Aooooo
@Texugo, faz tempo que a gente não conversa mano!
Se usar o mesmo ceticismo para a nossa realidade, não haveria nada para ver também. Quer dizer, teria as informações que recebe "pelos" sentidos.
O que também não deixa de ser uma recombinação de memórias.
Aqui já entramos em uma discussão antiga entre nós dois haha.
Eu não acho que conseguimos provar essa existência em 3d + tempo, uma vez que nossa própria percepção é viciada pelos sentidos que chegam prontos.
Já passei anos travado nesse paradoxo e você tá certo, não dá pra provar nada sobre nada.
Não sei se você tá na vibe de ler, mas o Hume tem um livro que com certeza rende material pra ruminar durante a trip. Chama "Tratado da Natureza Humana" e tem um capítulo inteiro batendo a cabeça nessa questão do ceticismo em relação aos sentidos.
Quando li pela primeira vez pensei, "puta que pariu... o cara de 1700 tá dizendo as mesmas groselhas que discuto com meus amigos e desde aquela época não avançamos um palmo nessa discussão".
Se o input - não confundir com interpretação - que recebemos pelos sentidos é fake então não há nada o que fazer, nada a discutir, não adianta chorar. Só aceita, fecha o browser e vamos lá fora ver apreciar a simulação da lua e esperar os créditos correrem na tela. É um caminho que não leva a lugar algum.
Por outro lado, há uma alternativa que é o pragmatismo.
Aceitando premissas que se provem relativamente sólidas podemos expandir nosso conhecimento daquilo que nos cerca.
Mesmo se for fake, essa realidade (ou fatia dela) é tudo que iremos conhecer do nascimento à morte, logo, é um conhecimento útil.
Quando digo que fogo é ruim pra pele, é uma hipótese falseável que você provavelmente já validou por aí.
É real pra mim assim como é real pra você.
A ciência não é a abordagem perfeita de investigação, mas existem piores. Ela é suficiente.
Nessa linha assumimos algumas premissas como a do fogo e vamos construindo o castelo um tijolo por vez.
Se uma fileira não sustenta o peso da seguinte, desmanchamos e propomos uma nova.
Uma dessas proposições é que nossos sentidos evoluíram na tentativa e erro por meio da evolução.
Caso tenha dúvidas quanto a evolução em si, nos posts do SpiritualMind você consegue validar empiricamente que a evolução das espécies é real.
Qualquer característica que gere vantagens reprodutivas aumenta a probabilidade de perpetuação, no caso mencionado é a beleza, nos animais selvagens por outro lado tende a ser a capacidade de gerar asserções válidas sobre a localização de recursos e presença de inimigos.
Os sentidos não são perfeitos mas é tudo que temos.
Qual é a alternativa? Rezar pro demiurgo/arquiteto da Matrix nos libertar? kkkkkkk
Mas é meio que passar maquiagem e esperar que a própria experiência seja a "evolução da consciência", assim como abordar dessa forma pode ser mais útil para essa pessoa conseguir fazer algo com a
alucinação, mas também há a opção de só ficar assim:
Ta aí uma questão. Agora vamos fingir que compreendemos o estado alucinógeno?
É o que você disse, cada um trabalha a própria hipótese, da minha parte penso não haver nada de místico mas há uma expansão sensorial validada que amplia a capacidade de exploração.
A simples convicção de capacidade de existir em dimensões além dessas, não faz sentido pra mim, pessoalmente.
Já falamos sobre isso, mas os fungos que cultivo em placas de petri estão restritos a uma realidade quase que bidimensional.
Será que eles tem consciência que na vertical (dimensão Y) existem empilhados pelo menos mais 9 universos iguais?
Ou partindo pra termos mais técnicos, num software de modelagem 3D tenta animar em loop uma esfera atravessando um plano, depois muda pra vista ortogonal (frontal) pra assistir. Você vai ver apenas um pixel que se expande num círculo 2D a medida que emerge antes de retrair novamente a medida que mergulha de volta.
Penso que o universo é mesmo 3D+1, mas se há outras dimensões e a consciência delas não amplia a capacidade reprodutiva, o meio não favoreceria a perpetuação dessa habilidade, muito pelo contrário. Cada célula gera um custo pro organismo e cada engrenagem precisa ser estritamente necessária.
Acho totalmente factível sermos
hifas com percepção limitada à superfície do ágar.
Se você tirar os sentidos e ver "abstrações" seria apenas a falta de entendimento, uma vez que nunca precisou fazer esse papel.
A realidade sem os sentidos é como um computador sem teclado, mouse, monitor ou caixas de som. Não há nada.
Na verdade o processamento segue acontecendo, mas sem a interface não há abstração pra se ver.
Então concordo na conclusão que a consciência poderia explorar mais do que nosso corpo, mas no sentido de ver o "código", não uma dimensão maior. (Deixar claro, usei a expressão "ver" - somente leitura, se você for capaz de modificar, aí é outra "onda")
Estamos na mesma linha aqui.
Acredito que usei dimensão como sinônimo pra propriedade da realidade objetiva, não necessariamente como a quinta dimensão.
Não que isso faça muita diferença na verdade.
De qualquer forma sabemos de animais com quase 10 sentidos a mais que nós. É de se imaginar que mesmo eles não tenham alcançado a perfeição.
Outra coisa é que se a premissa de que os sentidos estão em evolução for correta, eles não surgem do dia pra noite.
Da primeira alga unicelular que manifestou uma protuberância pra fins reprodutivos até chegar no kid bengala.... temos 3 bilhões de anos.
Então é possível que nós, ou alguns de nós, possuamos órgãos vestigiais que permitam a detecção de algo além do básico.
Então quanto a isso:
É que minha interpretação é que mesmo se há comprimentos de ondas que não podemos ver ao olho nu, não adianta tentar.
Mas temos equipamentos que fazem isso e você pode analisar e investigar essa informação na trip, o conhecimento que foi escrito no artigo, nas evidências e testes científicos.
Ficar tentando psicografar o que há além do que podemos ver não parece muito eficiente.
Mas vai que dá certo né, não tô excluindo a possibilidade.
Acho válido explorar.
Vejo como o oposto, na tentativa de captar mais do que há, nós criamos a interferência.
Entre povos antigos existem relatos do uso de peyote e até de
amanita muscaria em pequenas doses pra ampliar os sentidos durante a caça.
Por aqui mesmo não dou conta nem de tomar banho se tiver chapado, as gotas caindo na pele geram uma sobrecarga terrível.
en.wikipedia.org
É difícil mensurar mas em alguns testes as pessoas chegam a suprimir 90%+ do input do ambiente.
O cortisol e a adrenalina afrouxam parte do controle inibitório, mas no geral quase tudo é filtrado fora.
Em casos graves de autismo essa incapacidade de supressão deixa a pessoa confinada a própria prisão de carne, impossibilitada de fazer sentido do overload sensorial a realidade se torna pura abstração.
Preciso ter uma conversa séria com minha consciência, as últimas projeções foram estranhas. Ou ela quem precisa conversar comigo e me falar pra parar de assistir coisas estranhas.
Se você se sentir a vontade depois conta mais sobre essas trips aqui ou por inbox!