- o potencial terapeutico dos psicodelicos vem mais da ampliaçao da consciencia do que da anestesia dos indiviudos (como no caso de drogas alienantes e da medicacao usual antidepressiva, ou de comportamentos viciosos). Ou seja, ninguem esta esperando viver em um oasis psicodelico onde tudo é perfeito e bom , onde nao há sofrimento ou defeito em nada ... muito pelo contrario, a expansao da consciencia esta conectada com saber lidar com a vida, com nós mesmos, com nossa sombra, com as relações, que sao suscetiveis sim a conflitos (é natural e pode ser construtivo se soubermos lidar) , tristezas e contratempos com os quais precisamos aprender a lidar sem apego, deixando sentir e deixando passar.
Justamente por que se usa alucinógenos como uma forma de terapia é que esse uso está condenado ao fracasso. Afinal de contas, por que diabos uma pessoa faz terapia? É porque ela espera que a terapia a faça feliz e a torne uma pessoa melhor, certo? E é precisamente aí que mora o equívoco, porque é uma tentativa de melhorar e fazer feliz algo que nem sequer existe e que é pela sua própria natureza infeliz e medíocre, tanto é que uma pessoa pode passar toda a sua vida fazendo terapia e/ou usando alucinógenos, que ao final da vida ela ainda vai sentir que ainda há muito conteúdo inconsciente para trabalhar e que ela ainda não está satisfeita e feliz o suficiente.
Dizem que os alucinógenos podem desencadear mudanças de vida radicais e profundas, mas isso é pura propaganda enganosa que os usuários fazem, pois basta ler os seus relatos para perceber que de radicais e profundas essas mudanças não têm nada. Na verdade elas são, das duas, uma:
- ou extremamente superficiais (por exemplo: “os alucinógenos me curaram da depressão”, “eles me curaram da ansiedade”, “eu me curei de um trauma”, “eu parei de beber”, “eu parei de fumar”, “eu me curei da dependência química”, “eu me tornei menos materialista”, “eu passei a valorizar as coisas simples da vida”, “eu parei de comer carne”, “eu parei de comer porcarias”, “eu me tornei mais saudável”, “eu passei a valorizar a natureza”, “eu parei de assistir televisão” etc.);
- ou são mudanças pra pior (por exemplo: alguns se tornam religiosos; outros transformam o alucinógeno num objeto de endeusamento e idolatria; outros começam a achar que estão despertos e iluminados [ou sabem que não estão, mas dizem que sim só pra fazer pose]; outros começam a acreditar em duendes, gnomos, espíritos, entidades, entre outras baboseiras do tipo; etc.).
Todas essas mudanças são superficiais porque são mudanças num nível meramente pessoal. A única mudança realmente profunda e radical é conhecer a si mesmo, e não apenas conhecer a si mesmo, mas viver continuamente nesse estado. De que adianta eu me curar de uma depressão e de uma ansiedade, se eu continuo vivendo pensando ser um indivíduo e se em breve o sofrimento vai aparecer novamente (ou sob a forma de uma nova depressão e ansiedade, ou sob qualquer outra forma)? De que adianta eu ir morar na natureza e só comer orgânicos, se eu continuo enganado sobre quem eu realmente sou? Que valor podem ter mudanças como essas?
Outra propaganda enganosa que se faz dos alucinógenos é dizer que eles vão direto à causa do problema psicológico. Se eles realmente fossem até a causa, então ninguém mais precisaria usar alucinógenos novamente com o objetivo de resolver um problema, porque a causa de um problema é a causa de todos os problemas (isto é, todos os problemas têm a mesma causa). Se hoje eu saio por aí alardeando que eu tinha um problema X que foi curado por um alucinógeno que me mostrou a raiz do problema X, e mês que vem quando me surge um problema Y eu tenho que usar novamente um alucinógeno para descobrir qual a raiz do problema Y, isso significa que o alucinógeno não me mostrou realmente a raiz do problema X e que ele ficou pelo meio do caminho (ou, se eu realmente descubro que todos os problemas têm a mesma causa e mesmo assim acho que preciso de um alucinógeno para resolver um determinado problema em particular, isso quer dizer que eu estou com muita vontade de continuar me enganando mesmo sabendo disso).
Aliás, muitas das pessoas que dizem que os alucinógenos têm um grande poder de cura são as mesmas que ficam tomando repetidamente alucinógenos de tempos em tempos para resolver novos problemas que surgem. Eu gostaria de saber que tipo de “cura” é essa que nunca se finaliza e precisa ficar continuamente se renovando. Será que é cura mesmo, ou é no máximo um paliativo meia boca?
- Nao sei qual a ideia que vc tem de terapia, mas ela é toda voltada para o empoderamento do individuo
Pois o indivíduo é algo que deve ser enfraquecido, isso sim, e tornar-se cada vez mais impotente até sucumbir de vez.
A única forma de se entender o indivíduo que se acredita ser é sabendo quem realmente se é, e ninguém descobre quem realmente é tentando entender o indivíduo que se acredita ser. Quando eu faço terapia, eu não estou entendendo a mim mesmo, porque eu não sou um indivíduo, e o objeto de estudo da terapia é o indivíduo; e nem mesmo entender o indivíduo que eu penso ser eu estou entendendo quando eu faço terapia, uma vez que os métodos que a terapia utiliza partem do ponto de vista do próprio indivíduo e, portanto, estão fadados a ser enganosos e deficientes.
tenha cada vez mais auto-consicencia e assuma auto-responsabilidade e as rédeas da propria vida.
O que exatamente você quer dizer com “assumir as rédeas da própria vida”?
Se alguma terapia prometer "parar de sofrer" ou "corrigir a mente" de alguem pode denunciar pro Conselho Federal de Psicologia que é charlatanismo. Psicologa/o serio jamais prometeria isso.
Pode não prometer, mas é esse o objetivo e o que ela tenta fazer. E é óbvio que mesmo essa tentativa está fadada ao fracasso, já que a psicologia e a psiquiatria partem do pressuposto de que existe um indivíduo, ou uma mente (a propósito, é de “mente” que vem a palavra “mentira” [o verbo latino “mentiri”, que quer dizer “mentir”, vem do substantivo latino “mens”, que quer dizer “mente”; ou seja, a mente mente]), e que é possível que esse indivíduo seja feliz e saudável. Ou seja, toda a psicologia e a psiquiatria estão fundamentadas num engano, têm mentiras como pressupostos não questionados.
A prova viva de que a psicologia e a psiquiatria são um fiasco é o fato de que elas não conseguiram tornar a humanidade nem um pouco mais saudável e feliz (pelo contrário, a humanidade só vai de mal a pior). Ou elas mascaram o problema, ou nem sequer mascarar o problema elas conseguem. Em alguns casos a pessoa pode até ter alguma leve melhora, mas essa leve melhora não é o suficiente para torná-la sã e feliz e depois de um tempo novos problemas surgem e ela precisa voltar à terapia. Qualquer mudança provocada por uma terapia será sempre num nível meramente pessoal, e, portanto, será superficial e insignificante. Há casos também em que a pessoa sente que não se enquadra no padrão da sociedade e vai ao terapeuta porque quer ser igual a todo mundo (geralmente os pais, quando veem que seus filhos não são do jeito que queriam que eles fossem ou igual a todas as outras crianças, os levam à terapia esperando que isso corrija esse “defeito” da criança).
Uma pessoa só faz terapia porque ela espera de algum modo tornar o indivíduo que ela pensa ser feliz, melhor e sadio; ou seja, ela está investindo sua felicidade em algo limitado e que dentro de pouco tempo chegará ao fim, portanto sua “felicidade” só poderá ser limitada e finita. Os próprios psicólogos e psiquiatras acreditam também ser um indivíduo, portanto eles não são menos insanos e infelizes do que seus pacientes. Afinal de contas, psicologia e psiquiatria se resumem a isso: loucos tratando loucos, cegos guiando cegos. Mas nós gostamos de nos iludir e acreditar que ir para a faculdade e conseguir um diploma acadêmico torna alguém apto a ajudar os outros a serem felizes e sãos.
Muita gente dentro da psicologia e psiquiatria sao bastante serios na pratica, teoria e experimentaçao. E as pessoas mais serias que tenho visto sao as que estao estudando cientificamente os psicodélicos.
Mesmo os melhores psicólogos e psiquiatras (ou seriam os menos piores?), por mais que estejam bem-intencionados, ainda assim são péssimos, já que eles já partem do pressuposto de que de fato existe um indivíduo e que é possível que esse suposto indivíduo seja feliz e são, e isso é tentar enxugar gelo, porque nem sequer existe um indivíduo, pra começo de conversa, e muito menos esse indivíduo algum dia vai conseguir ser feliz e são.
Por isso é preciso tomar consciência, e é preciso ajuda (de psicologos, amigos, medicinas, familia, ou de quem ou o que mais puder ajudar cada pessoa) pra gente expandir a consciencia sobre nos mesmos.
Se você for depender da ajuda dos outros para “expandir a consciência sobre si mesma”, então se prepare para quebrar a cara e talvez até mesmo contrair a “consciência sobre si mesma” (e provavelmente nem se dar conta disso).
- curiosidade: vc ja comeu cogumelos magicos?
Já comi algumas poucas vezes, todas elas apenas doses de 1 grama secos, nunca mais do que isso. Por que a pergunta?
Mas pode acabar com alguma situação debilitante, e dar à pessoa melhores condições para pensar no que fazer.
Melhores condições para pensar no que fazer ou para voltar para a sua zona de conforto e se enganar achando que é feliz?
Procure que você vai achar. Se vai acreditar ou não é outra história.
E por que você mesmo não pode me dizer?
De qualquer forma, quando você fica falando que não sei quem disse não sei o quê, você não está se responsabilizando pelo que você fala, você está meramente me informando o que os outros pensam ou deixam de pensar... “Fulano disse isso”, “sicrano disse aquilo”... Que importância tem o que os outros dizem, pensam e acreditam? O que você fez foi basicamente pegar o que eu disse e comparar com o que fulano disse para ver se o que eu disse coincidia ou não com o que fulano disse, como se fulano fosse parâmetro para alguma coisa. O que importa é o que fulano disse, ou o que importa é a verdade?
No mais, se eu for acreditar em algo só porque alguém disse aquilo, então eu vou ter que acreditar em todo tipo de besteira e absurdo possíveis. Crença é algo típico de quem tem preguiça de descobrir as coisas por si mesmo e pela sua própria experiência direta, e aí precisa se limitar a acreditar e repetir o que os outros falam; eu pensei que os cogumelos e demais alucinógenos pelo menos conseguissem fazer o usuário perceber o quanto toda crença é inútil, mas parece que nem disso eles são capazes.
Aliás, eu não fui pesquisar quem foi que disse aquilo, mas algo me diz que sua resposta seria: os budistas. Mas isso é só uma crença minha e eu posso estar enganado.
É simples. Alguns sofrimentos podem simplesmente paralisar a pessoa.
Deixe que paralise, oras. A pessoa é algo que deve sucumbir. Mas você parece achar que o indivíduo deve ser salvo.
É engraçado como os usuários de alucinógenos e espiritualistas falam tanto sobre “evolução”, mas eles esquecem que para haver evolução alguém tem que perecer. Os seres vivos que não se adaptam ao meio ambiente morrem para que o terreno fique limpo para que os que se adaptam ao meio ambiente possam se propagar e perpetuar. Se nós tivéssemos salvado os seres menos adaptados, não haveria evolução e tudo ficaria estagnado, e é precisamente isso que nós fazemos em relação a nós mesmos. Em vez de nós deixarmos que o ser humano sucumba de uma vez por todas para que a verdade surja, nós fazemos de tudo para salvá-lo, conservá-lo e perpetuá-lo, como se algo tão doentio como o ser humano fosse digno de permanecer. O que é a tentativa de se curar uma depressão e uma ansiedade, senão o indivíduo tentando a todo custo salvar e conservar a si mesmo para não dar lugar a algo melhor do que ele?
A pessoa usa cogumelo e remédio não para acabar com o sofrimento, mas para tratar depressão e ansiedade.
Você está trocando seis por meia dúzia. Alguém só quer acabar com a depressão e a ansiedade porque depressão e ansiedade são formas particulares de sofrimento. Em última instância o que se quer é acabar com o sofrimento que é causado pela depressão e ansiedade.
E se eu fujo de uma depressão e de uma ansiedade hoje, em algum ponto futuro elas voltarão. Nada vai embora enquanto não tiver nos ensinado o que precisamos aprender. E para que deixar para amanhã o problema que se pode enfrentar hoje?
Se, no caso pouco frequente, mas que acontece, da depressão ser causada pro um fator conhecido, como deficiência de B12, o certo é tomar B12 e se recuperar.
Como você sabe que deficiência de vitamina B12 causa depressão?
De qualquer forma, mesmo supondo que deficiência de vitamina B12 realmente cause depressão, essa deficiência só fará uma pessoa infeliz à medida que ela acreditar ser o corpo. Se ela não se identificar mais com o corpo, ela pode muito bem morar num lugar onde não haja nenhuma fonte de vitamina B12 que isso não lhe tirará a felicidade.
Se você não conhece o fator causal, mas tem um recurso que pode ajudar, vai deixar de usar por quê? Não se preocupe, mesmo que a depressão amenize ou cesse totalmente, vai restar sofrimento para você lidar com.
A vida dá a cada um a quantidade de sofrimento que cada um precisa (ou, dizendo de outro modo, cada um tem a quantidade de sofrimento que criou para si mesmo).
Se uma pessoa tem uma depressão, isso significa que é de uma depressão que ela precisa para aprender o que necessita aprender naquele momento. E em vez de tentar deixar o fardo mais leve, por que não ficar mais forte? Quem só carrega fardos leves ou mesmo fardo nenhum jamais deixará de ser fraco. É carregando fardos pesados que se adquire força.
Se uma pessoa não consegue enfrentar sozinha a sua depressão, também não conseguirá enfrentar sozinha o sofrimento que vai restar caso a sua depressão amenize ou cesse.
E não se iluda pensando que vai simplesmente desaparecer com o indivíduo, e junto com o sofrimento.
Não entendi. O que não vai desaparecer com o indivíduo e o sofrimento?