Exemplo:
Metodo: Técnica "Bolo PF"
Raça/Strain: Cogumelo Selvagem
Fornecedor: Um amigo
Bom pessoal, após alguns bem sucedidos cultivos com a Strain GT resolví cultivar outras raças; conversando com um amigo ele me disse que tinha um print de um cogumelo selvagem e se eu queria experimentar o cultivo, eu disse que sim e após uns dias ele me mandou dois prints enormes (quase 8 cm).
Na época eu estava com alguns problemas e resolví guardar os prints em uma vasilha fechada contendo sílica azul para evitar umidade.
O print ficou guardado por um ano e meio até que finalmente a uns dois meses resolví tentar o cultivo; estava um pouco descrente pois sabia que as chances do print estar contaminado eram muito grandes e caso desse sorte e não contaminassem será que frutificariam?
Bom, ferví um pouco de água (da torneira) e suguei fervendo com uma seringa ( mais ou menos 5 ml). Enrolei a seringa com papel alumínio e guardei em um armário.
No outro dia esquentei o forno do fogão, tomei um banho, coloquei uma máscara contra pó, lavei as mãos com álcool, aspergí álcool no ar; na tampa do forno quente servindo de bancada peguei o print e raspei 1/4 para dentro de um copo de pinga (tem o fundo curvo facilitando para sugar). Depois coloquei a água da seringa dentro do copo e suguei novamente repetindo a operação por três veses. Dentro da seringa ficou um líquido cheio de esporos, embrulhei novamente a seringa com papel alumínio e guardei por dois dias.
Obs: A agulha que uso é uma agulha veterinária bem grande e grossa para evitar entupimento.
Após dois dias repetí os procedimentos de higiene e misturei um copo de arroz integral em pó (batido no liquidificador), um de água e dois de vermiculita (copos de whisky). Misturei bem e os enchí (copos de Whisky) da seguinte forma:
1 - Uma camada fina de vermiculita no fundo do copo (para que após retirado do copo em cima do bolo fique uma camada de vermiculita onde nascerão os pins).
2 - Coloquei em cima o substrato (mistura) sem compactar.
3 - Uma camada de vermiculita por cima de tudo formando o selo.
Obs: A mistura deu pra cinco copos.
Coloquei a tampa de papel alumínio e levei ao fogo em uma panela de pressão por uma hora. Deixei esfriar, retirei os copos, coloquei as ligas de borracha nas tampas para lacrar e guardei até o dia seguinte.
No outro dia repetí os procedimentos de higiene e na tampa do forno quente fiz quatro furos opostos na tampa do copo e inoculei os esporos com cuidado, lacrando os buracos com a fita (procedimentos PF Tec).
Entre cinco a sete dias percebí os primeiros sinais do micélio que se desenvolveu nos próximos 15 dias e deu uma parada. percebendo que por cima o bolo havia colonizado retirei a fita e coloquei espaladrapo microporo para entrada de ar e virei os copos. Após cinco dias depois todos os bolos estavam colonizados e sem contaminantes.
Como meu terrário é um aquário pequeno e não caberiam cinco copos, coloquei somente quatro e enterrei o bolo que "sobrou" em um vaso de planta no jardim fora de casa.
Obs. Em um cultivo anterior com o GT coloquei os bolos saturados no jardim e tive um último flush com cogus bem grandes. Na época coloquei os bolos em cima da terra e com o tempo a chuva forte desmanchou os bolos. Desta vez enterrei os bolos deixando somente a cabecinha de fora (+ ou - meio centímetro). Está chovendo e o tempo está muito úmido.
Bom, os bolos do terrário deram cogus enormes que precisaram ser escorados para não cairem e fiz com eles belíssimos prints limpos.
O bolo do jardim no primeiro flush dei um cogumelo enorme (vejam a foto). Nos outros flushs deram gogus menores que o primeiro mas ainda grandes e em maior quantidade ( um grande e dois ou tres menores).
vejam a foto:
View attachment 4210
Conclusão: Os cugus dos bolos enterrados são maiores e ao cortar para secagem notei que o azul da psilocibina é bem mais escuro que o dos cogumelos do terrário chegando a ficar um azul tão escuro que quase fica preto, isso ao meu ver é uma maior concentração de psilocibina.
Não sei se a diferença se deve ao sol, a chuva ou ao sereno a que o cogu fica exposto estando ao ar livre. Não notei até agora nehum sinal de contaminação, ao que parece o micélio saldavel é bem resistente a contaminação após a total colonização do substrato (se não fosse assim estariam extintos na natureza, não é ? )
Não contente com isso resolví fazer uma experiência: Peguei uma vasilha maior que o bolo, fiz um furinho embaixo, coloquei areia lavada no fundo (areia branca de construção), coloquei um bolo, coloquei areia nos lados enterrando o bolo deixando a cabeça de fora (1/2 cm), coloquei um copo cobrindo a cabeça do bolo e molhei a areia bastante. Deixei a água escorrer e retirei o copo (o copo é pra proteger a cabeça do bolo senão a água leva areia pra cima do bolo, outra coisa, retire o copo somente após a água escorrer pelo furinho embaixo caso contrário cria sucção dentro do copo e a água leva areia pra cima do bolo).
Mais uma coisa, deixe o bolo um pouco abaixo da borda da vasília pois como os cogus geralmente são muito grandes se "cairem" a borda da vasilha escora os "bichinhos" e eles não se desprendem da base abortando o cogus antes do seu desenvolvimento máximo.
Coloquei dois bolos na areia, um deixei do lado de fora (na sombra de uma árvore pegando chuva e sereno) e outro dentro do terrário.
Ambos frutificaram e deram cogus grandes mas os do terrário eram menores e mais finos que o que ficou ao relento e a psilocibina com um azul menos intenso. Aparentemente (Já que a areia lavada é estéril) a luz solar, a chuva, a humidade e o sereno (ambiente natural) fazem os cogos se desenvolverem muito mais.
Outra coisa, no bolo "tradicional" nascem dezenas de pins nos lados e na base que não se desenvolvem e abortam exaurindo o bolo mais rapidamente sem maior proveito. Já na areia além de manter a humidade do bolo, só nascem pins em cima (já que a base está enterrada) e o nº de abortos é quase nulo.
Nos próximos cultivos usarei o método da areia com os bolos ao ar livre e no terrário somente para tirar prints limpos de contaminações.
Mais uma coisa, durante este cultivo deu uma estiagem e o tempo ficou muito seco o que me levou a molhar a areia constantemente e borrifar o bolo com água diretamente. Os pins não foram prejudicados com a borrifagem. :
Olha pessoal, gostaria de mandar fotos mas estou sem câmera e o meu micro queimou a placa mãe. Como estou um pouco liso o conserto vai demorar um pouco. Estou tc de uma Lan House. Caso tenham alguma pergunta ou comentário responderei no próximo sábado (hoje é segunda 11/12/2006). os:
Obs: : Acho que dei muita sorte dos prints dos cogus selvagens não contaminarem. Acho que meu amigo teve muito cuidado e o tempo do print na sílica pode ter eliminado bactérias e outros contaminantes preservando os esporos do cubensis que é muito resistente. Esta é uma teoria que somente outras experiências podem comprovar . Esta experiência no entanto mostrou que:
1 - Cogus selvagens podem ser cultivados e "domesticados".
2 - O bolo colonizado é surper resistente a contaminantes.
3 - Cogus cultivados ao ar livre, semi-enterrados, na sombra e exposto a chuva, sereno e luz solar se desenvolvem mais e com níveis de psilocibina mais elevados.
4 - O bolo enterrado na areia fina e lavada (branca de construção) e húmida mantém a humidade do bolo (dispensando o Dunk) e produzem cogum maiores.
5 - O bolo enterrado na areia ao ar livre produz cogus maiores e em maior quantidade que o que é conservado no terrário.
6 - A borda da vasilha do bolo enterrado na areia "escora" o cogu muito grande e pesado impedindo seu despreendimento da base e garantindo seu completo desenvolvimento.
7 - O bolo colonizado é altamente resistente a contaminantes (é claro que não se pode jogar porcarias e sujeiras em cima dele )
Um grande abraço aos colegas e amigos de cultivo. Espero ter contribuido para o aprimoramento de alternativas de cultivo ao compartilhar minhas experiências como fizeram comigo me ensinando a cultivar e praticar este hoby mágico.
Obrigado a todos. os: