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Aqui discutimos micologia amadora e enteogenia.

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Cogumelo e Rebelião

eletricake disse:
Entendi. De fato, transmutação e rearranjo energético acabam ficando limitados pela existência física.

Não diria que eles são limitados pelo corpo, pelo contrário, são ferramentas inerentes à natureza humana. Circular e ativar as energias e canalizá-las para um determinado fim é algo comum, muitos já o fazem.

eletricake disse:
O vislumbre se dissipa e voltamos ao padrões, mas... não totalmente. Algo profundo muda completamente.

Claro que com a maluquice da vida cotidiana esquecemos dessa mudança profunda, e aí a tendência é sofrermos um golpe para voltarmos à humildade do aprendiz e lembrarmos/reaprendermos tudo de novo e mais um pouco.

Acredito que haja uma mudança real, tenho convicção disso por experiência própria, mas a meu ver a grande maioria das mudanças é ilusória, ou de "vislumbre". Uma mudança real pressupõe constância. Após a experiência há uma carga informacional/energética enorme pra digerir e boa parte é perdida, restando apenas sensações que em breve se dissiparão e se transformarão em lembranças esparsas, frágeis e sem muita importância. Portanto a mudança real é aquela que persiste e que não muda, acho que muitos aqui já passaram por pelo menos uma mudança dessa ordem.
 
A percepção alterada nos leva a uma interpretação tb alterada. O que é aquela energia que envolve tudo quando estamos na experiência? É como o ar... aquela energia que faz tudo pulsar, que liga tudo a todos, que corre como ondas ritmadas e nos faz perceber como tudo é UM. Que dá vida ao inorgânico, que faz aumentar as nossas capacidades físicas, nossa atenção, nossa audição, nossa destreza e que nos torna super-humanos com super-instintos, o que é?

E o vazio do silêncio hiperespacial.. que sensação é aquela onde nem nós mesmos estamos lá pq não existe nós e nem existe lá? Não há dissociação entre sujeito e objeto e quando nossa mente ainda não se libertou das limitações da consciência surge o paradoxo de estarmos ao mesmo tempo em terceira e primeira pessoa, ou seja, somos algo num lugar e somos o lugar ao mesmo tempo. Esse paradoxo é um prato cheio pro ego, sua última cartada, sua única chance de poupar a sua morte, mesmo que momentânea. Como evitar o paradoxo? Acabando com as limitações da consciência? E como acabar com elas? Acabar com a dualidade, não permitindo duas opções, só assim, sem o ego, a certeza virá e o paradoxo não existirá. E sem o paradoxo, pra onde podemos ir? O que há além do paradoxo? Não pode ser o limite, nada me convence que seja.

O que é toda essa energia e até onde ela pode nos levar? Essa é a questão enteógena, a meu ver. Não basta sentir a Energia como acontece toda vez que ingerimos substâncias, tem de conhecê-la e esse conhecimento pressupõe intenção e prática para evitarmos o círculo eterno das incertezas e justamente a inércia ilusória de que estamos evoluindo.
 
Será que existe mesmo razão para a existência?
até concordo que sim existe uma razão. Mas porquê a razão da existência é permanecer existindo? E se a razão for outra, que ainda não conheçemos?

Evoluir, é consequência.

No multiverso, as respostas não podem ser bitoladas e com base somente em uma ciência, talvez duas ou mais. E, se nossas respostas fossem verdadeiras e sem qualquer distorção, não estaríamos aqui em busca de mais respostas, e outros pontos de vista para as lacunas da mente humana.

Você não entendeu o que eu disse..
Eu disse que UMA das razões de existir é permanecer existindo: o instinto de sobrevivência; e uma outra razão é evoluir.

O que é multiverso ?
 
universo = único

multiverso = múltiplo, onde tudo acontece, tudo está conectado, tudo é sabido.
 
Pouco importa qual seja o verdadeiro objetivo das coisas e do mundo, só o criador sabe tal objetivo.
É isso que os homens não percebem tão facilmente, "Quando voltei aos homens percebi vestidos numa estranha suspeita, pensavam saber a muito tempo o que é o bem e o mal para o homem.
Falar sobre isso parecia coisa velha e cansada, e na verdade, aquele que desejava ter sono profundo até pensava no bem e no mal antes de dormir."
Um trecho similar (não idêntico a tradução), aponta uma crítica para a postura do homem com relação ao seu bem e o seu mal, dogmático e preso em velhas tabuas de valores religiosos.
Uma metáfora com a reza dos cristãos antes de dormir...
 
com certeza existe algo no ar!!!

vejam por esta perspectiva:

qdo jovem eu frequentemente fazia algo q chamava de "experiencia"
consistia em arrumar uma droga (muitas merdas diferentes), se trancar em um quarto e avaliar, pensar, deduzir, etc.

Agora depois de velho, algo me chamou de volta.. mas desta vez a vontade era de uma "experiencia" profunda.

Comecei a pesquisar substancias e seus prós e contras. Cheguei ao DMT, pesquizando um pouco mais à Psilocibina.

Estava em contato com um quimico e um medico, encotrei a formula. fui informado pelo quimico q nao seria facil, talvez fosse melhor encontrar a substancia in-natura.

Ai cheguei a este mundo, q antes era oculto. Muitas pessoas no mundo fazendo a mesma coisa, movidos talvez pelo mesmo intuito (e eu achando q ia solitariamente desbravar algo novo).

Cultivadores de cogumelos, espalhados pelo mundo afora... compartilhando conhecimentos e experiencias!

Com certeza existe algo no ar!!!
 
Já que estamos em uma discussão tão profunda sobre o sentido da existência, e eu adoro este tipo de debate, peço licença para colocar um pouco de lenha na fogueira.

Uma idéia interessante me ficou bem clara em um transe com Amanitas, sim, foi literalmente um transe, pois eu perdi completamente meu ego, a capacidade de falar coisas inteligíveis para as pessoas que estavam comigo e os 5 sentidos. Meu corpo vagou pela casa balbuciando algumas coisa, e até comeu sem eu me lembrar disso (parece que ele se vira bem sozinho), mas a minha consciência estava vendo o mundo de um lugar privilegiado...

Todos vocês devem saber que é incrivelmente difícil transferir o conhecimento adquirido no "outro mundo" (ou "mundo interno", não sei como preferem) para este, mas vou fazer o meu melhor.

Ao começar a entrar no transe comecei a lembrar de como eu falava/agia como criança, cada vez mais novo, até que esqueci completamente como falar, as palavras e etc... neste momento comecei a perder o contato com os sentidos. Se eu acreditasse profundamente em regressão certamente usaria esta palavra, pois eu regredi a um estado que só posso descrever como "não-nascido".

Deste ponto de vista adimensional os mistérios da existência eram bem mais claros, como disse nosso amigo Fred Muscaria em um relato era aparente "saber tudo". Mas uma revelação em especial me deixou atônito, com um desejo imenso de compartilhá-la.

Me ficou aparente a natureza fractal da existência. Eu mesmo não sou especialista em fractais, mas nesse estado eu podia enxergar os inúmeros padrões dentro de padrões dentro de padrões que nossa realidade guarda. Eu podia vê-los em todos os lugares, em todas as direções, fluindo e se espalhando em beleza infinita.

As células interagem para formar corpos que se unem para formar famílias que interagem para formar ecossistemas.

As árvores e os fungos apresentam um desenho fractal razoavelmente simples.

Eu percebi que eu não era e nunca fui minhas células ou meu corpo, afinal elas sempre mudam, nascem e morrem independente de minha mente. Percebi que a consciência é um fenômeno como a chama do fogo, que no caso da fogueira não é nem a madeira nem o ar nem o calor, mas sim um fenômeno que envolve todos eles.

Mas o mais curioso de tudo foi perceber que, quando trocamos informações ou idéias, as mensagens meméticas colidem, se transformam e se multiplicam como seres vivos. A evolução genética acabou por criar seres "auto-consciêntes" que podem ser "hospedeiros" e causar colisões de informação, formando uma nova dimensão metafísica, que em sua interação acaba criando novos mundos que podem ser tão complexos quanto o nosso.

Como na nossa atual limitação podemos olhar de mais perto este fractal se sabemos que nenhum fractal tem fim? Apesar de não ter fim ele possui beleza infinita, e explorar este que é o maior dos fractais, um multiverso de possibilidades infinitas, talvez seja a maior dádiva da consciência.

(O mais interessante é como a internet levou as mensagens meméticas a se espalharem e evoluirem com velocidade 'sobrenatural'! Vocês conseguem pensar no quanto nunca aprenderiam sem ela?)

Huxley cita que quando aprendemos a contemplar não temos vontade de atrapalhar os outros... e o universo oferece capacidade de contemplação infinita. Caso as pessoas percebessem isto certamente sofreriam (e fariam sofrer) muito menos.

A nova questão é: por que as pessoas não aprendem a contemplar? Isto me lembra bem o "samsara" budista e a teoria de Huxley em "As Portas da Percepção" de que a consciência expandida atrapalha o animal na sua luta pela sobrevivência.

A maior parte das pessoas está com a "programação memética básica" da auto-preservação. Temem a dor, temem o desconhecido, temem o próprio medo. O medo de sofrer as faz sofrer em antecipação, o medo do desconhecido as impede de evoluir e o medo do medo esconde este jogo delas, gerando uma auto-estima falsa e frágil, que não exita em ferir os outros para preservar seu ponto de vista.

A única forma das pessoas sairem desta prisão é sabendo apreciar a beleza de cada coisa que existe, sabendo extrair o máximo de valor de cada instante de suas vidas, sejam eles julgados bons ou ruins. Só assim a auto-preservação fica em segundo plano e conseguimos nos sentir parte da Eternidade, finalmente dando o valor à vida que ela merece.

Os enteógenos podem fazer isso? Acredito que sim, mas só para os que estão mais preparados. Eles são indispensáveis? Acredito que não, especialmente para os que estão bem preparados.

Existem alguns tipos comuns:

1- A pessoa está despreparada e usa pouco: a dose é leve e ela percebe a beleza do mundo, mas só durante o efeito. O enteógeno vira um brinquedo.

2- A pessoa está desprerada e usa muito: o choque é grande, a pessoa repensa sua vida por outros pontos de vista, percebe todas as atitudes erradas que tomou e como poderia ser muito diferente.

2.1- O choque é demais e a baixa auto-estima que se faz de alta cria um escudo, que impede que as lições seja adquiridas e dá um caráter de pesadelo a tudos aquilo. Depois desta 'bad-trip' a pessoa troca de brinquedo ou se contenta com doses leves na próxima. (Ou o trauma é tão grande que pode causar problemas futuros...)

2.2- O choque é demais e a pessoa (geralmente que se considera muito humilde) simplesmente não se esforça muito para aprender a lição, acha que Deus é demais para ela.

2.3- A auto-estima e auto-imagem da pessoa estão equilibrados e ela aprende a contemplar o mundo. O problema é que grandes choques podem reativar os instintos de auto-preservação e fazê-la esquecer muito do que aprendeu.

3- A pessoa está preparada, aprende lições valiosas sobre si e sabe aplicar isso. Aprende a contemplar a beleza do mundo 24 horas por dia, e não só quando está sob efeito. E o mais importante, aprende como lidar com os outros para ajudá-los a ter a chance de chegar e se manter neste estado.

Na verdade esta é a única explicação para a moral que me é aceitável.

Em um mundo guiado por pessoas que não ameaçam a auto-preservação das outras é possível contemplar a beleza do mundo comum e até mesmo de seus segredos profundos, como com a ciência que examina o comportamento das partículas sub-atômicas até o movimento das galáxias. Sem se esquecer de que, de certa forma, os mundos criados pela mente humana também existem, causando uma explosão de existência enriquecendo ainda mais o universo.

Não sei se é exatamente por ai, mas talvez vocês possam me ajudar a meditar nestas questões. Minha intenção não foi relatar uma trip (pois ocorreu muito mais coisas, espero ter a chance de escrever), mas apenas uma idéia que ela amadureceu em mim e que deseja ser semeada. :)

Ainda me é um mistério como preparar as pessoas, uma vez que os enteógenos podem ajudá-las (como diz Hofmann como um catalisador na reação de tomada da consciência) mas em uma realidade ou estado de espírito onde elas se sintam ameaçadas é mais fácil traumatizá-las com a ajuda deles...

Acho que o nosso principal papel é nos mostrarmos "sóbrios" e coerentes, mudando a imagem que o pavor do mundo colocou nestas substâncias. Também informar as pessoas sobre como as coisas realmente são e dar a chance delas tomarem suas próprias decisões de forma madura.

Acreditem, muita coisa cai com um contra-exemplo, cultivem os bons memes assim como cultivam as boas strains :D.

(Obrigado a todos que leram até o final e me desculpem se fui inconveniente para alguém!)
 
Quanto ao Osho, bem, eu já li muita coisa interessante dele, principalmente quando ele comenta textos de outros autores, mas hoje somente o vejo como um pensador polêmico, e não um mestre ou iluminado.

a consciência é tanta, que a polêmica veio ao seu pensamento Ecuador. :)
 
a consciência é tanta, que a polêmica veio ao seu pensamento Ecuador. :)


Consciência para comprar dezenas de Rolls-Royce e se gabar disso?

Então tá ;)
 
Consciência para comprar dezenas de Rolls-Royce e se gabar disso?

Então tá ;)

foi doação amigo, e mesmo que não fosse, to nem ai...aprendo muito lendo ele, principalmente agora sobre meditação
um pequeno, é ótimo livro é, "Aprendendo a silenciar a mente" vem com um cd para ajudar na meditação, vale apena.
 
E o vazio do silêncio hiperespacial.. que sensação é aquela onde nem nós mesmos estamos lá pq não existe nós e nem existe lá? Não há dissociação entre sujeito e objeto e quando nossa mente ainda não se libertou das limitações da consciência surge o paradoxo de estarmos ao mesmo tempo em terceira e primeira pessoa, ou seja, somos algo num lugar e somos o lugar ao mesmo tempo. Esse paradoxo é um prato cheio pro ego, sua última cartada, sua única chance de poupar a sua morte, mesmo que momentânea. Como evitar o paradoxo? Acabando com as limitações da consciência? E como acabar com elas? Acabar com a dualidade, não permitindo duas opções, só assim, sem o ego, a certeza virá e o paradoxo não existirá. E sem o paradoxo, pra onde podemos ir? O que há além do paradoxo? Não pode ser o limite, nada me convence que seja.

O que é toda essa energia e até onde ela pode nos levar? Essa é a questão enteógena, a meu ver. Não basta sentir a Energia como acontece toda vez que ingerimos substâncias, tem de conhecê-la e esse conhecimento pressupõe intenção e prática para evitarmos o círculo eterno das incertezas e justamente a inércia ilusória de que estamos evoluindo.

O Ego muitas vezes me lubridia facilmente nos estados alterados, no retorno é possível notar as impressões e lembranças, mas a percepção já foi perdida...

Como se sente a evolução? Pela visão de terceiros evolução é interagir melhor (mais harmoniosamente) com os outros. Mas como a primeira pessoa sabe se está evoluindo ou apenas se enganando? Sem uma doutrina que o molde (e muitas vezes petrifique) não há referência, e a batalha em torno de sua própria espiritualidade se torna dificílima...

Me pergunto se é isso que me atrai... e não há muita fuga, já que o niilismo religioso que me soa como loucura agora.
 
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