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Vou começar um protocolo de microdosagem semana que vem

w_barros

Hifa
Cadastrado
23/12/2021
8
5
O plano é usar 0,2g (200mg) de cápsulas de cubensis ao longo de seis semanas. Sentindo melhoras em termos de foco e criatividade, posso estender por mais seis semanas; por sorte dois amigos parecem interessado em começar essa jornada comigo, onde dividiríamos depoimentos sobre melhoras (ou não).

Eu já tentei esse mesmo protocolo com razoável sucesso há dois anos atrás. Então, eu queria tratar a ansiedade e o pânico que a pandemia estava me causando. Hoje, preciso reaprender a ter atenção e prioridades; quero fazer coisas igualmente boas para minha saúde mental além das microdoses, como meditação, caminhada e contemplação. Com os meus dois amigos, assistir algo ou jogar juntos.

O interessante, para mim, é também registrar as mudanças que vir em mim e transformar isso em um artigo. Na mesma pegada de Michael pollan e Marcelo leite, ser objetivo mas também dar o passo adiante e fazer experimento de si mesmo. Cortei o álcool há uma semana e estou tomando mais chás, como gincko biloba e chá verde.
Se tudo der certo posso compartilhar os resultados com vocês.
 
Salve, @w_barros.
Não se esqueça de relatar sua experiência aqui!!!

Mas é importante ressaltar que microdosagem não tem nenhum embasamento cientifico e aparentemente não tem efeitos duradouros além do placebo e de uma possível sensação de bem estar promovido pela substancia.
Se essas dificuldades estão afetando sua vida, busque ajuda profissional de um psicólogo, não tente solucionar isso com automedicação, não existe nenhuma evidencia que microdosagem funcione e menos ainda que esses possíveis benefícios se mantenham a médio e longo prazo.
Na verdade, as evidencias parecem indicar exatamente o contrário, todos os estudos com metodologias sérias que mostram benefícios da psilocibina são em média/alta dosagem, em poucas sessões e o principal é que a substancia é usada como uma ferramenta auxiliar na psicoterapia.
Não tem nenhum estudo sério usando essa metodologia de microdosagem e existem motivos pra isso. Se funcionasse a indústria farmacêutica já estaria tentando lucrar em cima disso, tem pesquisador tentando até bloquear os efeitos psicodélicos das substancias psicodélicas exatamente pra tornar mais aceitável socialmente (e curiosamente os benefícios parecem ir embora junto com os efeitos psicodélicos).

Apesar disso, pessoalmente eu nunca experimentei e não posso dar uma opinião pessoal sobre o assunto, mas saúde mental é coisa séria e merece acompanhamento profissional, e quanto antes começar melhor :piscada:
 
Última edição:
O plano é usar 0,2g (200mg) de cápsulas de cubensis ao longo de seis semanas. Sentindo melhoras em termos de foco e criatividade, posso estender por mais seis semanas; por sorte dois amigos parecem interessado em começar essa jornada comigo, onde dividiríamos depoimentos sobre melhoras (ou não).

Eu já tentei esse mesmo protocolo com razoável sucesso há dois anos atrás. Então, eu queria tratar a ansiedade e o pânico que a pandemia estava me causando. Hoje, preciso reaprender a ter atenção e prioridades; quero fazer coisas igualmente boas para minha saúde mental além das microdoses, como meditação, caminhada e contemplação. Com os meus dois amigos, assistir algo ou jogar juntos.

O interessante, para mim, é também registrar as mudanças que vir em mim e transformar isso em um artigo. Na mesma pegada de Michael pollan e Marcelo leite, ser objetivo mas também dar o passo adiante e fazer experimento de si mesmo. Cortei o álcool há uma semana e estou tomando mais chás, como gincko biloba e chá verde.
Se tudo der certo posso compartilhar os resultados com vocês.

E como está se sentindo nessas quase duas semanas? Pode ser só sucinto, já que dps pretende relatar.
 

Olá caros micólocos, psiconautas ou meros curiosos.​


Venho responder, apesar da demora, meu próprio relato, descrevendo o que aconteceu nesse mês (junho de 2022) ao mesmo tempo que anuncio que já estou em vias de começar mais um mês de microdose (agosto 2022) após passar um mês sem nada.

Eu devo ter decidido testar as microdoses com capsulas prontas em algum momento de abril, e no dia 26 eu efetuei a compra no site. Eu lembro que estava pesquisando por nootrópicos então, e dado meu histórico, não me parecia interessante usar um remédio controlado como ritalina ou piracetam quando eu sabia, com certeza, que precisava apenas acertar-me com minhas prioridades, minha ansiedade e meu deslocamento em relação ao mundo após dois anos de pandemia. Não existe remedio que nos cure da vida.

Cito a questão dos nootropicos porque é uma armadilha até meio óbvia se você parar para pensar – quase qualquer estudante de pós graduação desejaria ter mais horas no dia, ou ao menos mais foco para usar as horas que tem. E quando se começa a pesquisar estas coisas na internet se encontra depoimento de gente que lidou com até mesmo anfetamina para conseguir atingir seus objetivos. É preciso muita cautela nisso. E mesmo com psicodelicos isso se faz necessário (como bem apontou o usuário Barratorta).

Cogumelos, no entanto, são fascinantes. Estou lendo e me informando sobre o eles já há uns dois anos mais ou menos e nunca deixo de ficar impressionado. Foi em agosto de 2020 que adquiri pela primera vez cinco gramas de Cubensis pela internet – e então eu já ouvia uma porção de entrevistas do Paul Stamets e do Micheal pollan, além de livros sobre o assunto – incluindo aí o excelente Como mudar sua mente (Pollan, 2018). Mais recentemente estive lendo o incrível A Trama da Vida (Sheldrake, 2021), que fala de fungos de maneira geral, mas que tem um capítulo dedicado só aos cogumelos psicodélicos.

Quem viu a série que saiu agora na netflix e que tem o mesmo nome do livro sabe bem do que to falando – essa série materializa o livro e atualiza alguns detalhes. O livro do Merlin Sheldrake por sua vez aprofunda um aspecto de micólogo que não vemos no Pollan, e começa com a seguinte pergunta: não estariam os cogumelos de psilocibina usando de seu poder sobre os outros (especialmente os humanos) para espalhar seus genes? – a exemplo do que faz a ophiocordyceps com a formiga zumbi? Vou adiantar logo e dar o spoiler que, para Sheldrake, isso é improvável – mas que nem isso, nem o fato de havermos isolado a psilocibina em laboratorio diminui a complexidade da experiencia humana sob psicodelicos. Ou da grandiosidade que os cogumelos ganharam na nossa cultura e imaginário.

Eu me considero um psiconauta razoavelmente experiente – tenho 38 anos e há 20 anos que, com um espaço considerável entre um e outro, experimento com psicodélicos (cannabis, cogumelos e ayahuasca). Se eu estou fazendo esse relato não é para incentivar (muito provável o contrário) ninguém a se meter a cobaia de si mesmo (embora isso sempre seja uma opção), senão para exercer um lado de teorico e de pesquisador que eu almejo (e que provavelmente era o motivo de eu pesquisar metanfetaminas legais na internet no final de abril) enquanto falo de algo que me estimula.

cápsulas de 0,2 g cada meu controle de doses. foram 6 com uma capsula e 4 com duas.como fica o calendario com os dias de microdose marcados.

Como começou: eu tinha comigo (chegou pelos correios dia 3 de junho) 15 capsulas de cubensis moídas. As tais microdoses, de 0,2 gramas e que, se consumidas prometiam ficar abaixo da percepção – isto é, eu ficaria funcional ao mesmo tempo que colhia os benefícios de uma substância psicodelica no meu cérebro. Além das capsulas de cubensis eu tomava todos os dias 20ml de extrato de cogumelo juba de leão (não psicodélico) e gincko biloba.

Eu tomava as microdoses um dia e pulava dois. Isso durou um mês. Três semanas foram com apenas uma capsula (0,2 g) e depois com duas (0,4 g). Em jejum, logo que acordava. Eu tive pouca ou nenhuma alucinação visual. Mas com certeza sentia efeitos de alegria, euforia e leveza. Não me faziam flutuar, eu mal conseguia saber se os efeitos ainda estavam rolando ou se já tinham passado.

Os estudos científicos com microdoses ainda estão lidando com a questão de ter pessoas que, influenciadas por relatos como esse, tomarem placebos e acharem que estão recebendo os benefícios do cogumelo (Microdosing psychedelic drugs associated with increases in conscientiousness and reductions in neuroticism) – e é por isso que ter experiência previa conta. Tomar em jejum também torna o contraste entre o estado previo e os efeitos bem grande.

E que coisas eu notei de diferente, afinal, após um mês de uso de microdoses de psilosybe cubensis?

Começando pelo que mais me impressiona: não voltei a beber,e já estou indo para oitenta dias. Isso é impressionante porque eu não estava sentindo necessidade sequer de parar – e parei porque queria fazer a experiencia das microdoses da maneira correta – mas após um mês do teste, ao longo de todo esse mês de julho, não vi sentido em voltar a beber. Isso me economiza uma grana, me traz harmonia no casamento (a esposa não bebe) e possivelmente, veja só você, salva minha vida.

A ansiedade diminui globalmente. Sublinhemos a palavra global. Isso porque é o que os nootrópicos e os remedios milagrosos que eu pesquisei na época não oferecem – eles podem ate agir rápido e causar mudanças radicais – mas eles também vao ferrar com seus rins (no caso do piracetam) ou coisa do tipo. O uso de microdoses de cubensis não faz grande coisa se vista isoladamente sob uma lupa, mas no dia a dia, semana a semana, junto com outras mudanças de atitudes ruins para atitudes saudáveis (que o psicodélico te ajuda a perceber) - junto com exercícios físicos e meditação, enfim, com o que der, as coisas melhoram. Um pouquinho, mas melhoram. A ressalva que faço: o trabalho é constante – a psilocibina só te dá as dicas, mas você tem que ir atrás do prejuízo, e se deixamos de lado o cuidado não é como se tudo desmoronasse, mas a estagnação vem – eu mesmo deixei de meditar, mesmo sabendo que é uma coisa maravilhosa e tal.

O foco voltou – eu consigo trabalhar por horas a fio, e mantenho interesse vivo naquilo que faço. O mesmo foco de quem joga videogames (e eu jogava bastante, mas tive que parar para focar no mestrado), mas para qualquer coisa que você queira fazer. E, mais uma vez, sublinhemos globalmente. Sutilmente talvez, mas de maneira orgânica, nenhuma mudança radical.

O sono é mais restaurador. Nem sempre procuro lembrar o que sonhei, mas tenho acordado bem descansado há dois meses já, todos os dias.

E no que eu não consegui ver melhoras?

Eu ainda tenho questões de irritação, de raiva mesmo. Acho que o lado depressivo poderia ter sido mais trabalhado – e acho que é onde a ioga e meditação poderiam me ajudar mais do que as microdoses até.

Eu ainda preciso me cuidar constantemente senão tenho preguiça de estudar; ou então começo a comer demais, a assistir TV demais. Hoje mesmo fazem 3 dias que não saio para pedalar ou ir além da esquina comprar pão – é uma constante aqui em casa ignorar os dias para aprofundar um projeto ou coisa do tipo (mesmo sabendo que meu trabalho iria melhorar se eu fizesse uma caminhada que fosse, mas eu simplesmente ignoro esse dado).

Concluindo, digo que foi uma experiência positiva. Digo também que meditação, exercício físico e terapia são tão bons quanto, e que se der para fazer tudo, melhor ainda, porque, ao que tudo indica, elas somam forças para melhorar nossa vida.

E melhorar a vida não é nada fácil. Ainda mais quando ficamos mais velhos e adquirimos mais responsabilidades e também quando acumulamos experiências. Ou quando acumulamos traumas (um dos campos mais promissores da pesquisa com psicodélicos é no tratamento de estresse pós traumático, lembro agora). De modo que chega uma hora que você decide que é hora de reiniciar, de dar um reboot no cérebro e começar menos alvoraçado os dias que tem pela frente. E quem pode te culpar? Não apenas a ciencia, mas os sabedores tradicinais nos informam que existe um modo de fazer isso, testado, seguro, natural. Então porque não tentar? Se eu posso melhorar nem que seja um por cento em relação ao que eu era antes, como deixar de lado?
Sessão de fotos do meu último dia de md. Foi muito bom.

Há dez milhoes de anos que fungos produzem especies de cogumelos que produzem psilocibina. Nossas existencia nesse espaço de tempo é quase nada – incluindo aí nossa cultura, nossa contra-cultura e nossa cultura contemporanea. Teonanacatl é o nome original dos cogumelos magicos e significa carne dos deuses, isso porque quando a experimentamos podemos, literalmente, participar da criação divina, e ver o mundo com olhos renovados. Isso também a microdose de psilocybe cubensis me ensinou. Aos poucos, de forma quase impossível de notar, mas solidamente, ao longo dos dias e de modo irreversível, pelo quê sou muito grato.
 

Olá caros micólocos, psiconautas ou meros curiosos.​


Venho responder, apesar da demora, meu próprio relato, descrevendo o que aconteceu nesse mês (junho de 2022) ao mesmo tempo que anuncio que já estou em vias de começar mais um mês de microdose (agosto 2022) após passar um mês sem nada.

Eu devo ter decidido testar as microdoses com capsulas prontas em algum momento de abril, e no dia 26 eu efetuei a compra no site. Eu lembro que estava pesquisando por nootrópicos então, e dado meu histórico, não me parecia interessante usar um remédio controlado como ritalina ou piracetam quando eu sabia, com certeza, que precisava apenas acertar-me com minhas prioridades, minha ansiedade e meu deslocamento em relação ao mundo após dois anos de pandemia. Não existe remedio que nos cure da vida.

Cito a questão dos nootropicos porque é uma armadilha até meio óbvia se você parar para pensar – quase qualquer estudante de pós graduação desejaria ter mais horas no dia, ou ao menos mais foco para usar as horas que tem. E quando se começa a pesquisar estas coisas na internet se encontra depoimento de gente que lidou com até mesmo anfetamina para conseguir atingir seus objetivos. É preciso muita cautela nisso. E mesmo com psicodelicos isso se faz necessário (como bem apontou o usuário Barratorta).

Cogumelos, no entanto, são fascinantes. Estou lendo e me informando sobre o eles já há uns dois anos mais ou menos e nunca deixo de ficar impressionado. Foi em agosto de 2020 que adquiri pela primera vez cinco gramas de Cubensis pela internet – e então eu já ouvia uma porção de entrevistas do Paul Stamets e do Micheal pollan, além de livros sobre o assunto – incluindo aí o excelente Como mudar sua mente (Pollan, 2018). Mais recentemente estive lendo o incrível A Trama da Vida (Sheldrake, 2021), que fala de fungos de maneira geral, mas que tem um capítulo dedicado só aos cogumelos psicodélicos.

Quem viu a série que saiu agora na netflix e que tem o mesmo nome do livro sabe bem do que to falando – essa série materializa o livro e atualiza alguns detalhes. O livro do Merlin Sheldrake por sua vez aprofunda um aspecto de micólogo que não vemos no Pollan, e começa com a seguinte pergunta: não estariam os cogumelos de psilocibina usando de seu poder sobre os outros (especialmente os humanos) para espalhar seus genes? – a exemplo do que faz a ophiocordyceps com a formiga zumbi? Vou adiantar logo e dar o spoiler que, para Sheldrake, isso é improvável – mas que nem isso, nem o fato de havermos isolado a psilocibina em laboratorio diminui a complexidade da experiencia humana sob psicodelicos. Ou da grandiosidade que os cogumelos ganharam na nossa cultura e imaginário.

Eu me considero um psiconauta razoavelmente experiente – tenho 38 anos e há 20 anos que, com um espaço considerável entre um e outro, experimento com psicodélicos (cannabis, cogumelos e ayahuasca). Se eu estou fazendo esse relato não é para incentivar (muito provável o contrário) ninguém a se meter a cobaia de si mesmo (embora isso sempre seja uma opção), senão para exercer um lado de teorico e de pesquisador que eu almejo (e que provavelmente era o motivo de eu pesquisar metanfetaminas legais na internet no final de abril) enquanto falo de algo que me estimula.

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Como começou: eu tinha comigo (chegou pelos correios dia 3 de junho) 15 capsulas de cubensis moídas. As tais microdoses, de 0,2 gramas e que, se consumidas prometiam ficar abaixo da percepção – isto é, eu ficaria funcional ao mesmo tempo que colhia os benefícios de uma substância psicodelica no meu cérebro. Além das capsulas de cubensis eu tomava todos os dias 20ml de extrato de cogumelo juba de leão (não psicodélico) e gincko biloba.

Eu tomava as microdoses um dia e pulava dois. Isso durou um mês. Três semanas foram com apenas uma capsula (0,2 g) e depois com duas (0,4 g). Em jejum, logo que acordava. Eu tive pouca ou nenhuma alucinação visual. Mas com certeza sentia efeitos de alegria, euforia e leveza. Não me faziam flutuar, eu mal conseguia saber se os efeitos ainda estavam rolando ou se já tinham passado.

Os estudos científicos com microdoses ainda estão lidando com a questão de ter pessoas que, influenciadas por relatos como esse, tomarem placebos e acharem que estão recebendo os benefícios do cogumelo (Microdosing psychedelic drugs associated with increases in conscientiousness and reductions in neuroticism) – e é por isso que ter experiência previa conta. Tomar em jejum também torna o contraste entre o estado previo e os efeitos bem grande.

E que coisas eu notei de diferente, afinal, após um mês de uso de microdoses de psilosybe cubensis?

Começando pelo que mais me impressiona: não voltei a beber,e já estou indo para oitenta dias. Isso é impressionante porque eu não estava sentindo necessidade sequer de parar – e parei porque queria fazer a experiencia das microdoses da maneira correta – mas após um mês do teste, ao longo de todo esse mês de julho, não vi sentido em voltar a beber. Isso me economiza uma grana, me traz harmonia no casamento (a esposa não bebe) e possivelmente, veja só você, salva minha vida.

A ansiedade diminui globalmente. Sublinhemos a palavra global. Isso porque é o que os nootrópicos e os remedios milagrosos que eu pesquisei na época não oferecem – eles podem ate agir rápido e causar mudanças radicais – mas eles também vao ferrar com seus rins (no caso do piracetam) ou coisa do tipo. O uso de microdoses de cubensis não faz grande coisa se vista isoladamente sob uma lupa, mas no dia a dia, semana a semana, junto com outras mudanças de atitudes ruins para atitudes saudáveis (que o psicodélico te ajuda a perceber) - junto com exercícios físicos e meditação, enfim, com o que der, as coisas melhoram. Um pouquinho, mas melhoram. A ressalva que faço: o trabalho é constante – a psilocibina só te dá as dicas, mas você tem que ir atrás do prejuízo, e se deixamos de lado o cuidado não é como se tudo desmoronasse, mas a estagnação vem – eu mesmo deixei de meditar, mesmo sabendo que é uma coisa maravilhosa e tal.

O foco voltou – eu consigo trabalhar por horas a fio, e mantenho interesse vivo naquilo que faço. O mesmo foco de quem joga videogames (e eu jogava bastante, mas tive que parar para focar no mestrado), mas para qualquer coisa que você queira fazer. E, mais uma vez, sublinhemos globalmente. Sutilmente talvez, mas de maneira orgânica, nenhuma mudança radical.

O sono é mais restaurador. Nem sempre procuro lembrar o que sonhei, mas tenho acordado bem descansado há dois meses já, todos os dias.

E no que eu não consegui ver melhoras?

Eu ainda tenho questões de irritação, de raiva mesmo. Acho que o lado depressivo poderia ter sido mais trabalhado – e acho que é onde a ioga e meditação poderiam me ajudar mais do que as microdoses até.

Eu ainda preciso me cuidar constantemente senão tenho preguiça de estudar; ou então começo a comer demais, a assistir TV demais. Hoje mesmo fazem 3 dias que não saio para pedalar ou ir além da esquina comprar pão – é uma constante aqui em casa ignorar os dias para aprofundar um projeto ou coisa do tipo (mesmo sabendo que meu trabalho iria melhorar se eu fizesse uma caminhada que fosse, mas eu simplesmente ignoro esse dado).

Concluindo, digo que foi uma experiência positiva. Digo também que meditação, exercício físico e terapia são tão bons quanto, e que se der para fazer tudo, melhor ainda, porque, ao que tudo indica, elas somam forças para melhorar nossa vida.

E melhorar a vida não é nada fácil. Ainda mais quando ficamos mais velhos e adquirimos mais responsabilidades e também quando acumulamos experiências. Ou quando acumulamos traumas (um dos campos mais promissores da pesquisa com psicodélicos é no tratamento de estresse pós traumático, lembro agora). De modo que chega uma hora que você decide que é hora de reiniciar, de dar um reboot no cérebro e começar menos alvoraçado os dias que tem pela frente. E quem pode te culpar? Não apenas a ciencia, mas os sabedores tradicinais nos informam que existe um modo de fazer isso, testado, seguro, natural. Então porque não tentar? Se eu posso melhorar nem que seja um por cento em relação ao que eu era antes, como deixar de lado?
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Há dez milhoes de anos que fungos produzem especies de cogumelos que produzem psilocibina. Nossas existencia nesse espaço de tempo é quase nada – incluindo aí nossa cultura, nossa contra-cultura e nossa cultura contemporanea. Teonanacatl é o nome original dos cogumelos magicos e significa carne dos deuses, isso porque quando a experimentamos podemos, literalmente, participar da criação divina, e ver o mundo com olhos renovados. Isso também a microdose de psilocybe cubensis me ensinou. Aos poucos, de forma quase impossível de notar, mas solidamente, ao longo dos dias e de modo irreversível, pelo quê sou muito grato.
Muito bom seu relato amigo , me tira umas dúvidas, qual foi o horário que que tomava as microdoses de 200mg? E tipo assim com microdoses eu poderia (pelo menos na teoria) dirigir , andar de bike , e trabalhar normal? Subir escadas etc . Estou pensando em usar microdoses (depressao e outros motivos), vou comprar uma balança de precisão que meça miligramas e cortar os cogumelos que eu tenho aqui que são 2 gramas e pesar pra dar as 200mg , você que tem experiência acha tb que se eu tomasse 100 mg ajudaria tb ao invés de 200mg? Grato desde já pelo seu relato amigão
 
Última edição:
"qual foi o horário que que tomava as microdoses de 200mg?"
De manhã, a cada dois dias. Sempre em jejum.
"E tipo assim com microdoses eu poderia (pelo menos na teoria) dirigir , andar de bike , e trabalhar normal?"
Sim, para isso que as microdoses servem - elas só dão uma melhoria no humor geral, mas voce continua perfeitamente funcional.
"vou comprar uma balança de precisão que meça miligramas e cortar os cogumelos que eu tenho aqui que são 2 gramas e pesar pra dar as 200mg"
Ótima ideia, só não esquece que ela tem que medir microgramas. Na primeira vez que tentei usei a balança errada e acabei tomando macrodoses ao invés de microdoses. Na segunta tentativa comprei a parada embalada para nao correr esse risco.

Eu e dois amigos fizemos um podcast sobre nossas experiências. Se quiser ouvir:
 
Só um adendo, é MILIgramas, não microgramas, vejo sendo falado errado direto em questão de diversas substâncias.

Uma miligrama (mg) têm 1000 microgramas (ug ou mcg), ou seja, uma grama têm um milhão de microgramas.


Fiz diversos protocolos com diversas substâncias num período de mais de um ano. Ainda tenho que fazer meu relato nesse fórum já que têm tão pouco sobre aqui, quando tiver tempo faço.

Edit:
A confusão vem bastante do fato de falarmos "microdose", então esse "micro" acaba infectando o que deveria ser MILIgrama, transformando em MICROgrama. Isso é um problema generalizado em qualquer tópico que vejo, inclusive gringo.
No caso de microdose com LSD faria sentido pois a quantidade de substância é medida realmente em MICROgramas (ug), não em MILIgramas (mg). Mas no caso da grande maioria as doses são medidas em MILIgramas mesmo.

Talvez chamar de MILIDOSE seja a solução? 🤪
 
Última edição:
"qual foi o horário que que tomava as microdoses de 200mg?"
De manhã, a cada dois dias. Sempre em jejum.
"E tipo assim com microdoses eu poderia (pelo menos na teoria) dirigir , andar de bike , e trabalhar normal?"
Sim, para isso que as microdoses servem - elas só dão uma melhoria no humor geral, mas voce continua perfeitamente funcional.
"vou comprar uma balança de precisão que meça miligramas e cortar os cogumelos que eu tenho aqui que são 2 gramas e pesar pra dar as 200mg"
Ótima ideia, só não esquece que ela tem que medir microgramas. Na primeira vez que tentei usei a balança errada e acabei tomando macrodoses ao invés de microdoses. Na segunta tentativa comprei a parada embalada para nao correr esse risco.

Eu e dois amigos fizemos um podcast sobre nossas experiências. Se quiser ouvir:

Muito obrigado por responder brother , vou ouvir o podcast sim! quanto a balanças eu tenho uma de cozinha aqui que '' diz '' pegar de 1 grama a 5 kilos , mas nem as duas gramas dos cogumelos ela pegou kkk, vou comprar uma que pesa de 0,1 grama (100 mg ne) a 500 gramas , vejo muita gente falando que microdose é placebo mas tem muita gente que fala que não inclusive estudos e pessoas como voce que tem conhecimento de causa , então nao custa nada tentar pra melhorar de vida

Só um adendo, é MILIgramas, não microgramas, vejo sendo falado errado direto em questão de diversas substâncias.

Uma miligrama (mg) têm 1000 microgramas (ug ou mcg), ou seja, uma grama têm um milhão de microgramas.


Fiz diversos protocolos com diversas substâncias num período de mais de um ano. Ainda tenho que fazer meu relato nesse fórum já que têm tão pouco sobre aqui, quando tiver tempo faço.
Acho não tem balança pra microgramas tem 😂 , acho quase impossivel usar uma substancia em MICRO
 
Muito obrigado por responder brother , vou ouvir o podcast sim! quanto a balanças eu tenho uma de cozinha aqui que '' diz '' pegar de 1 grama a 5 kilos , mas nem as duas gramas dos cogumelos ela pegou kkk, vou comprar uma que pesa de 0,1 grama (100 mg ne) a 500 gramas , vejo muita gente falando que microdose é placebo mas tem muita gente que fala que não inclusive estudos e pessoas como voce que tem conhecimento de causa , então nao custa nada tentar pra melhorar de vida


Acho não tem balança pra microgramas tem 😂 , acho quase impossivel usar uma substancia em MICRO
Fala, EduardoIsra! Tranquilo?

Concordo sobre os estudos. Ainda há muita nebulosidade nessa questão dos cogumelos. Comecei a microdosagem essa semana também. Por causa disso tenho estudado, lido alguns artigos, sendo bem curioso sobre o assunto. Deixo o link de um paper recente que tive contato (EFEITOS DA MICRODOSAGEM DE LSD E PSILOCIBINA: UMA REVISÃO DA LITERATURA | Reichert | Revista Brasileira de Neurologia e Psiquiatria) que trás um grande resumo, uma revisão de outros estudos abordando o tema.

Muito interessante os resultados. Aparentemente, nessa revisão o único efeito "negativo" é referente ao aumento do neuroticismo. Ao pesquisar sobre descobri que se refere a capacidade de sentir emoções negativas. Acho que isso muito se relaciona porque os cogumelos, no geral, como todas as drogas, te deixam muito reativos em relação aos momentos que estamos vivendo durante aquele momento que administramos. Se estamos passando por uma "barra", a sensação sobre ela é aumentada consideravelmente. Nós tornamos mais sensíveis e conectados.

Esse blog tem tido muita importância nessa jornada. Grande abraço.

"qual foi o horário que que tomava as microdoses de 200mg?"
De manhã, a cada dois dias. Sempre em jejum.
"E tipo assim com microdoses eu poderia (pelo menos na teoria) dirigir , andar de bike , e trabalhar normal?"
Sim, para isso que as microdoses servem - elas só dão uma melhoria no humor geral, mas voce continua perfeitamente funcional.
"vou comprar uma balança de precisão que meça miligramas e cortar os cogumelos que eu tenho aqui que são 2 gramas e pesar pra dar as 200mg"
Ótima ideia, só não esquece que ela tem que medir microgramas. Na primeira vez que tentei usei a balança errada e acabei tomando macrodoses ao invés de microdoses. Na segunta tentativa comprei a parada embalada para nao correr esse risco.

Eu e dois amigos fizemos um podcast sobre nossas experiências. Se quiser ouvir:

Fala! Por acaso você levou em consideração algum outro tipo de protocolo? Vi que também aconselham a microdosagem durante 4 dias + 2 de repouso, ministrando junto com juba de leão e niacina (protocolo Stamets). O que tem achado dessa forma que tem microdosado? Estou iniciado igualzinho a sua (só que sem o juba de leão) porém sempre na dúvida em qual devo seguir.
 
Segundo estudos as microdosagens de cogumelos e LSD podem ser uma alternativa viável para estabilizadores de humor e podem ser tão efetivas quanto um anti-depressivo em longo prazo. Sobre os efeitos energizantes e de foco, as substâncias podem também se tornar um substituto confiável para medicações anti-TDAH e outros farmacêuticos melhoradores da cognição.
 
Não existem estudos com metodologia confiável mostrando benefícios de microdosagem, ao contrário, estudos com metodologia confiável costumam não mostrar benefícios nesse método de consumo.
Se você está sentindo alguma dificuldade na sua vida, busque acompanhamento psicológico e a opiniãode um psiquiatra e jamais se automedique, é perigoso e o tiro pode e provavelmente vai sair pela culatra.
 
Daqui a pouco a indústria farmacológica patenteia o princípio ativo dos cogumelos.
Por enquanto seremos simples cobaias.
 
Última edição:
Fala, EduardoIsra! Tranquilo?

Concordo sobre os estudos. Ainda há muita nebulosidade nessa questão dos cogumelos. Comecei a microdosagem essa semana também. Por causa disso tenho estudado, lido alguns artigos, sendo bem curioso sobre o assunto. Deixo o link de um paper recente que tive contato (EFEITOS DA MICRODOSAGEM DE LSD E PSILOCIBINA: UMA REVISÃO DA LITERATURA | Reichert | Revista Brasileira de Neurologia e Psiquiatria) que trás um grande resumo, uma revisão de outros estudos abordando o tema.

Muito interessante os resultados. Aparentemente, nessa revisão o único efeito "negativo" é referente ao aumento do neuroticismo. Ao pesquisar sobre descobri que se refere a capacidade de sentir emoções negativas. Acho que isso muito se relaciona porque os cogumelos, no geral, como todas as drogas, te deixam muito reativos em relação aos momentos que estamos vivendo durante aquele momento que administramos. Se estamos passando por uma "barra", a sensação sobre ela é aumentada consideravelmente. Nós tornamos mais sensíveis e conectados.

Esse blog tem tido muita importância nessa jornada. Grande abraço.


Fala! Por acaso você levou em consideração algum outro tipo de protocolo? Vi que também aconselham a microdosagem durante 4 dias + 2 de repouso, ministrando junto com juba de leão e niacina (protocolo Stamets). O que tem achado dessa forma que tem microdosado? Estou iniciado igualzinho a sua (só que sem o juba de leão) porém sempre na dúvida em qual devo seguir.

Olá, que bom ver que essa thread aqui não morreu e de vez em quando aparece alguém. Respondo com o maior prazer.

- Por acaso você levou em consideração algum outro tipo de protocolo?

Levei sim. Como deu o fim do ano e eu precisava viajar, bagunçando um pouco minha rotina, tentei aplicar o protocolo stamets já que onde eu fui havia extrato de juba de leão. Mas isso só durante a semana que passei fora. Uma vez de volta eu ainda tentei seguir com a rotina (4 dias de microdosagem seguido de três dias de descanso) porque achei que dias fixos eram melhores - porem comecei a sentir uma certa dor de cabeça que não era comum para mim. Quando parei (dei uma semana sem tomar nada) as dores de cabeça também pararam. Na volta voltei com dias fixos de microdosagem, e desta vez tomava apenas duas doses por semana, mas maiores (0,5 grama). Nunca me deu onda, mas ainda me deu a energia e o otimismo. O melhor é nos dias seguintes, o afterglow, quando sempre faço coisas que queria muito fazer mas por algum motivo estava adiando, como largar as telas e ler um livro ou pedalar por mais de meia hora. Hoje foi minha última microdose e devo permanecer assim por um semestre.
Apoio fortemente sua iniciativa de ler sobre o assunto e se inspirar nas pesquisas mais recentes.
 
Daqui a pouco a indústria farmacológica patenteia o princípio ativo dos cogumelos.
Por enquanto seremos simples cobaias.
Já existem patentes não só sobre psilocibina/psilocina como de outras substancias encontradas em outros cogumelos... Inclusive o Paul Stamets publicou duas patentes parecidas, uma de 2018 e outra de 2023 combinando microdoses de 1 até 5 mg de psilocibina ( o que corresponde a 100 até 500mg de cogumelo seco.. mas tem formulas de até 10mg de psilocibina, o que já deixa de ser microdose) com extratos de juba de leão, niacina/vitamina B3 para e outros aditivos para cognição.. Anexei a patente aqui pra quem quiser ver..

Inclusive a empresa que o Paul Stamets abriu uma startup chamada MycoMedica ( The healing potential of the fungal genome. - MycoMedica ) que recebeu um aporte de 60 milhões de dólares.

Resumo da ópera, já tá rolando grana com força sim nisso ai.. A busca pela cápsula milagrosa do filme Limitless é feroz e vai continuar sendo.​
 

Anexos

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Já existem patentes não só sobre psilocibina/psilocina


Substâncias naturais não podem, via de regra, ser patenteadas.

Sempre tem essas mensagens desse tipo, mas não tem base.

O que pode ser patenteado são essas "fórmulas" ou combinações. Que não afetam em nada o uso dos cogumelos.
 
Substâncias naturais não podem, via de regra, ser patenteadas.

Sempre tem essas mensagens desse tipo, mas não tem base.

O que pode ser patenteado são essas "fórmulas" ou combinações. Que não afetam em nada o uso dos cogumelos.

Verdade Ecuador, tem razão, substancias naturais não podem mesmo ser patenteadas.. Fui infeliz do jeito que coloquei a frase realmente pareceu que patentearam a psilocibina.

Apesar de que a grana tá mesmo rolando sobre a pesquisa e uso dos psilocibina e derivados.. Isso por um lado é bom mas por outro nem tanto já que atrai o big brother para dificultar/proibir o acesso
 
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