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ATEÍSMO - a opção de não querer crer no impossível

"alma é o que faz a gente se perguntar se existe essa coisa chamada alma"
Mário Quintana

Sinceramente, alguns dizem que não existe DEUS, etc... mas me sinto como uma poeirinha de m* na frente do universo...
 
youtube nao me atrai nem um pouco.
nao tenho fone de ouvidos e agora minha turminha aumentou demais.
 
09/05/2013 - 03h00
Caça aos ateus


http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2013/05/1275651-caca-aos-ateus.shtml

Está aberta a temporada de caça a Richard Dawkins e, por extensão, a Sam Harris, Christopher Hitchens e Daniel Dennett --também conhecidos como os quatro cavaleiros do ateísmo. É crescente o número de autores, grande parte deles ateus, que critica o biólogo britânico e seus colegas por imprimir um tom excessivamente militante a suas campanhas contra a religião.

O mais recente exemplar dessa safra é o primatologista Frans de Waal, que acaba de lançar o excelente "The Bonobo and the Atheist: In Search of Humanism Among the Primates" (o bonobo e o ateu: em busca de humanismo entre os primatas). Ali, ele reserva palavras duras a Dawkins, Harris e Hitchens (e elogia Dennett). Afirma que os neoateus têm algo de obsessivo e que sua cruzada faz tanto sentido quanto o "dormir furiosamente", antinomia extraída de um célebre exemplo de Noam Chomsky de frase sintaticamente correta, porém semanticamente absurda.

De Waal não está só. Vários outros já haviam criticado a veemência de Dawkins, inclusive alguns ateus ilustres como o físico de partículas Peter Higgs, o astrônomo Martin Rees e o filósofo da ciência Michael Ruse, para citar apenas alguns.

Também acredito que Dawkins e especialmente Harris por vezes carregam na estridência, mas não apenas acho que eles têm o direito de fazê-lo como creio que é bom para a sociedade que haja intelectuais públicos dizendo essas coisas.

Comecemos pelo mais básico, que é a questão da legitimidade. Se é aceitável (como eu penso que é) que hare krishnas abordem as pessoas nas ruas para fazer proselitismo e que grupos cristãos possam tocar nossas campainhas no domingo de manhã com o intuito de salvar-nos as almas, então é igualmente razoável que os cavaleiros do ateísmo preguem suas verdades no tom que lhes parecer mais adequado. Desde que todas as partes se atenham a usar palavras e não fogueiras (como fazia até há pouco a Igreja Católica) ou leis de blasfêmia (como ainda fazem muitos países, notadamente os islâmicos), está tudo dentro do maravilhoso mundo da democracia.

É claro que alguém pode se sentir ofendido pelo discurso ateu, mas esse é o preço de viver em sociedades multiculturais. Não custa lembrar que certos aspectos da teologia cristã incomodam judeus e muçulmanos, cujas religiões afirmam coisas que não são apreciadas por budistas e hindus. A única forma de evitar o ruído seria adotar um credo único (e obrigatório), o que é evidentemente uma péssima ideia.

Vou ainda um pouco mais longe e afirmo que essa balbúrdia levemente iconoclasta é positiva. Pelo menos em sociedades como as ocidentais, que colocam a ênfase na liberdade do indivíduo, o choque entre discursos religiosos e antirreligiosos resulta em informações relevantes que podem fazer a diferença na vida de uma pessoa.

É claro que a maioria só ouvirá o que quer. Pregações até funcionam para roubar o sujeito de uma igreja para outra, mas se tornam bem menos eficientes na hora de tirar a fé religiosa de quem a tem ou dá-la a quem não tem. Acho que poderíamos contar nos dedos o número de pessoas que Dawkins efetivamente converteu para sua causa. Ainda assim, é importante que o ateísmo tenha visibilidade como um sistema de crenças e descrenças coerente. Mais do que isso, é bom que as pessoas vejam ateus confessos como membros produtivos da sociedade e não como devoradores de criancinhas. É essa percepção que dá a alguém que deseje romper com a religião em que foi criado a oportunidade de fazê-lo, o que contribui para aumentar a carga de felicidade no mundo (ateus somos todos um pouco utilitaristas).

Isso dito, passemos aos pontos em que eu acho que Dawkins de fato exagera.

Para começar, se o sujeito está feliz por pertencer a uma igreja e não prejudica ninguém ao exercitar sua fé, não vejo nenhum motivo para privá-lo desse prazer, assim como não vejo razões para proibir a literatura, a pornografia, as drogas nem coleções de selo. Como eu já disse, ateus tendemos a buscar critérios quase materiais como o prazer ou a felicidade para fazer juízos valorativos.

Pessoalmente, eu até gostaria, como Dawkins, de ver um mundo sem religiões, no qual as pessoas buscariam outras formas de transcendência, mas não creio que isso vá ocorrer. Pelo menos não no horizonte das próximas décadas e séculos. Nesse contexto, parece-me um pouco despropositado advogar pela extinção das igrejas ou propor que cultos só sejam permitidos para maiores de 18 anos. Essas "boutades" podem até fazer sentido como discurso estratégico, mas não são posições que eu abrace.

De toda maneira, mesmo que de forma estrepitosa --e até politicamente inábil, alguém poderia acrescentar--, os neoateus propõem uma infinidade de questões relevantes que de fato merecem debate público. É possível provar a existência ou a inexistência de Deus? Qual a origem da religião? A moral depende de uma força externa como Deus? Por que o ser humano tem necessidade (se é que de fato tem) de buscar a transcendência? Qual o futuro da religião? Eu receio aqui que a alternativa ao ateísmo explícito, que é a ideia lançada por Stephen Jay Gould de manter ciência e religião em compartimentos totalmente separados, os NOMAs (Non-Overlapping Magisteria), acabe escamoteando algumas dessas perguntas.

Não tenho a pretensão nem a competência para responder a essas questões, mas há um ponto que eu gostaria de salientar. Uma série de estudos de áreas tão diversas como a psicologia, a neurociência e a antropologia oferece elementos para pensar a religião como um fenômeno biológico.

Ao que parece, ela está calcada nos bons e velhos vieses cognitivos, que nada mais são do que formas bastante particulares de pensar e de agir que já vêm como item de fábrica no ser humano.

Vale a pena perder um tempinho mostrando dois exemplos bem simples, mas reveladores da força desses vieses.
Você está vendo as duas mesas abaixo? Muito bem qual é a mais comprida? E a mais larga? Na verdade, as duas mesas têm medidas idênticas. Duvida? Pegue uma régua e confira. Ou, melhor ainda, desenhe o tampo de uma delas em papel vegetal e leve o modelo para a outra. Vai servir direitinho.

Reprodução


A ilusão, criada pelo psicólogo Roger N. Shepard, ocorre devido a especificidades relativas à forma pela qual nosso cérebro interpreta imagens em duas dimensões como se tivessem três. Não vale à pena aqui entrar nas tecnicalidades. O importante a reter é que, mesmo sabendo que tudo não passa de um truque, nós continuamos vendo a mesa da esquerda como mais comprida e estreita.

Vamos ao segundo exemplo. Você está vendo as duas formas abaixo? Uma delas chama-se "bouba" e a outra, "kiki". Qual nome você daria a cada uma delas?

Reprodução


Se você é como 98% da humanidade, batizou a imagem da esquerda de "bouba" e a da direita de "kiki". A razão para isso está nas interações entre os centros cerebrais da visão, audição e fala. As curvas gentis e ondulações da primeira forma imitam o movimento labial necessário para pronunciar "bouba" e praticamente nos impelem a dar esse nome à imagem. Já os ângulos fechados da segunda como que reproduzem as súbitas mudanças na posição da língua diante do palato que usamos para dizer "kiki".

Essa é só uma das muitas e misteriosas formas através das quais nossos cérebros são influenciados por fatores que nem desconfiamos que existem.

Deus também pode ser um resultado da arquitetura de nossas mentes. Os modelos propostos ao longo das últimas duas décadas sugerem que a crença em forças sobrenaturais é uma consequência da noção de agência que desenvolvemos ao longo de nossa história evolutiva. Como é melhor prevenir do que remediar, fomos calibrados para sempre pressupor que, por trás de movimentos e acontecimentos, existe um ser animado. Quem não pensava assim, acabou devorado por um tigre dentes-de-sabre.

Outros dois elementos que contribuíram bastante para forjar os deuses foram nossa tendência para reconhecer padrões (indispensável para perceber regularidades) e a propensão a inferir estados mentais alheios (essencial para a vida em sociedade).

Isso resolve a questão da existência de Deus? É claro que não, mas é uma explicação que me parece bastante verossímil para o fato de, nos últimos dez mil anos, a humanidade ter criado dez mil religiões com cerca de mil deuses, nas contas de Michael Shermer.

O próprio De Waal, apesar das críticas acerbas a Dawkins (que também são legítimas), não pensa de forma muito diferente, tanto que se deu ao trabalho de escrever "O Bonobo" para derrubar um dos principais argumentos utilizados pelos teístas para justificar a religião, que é o de que, sem um Deus para garantir o universo moral, "tudo é permitido", para utilizar a expressão imortalizada por Dostoiévski.

De Waal mostra de forma a deixar poucas dúvidas que, se é temerário falar numa moral símia, está mais do que claro que nossos primos bonobos e chimpanzés já carregam vários dos elementos que a compõem. Seu núcleo mais essencial, que é o fato de ligarmos uns para os outros, notadamente as mães para seus filhos, está presente em todos os mamíferos, na maior parte das aves e até em alguns répteis.

Como o próprio Darwin já escrevera, mais de cem anos atrás, a moral pode ser explicada pela evolução dos animais sociais.

As diferenças entre Dawkins e De Waal são, assim, mais de grau do que de natureza. É como a diferença entre chimpanzés e bonobos. Enquanto os primeiros são mais belicosos, os segundos adotam a linha do paz e amor. De toda maneira, como escreve o próprio De Waal, os bonobos só desenvolveram sofisticadas técnicas de promover a paz porque há muitos conflitos entre eles.

Ciência e religião não precisam ser inimigas mortais, mas não vejo como negar que, em muitas esferas, elas necessariamente entrem em conflito. Podemos lidar com as diferenças com a estridência de Dawkins ou com a ataraxia de De Waal. Desde que a contenda permaneça no terreno dos argumentos, vale tudo.


Hélio Schwartsman é bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve na versão impressa da Página A2 às terças, quartas, sextas, sábados e domingos e às quintas no site.
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"Deus, um delírio", do Richard Dawkins, é chatinho. (ele parece um pastor as avessas)

"deus não é grande" do Christopher Hitchens, é interessante.

"Quebrando o Encanto" do Daniel Dennett, é talvez o livro mais sensato sobre esse tema polêmico.



Muito legal esse texto Ecuador.

No mais, sem os psicodélicos não existiriam deuses nem religiões.
 
"Não se duvida do que ninguém sabe"...
 
Jesus, o Ídolo dos Ateus

O ocultista Marcelo Del Debbio nos traz, em seu blog, um texto extraordinário sobre a origem do ateismo:

O termo atheos surgiu durante a Grécia Antiga, em aproximadamente 500 AC, onde o termo significava “sem Deus”, ou “aquele que cortou seus laços com os deuses” e designava um sacerdote que estava rompendo seus laços com seu antigo templo. O termo foi muito usado nos primeiros séculos após as pregações do Avatar Yeshua, em debates entre helenistas (os sacerdotes gregos), essênios e outras facções de cristãos primitivos (antes do Vaticano) onde cada um dos lados usava o termo para designar pejorativamente o outro. Este termo nunca era designado para um membro do povão e seria impensável alguém se auto-proclamar “ateu”. Era o equivalente a um xingamento.

E Jesus, para os helenistas, era o exemplo máximo dos ateus.

» Ver o post completo no blog do Marcelo Del Debbio

http://textosparareflexao.blogspot.com/2009/04/jesus-o-idolo-dos-ateus.html
 
A Ciência física restringe demais seu campo de ação, como se apenas os aspectos físicos pudessem ser analisados de forma cientifica.
Acredito que as religiões, de todas as formas, se iniciaram após alguma forma de contato com alguma entidade desconhecida, porém esse contato foi interpretado de inúmeras formas diferentes, já que ainda somos praticamente primatas quando falamos sobre nossa evolução da consciência, e assim surgiram diversos mitos.

A ganância entrou em jogo e homens perceberam que a manipulação desses mitos poderiam exercer grande poder nas massas e então a coisa evolui conforme todos sabemos.

Acho que o ateísmo surgiu ao perceber que muitos desses mitos, por conta das inúmeras alterações e distorções ocorridas, eram demasiadamente humanos, limitados e sem sentido e se pauta por uma forma de investigação "cientifica" sem a devida profundidade, extramente materialista, faltando atenção para explorar os mistérios da existência e da consciência.
 
A Ciência física restringe demais seu campo de ação, como se apenas os aspectos físicos pudessem ser analisados de forma cientifica.


Seed, por definição o que pode ser analisado via método científico pode ser objeto de estudo da ciência. Seja matéria, energia, comportamento etc. Só que os cientistas em geral sabem da limitação dos seus métodos, o que me parece que não é o caso um percentual bem maior de místicos, que se apegam a seus dogmas e a visões individuais como se fossem verdade absoluta fora de suas próprias mentes.

E ateísmo não necessariamente está ligado a uma visão cientificista do mundo.
 
Você não entendeu bem o que quis dizer...

Eu disse exatamente isso, mas com outras palavras, por isso adjetivei a ciência com o termo "física", que, por bem ou por mal, é o padrão cientifico atual, e também pressupõe-se que exista alguma ciência além da física. Simplificando, quis dizer que o padrão cientifico atual se limita ao estudo dos aspectos físicos, negligenciando outros aspectos além da matéria atualmente conhecida.

Quanto ao ateísmo, acredito que tenta seguir uma lógica física, que por sua vez é pautada pela ciência física, fazendo com que sua linha de raciocínio se limite a esses aspectos, daí a falta de profundidade.
 
Simplificando, quis dizer que o padrão cientifico atual se limita ao estudo dos aspectos físicos, negligenciando outros aspectos além da matéria atualmente conhecida.



Não, é diferente disso.

A ciência só se dispõe a estudar o que pode medir, testar ou fazer previsões testáveis segundo o método científico. Ela não negligencia. Ela abre mão de estudar aquilo que não se encaixa no método dela.

O que não se encaixa no método científico ela deixa para outras disciplinas. E as mesmas que se ocupem desses outros fenômenos se lhes interessar ...
 
Não concordo com isso, porque do modo que fala, parece que só existe um tipo de ciência e todo o resto seria de uma esfera diferente. Não é só porque não se pode medir/dividir algo, que o método cientifico de analise não possa ser adotado, basta estabelecerem critérios de analise mais propícios à esse tipo de estudo.

Cito Rick Strassman e seu estudo com o DMT. Seu objetivo era testar alterações fisiológicas, mas paralelamente, desenvolveu também observações além daquelas notadas no físico, mas ainda sobre um primas cientifico.

É justamente esse limite material que precisa ser derrubado para que os outros campos da ciência possam ser desenvolvidos.

O magnetismo, por exemplo, antes de ser descoberto, suas anomalias eram tidas como "espirituais", mas então com a evolução da ciência, conseguiu-se aproximar o "espirito" do "material" e criou-se teorias satisfatórias para explicar tal fenômeno, que é hoje é tido como ciência sólida.

Os fenômenos relacionados a experiencias fora do corpo e experiencias com enteogenos, ao meu ver, são ciências especificas ainda não descobertas (ou inicialmente descoberta).
 
Não concordo com isso, porque do modo que fala, parece que só existe um tipo de ciência e todo o resto seria de uma esfera diferente. Não é só porque não se pode medir/dividir algo, que o método cientifico de analise não possa ser adotado, basta estabelecerem critérios de analise mais propícios à esse tipo de estudo.


É que ciência, no seu sentido restrito e moderno é, por definição, o tipo de conhecimento adquirido via método científico. É claro que no sentido mais amplo, associado à raiz etimológica scientia, do latim, ciência quer dizer qualquer tipo de conhecimento, de preferência sistemático.

Mas para mim o que estamos discutindo aqui é o sentido restrito e moderno da palavra. Isso não quer dizer que, como é associado ao sentido amplo da palavra, não existam outros tipos ou sistemas de conhecimento.

O próprio sucesso da ciência moderna, tanto o tecnológico como o simbólico, com teorias que impressionam o imaginário humano, leva a uma certa confusão do conceito. Devido a esse sucesso vários outros ramos de conhecimento também querem ser considerados ciência no sentido restrito e moderno da palavra, com o mesmo status.

Mas não dá. Tem que ser cada qual na sua. O que não quer dizer que cada um não tenha o seu valor. É tipo você ir no mecânico para consertar o seu carro ou ao médico para operar o apêndice (ciência no sentido restrito e moderno), ou por outro lado se aconselhar com um mestre de alguma tradição espiritual sobre uma questão existencial (ciência no sentido amplo ou outro tipo de conhecimento).
 
Você não acredita que com o desenvolvimento da consciência não poderemos estabelecer uma relação cientifica, no sentido restrito da palavra, com a realidade que hoje chamamos de "mística"?

Como disse Aliester Crowley, a magia de hoje é a ciência do amanhã. Acredito que os estados "misticos", por assim dizer, alcançados por experiências quase morte, uso de enteógenos, êxtase sexual, êxtase religioso, yoga, meditação, jejum, entre outros, nada mais são que um novo campo da ciência ainda não descoberto por conta da nossa limitação no desenvolvimento de nossa consciência.
 
No futuro tudo é possível ... ou não.

Se um aldeão medieval visse um jato dos dias de hoje cortar os céus ele chamaria de mágica, e diria que voa por causa de poderes ocultos. Entretanto sabemos que não é bem assim. Mas é claro que estamos falando com um conhecimento de causa que não existia na época.

Mas tentar prever o progresso tecnológico/científico tem se revelado uma tarefa bastante ingrata. Como é tentar prever o futuro em geral.
 
Ateísmo 'engraçadinho' existe desde a Antiguidade, diz historiador britânico


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Xenófanes (570 a.C.-475 a.C.). "Se bois, cavalos e leões tivessem mãos ou pudessem pintar e criar obras de arte como os homens, também eles retratariam os deuses com corpos semelhantes aos seus"


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Anaxágoras (510 a.C.-428 a.C.). Teria sido processado em Atenas por ter afirmado que o Sol e a Lua não eram deuses, mas objetos físicos (segundo ele, o Sol seria uma grande massa de metal incandescente)


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Diógenes, o Cínico (404 a.C.-323 a.C.). Vendo funcionários de um templo que estavam prendendo um ladrão, teria exclamado: "Os grandes ladrões sempre pegam os ladrões pequenos"


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Plínio, o Velho (23 d.C.-79 d.C.). "Acho que é um grande sinal de imbecilidade tentar descobrir qual é a forma de um deus, se é que algo assim existe. Deus existe quando um mortal ajuda o outro"


REINALDO JOSÉ LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

05/03/2016 02h23

Intelectuais com status de celebridade e língua afiada, que dominam a ciência de ponta e não perdem a oportunidade de ridicularizar a crença em Deus com tiradas que viram memes. A descrição bate com a de figuras do século 21, como o físico Stephen Hawking ou o biólogo Richard Dawkins, mas também vale para pensadores que já estavam na ativa uns 2.500 anos antes de Cristo.

Pelo visto, quando o assunto é o ateísmo militante, quanto mais as coisas mudam, mais elas continuam as mesmas. Essa talvez seja a principal mensagem de "Battling the Gods: Atheism in the Ancient World" (Lutando contra os Deuses: Ateísmo no Mundo Antigo), novo livro do historiador britânico Tim Whitmarsh.

Professor de cultura grega da Universidade de Cambridge, Whitmarsh resolveu recuperar a longa tradição de ceticismo em relação à religião do antigo Mediterrâneo, que parece ter surgido com os primeiros filósofos da Grécia, a partir de 600 a.C., e só desapareceu quase mil anos mais tarde, quando o cristianismo virou a religião oficial do Império Romano, em 380 d.C.

Para o especialista de Cambridge, a análise da obra desses pensadores demonstra que a descrença não é um fenômeno recente na história ocidental. Em vez de ter surgido apenas com o Iluminismo, há "meros" 200 anos, o ateísmo seria uma opção possível em qualquer ambiente onde houvesse alguma liberdade de pensamento.

BAGUNÇA ORGANIZADA

O historiador argumenta que a Grécia antiga era um ambiente desse tipo justamente por causa de sua natureza algo caótica e descentralizada.

Em vez de ser uma nação unificada, como a Grécia de hoje, o território helênico estava dividido em centenas de cidades-Estado modestas. Sem governo central, cada cidade era livre para ter suas próprias formas de culto aos deuses, com inúmeras divindades e sacerdotes sem grande poder político. Em resumo, seria impensável o surgimento de uma "Inquisição" helênica.

Os gregos também não tinham um equivalente da Bíblia hebraica. A analogia mais próxima eram os textos épicos do poeta Homero, que eram admirados como literatura e manual de conduta aristocrática, mas retratavam deuses muito parecidos com mortais: briguentos, ciumentos e com poderes limitados, apesar de imortais.

Conforme várias das cidades gregas foram crescendo economicamente e ficando culturalmente sofisticadas, por meio do comércio com o Egito e o Oriente Médio, surgiram pensadores que estão entre os primeiros do mundo a tentar explicar os fenômenos da natureza e a origem do Universo de maneira racional, sem recorrer à ação divina.

Apesar de não serem muito afeitos a fazer experimentos para testar suas hipóteses, tais filósofos podem ser considerados precursores da ciência moderna - um de seus "chutes" mais bem dados é a ideia de que a matéria do Cosmos é composta de átomos.

Alguns desses sujeitos (veja uma galeria deles no infográfico) até falavam de forma vaga numa Inteligência cósmica ou Deus único que teria ordenado o Universo de maneira racional, mas Whitmarsh argumenta que, em muitos casos, essas vagas referências a divindades parecem metáforas que, na verdade, descrevem um princípio cósmico impessoal. De qualquer modo, eles não poupavam críticas à crença nos deuses gregos, como Zeus, Atena e Afrodite, considerando que as histórias sobre seus casos de amor e brigas eram ridículas.

Ideias ousadas contra a religião tradicional teriam ganhado fôlego ainda maior com o surgimento da democracia em Atenas, por volta de 500 a.C. A liberdade política e de expressão na cidade mais famosa da Grécia - todo cidadão podia participar diretamente da votação de leis e do julgamento de crimes, por exemplo - criou uma cultura essencialmente laica, e o ateísmo passou a ser tema até de comédias, como as de Aristófanes.

Em sua obra "Os Cavaleiros" (encenada em 424 a.C.), dois escravos conversam justamente sobre a falta de fé. "Tu acreditas mesmo em deuses?", diz um deles. "Claro", responde o outro, "a prova de que eles existem é que fui amaldiçoado por eles".

Nas décadas que se seguiram, os questionamentos contra a religião se tornaram elementos importantes no surgimento de duas correntes filosóficas que acabaram virando meros adjetivos na nossa linguagem de hoje, os céticos (que duvidavam da possibilidade de comprovar qualquer afirmação, inclusive as feitas sobre supostos deuses) e os cínicos (a palavra vem do termo grego para "cão", porque eles defendiam uma vida totalmente "natural", sem as restrições impostas pelos hábitos sociais - como a vida de um cachorro, portanto).

Embora vários dos ateus da Antiguidade tenham sido criticados e até processados, Whitmarsh diz que raramente eles sofriam consequências sérias porque a religião dos gregos e romanos valorizava principalmente os rituais (sacrifícios de animais aos deuses, por exemplo) e não se preocupava tanto com o que as crenças das pessoas. Como a maioria dos ateus não defendia que se interrompessem os sacrifícios, por exemplo, eram deixados em relativa paz.

A coisa teria mudado de figura com a ascensão do cristianismo, diz o pesquisador - a ideia de que uma única crença era a verdade absoluta pode ter aberto caminho para a perseguição aos descrentes.

"BATTLING THE GODS"
AUTOR Tim Whitmarsh

http://www1.folha.uol.com.br/cienci...a-antiguidade-diz-historiador-britanico.shtml
 
No futuro tudo é possível ... ou não.

Se um aldeão medieval visse um jato dos dias de hoje cortar os céus ele chamaria de mágica, e diria que voa por causa de poderes ocultos. Entretanto sabemos que não é bem assim.

Não sabemos que é assim??
eu sou um aldeião medieval e já coisas melhores e mais uteis do que jatos, magica não chamaria, isso que vc pensa enfatizando uma obrigatoriedade deles pensarem que é magica. Poderes ocultos ai que bate de frente da sua rotina do dia a dia. É igual ir naquels brinquedos de park que esfria o saco a barriga, sente a sensação mas procura a logica numa psicologia mentirosa cientifica que é a psicologia mesmo, uma farça muito forçada mas que o povo acha que é util
 
ateus são pessoas muito machucadas interiormente e que usam o ateísmo como escudo
 
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