quanto tempo pode ser conservado? Depende do seu método de conservação, se houve secagem ou outro procedimento antes. Na forma mais comum, que é colocar em potes herméticos com sílica gel no escuro, a potência se conserva por vários anos.

Informações centralizadas sobre Secagem e Conservação na comunidade. Na Biblioteca, em Perguntas Frequentes / Secagem e Conservação, e em Guias de Cultivo / Secagem e Conservação; no Fórum, no subfórum Cogumelos Enteógenos / Secagem e Conservação.

B) Procedimento de Secagem e Conservação

Resumo. Pra quem escolheu a forma de conservação dos cogumelos secos... Primeiro, secar até perder toda a umidade. Depois armazenar em local sem luz onde não possa absorver umidade do ar, em um pote hermético com sílica gel.

Procedimentos de Secagem. Existem diversos. O adotado neste diário é o mais comum:
  1. Primeira etapa da secagem em túnel de vento ou ventilador;
  2. Segunda etapa da secagem em pote com sílica gel, a fim de chegar ao ponto cracker dr, que indica estar totalmente seco.
Procedimentos de Conservação. Existem diversos, em especial dependendo do que se fará com os cogumelos frescos - secar ou não. No caso da opção pela secagem dos cogumelos, também existem alguns métodos de armazenamento. Mas o mais comum é o adotado neste diário, de colocar os cogumelos cracker dr dentro de um ziplock e colocá-los dentro de um pote com sílica gel em local escuro para conservação a longo prazo.

Imagens passo a passo da Secagem e Conservação:

B.1 - Secagem com Túnel de Vento e Pote Hermético com Sílica Gel

1a - colocação em túnel de vento.JPG 1b - colocação em túnel de vento.JPG 1c - colocação em túnel de vento.JPG 1d - colocação em túnel de vento.JPG --> Túnel de Vento. Primeiro os cogumelos frescos vão para o túnel de vento. Na série de fotos ao lado, a colocação deles.


:teo_seta_direita: Após 1 a 3 dias os cogumelos estarão relativamente bem secos, mas não totalmente. Eles terão uma consistência que pode ser borrachuda, razoavelmente dura, mas ainda não estarão rígidos e/ou quebradiços (cracker dr). Chegar ao ponto totalmente desidratado em túnel de vento ou ventilador é difícil, e toma muitos dias quando ocorre. Então é chegado o momento da segunda etapa, abaixo.

2a - passagem pros potes com sílica.JPG 2b - passagem pros potes com sílica.JPG 2c - passagem pros potes com sílica.JPG 2d - passagem pros potes com sílica.JPG --> Pote Hermético com Sílica Gel. Os cogumelos já perderam boa parte da umidade e caminham para a secagem completa. Para tanto, devem ser retirados do túnel de vento e colocados num pote hermeticamente fechado com sílica gel dentro, sem no entanto encostar nesta - para o que pode ser usado um papel toalha, como na foto.

:teo_seta_direita:
Após alguns dias os cogumelos finalmente chegarão ao ponto de secagem total, em que ficam quebradiços e rígidos. É hora de transferir para o pote de conservação final.

B.2 - Conservação no Pote Hermético com Sílica Gel no Escuro

3a - potes abertos para retirar crack dries.JPG 3b - cogumelos prontos pra pesar.JPG --> à esquerda, potes abertos para retirar os cogumelos já cracker dr. À direita, cogumelos totalmente secos e prontos pra pesagem;
4a - pesagem e anotação das informações do cogumelo seco.JPG
--> Pesagem e :!: anotação das informações dos cogumelos secos no ziplock em que serão postos para conservação: pelo menos strain, peso seco e data do término da secagem;
4b - cogumelos no ziplock.JPG 4c - do ziplock pro potão.JPG --> Colocação dos cogumelos no
ziplock (foto da esquerda), que irá para o potão hermético com sílica gel dentro (foto da direita).
5a - finalmente o cogumelo dentro do pote a escurecer.JPG 5b - pote escurecido com pano e posto no armário.JPG --> Já dentro do potão, finalmente este é envolto em um tecido preto para escurecimento, além de ir pra dentro do armário. E pronto.

:!:
Com este método, os cogumelos poderão ser conservados para posterior consumo por anos.

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Fim (do Diário)

E finalmente chegamos ao fim deste diário! :eba:, que já pode ser marcado como completo. :)

Espero que este diário dê aos cultivadores a visão geral do cultivo PF Tek, com um relativo bom grau de detalhamento suficiente para orientar os iniciantes - conceitos teóricos e procedimentos práticos. No entanto, não deixe de ler os links passados durante as postagens ao sentir que faltou algo, pois todas as informações que aqui não foram passadas podem ser encontradas no fórum, em especial nos links do parágrafo sobre as "Informações centralizadas". :bigode:

Quaisquer perguntas, fiquem à vontade para perguntar. :coffee:

Fico muito feliz :feliz: em finalmente terminar este diário que foi trabalhoso, mas cujo resultado me deixou bem satisfeito com as informações resumidas aqui.

E a todos que me acompanharam...
 
Última edição:
Algumas dúvidas:
1 - Quanto em gramas rendeu esse cultivo?
2 - Você usou a Thai Koh Samui Super Strain mas teve alguns frutos brancos. Isso é comum nessa strain?
3 - Ainda tem um carimbo desses? :)

Sem palavras pra esse diário/manual, parabéns pelo trabalho!
 
Valeu, @GuerreiroSonhador e @Finganforn. :)

Quanto em gramas rendeu esse cultivo?

Acabou que neste cultivo não regulei a quantidade colhida... Seria uma informação interessante, mas não tinha pensado nisso. :atrapalhado: Fica pro próximo. :D

Você usou a Thai Koh Samui Super Strain mas teve alguns frutos brancos. Isso é comum nessa strain?

Parece que a genética tem grande possibilidade de vir leucístico. Mas isso varia bem. O mesmo carimbo não gerou nenhum branquinho em dois cultivos posteriores. Mas também vi outro diário com TKSSS que tinha albinos. :bigode:

3 - Ainda tem um carimbo desses? :)

Tem um último carimbo disponível na minha oferta no C&T :teo_seta_direita: https://teonanacatl.org/threads/tksss-everone-loves-a-thai-girl-4-carimbos-bons-2-fraquinhos.13626/. Responde o tópico lá. :)
 
Muito obrigado ExPoro pelo diário, eu tinha algumas dúvidas básicas que foram sanadas apelas lendo seu diário.

Logo logo o meu estará por aqui também
 
Primeiro diário completo da Família Cool Bensis :cool: - de carimbo a carimbo e além.

Mas, como é o ciclo de vida do Psilocbe Cubensis? :teo_seta_direita: Para esta importante resposta, remeto vocês aos tópicos Ciclo de Vida dos Cogumelos Parte 1 e Ciclo de Vida dos Cogumelos Parte 2 - cujas leituras ajudarão na compreensão de tudo que será feito e dito nestes registros. Aqui neste diário vamos passar por todas essas etapas, começando pelo carimbo de esporos, do qual tiraremos os esporos para confeccionar a seringa, a qual usaremos para a inoculação em data futura.


FASE I - ESPOROS


O que veio primeiro, o cogumelo ou o esporo? :galinha: Deixemos essa para qualificados filósofos responderem. Aqui vamos começar o ciclo de vida do cogumelo pela fase dos esporos.

Bem, em resumo, tudo se (re)inicia com os esporos, que eclodem quando em um substrato para darem origem às hifas que formarão o micélio, o qual será a próxima fase. Em certo momento, este micélio entende que está na hora de se reproduzir e entra finalmente na fase em que os cogumelos são produzidos. Por fim, há o retorno à fase do esporo, com a esporulação, e daí o reinício do ciclo de vida dos Cubensis.

As etapas que envolvem a fase dos esporos vão desde a confecção do carimbo de esporos até a inoculação no substrato, e serão vistas a partir de agora:


Etapa 1 - Carimbo de Esporos


A) Informações Gerais sobre Seringas de Esporos

O que são Esporos? Esporo é como chamamos a "semente" (entre aspas porque tecnicamente não é semente mas esporo) de fungos. No caso dos esporos de Cubensis, eles dão origem ao micélio que posteriormente produzirá os cogumelos.

O que é Carimbo de Esporos? No momento em que o cogumelo começa a liberar seus esporos, é possível seccionar o chapéu do mesmo e colocá-lo sobre uma superfície, como um papel alumínio, onde ele depositará seus milhões de esporos microscópicos. O carimbo de esporos é então essa superfície onde ficarão os esporos. O nome "carimbo" vem porque, bem, é quase que literalmente uma carimbada - a diferença é que ao invés de tinta o chapéu solta esporos.

Carimbo utilizado neste cultivo. Um carimbo da strain TKSSS (Thai Koh Samui Super Strain), tirado em 23 de Janeiro desse ano, que foi obtido em uma troca com o nobre @Hórus em um momento de sorte minha, pois é uma das novas strains que eu mais desejava cultivar. :)

Como obter um carimbo? São várias formas:
  1. Tirar você mesmo o carimbo de um cogumelo;
  2. Comprar na internet em um sítio que venda esporos - as lojas que se encontram nas regras da comunidade se acham no Repositório / Bancos de Esporos;
  3. Solicitar a um dos bancos de esporos pelo mundo - Repositório / Bancos de Esporos;
  4. Fazer troca com algum amigo ou com outro membro, se tiver acesso ao subfórum Compartilhando & Trocando - veja aqui as condições para participar do fórum de trocas e suas regras.
Informações Centralizadas sobre Carimbos. Na Biblioteca, em Perguntas Frequentes / Carimbos e Seringas, e no subfórum Carimbo, Seringa e Inoculação.

B) Procedimentos com o Carimbo de Esporos

Confecção de Carimbos. Estas informações serão dadas se/quando houver colheita.

Conservação do Carimbo. Eu simplesmente os deixo guardados em um pote vedado hermeticamente, cada um dentro de um ziplock, e com sílica gel dentro do pote, conforme a imagem abaixo:
View attachment 91150

Utilização para confecção de seringa de esporos ou de cultura líquida. A seguir, a confecção de seringas, método adotado para este diário.


Etapa 2 - Seringa de Esporos


A) Informações Gerais sobre Seringas de Esporos

O que é uma Seringa de Esporos? É como se chama uma seringa com uma solução de água com esporos misturados nela. Sua função é facilitar no momento da inoculação, que fica mais complicada de fazer se for necessário raspar o carimbo diretamente sobre o substrato onde crescerá o micélio. A agulha da seringa facilita que os esporos sejam inoculados diretamente dentro do substrato, o que inclusive acelera o tempo de colonização - além de possibilitar o uso do selo de vermiculita nos bolos, que é um fator favorável contra contaminações.

Informações Centralizadas sobre Seringas de Esporos. Na Biblioteca, em Perguntas Frequentes / Carimbos e Seringas, e no subfórum Carimbo, Seringa e Inoculação.

B) Confecção da Seringa de Esporos

Resumo. O método que eu adoto desde o primeiro cultivo é o que considero o mais simples de todos e está no tópico Seringas extremamente simples. Em resumo, utiliza-se um pote de coleta de fezes que já vem esterilizado para misturar os esporos com a água, bem como a pazinha que vem dentro pra raspar o carimbo. Não utilizo água destilada nem água mineral, simplesmente fervo a água corrente e depois jogo pra seringa, conforme explicado no tópico citado.

Importância da Assepsia. Ao lado do momento da inoculação, a confecção da seringa de esporos requer muito cuidado para que não haja contaminações. Uma seringa de esporos contaminada pode determinar 100% de fracasso de um cultivo com bolos PF, tornando irrelevantes todos os procedimentos de esterilização realizados posteriormente à confecção da seringa contaminada.

:teo_seta_direita: Para detalhes sobre esterilização e outros procedimentos, confira o subfórum Esterilização.​

Quantidade de seringas. Foram confeccionadas duas seringas de 20 ml cada com os esporos de TKSSS.

Local da confecção. O local onde faço as seringas é na boca do forno do fogão.

Imagens passo a passo do procedimento:

B.1 - Preparação

View attachment 91151 --> materiais utilizados para fazer a seringa. Só faltou o potinho de polipropileno usado pra facilitar encher as seringas de água quente.
View attachment 91152 --> tudo já sobre a boca do fogão e a água fervendo.
View attachment 91153 --> alumínio separado para enrolar as seringas após confeccioná-las.


B.2 - Confecção

View attachment 91155 --> primeiro encher as seringas com a água fervida ainda quente.
View attachment 91154 --> depois deixar esfriar pra não matar os esporos, ou pode acelerar o processo com água corrente, com cuidado pra não molhar a agulha.
View attachment 91156 --> abrir o potinho logo antes de fazer a raspagem do carimbo.
View attachment 91157 --> abrir o carimbo a ser raspado.
View attachment 91159 View attachment 91158 --> raspar o carimbo. Aqui na foto, cerca de 1/4 foi utilizado, o que neste caso foi até muito para duas seringas, dado o tamanho grande do carimbo.
View attachment 91161 View attachment 91162 View attachment 91160 --> após raspar os esporos, misturar água no potinho. Uma dica é usar a pressão da água saindo da agulha para limpar os esporos que fiquem grudados na pazinha (foto do meio) e nas paredes do potinho (foto da direita).
View attachment 91164 --> encher a seringa, tornar a esvaziá-la, enchê-la novamente e repetir até que sinta que os esporos estejam bem misturados. Então, encher de vez.
View attachment 91165 --> Pronto, seringas feitas. :feliz: Como se pode ver, não precisa ser escura a água da seringa, mas dá pra ver de boa os esporos ali em flutuação na água.


B.3 - Armazenamento

View attachment 91166 View attachment 91168 --> finalmente, enrolar as seringas em papel alumínio e...
View attachment 91167 --> armazenar na geladeira.


Com isto, está completa a confecção da seringa e é só guardar o carimbo pra próxima.

:!: Recomenda-se o descanso das seringas em pelo menos 12 horas antes de utilizá-la, pra que os esporos sejam reidratados.

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O próximo passo será fazer o substrato onde serão inoculados os esporos da seringa recém confeccionada.
Caraka mais explicativo impossível muito bom.

Vc arrasa nos cultivos mestre @ExPoro
 
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