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Problemático 2º diário - experimentos envolvendo PF tek para bulk (cambodian)

Diário de cultivo problemático.
Raças
cambodian
Inoculação
25/03/2021
Inoculação via
cultura líquida
Assepsia (Inoculação)
Ar livre, em um cômodo sem circulação de ar, esterilizado com alcool 70 e lysoform.
Terrário
nenhum por enquanto
Técnicas
PF TEK, bulk
Substratos
Farinha de arroz, vermiculita, esterco, carbonato de cálcio, sulfato de cálcio.
Esse diário é sobre minhas várias experiências em andamento, não é algo muito específico, então não sei se ele se encaixa aqui. Caso não se encaixe, peço desculpas.

25/02 - fiz três bolos em copos de vidro em formato cilíndrico. A receita que usei foi quase a mesma de sempre, salvo algumas exceções: 250ml de água, 200g de farinha de arroz e 80g de vermiculita. A exceção foi que adicionei também uma colher de sobremesa de carbonato de cálcio e outra de sulfato de cálcio.

A farinha de arroz foi eu mesmo que fiz e deu um trabalho grande, o que me fez questionar se vale a pena fazer, se considerado o custo-benefício. A vantagem de fazer você mesmo é poder misturar vários tipos de arroz. Fiz a farinha com arroz negro e arroz integral na proporção de 1:1 (100g de cada). A farinha ficou escura e os bolos também, o que deve ajudar na hora de checar a colonização. Depois disso esterilizei por 1h30m na panela de pressão e inoculei quando a panela esfriou e os bolos também (dia seguinte). Antes eu deixava os bolos inoculados em uma caixa de sapato, mas como esses copos são mais altos, tive que encontrar outro lugar. O lugar que encontrei foi um gabinete pequeno que fica acima da geladeira e quase ninguém mexe.

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Bolos inoculados



Primeira checagem dos bolos - dia 05/03/21.

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Colonização satisfatória e prosseguindo a todo vapor.


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A minha ideia é tentar passar o PF TEK pra bulk. Já tentei algumas outras vezes, mas da última vez o bulk ficou verde… dessa última vez a receita que segui foi fibra de coco moída, esterco de gado moído e vermiculita na proporção 3:1:1. Minha tentativa é criar um cultivo mais natural e simples o possível, até porque na natureza as relações são bem complexas e ainda assim funcionam perfeitamente (sem a nossa intervenção). Pensei em criar um vaso de capim e cultivar os cogumelos juntos deles, afinal na natureza é onde eles se dão bem.

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A ideia é cultivar o círculo de capins, que vão se desenvolver e servir de sombra pro esterco inoculado, que ficará no centro e entre os capins. O esterco vai fornecer nutrientes pro capim, que vai crescer e auxiliar o micélio, fornecendo sombra e mais umidade. Essa experiência surgiu porque por várias vezes tentei controlar e criar um ambiente estéril e ideal pro cultivo, mas nunca dava certo. Deu certo quando deixei a natureza seguir seu rumo. Acho que essa é uma forma de tentar copiar os mecanismos naturais (com um pequeno empurrãozinho nosso). A natureza e o micélio estão aí a bilhões de anos ou quem sabe até mais, eles sabem muito bem se virar.

O substrato que pretendo fazer pra esse bulk do capim é o seguinte:

Receita bulk

1 parte de vermiculita
1 parte de esterco moído
3 partes de fibra de coco moída

2.5-5% esterco de galinha
2.5% carbonato de cálcio
2.5% sulfato de cálcio


% do peso da mistura


Quantidade de água = peso total X 2.

Na receita original era X 5, mas quando fiz, isso foi água demais. Acho mais válido colocar essa quantidade e ir adicionando aos poucos caso precise, até chegar na field capacity. Melhor do que encharcar e ter que ficar espremendo depois. Pretendo esterilizar na panela de pressão pra comparar os resultados com a experiência logo abaixo (esterco puro, sem fibra de coco, vermiculita ou esterilização). Imagino a cara da minha mãe me vendo cozinhar bosta na panela de pressão hahahaha


Além disso, também comprei um esterco de gado que tá fresco. Já molhei ele e estou deixando curtir um pouco, vou adicionar um pouco de esterco de galinha (uns 2%), carbonato e sulfato de cálcio e misturar com um dos bolos. Sem vermiculita, sem fibra de coco. Só o esterco com os aditivos (que na verdade são mais pra estabilizar um pouco o pH). Como disse, minha ideia é tornar o cultivo o mais simples e natural possível. No pasto o micélio não fica esperando o esterco maturar, então vou tentar também reproduzir essas condições.

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1 kg de esterco moído, com odor forte (não totalmente curtido), tô regando e remexendo ele pra curtir um pouco mais.


Em resumo: dos três bolos PF TEK, vou usar dois e deixar um só como PF TEK mesmo, por motivos de: já cansei de comprar seringas de esporos e pretendo pegar uns carimbos dessa strain (cambodian), que tem tido resultados muito bons, principalmente em termos de colonização do substrato.
 
Por curiosidade testei o pH do esterco fresco e ele está entre 8-9, ou seja, básico. Acima de sete (neutro) o pH já é considerado básico. As bactérias preferem um pH mais ácido. Já os fungos se dão bem em um pH mais básico. O livro (referência abaixo) cita um pH na faixa de 8 como ideal. Então, ao menos teoricamente, não há razão para se preocupar muito com o esterco estar fresco. Não há porque nem mesmo esperar o pH do esterco diminuir, que acontece naturalmente conforme ele "curte". Alem disso, o carbonato/sulfato tampona o pH, o mantendo na faixa básica, que pode ser uma empurrãozinho extra para o micélio.

Eu pensava que o esterco fresco "queimava" as plantas por ser mais ácido (a ideia infantil de que só o que é ácido queima), nem imaginava que era por ser básico. A soda cáustica, por exemplo, é muito básica e pode causar queimaduras bem feias. Em todo caso, a vantagem do micélio com relação aos contaminantes é justamente ele conseguir colonizar o esterco ainda fresco, não deixando espaço pra bactérias, que preferem meios mais ácidos.


Essa informação referente ao pH retirei do livro “Psilocybin mushroom handbook - Easy indoor and outdoor cultivation”.
 
Ainda sobre o pH do esterco:

"O pH do estrume (exceto para estrume de aves) reduziu significativamente com a compostagem. O pH do esterco de búfalo era 8,7 na amostra fresca e foi reduzido para 7,7 na amostra compostada. Para o esterco de camelo, o pH era 8,6 no composto fresco e 8,5 no composto, para o esterco de vaca o pH era 8,5 no composto fresco e 7,4 no esterco maturado. O esterco fresco de cabra apresentou pH de 8,9 e 7,8 no esterco compostado. O esterco de aves apresentou pH 8 quando fresco e 8,4 quando compostado. Essa diminuição do pH pode ser atribuída à modificação da composição química do esterco por ação microbiana, notadamente pela produção de ácidos orgânicos."

Fonte: Chemical characterization of fresh and composted livestock manures
 
Ontem (08/03) chequei os bolos e a colonização parecia meio estagnada. Fiz dois furos no papel alumínio dos bolos com um espeto de churrasco de metal, previamente esterilizado com álcool 70 e aquecido até ficar laranja. Quando fui checar eles hoje (09/03), a colonização havia dado um salto enorme. Já não é a primeira vez que reparo nisso, a troca de ar (CO2/O2) também é bem importante na colonização. O micélio não é 100% anaeróbio, então por mais que ele se de bem em ambientes com pouco O2, principalmente nas fases de colonização, na natureza ele tem acesso a oxigênio. Já numa Tupperware ou semelhante fechada, é diferente. Nessas condicções a concentração de O2 pode chegar a níveis bem baixos. Isso é algo a se considerar nos próximos cultivos.


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Potes dia 09/03. Pós furos, não tirei a foto antes dos furos, mas a colonização deu um salto do dia pra noite (literalmente).
 
Estava estudando sobre o trichoderma, basicamente buscando meios de evitá-lo no bulk, pois da última vez ele colonizou o bulk mais depressa que o micélio. Lendo sobre o trichoderma, vi que ele é um aliado na agricultura, é cultivado, vendido e utilizado largamente. Fiquei surpreso com essa informação, porque pra quem cultiva cogumelos o trichoderma é praticamente um antagonista, mas por outro lado, pra outros ele é um aliado. Ele possui vários usos na agricultura, agindo contra patógenos nocivos às plantas como nematóides, fungos, vírus e bactérias. Geralmente o faz suprimindo o crescimento destes, por se desenvolver bem depressa.


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13/03 - Fui checar os bolos e resolvi passá-los hoje pro bulk no esterco, semi curtido mesmo. O esterco já não estava mais com cheiro forte.

Era 1kg de esterco bovino, adicionei 40 g de esterco de frango, 25g de carbonato de cálcio e 25g de sulfato de cálcio, misturei tudo, quebrei dois dos três bolos (PF tek) e misturei bem. Dei uma pressionada para aumentar o contato, mas não muito para não deixar sem ar. O nível de umidade do esterco foi aquele no qual você aperta e sai somente umas gotinhas.


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Coloquei a bacia com o substrato e com os bolos despedaçados em um saco preto, sem fechar muito nem nada.

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Observação: todos os três bolos estavam MUITO secos, tipo farinha mesmo. A escolha de passar hoje pro bulk e colocar um dos bolos pra frutificar veio na hora certa (🌟✨sigam sua intuição🌟✨). No fundo, o fato dos bolos estarem secos pode acabar sendo uma vantagem no caso do bulk, porque eles já eram praticamente um spawn, com os grãos de arroz moídos grosseiramente e colonizados.

Observação 2: o esterco não foi esterilizado de maneira nenhuma e optei por não adicionar vermiculita ou fibra de coco no substrato no bulk, por conta de possíveis contaminações, principalmente depois de ler que alguns fabricantes de fibra de coco adicionam Trichoderma no produto. Também não confio na esterilidade da vermiculita. Já o esterco, bom, o micélio se entende com ele já faz alguns milênios. Como mencionei, esse esterco estava relativamente fresco, então o que fiz foi deixar ele maturando no sol/chuva por alguns dias, fui revirando e por vezes regando. Somente.

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Parte 2

O último dos três bolos estava mais colonizado, por isso deixei ele de molho na água por um tempo pra hidratar e coloquei ele pra frutificar, a fim de que caso esse samba todo não frutifique, ao menos tenha o PF tek clássico e alguns esporos para continuar as experiências sem ter que comprar outra seringa.


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Dando um mergulho pra rehidratar (estava esfarelando de tão seco)

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Caminha de vermiculita umedecida e eesterilizada no microondas.

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Furos na parte de cima para saída do ar quente, que é menos denso e sobe por convecção e furos na parte de baixo para entrada do ar frio, mais denso e que por isso tende a descer.

Exemplo:

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Furos tampados com micropore



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É isso, agora é esperar pra ver. Resumindo;

1) esterco semi curtido misturado com carbonato de cálcio, esterco de galinha e sulfato de cálcio.
2) 2 bolos PF tek misturados no substrato
3) substrato coberto com saco de lixo preto e colonizando.
4) 1 dos 3 bolos de PF TEK foi pra frutificação


Bibliografia


Artigos da Embrapa sobre o uso do trichoderma na agricultura

 

Anexos

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17/03 - update

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Uma coisa que reparei que ajudou muito na colonização foi o uso do saco preto (bem escuro e não lacrado/amarrado). Fiz o mesmo com outra bacia e de um dia pro outro já surgiu bastante micélio.

Esse diário acabou virando um livro, então pretendo organizar todas as informações, tentativas, acertos e percalços em um post final organizando tudo quando finalizar a experiência (basicamente um relatório final, que vou escrevendo aos poucos), mas por hora não vou mais postar updates individualmente, porque acho que tá ficando muito extenso e talvez prolixo.
 
por hora não vou mais postar updates individualmente, porque acho que tá ficando muito extenso e talvez prolixo.

Fique a vontade, algumas etapas podem ser avaliadas pelos colegas de toda forma, então não se acanhe de atualizar conforme o cultivo andar.
 
Fique a vontade, algumas etapas podem ser avaliadas pelos colegas de toda forma, então não se acanhe de atualizar conforme o cultivo andar.
Agradeço demais pelas palavras de incentivo! Esse cultivo não deu, mas tô fazendo um tô que tá a todo vapor!

Inoculei em arroz integral pensando em fazer bulk. Cara, foi a coisa mais simples do mundo. Preparei os potes previamente com silicone de alta temperatura e um furo com lã acrílica, deixei o arroz integral de molho por 6h, cozinhei por 5 minutos e coloquei nos potes. Inoculei com uma seringa de esporos (muito fácil e sem erro, porque o pote permanece fechado). O micelio já se espalhou nos três potes, já chacoalhei e ele já se recuperou, se espalhando ainda mais. 💚 Eu fui fazendo um diário, tenho ele escrito, mas não postei aqui. Pode postar mesmo se já tiver terminado? É que eu gostei bastante desse método e acho que pode ser útil pra galera também.

PS: minha ideia agora é tentar ir mantendo sempre um pote com spawn, aí vou só multiplicando ele.
 
Por que vc nao faz uma CL e multiplica essa seringa?
Opa, então já tentei fazer cultura liquida uma vez e não deu certo, nunca mais tentei desde então. Achei complicado de distinguir o que era micélio do que era leveduras e sei lá o que era aquilo hahahah você tem algum método legal que funcione bem pra você?
 
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