- 22/12/2007
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Um bom exemplo que eu sempre cito sobre a espiritualidade de cada um, é a de um bom cristão que após horas de ensinamento de um padre, leitura da Bíblia e confraternização com seus irmãos, sai da congregação, é fechado no primeiro farol... O que ele faz? Baixa o vidro, xinga e mostra o dedo. Isto é espiritualidade? Esta pessoa vai ser "salva"?
Há uma história interessante do Osho, pelo que me lembro, que fala de um homem que tinha frequentes explosões de raiva. Aí ele se retirou para as montanhas e ficou lá sozinho, e tranquilo. Olha que ficar sozinho não é coisa simples, pois aí as suas projeções não tem para onde fluir, e se voltam contra você próprio. Mas ele ficou bem sozinho.
Aí, depois de alguns anos, algumas pessoas o descobriram vivendo lá, como um eremita, e se dirigiram a ele em termos respeitosos, considerando-o um mestre. Ele conversou com essas pessoas, e mais e mais pessoas começaram a vir, sempre com essa postura de idolatria. Ele se sentia muito bem.
Aí um dia lhe disseram que haveria um grande festival na cidade e ele seria bem-vindo lá. Após muitos anos de reclusão ele foi ao encontro de outros seres humanos.
Entrou na cidade cheia de gente, onde quase ninguém o conhecia. Levou empurrões, foi xingado, arrastado pela multidão mal cheirosa e barulhenta, se sentindo cada vez pior.
Então alguém pisou no seu pé, e ele teve ... um ataque de raiva. No fundo ele se escondera nas montanhas durante anos.
Do Blog Samsara:
SEGUNDA-FEIRA, 30 DE MARÇO DE 2009
Foco do Dharma
Na verdade, o ponto focal da prática do dharma não tem nada a ver com entoar mais mantras ou gastar mais horas sentado meditando. Tem muito mais a ver com coisas simples do cotidiano.
Quando você caminha e conversa com as pessoas, quando você senta perto de seus amigos, ou inimigos -- duvido que tenhamos algum inimigo explícito, mas me refiro às pessoas que você não se dá bem, difíceis de lidar, ou que te chateiem -- você deve estar com eles.
Como Atisha Dipamkara*, que -- com muito esforço -- trouxe um indiano com ele para o Tibete. Esse homem não tinha nenhuma outra função além de perturbá-lo. Esse foi o único objetivo de trazê-lo.
Dzongsar Khyentse Rinpoche (1961 ~)
"Longchen Nyingtik Practice Manual: Advice on How to Practice"
http://www.samsara.blog.br/2009/03/foco-do-dharma.html