Editado pela Via Sapiens, o Primavera Fungi é um manual de campo para identificação de cogumelos silvestres. Exemplar em diversos aspectos, seguem os prós e contras:
Contras:
- Fichas Individuais:
As fichas individuais das espécies são muito bem elaboradas, mas poderiam incitar ainda mais a curiosidade se os termos-chave fossem grifados e a diagramação favorecesse isso. Entretanto, é apenas uma questão menor diante da fértil contribuição que a obra traz.
- Receitas:
As receitas são sugeridas por chefs e seus ingredientes podem ser difíceis de obter, em geral ("estrogonofe de jacaré"?). Isto torna boa parte do capítulo um tanto imprática. Talvez fosse melhor colocar sugestões e dicas de preparo nas fichas individuais de cada espécie além do capítulo gastronômico.
- Tamanho e Valor:
Não é um livro tão prático para se usar em campo, como se pretende. O ideal é que fosse mais quadrático e em capa dura; mas com certeza isso aumentaria ainda mais o seu preço de prateleira, que já não é muito acessível.
Prós:
- Imagens:
É evidentemente a característica principal. O livro é ricamente povoado com mais de uma centena de fotografias de ótima qualidade, que estão em quase todas as páginas - muitas ocupam páginas inteiras. As tomadas de ângulos muito próximos e variados dão muita vontade de tentar ver da mesma forma quaisquer cogumelos que possam ser encontrados para além do livro. O esmero e dedicação são evidentes e proporcionam não apenas um valor de saber, mas uma experiência estética de se estar folheando um portifólio.
- Chave Dicotômica:
Ela é simplificada e instrui apenas acerca das características mais elementares dos cogumelos tratados. Assim, é necessário observar mais as imagens do que avaliar as características particulares, apostando mais na intuição visual do que no conhecimento específico. Embora isso limite um tanto o acesso a um saber mais profundo, para os objetivos e o público-alvo pretendido é uma excelente forma de tradução, já que pesa mais na sensibilidade visual das espécies; algo que os cogumelos em geral trazem por si sós.
- Dicas de Caça:
Se trata do capítulo mais interessante e incitante. Com bom senso e texto agradavelmente simples, dicas e alertas sobre associações ecológicas, coleta e material para coleta, conservação, esporadas, secagem, preparo, consumo, locais de abundância, acesso a áreas particulares e outros - bastante práticos - são passados com clareza ("Dicas de Coleta" seria mais adequado). Aí fica claro o tempo e o trabalho dedicados à obra, frutos de 12 anos de pesquisa, organização de dados, notas e cadernos de campo. Raro alguém saber passar e contribuir assim.
- Fichas Individuais:
Diversos ângulos, com legendas intuitivas e pelo menos três imagens por espécie dão a impressão (verdadeira) de que qualquer pessoa pode estudar cogumelos. Dá muita vontade de ficar folheando a esmo, apenas lendo e vendo pelo mero interesse de saber. São 154 espécies contempladas.
- Acessibilidade:
Todas essas qualidades encaixam o volume num nicho intermediário entre a micofilia e a micologia propriamente dita. Se o texto pode parecer simplista demais para pessoas da Biologia, as ótimas imagens das espécies compensam esse ponto. Para quem quer iniciar os estudos na área (como eu), é um tapete vermelho ou uma sala confortável e aconchegante.
Avaliação geral:
Apenas excelente. Salvo os contras, se trata do melhor em identificação de cogumelos silvestres e deve ocupar esse lugar por um bom tempo ainda. Vale a pena adquirir em formato físico - visto que é um manual de campo recente e atualizado - sendo este um belo e duradouro investimento. Também ajuda o autor (resultado de um trabalho de 12 anos) e a livraria/editora. Uma bibliografia de principais obras consultadas comentadas, e uma versão física mais prática, em formato menor e capa dura, com menos imagens de página inteira, poderia ser disponibilizada numa próxima edição. Mas como o Brasil é tão micofóbico quanto sapiofóbio, não creio que acontecerá. Torçamos de qualquer forma.
Contras:
- Fichas Individuais:
As fichas individuais das espécies são muito bem elaboradas, mas poderiam incitar ainda mais a curiosidade se os termos-chave fossem grifados e a diagramação favorecesse isso. Entretanto, é apenas uma questão menor diante da fértil contribuição que a obra traz.
- Receitas:
As receitas são sugeridas por chefs e seus ingredientes podem ser difíceis de obter, em geral ("estrogonofe de jacaré"?). Isto torna boa parte do capítulo um tanto imprática. Talvez fosse melhor colocar sugestões e dicas de preparo nas fichas individuais de cada espécie além do capítulo gastronômico.
- Tamanho e Valor:
Não é um livro tão prático para se usar em campo, como se pretende. O ideal é que fosse mais quadrático e em capa dura; mas com certeza isso aumentaria ainda mais o seu preço de prateleira, que já não é muito acessível.
Prós:
- Imagens:
É evidentemente a característica principal. O livro é ricamente povoado com mais de uma centena de fotografias de ótima qualidade, que estão em quase todas as páginas - muitas ocupam páginas inteiras. As tomadas de ângulos muito próximos e variados dão muita vontade de tentar ver da mesma forma quaisquer cogumelos que possam ser encontrados para além do livro. O esmero e dedicação são evidentes e proporcionam não apenas um valor de saber, mas uma experiência estética de se estar folheando um portifólio.
- Chave Dicotômica:
Ela é simplificada e instrui apenas acerca das características mais elementares dos cogumelos tratados. Assim, é necessário observar mais as imagens do que avaliar as características particulares, apostando mais na intuição visual do que no conhecimento específico. Embora isso limite um tanto o acesso a um saber mais profundo, para os objetivos e o público-alvo pretendido é uma excelente forma de tradução, já que pesa mais na sensibilidade visual das espécies; algo que os cogumelos em geral trazem por si sós.
- Dicas de Caça:
Se trata do capítulo mais interessante e incitante. Com bom senso e texto agradavelmente simples, dicas e alertas sobre associações ecológicas, coleta e material para coleta, conservação, esporadas, secagem, preparo, consumo, locais de abundância, acesso a áreas particulares e outros - bastante práticos - são passados com clareza ("Dicas de Coleta" seria mais adequado). Aí fica claro o tempo e o trabalho dedicados à obra, frutos de 12 anos de pesquisa, organização de dados, notas e cadernos de campo. Raro alguém saber passar e contribuir assim.
- Fichas Individuais:
Diversos ângulos, com legendas intuitivas e pelo menos três imagens por espécie dão a impressão (verdadeira) de que qualquer pessoa pode estudar cogumelos. Dá muita vontade de ficar folheando a esmo, apenas lendo e vendo pelo mero interesse de saber. São 154 espécies contempladas.
- Acessibilidade:
Todas essas qualidades encaixam o volume num nicho intermediário entre a micofilia e a micologia propriamente dita. Se o texto pode parecer simplista demais para pessoas da Biologia, as ótimas imagens das espécies compensam esse ponto. Para quem quer iniciar os estudos na área (como eu), é um tapete vermelho ou uma sala confortável e aconchegante.
Avaliação geral:
Apenas excelente. Salvo os contras, se trata do melhor em identificação de cogumelos silvestres e deve ocupar esse lugar por um bom tempo ainda. Vale a pena adquirir em formato físico - visto que é um manual de campo recente e atualizado - sendo este um belo e duradouro investimento. Também ajuda o autor (resultado de um trabalho de 12 anos) e a livraria/editora. Uma bibliografia de principais obras consultadas comentadas, e uma versão física mais prática, em formato menor e capa dura, com menos imagens de página inteira, poderia ser disponibilizada numa próxima edição. Mas como o Brasil é tão micofóbico quanto sapiofóbio, não creio que acontecerá. Torçamos de qualquer forma.
