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Bad Trip com Cannabis (THC) = Bad Trip com Cogumelos (psilocibina)?

Na terra de sao trololo Sir Robin o cavaleiro e Sir Alienardo, astronauta da mente psiquicamente, psiconauta pairam sobre um veu azul de realidade tenue em 5a dobra dimensional.
e eu gravei isso tudo num cd, porque naquela epoca, nao era epoca racional - era imoral pensar em tempo que nem existia.
 
Na terra de sao trololo Sir Robin o cavaleiro e Sir Alienardo, astronauta da mente psiquicamente, psiconauta pairam sobre um veu azul de realidade tenue em 5a dobra dimensional.
e eu gravei isso tudo num cd, porque naquela epoca, nao era epoca racional - era imoral pensar em tempo que nem existia.
E não se levava em conta que as coisas vieram da goma!
 
Caro Fidel,

Uma leitura por alto dos seus posts, várias perguntas me surgem:
1) Que idade tens? Ou que idade tinhas há 10 anos...
2) Aconteceu algum evento significativo na tua vida durante o período dos 6 meses (sem problemas) com consumos cannabis que mencionaste? Ex. Morte de familiar, mudança de cidade, terminus de uma relação, mudança de escola ou entrada na universidade, etc... Existe algum episódio marcante na tua infância que possas associar?
3) Qual era a frequência e intensidade dos consumos que referes nesse período?
4) Qual o ambiente dos consumos do passado? Como foi o ambiente do consumo recente (já que referes que foi diferente...)?
5) Referes que estás/és deprimido. Há quanto tempo te sentes assim? É algo que sentes ou foi um diagnóstico que te foi dado? Elabora sobre esta questão.
6) Como era a tua situação familiar na altura dessas referidas bad trips?
7) Qual foi o conteúdo da bad trip recente? Referes que te auto-medicaste mas penso que não referiste o conteúdo simbólico desta bad trip.
8) Após esse período das bad trips (e depois de teres deixado de fumar) continuaste com os mesmos sintomas?

Também me surgiram várias deambulações / sugestões:
1) Não considero que os cogumelos sejam bons anti-depressivos (embora compreenda a associação). São manifestadores da psiché (daí o termo psicadélico), ou seja, fazem surgir/manifestar bastantes conflitos psíquicos que estão recalcados, adormecidos, etc. Nesse sentido sou da mesma opinião que alguns teceram de que não existem bad trips. Apenas existem experiências/conteúdos psíquicos que não conseguimos processar/integrar e a magnitude e intensidade destes conteúdos muitas vezes é cristalizada num bloqueio a meio da experiência. É claro que em teoria devemos ir aprendendo a aceitar e vivenciar estes conteúdos, mas nem sempre estamos preparados ou temos um ambiente/pessoas que nos rodeiam que permitam o surgir destes conteúdos.
Comparar cogumelos com cannabis é bastante difícil. São dois campeonatos diferentes. Na minha experiência a cannabis é uma alteradora da consciência com alguns níveis de expansão, nomeadamente ao nível do devaneio imaginativo e a da percepção sonora. Porém não é incomum algumas pessoas terem alguns surtos psicóticos que algumas vezes são associados ao seu uso (mas julgo haver sempre uma predisposição genética/ambiental); também é comum (e menos conhecido) que várias pessoas com traços psicóticos fazem um consumo diário e quase crónico da substância.

2) Pelo pouco que disseste, mas baseando-me na tua referência ao teu traço depressivo, recomendava alguma moderação nesse teu impulso para os cogumelos.
Penso que é abusivo e prematuro dizer (como foi dito) que tens uma predisposição à esquizofrenia (que é uma rótulo tão popular e tão desconhecido ao mesmo tempo...). O que podes ter é uma maior predisposição para surtos psicóticos (na minha opinião podemos todos estar sujeitos a isso, alguns com maior frequência que outros).

3) Convém distinguir depressão reactiva (ou depressão normal) que consiste numa episódio depressivo em reação a um acontecimento (ex. perda de uma relação); depressão major (que requer tratamento psiquiátrico - e goste-se ou não é mesmo necessário!) que consiste num quadro depressivo que afecta o sono, a capacidade de trabalhar e de ter cuidados básicos; e a personalidade depressiva (padrão estável). Note-se que a habilidade para deprimir é um sintoma de boa saúde mental. O que é patológico é a estagnação nessa etapa. O problema da depressão é que se torna egosintónica, ou seja, o indivíduo sente-a como parte de si e muitas vezes não nota que está diferente pois a depressão afecta a maneira como pensamos e vemos o mundo.

4) Como tão bem referiste é quase cómico (e triste ao mesmo tempo) dizer a um deprimido para "se sentir bem e curtir a vida".
Pela minha experiência e com base na minha personalidade (também tenho alguns traços depressivos) recomendaria-te uma ida a um psicoterapeuta no sentido de teres alguém com quem partilhar a tua realidade psíquica e conjuntamente, na relação, ir abordando a origem (muitas vezes bastante profunda) desses teus conflitos (no teu caso imagino que de culpa pelo que mencionaste). Não é uma decisão fácil (penso que o tomar uma substância é bem mais fácil) nem é barato economicamente mas é um investimento. Chegando a este passo penso que a escolha do terapeuta (e da sua vertente) é bastante importante. Deves de escolher algo que se adapte a ti e ao teu problema. Poderíamos iniciar um debate sobre o tipo de correntes psicoterapêuticas adequadas... (é quase como a escolha do mestre....).
Recomendo-te que leias e que vejas com a qual te identificas mais.
Como estamos num forum dedicado aos cogumelos e visto teres curiosidade pelos estados alterados de consciência (nem que seja só porque achaste que faria bem à depressão), tens uma linha terapêutica que, pelo menos teoricamente, me parece interessante: a Respiração Holotrópica desenvolvida por Stanislav Grof (pioneira da terapia com LSD). Podes encontrar vários livros na internet do autor.
Também tens a Psicologia Transpessoal (que inclui vários tipos de abordagens), pesquisa e vê se há alguma que gostes.
E também tens as psicoterapias psicodinâmicas e a psicanálise - que na minha opinião são bastante adequadas e eficazes (embora longas e economicamente dispendiosas). Há um autor brasileiro que gosto bastante chamado David Zimerman (mas isto só para saber de teoria).
Relativamente às terapias penso que uma frequência regular (1x por semana no mínimo) é essencial para estabelecer a relação entre o par terapêutico e permitir a exploração dos conteúdos emergentes. Ler teorias ou fazer auto-análise não funciona, muito menos na depressão pois o aparelho de pensar está deturpado.

5) Na minha opinião pessoal os cogumelos (e outras substâncias/plantas) proporcionam uma das experiências mais importantes da vida, permitindo uma expansão de consciência que nunca imaginaríamos que fosse possível e o contacto com sentimentos e memórias escondidos/adormecidos. Porém os conteúdos e experiências que obtemos podem não ser de fácil "digestão". E se não tivermos bem psicologicamente o mais fácil é ficarmos presos/bloqueados/paralisados por não conseguirmos aceitar o que está a emergir. Acontece a todos ;) Nesse sentido e fazendo o paralelismo da sessão psicadélica com a sessão psicoterapeutica, o papel do terapeuta será fazer-te companhia, receber e transformar conjuntamente esses conteúdos difíceis... de forma a que os possas voltar a integrar e seguir a tua viagem/vida.


Desculpa a mensagem extensa,
Abraço,
Dandy
 
Caro Dandy,

Primeiramente, agradeço muito pelo tempo dispendido, pelo interesse e pelas sugestões. Com certeza, farão diferença.

Quanto às suas questões, respondê-las-ei de modo sucinto, sem entrar em muitos detalhes, pois, mesmo estando 'acobertado' pelo apelido, não sei porquê, não fico muito à vontade para maiores explanações. Acredito que entenda.

1) Que idade tens? Ou que idade tinhas há 10 anos...
Nos primeiros contatos, tinha 18.

2) Aconteceu algum evento significativo na tua vida durante o período dos 6 meses (sem problemas) com consumos cannabis que mencionaste? Ex. Morte de familiar, mudança de cidade, terminus de uma relação, mudança de escola ou entrada na universidade, etc... Existe algum episódio marcante na tua infância que possas associar?
Ocorreram eventos significativos um pouco antes, mais ou menos um ano antes de iniciar o uso.

3) Qual era a frequência e intensidade dos consumos que referes nesse período?
A frequência variou, tendo uma época considerável, dentro desses seis meses, em que o consumo ocorreu todos os dias, várias vezes ao dia e em grande quantidade. Gostava de prensar bastante a fumaça e de fumar cigarros grandes de uma só vez.

4) Qual o ambiente dos consumos do passado? Como foi o ambiente do consumo recente (já que referes que foi diferente...)?
No passado, era na companhia de outras pessoas ou sozinho mesmo (no início, mais na companhia de outros; depois, mais sozinho), mas com a família 'na cola', querendo ver se os olhos estavam vermelhos quando eu chegava em casa, cheirar as mãos, fazendo tempestade em cópo d'água (ou não, né?). Desta última vez foi sem a família 'em cima', um pouco mais confortável nesse sentido. Não que a mente estivesse tranquila, pelo contrário.

5) Referes que estás/és deprimido. Há quanto tempo te sentes assim? É algo que sentes ou foi um diagnóstico que te foi dado?
Desde os 17. Sinto e já foi diagnosticado, mas nunca perseverei muito em nenhum tratamento farmacológico nem em acompanhamento com psiquiatra.

6) Como era a tua situação familiar na altura dessas referidas bad trips?
Situação um tanto quanto complicada.

7) Qual foi o conteúdo da bad trip recente? Referes que te auto-medicaste mas penso que não referiste o conteúdo simbólico desta bad trip.
Lembro que, após as tragadas, veio uma sensação muito forte, meio indefinida. Aí os pensamentos começaram a se acelerar, sem que eu os pudesse acompanhar. E essa sensação de não conseguir acompanhar/controlar meus próprios pensamentos me colocou em pânico (de forma idêntica às bads do passado). Comecei a dizer pra mim mesmo: "Tá tudo certo, tá tudo sob controle", e a andar 'para lá e para cá'. Senti que estava de volta a um "lugar" (leia-se "tendo sensações") em que já estivera no passado (as bads antigas).
Me senti no inferno, mas somente no que se refere à angústia e sofrimento, nada ligado a coisas místicas, não vi, nem ouvi nada. Achei que iria morrer, depois tive certeza, quando acabei deitando no colchão sentindo minha pele queimando ou como se fosse pinicada por milhões de agulhas. Pouco antes dessa sensação física, ficavam-se passando idéias de como eu seria encontrado morto no local onde estava, reação dos pais, mãe chorando... Tudo muito, muito rápido. Após a sensação física, vi que não morri, mas os pensamentos continuavam aceleradíssimos. Liguei pra minha namorada, pedindo ajuda e, enquanto não chegava, tomei o stilnox e o diazepam. Continuei andando em círculos (creio que tentando fazer com que os movimentos do meu corpo acompanhassem a velocidade dos pensamentos) na angústia de não mais voltar, de ter feito 'cagada', de ter ficado louco. A namorada chegou, perguntando o que houve, expliquei-lhe e só dizia: "Não consigo controlar meus pensamentos". Os remédios foram fazendo seus efeitos (creio que principalmente o stilnox (zolpidem), junto com ela me acalmando, até que caí no sono. Acordei horas mais tarde, ciente de tudo que havia se passado, já com os pensamentos em ordem, somente com um arrependimento. Eu estava tomando antidepressivo ISRS há mais ou menos um ano e meio, e achei que, de certa forma, estaria um tanto quanto protegido - ledo engano. Também acredito que a erva (que era prensada) era mais concentrada (em THC), pois, dias antes, usei uma outra e, fiquei somente um pouco angustiado, não chegando perto desse último efeito.

8) Após esse período das bad trips (e depois de teres deixado de fumar) continuaste com os mesmos sintomas?
Não, com os sintomas das bads, não. Em raríssimas ocasiões, surgiu um princípio de pânico, mas nada comparado (intensidade, duração).

Depois comentarei suas sugestões.

Quanto à mensagem extensa, só tenho a agradecer. Mais uma vez, obrigado pela força.
Abraço!
 
Última edição:
Olha, não li todos os posts pois achei que ficou muito confuso... Mas, de qq forma vou relatar aqui: quando comecei tomar destilados (sim, comecei a beber álcool com um copo de 200ml de pinga mesmo), não me sentia nem um pouco mal, pelo contrário, era bem legal ... Mas, depois de 5 anos tomando praticamente só destilados, comecei a desenvolver muita culpa. Acredito que essa culpa se refira as minhoquinhas que minha mãe e todo mundo enfiava na minha cabeça que eu era alcóolatra e que ia virar um alcóolatra. Assim, essa culpa desenvolveu-se em medo e enfim toda vez que tomo destilados tenho uma ressaca moral infinitamente mortal. De forma parecida, isso aconteceu com a cannabis... Sem tentar entrar em detalhes, acredito que no meu caso, eu não consigo mais aproveitar com a mesma intensidade como no começo por causa do que as pessoas conseguiram enfiar de mal em minha mente. Se eu tivesse culhões para saber encarar melhor essa situação, aposto que beber voltaria a ser um prazer ao invés de uma desgraça. Talvez seja bom você perceber se está "contaminado" por essa moral do mal, se realmente você se aplicaria a ela, se está confiante nas suas intenções e se conseguirá encarar alguma possível consequência sem um desespero muito grande...
 
Comparar cogumelos com cannabis é bastante difícil. São dois campeonatos diferentes. Na minha experiência a cannabis é uma alteradora da consciência com alguns níveis de expansão, nomeadamente ao nível do devaneio imaginativo e a da percepção sonora (...)
(...) já os cogumelos, por sua vez... (acho que faltou falar deles, nesse paralelo. Discorra, por favor)
E o que você diria da ayahuasca? (já pedindo licença aos moderadores/administradores do fórum - estamos tratando aqui de comparações e inter-relações entre os cogumelos e outros psicodélicos)

Porém não é incomum algumas pessoas terem alguns surtos psicóticos que algumas vezes são associados ao seu uso (mas julgo haver sempre uma predisposição genética/ambiental) (...)
"Bad Trip", afinal, na sua opinião é uma espécie de surto psicótico (talvez atenuado)? Você acha que essa minha última experiência com a cannabis teve mais cara de surto psicótico do que de bad trip?

2) Pelo pouco que disseste, mas baseando-me na tua referência ao teu traço depressivo, recomendava alguma moderação nesse teu impulso para os cogumelos.
Se eu fosse tomar de qualquer jeito, recomendaria quanto em gramas, seco, de psilocybe cubensis?

(...) a Respiração Holotrópica desenvolvida por Stanislav Grof (...)
Muito interessante. Cheguei a tentar pôr em prática, sozinho, em casa, mas achei bastante cansativo (sou preguiçoso) e fiquei um pouco cético a respeito. Tentarei novamente...

Na minha opinião pessoal os cogumelos (e outras substâncias/plantas) proporcionam uma das experiências mais importantes da vida, permitindo uma expansão de consciência que nunca imaginaríamos que fosse possível e o contacto com sentimentos e memórias escondidos/adormecidos.
Pois é, além de poder der uma utilidade contra depressão, na realidade tenho uma imensa curiosidade/entusiasmo em viver tais experiências. Mas, gostaria que fosse algo agradável ou, no mínimo, suportável, e não lançado num braseiro...

Porém os conteúdos e experiências que obtemos podem não ser de fácil "digestão". E se não tivermos bem psicologicamente o mais fácil é ficarmos presos/bloqueados/paralisados por não conseguirmos aceitar o que está a emergir. Acontece a todos ;)
Pois é, nesta vida, sempre tem os "poréns", né?

Nesse sentido e fazendo o paralelismo da sessão psicadélica com a sessão psicoterapeutica, o papel do terapeuta será fazer-te companhia, receber e transformar conjuntamente esses conteúdos difíceis... de forma a que os possas voltar a integrar e seguir a tua viagem/vida.
Pra grande maioria das pessoas, acredito o grande problema em termos de saúde e tratamento mental, seja o acesso, e aí me incluo. Cheguei a iniciar psicanálise freudiana, mas só aguentei ($$$) poucas sessões. O cara me arrancava quase R$ 200,00 por sessão, e ainda chorado, com desconto! Por isso acho que a psiquiatria (leia-se "tuchar remédios") vem ganhando tando espaço em cima das psicoterapias. Mesmo sem conhecer outras linhas, mas só de ler por alto, creio que ficaria com a psicanálise (alguma delas), pois, como você disse, busca as raízes dos problemas, tentando aí desatar os 'nós'. Mas é aquela, né: Em vídeos, documentários, relatos, experimentadores e psiconautas dizem que a psicanálise sequer chega perto do que os psicodélicos lhes proporciona em termos de autoconhecimento. Mas, talvez eu tenha que começar com um 'óculos' (pra enxergar a minha realidade), não é? Para depois partir pra uma 'lente de aumento' e quem sabe, depois para o telescópio (ou microscópio - como queira).
Mais uma vez, obrigado pela disposição em ajudar, caro Dandy!
Abraço!
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Mortandello, esse "merecedor de uma breja" teve um duplo sentido, teve não? (rs)
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depois de 5 anos tomando praticamente só destilados, comecei a desenvolver muita culpa. Acredito que essa culpa se refira as minhoquinhas que minha mãe e todo mundo enfiava na minha cabeça que eu era alcóolatra e que ia virar um alcóolatra. Assim, essa culpa desenvolveu-se em medo e enfim toda vez que tomo destilados tenho uma ressaca moral infinitamente mortal. De forma parecida, isso aconteceu com a cannabis... Sem tentar entrar em detalhes, acredito que no meu caso, eu não consigo mais aproveitar com a mesma intensidade como no começo por causa do que as pessoas conseguiram enfiar de mal em minha mente.
No meu caso, também houve as tais minhocas tanto em relação a um quanto em relação a outro, sempre associando a culpa aos dois. Mas o álcool nunca me deu nada parecido, nada de perda de controle, pelo contrário, sempre deu segurança e confiança. Mas acho que, em certa medida, esse componente (culpa, moral, reações) interfere bastante, sim, mas não deve ser tudo. Você teve/tem bads com cannabis também? Vi que teve com cogumelos em outro tópico. Fez novas experiências? Continuou-as tendo? Obrigado.
 
Última edição:
(...) já os cogumelos, por sua vez... (acho que faltou falar deles, nesse paralelo. Discorra,
No meu caso, também houve as tais minhocas tanto em relação a um quanto em relação a outro, sempre associando a culpa aos dois. Mas o álcool nunca me deu nada parecido, nada de perda de controle, pelo contrário, sempre deu segurança e confiança. Mas acho que, em certa medida, esse componente (culpa, moral, reações) interfere bastante, sim, mas não deve ser tudo. Você teve/tem bads com cannabis também? Vi que teve com cogumelos em outro tópico. Fez novas experiências? Continuou-as tendo? Obrigado.

oi cara... as minhas experiências com cogumelos estão meique paradas por enquanto. Pude perceber que não estou muito bom para tomar sozinho e também estou sem um lugar propício. Também tenho sempre indo até a rampa da decolagem, que todos dizem ser muito bruta mesmo, ou seja, não tenho tomado doses fortes o bastante para embalar no espaço... estou esperando o momento melhorar ! com cannabis, depende muito do momento, mas entre todas as droguinhas que eu tomo rotineiramente (cerveja e tabacco), ela é a menos ofensiva pra mim e única que eu não tenho pretensões de parar de usar... mas, por exemplo, há um ano era batata fumar e me sentir super mal, mas isso passou. Mas confesso que ainda fico um pouco anti-social quando fumo ...
 
(...) já os cogumelos, por sua vez... (acho que faltou falar deles, nesse paralelo. Discorra, por favor)
E o que você diria da ayahuasca? (já pedindo licença aos moderadores/administradores do fórum - estamos tratando aqui de comparações e inter-relações entre os cogumelos e outros psicodélicos)

Cogumelos podem ser várias coisas consoante a dose. Podem ir de uma simples mudança perceptiva, com uma maior acuidade visual e um pensamento mais livre, até à visualização de grandes ilusões visuais e uma grande alteração dos padrões de pensamento, ou em grandes doses a uma dissolução da personalidade e fusão com o cosmos, natureza, cenários estranhos e seres estranhos... É bastante comum, apartir das doses médias, o surgimento de medos ex. Será que vou ficar assim para sempre? Será que vou ficar maluco? Isto não vai acabar? Etc. Penso que todos passamos por isso em determinado momento das nossas experiências e por isso recomendo que saibas a origem do cultivo da substância para evitar ideias paranoides. Desde que a origem seja boa os cogumelos farão o seu efeito e terminarão passadas 6 horas aproximadamente. O ideal seria, parafraseando os Beatles, "turn of your mind, relax and float downstream...". Mas é fácil falar....

Nunca experimentei ayahuasca. Quem experimentou que opine sobre isso. Mas penso que não será muito diferente das experiências fortes de cogumelos. Tirando isso não podes utilizar ayahuasca se estiveres medicado com o antidepressivo que mencionaste devido aos imaos presentes na ayahuasca.

"Bad Trip", afinal, na sua opinião é uma espécie de surto psicótico (talvez atenuado)? Você acha que essa minha última experiência com a cannabis teve mais cara de surto psicótico do que de bad trip?

Se eu fosse tomar de qualquer jeito, recomendaria quanto em gramas, seco, de psilocybe cubensis?

De certa forma podemos fazer essa comparação. Não especificamente à bad trip mas à própria experiência psicadelica. Se bem que essa comparação leva muitas vezes a uma apreciação perjorativa da experiência psicadelica pela opinião pública. Mas não é por acaso que no início da investigação psicadelica o consumo de substâncias era feito de forma a criar uma psicose experimental. Nesses tempos foram vários os médicos psiquiatras que tomaram lsd e psilocibina para sentirem como seria um estado psicótico de forma a melhor compreender os pacientes.

Não faço recomendações no teu caso em particular. Terás de ser tu a fazer essa decisão. Mas parece-me que pode ser prematuro arriscares uma experiência psicadelica para já.

Muito interessante. Cheguei a tentar pôr em prática, sozinho, em casa, mas achei bastante cansativo (sou preguiçoso) e fiquei um pouco cético a respeito. Tentarei novamente...

Pois é, além de poder der uma utilidade contra depressão, na realidade tenho uma imensa curiosidade/entusiasmo em viver tais experiências. Mas, gostaria que fosse algo agradável ou, no mínimo, suportável, e não lançado num braseiro...

Penso que um elemento essencial em qualquer psicoterapia seja o outro, quer seja apenas uma pessa ou um grupo. Daí que seja bastante ineficaz, desmotivador (ou inversamente ilusório no sentido de pensares que estás afazer grandes melhorias sozinho).
Do pouco que sei ( já li uns livros do Grof) o modelo teórico dele é bastante interessante (baseado nos traumas peri-natais). Ao nível prático (conheço pior) penso que fazem sessões grupais utilizando técnicas respiratórias e audição musical. Os trabalhos são feitos com pares que depois rodam e deverá haver uma síntese grupal no final. Pelo que li há relatos de casos muito interessantes com experiências muito profundas e terapêuticas.

Os cogumelos podem ter utilidade na depressão mas ainda não há provas concretas que fundamentem isso. Eu percebo a associação feita, mas nunca recomendaria que tomasses cogumelos à espera que irias ficar melhor. O mais provável é ficares preso numa dessas bad trips. Ou então camuflares a origem do problema projectivamente (ex. Visões, entidades, vidas passadas, aliens, etc). O perigo nos psicadelicos para mim é esse: é fácil atribuirmos projectivamente os nossos problemas e conflitos a entidades e alucinações pois não temos capacidade de os integrar em nós. A bem dizer não é um problema dos psicadelicos, mas sim da mente humana, mas os psicadelicos potencializam isso. Leia-se o McKenna sobre o fenômeno dos UFO's por exemplo.

Sobre a psiquiatria, depressão, psicanálise e psicadelicos...
A psiquiatria é essencial e uma mais valia para a sociedade. Acontece que 1) as farmacêuticas são um lobby muito forte e querem ganhar muito dinheiro vendendo medicamentos - e muitos psiq. gostam de ter pouco trabalho e receber presentes e fazer viagens; 2) a medicação psiquiátrica idealmente deveria ser um estabilizador para um funcionamento mínimo de forma a se poder fazer um trabalho psicoterapeutico - o que acaba por não acontecer.

A depressão é uma coisa séria e complexa. Terá de ser abordada/combatida muitas vezes com medicação psiquiátrica para estabilizar e permitir o funcionamento social e com psicoterapia para permitir a consciencialização do problema e a sangria psicológica. Na mina opinião uma personalidade depressiva continuarà a ser depressiva mesmo após a terapia, porém terà uma maior tolerância e capacidade para lidar com esses sentimentos.

A psicanálise clássica (3 a 4 x por semana em divã) é uma experiência muito forte e não é indicada a toda a gente. Mas na minha opinião permite uma grande exploração do inconsciente mas poderá ser muito dolorosa e asséptica se for feita no modelo clássico. Volto a frisar a importância da relação terapêutica. Penso que uma psicoterapia psicanalitica face a face poderá ser mais indicada. Mas a psicoterapia é um processo lento e não cura nem trás soluções mágicas, apenas te permite ter gradualmente um maior conhecimento sobre ti e os teus conflitos.

Percebo quando se diz que a psicanálise não chega perto das experiências psicadelicas, mas não deixa de ser curioso que a maior parte dos grandes nomes tivessem feito psicanálise ;) pessoalmente a grande mais valia que tens é o facto de se já tiveres os teus conflitos minimamente resolvidos (não acredito em pessoas resolvidas) consegues ir cada vez mais fundo sem ficares preso.
Os psicadelicos permitem não perder tempo, ou seja, chegares a profundidades que normalmente levarias anos (com meditação, psicoterapia, etc), porém tudo aquilo que é feito à pressa tem os seus inconvenientes (lições mal aprendidas, ilusões, e falta de constância). Na minha opinião o ideal é juntar as duas modalidades.

Tens autores muito bons sobre estas temáticas: Stanislav Grof, Ken Wilber, Terence Mckenna.

Escolhe conscientemente ;)

Escrevi com o ipad e pode ter erros de auto correção.

Abraço,
Dandy
 
Pra grande maioria das pessoas, acredito o grande problema em termos de saúde e tratamento mental, seja o acesso, e aí me incluo. Cheguei a iniciar psicanálise freudiana, mas só aguentei ($$$) poucas sessões. O cara me arrancava quase R$ 200,00 por sessão, e ainda chorado, com desconto! Por isso acho que a psiquiatria (leia-se "tuchar remédios") vem ganhando tando espaço em cima das psicoterapias. Mesmo sem conhecer outras linhas, mas só de ler por alto, creio que ficaria com a psicanálise (alguma delas), pois, como você disse, busca as raízes dos problemas, tentando aí desatar os 'nós'. Mas é aquela, né: Em vídeos, documentários, relatos, experimentadores e psiconautas dizem que a psicanálise sequer chega perto do que os psicodélicos lhes proporciona em termos de autoconhecimento. Mas, talvez eu tenha que começar com um 'óculos' (pra enxergar a minha realidade), não é? Para depois partir pra uma 'lente de aumento' e quem sabe, depois para o telescópio (ou microscópio - como queira).

Salve salve guerreiro...infelizmente psicólogos e psiquiatras são muito caros. 200 pratas a sessão? Pra mim, são mercenários da psique. Eles lhe ajudam, claro, desde que você viabilize um passeio pra eles na Indonésia final do ano. Existem terapeutas cognitivos em SP que cobram R$ 470 uma consulta, absurdo. Por isso que o Leary causou um estardalhaço em Harvard na época dos cabelos ao vento na década de 60. Ele disse que com algumas gramas de cogumelos aprendeu mais sobre as estruturas do cérebro do que em anos como um dedicado psicólogo. 20 anos estudando psicologia, segundo ele, não foram suficientes para algumas horas na força dos mágicos.

As induções promovidas no cérebro pelas substâncias psicoativas são de extrema ameaça a cultura institucionalizada da Psicologia e Psiquiatria. Para um psiquiatra, reconhecer a eficácia e a funcionalidade da psicoterapia é admitir que os anos de medicina e residência em psiquiatria não são relevantes para um ser humano trabalhar com o cérebro de outro terráqueo. O Ato médico é uma prova da reivindicação dos supostos detentores 'do saber'. Os lobistas da farmacologia são abutres insensíveis, na minha visão.

E para a psicologia, ser favorável as práticas que utilizam psicoativos é perceber que um ser humano não precisa passar longos anos num consultório, as vezes mais de uma vez na semana, para entrar em contato com as profundezas do seu ser.

Estas são minhas críticas, mas existem também pontos favoráveis, até porque o que me enoja é esta questão relacionada ao financeiro que vem lavando o cérebro de uns e enchendo o bolso de dinheiro de outros, mas tanto a psicologia e a psiquiatria possuem os seus benefícios. Hoje, com esse nível de 'doença' que nos rodeia, negar uma intervenção medicamentosa em muitos casos é partir deste mundo mais cedo, ou viver nele com um cérebro cozido. Claro, os 'delírios' vão embora, e todo o resto também. Já na psicologia, um bom terapeuta pode lhe ajudar, independente de sua 'abordagem'. Já ouvisse falar da Análise Transacional? Foi criada pelo Dr. Eric Berne, que achava a psicanálise desnecessariamente longa e complexa. E criou sua própria abordagem, com óbvias influências do 'velho louco cheirador'. (não resisti a piadinha)

Sobre o tiozinho que passou no Fantástico, acho que ali era num ambiente de controle e a imprevisibilidade 'pode ser menor' e ' mais controlada'. Mas sobre a experiência psicodélica gosto do exemplo do Mckenna: "Vais navegar num barquinho pequeno na escuridão, e as águas podem ficar tensas e te perceber jogado nesse oceano se segurando nos destroços de um remo."

Yoga e meditação são ótimas companheiras. A psicoterapia também, minha última sessão foi altamente psicodélica. Já tive experiência com Ayahuasca que foi menos intensa que a terapia. A relatividade está em tudo irmão, inclusive nestas minhas divagações.

A força está com você!

Saudações.
 
olha eu tive muitas bads com maconha,muitas msm,pois acho que consumi muito precocemente e irresponsavelmente,e acho que isso esta ligado sim com minha bad com cogu, pois como dito em mensagens ai vc tem que estar bem para ter contato com qualquer coisa que altere sua mente,mas tambem acho que tem pessoas que não são qualificadas para esse certo tipo de experiencia,não me entendam mal.
 
Não sou nenhum especialista em nada, mas eu acho que as bads são por causa dos outros remédios que você toma...
Na verdade você não está tendo uma bad de THC, você está tendo uma bad de THC + todos os outros remédios que você toma.

Não entendo nada do seu transtorno, pode ser que esses remédios sejam bem necessários e importantes. Mas aí, a mistura acaba sendo nociva.
Você também tem vários problemas não-resolvidos com a família, isso é o pior tipo de carga que você pode carregar pra uma trip se quiser ter uma trip boa para curtir. Com certeza estes problemas virão à tona, você vai pensar "no que sua família acharia" se te visse "assim", esse tipo de coisas são rótulos colocados na sua cabeça, são frutos da falta de informação dos outros, preconceito mesmo... Você tem que trabalhar seus conceitos antes, resolver seus problemas, pra só então conseguir ter uma boa relação com qualquer droga que seja.
 
Não sou nenhum especialista em nada, mas eu acho que as bads são por causa dos outros remédios que você toma...
Na verdade você não está tendo uma bad de THC, você está tendo uma bad de THC + todos os outros remédios que você toma. Não entendo nada do seu transtorno, pode ser que esses remédios sejam bem necessários e importantes. Mas aí, a mistura acaba sendo nociva.
Olha, acho que não. Na verdade, nessa ocasião que narrei no post inicial, de uso contínuo mesmo eu só estava a tomar dois medicamentos: um antidepressivo, da classe dos IRSS (inibidores seletivos da receptação da serotonina), e um ansiolítico, da classe dos benzodiazepínicos, o qual, inclusive, usei em conjunto com o zolpidem para cortar a tal bad.
Outro ponto que fortalece essa tese (de a bad não ter sido causada por THC+medicamentos, e sim, somente pelo THC+material psíquico ou THC+predisposição neuroquímica) é o fato de que, anos atrás, quando comecei a ter as primeiras bads com uso de cannabis, eu não tomar quaisquer medicamentos psicotrópicos.
Você também tem vários problemas não-resolvidos com a família, isso é o pior tipo de carga que você pode carregar pra uma trip se quiser ter uma trip boa para curtir. Com certeza estes problemas virão à tona, você vai pensar "no que sua família acharia" se te visse "assim", esse tipo de coisas são rótulos colocados na sua cabeça, são frutos da falta de informação dos outros, preconceito mesmo... Você tem que trabalhar seus conceitos antes, resolver seus problemas, pra só então conseguir ter uma boa relação com qualquer droga que seja.
Aqui, como os caras acima também concordam, já acho que você está coberto de razão.
 
Última edição:
Ao pessoal que manda, vale colocar aqui uma experiência que tive com ayahuasca?
 
Eu diria que as bad trips anteriores com cannabis aumentam as suas chances de bad trips com cogumelos.

Realmente, eu já uso cannabis a um bom tempo, e se você está tendo esses casos de bad trips com a maconha, acho que deve trabalhar mais seu lado psicológico.
Pois um ácido é algo bem diferente do que THC, com a maconha você tem total controle sobre o corpo e mente diferente de uma experiencia com Cogus.

A dica que posso dar, tenta olhar ao seu redor, dar valor as coisas boas da vida, tenha alegria de viver, e fique feliz com o que faz bem para você. Não se preocupe tanto com o que poderam falar ou achar. E ai, quando você estiver mentalmente preparado, vá de cabeça, procurar por uma experiencia maior.


Paz :D
 
Realmente, eu já uso cannabis a um bom tempo, e se você está tendo esses casos de bad trips com a maconha, acho que deve trabalhar mais seu lado psicológico.
Pois um ácido é algo bem diferente do que THC, com a maconha você tem total controle sobre o corpo e mente diferente de uma experiencia com Cogus.

A dica que posso dar, tenta olhar ao seu redor, dar valor as coisas boas da vida, tenha alegria de viver, e fique feliz com o que faz bem para você. Não se preocupe tanto com o que poderam falar ou achar. E ai, quando você estiver mentalmente preparado, vá de cabeça, procurar por uma experiencia maior.


Paz :D
Valeu, Realrondd! Com certeza, suas dicas ajudaram bastante.

Quando a gente usa algum alucinógeno/psicodélico/enteógeno, do tipo psilocibina ou ayahuasca (que pelas informações do Estimado Ecuador, têm efeitos meio que semelhantes, embora hajam diferenças significativas), será que é normal, num cenário cheio de gente que você não conhece, no ponto alto da trip (que já havia descambado para uma bad), você, por uns brevíssimos momentos, achar que todos os presentes estivessem com o pensamento direcionado a você? Tipo... por alguns instantes, todos preocupados ou "bravos" com você pelo fato de você estar "passando mal" e ter saído pra fora do recinto, atrapalhando a cerimônia? Tipo, pensar que todos estavam achando: "não aguenta, bebe leite, seu c... do c..."? Isso, como eu disse, por brevíssimos momentos... Quando olhava, constatava que cada um tava na sua, nem aí pra você (pra mim, no caso)... O que será isso? Uma necessidade inconsciente de ser o centro das atenções? Complexo de inferioridade? Um indício de paranóia, delírio persecutório ou de referência? Agradeço imensamente opiniões, inclusive dos colegas que já se manifestaram anteriormente (Dandy, Tiaguera, Ecuador, Montainee) e outros caríssimos companheiros.
 
Última edição por um moderador:
]O que será isso? Uma necessidade inconsciente de ser o centro das atenções? Complexo de inferioridade? Um indício de paranóia, delírio persecutório ou de referência?

Bom, necessidade inconsciente de atenção não é, até porque nesse exato momento você está bem ciente. Como também pode ser complexo de inferioridade, paranoia, delírio e tudo mais misturado. O que isso quer dizer? Que quem está por fora pode apontar para várias direções, mas o único que poderá saber a direção correta é você mesmo.

Já tirou um tempo para pensar na possibilidade que talvez o momento atual não é o ideal para usar psicoativos? Talvez essa seja a lição, que agora é o momento de trabalhar outras áreas da vida.
 
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