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Substrato de Esterco e Serragem OK com spaw contaminado.

Kupim

Esporo
Cadastrado
15/08/2022
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Resolvi usar substrato de esterco de gado com serragem de pinus após produzir spaw de cubensis em grãos de trigo e observei alguns fenômenos:

1) O esterco funciona bem misturando com serragem numa proporção meio a meio (aquela serragem em flocos, pois deixa a mistura bem aerada para o micélio se espalhar. Ainda não experimentei com serragem em pó). Resolvi usar serragem porque é muuuuuuito mais barata que vermiculita ou pó de casca de côco. Pode ser conseguida até de graça em madeireiras (a serragem em flocos surge da máquina chamada plaina ou desengrossadeira. As serras produzem apenas pó). A ideia da serragem é somente aerar a mistura (não é servir de alimento ao micélio). Na natureza, o substrato é esterco com sobras de grama não digeridas pelas vacas. Já é alimento suficiente ao micélio. Procurei reproduzir o melhor possível, usando serragem já que eu não tinha sobras de grama seca.

2) Usei esterco industrializado comprado em loja agropecuária, pois já vem compostado, seco e sem cheiro algum (20 reais o saco de 10kg). Depois de molhado continua sem cheiro.

3) Pasteurizei derramando água fervendo na mistura de esterco e deixando esfriar lentamente. Misturei tudo com uma colher de pau para não queimar as mãos. Não sei a proporção de água que usei. Fui molhando até ficar bem úmido, mas não pingando ou com textura de lama. OBS: o substrato deve ser pasteurizado e não esterilizado como ocorre em panela de pressão ou microondas. Têm que sobrar vivos alguns micróbios naturais do esterco, que competem com outros contaminantes, mas não com o micélio (lembrar que na natureza é assim).

4) Construí um monotube e experimentei um substrato com spaw de grãos de trigo CONTAMINADOS com bacilos (aquela gosma bege com cheiro azedo). PASMEM, DEU TUDO CERTO!!! ACHO QUE O BACILO MORRE NO ESTERCO. ESSA FOI A MAIOR DESCOBERTA, POIS PERMITIU APROVEITAR O SPAW CONTAMINADO.

5) Coloquei os grãos direto no fundo. Olhando por baixo da caixa transparente, notei que eles ressecam um pouco. Portanto, na próxima vez eu vou colocar aquela fina camada substrato embaixo, para manter os grãos melhor hidratados. Não furei a caixa na fase de colonização.

6) Na Fase de frutificação, usei múltiplos pequenos furos no topo da caixa e logo acima do substrato, sem cobrir com micropore (pois nessa fase o micélio já tomou conta de tudo e não é mais necessário preocupação com contaminação). Controlei a circulação de ar e umidade fechando alguns furos com fita isolante, pois inicialmente estava ressecando demais a superfície do substrato, matando o micélio.

7) A camada superior de substrato deve ter no máximo dois dedos de espessura (4 cm). Mais do que isso impede a penetração de oxigênio lá no fundo. Percebi isso quando, na fase de colonização em outro monutube, misturei os grãos junto com todo o substrato (sem separar as camadas). Deixei 7 ou 8 centímetros de espessura, mas o micélio só desenvolveu até 4cm de profundidade a partir da superfície. Por isso deduzi que é até onde o oxigênio alcança.

8) Durante a frutificação, é necessário borrifar diariamente água no substrato para mantê-lo adequadamente úmido. Não basta borrifar apenas as paredes do monotube com intuito apenas de manter umidade no ar. Sem isso, ele encolhe demais e a superfície endurece.

9) É realmente imprescindível que a base da caixa seja protegida de luminosidade durante a fase de frutificação, para induzir que os cogumelos cresçam apenas na superfície. Duvidei que fosse necessário e muitos cogumelos surgiram esmagados rente às paredes.

10) Quanto tentei fazer bulk em saco plástico com esse substrato A EXPERIÊNCIA FOI TERRÍVEL!!! Depois de 1 semana, começou a feder minha casa inteira com o cheiro natural do esterco, mesmo que já houvesse indício de formação de micélio. Tive de jogar tudo fora para conseguir continuar vivendo dentro de casa. Não sei se foi porque dessa vez eu experimentei não pasteurizar o substrato ou se foi porque havia insuficiente oxigênio no saco plástico, mesmo fazendo furinho com micropore para respiro. Vale lembrar que bactérias diferentes crescem em ambiente aeróbio e anaeróbio. Devo ter desfavorecido o micélio e superfavorecido o crescimento das bactérias originais do esterco por carência de oxigênio (igual ocorre no intestino da vaca). Os dois cresceram ao mesmo tempo, mas foi diferente do monutube, onde não surgiu qualquer cheiro ruim.

Segue em anexo foto do dia 5 de frutificação com cogumelos crescendo esmagados nas paredes e muitos outros começando a pinar pelo resto da superfície.

Foto da lateral do monotube com os detalhes dos furinhos e da cobertura tardia da luminosidade na base.
 

Anexos

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Última edição:
Impressionante, eu estava pensando em usar esterco. Muito boa essa dica de pasteurizar, as bactérias afinal ajudam a manter os contaminantes longe e ainda torna o processo de cultivo mais fácil do que ter que esterilizar tudo em panela de pressão.
 
Resolvi usar substrato de esterco de gado com serragem de pinus após produzir spaw de cubensis em grãos de trigo e observei alguns fenômenos:

1) O esterco funciona bem misturando com serragem numa proporção meio a meio (aquela serragem em flocos, pois deixa a mistura bem aerada para o micélio se espalhar. Ainda não experimentei com serragem em pó). Resolvi usar serragem porque é muuuuuuito mais barata que vermiculita ou pó de casca de côco. Pode ser conseguida até de graça em madeireiras (a serragem em flocos surge da máquina chamada plaina ou desengrossadeira. As serras produzem apenas pó). A ideia da serragem é somente aerar a mistura (não é servir de alimento ao micélio). Na natureza, o substrato é esterco com sobras de grama não digeridas pelas vacas. Já é alimento suficiente ao micélio. Procurei reproduzir o melhor possível, usando serragem já que eu não tinha sobras de grama seca.

2) Usei esterco industrializado comprado em loja agropecuária, pois já vem compostado, seco e sem cheiro algum (20 reais o saco de 10kg). Depois de molhado continua sem cheiro.

3) Pasteurizei derramando água fervendo na mistura de esterco e deixando esfriar lentamente. Misturei tudo com uma colher de pau para não queimar as mãos. Não sei a proporção de água que usei. Fui molhando até ficar bem úmido, mas não pingando ou com textura de lama. OBS: o substrato deve ser pasteurizado e não esterilizado como ocorre em panela de pressão ou microondas. Têm que sobrar vivos alguns micróbios naturais do esterco, que competem com outros contaminantes, mas não com o micélio (lembrar que na natureza é assim).

4) Construí um monotube e experimentei um substrato com spaw de grãos de trigo CONTAMINADOS com bacilos (aquela gosma bege com cheiro azedo). PASMEM, DEU TUDO CERTO!!! ACHO QUE O BACILO MORRE NO ESTERCO. ESSA FOI A MAIOR DESCOBERTA, POIS PERMITIU APROVEITAR O SPAW CONTAMINADO.

5) Coloquei os grãos direto no fundo. Olhando por baixo da caixa transparente, notei que eles ressecam um pouco. Portanto, na próxima vez eu vou colocar aquela fina camada substrato embaixo, para manter os grãos melhor hidratados. Não furei a caixa na fase de colonização.

6) Na Fase de frutificação, usei múltiplos pequenos furos no topo da caixa e logo acima do substrato, sem cobrir com micropore (pois nessa fase o micélio já tomou conta de tudo e não é mais necessário preocupação com contaminação). Controlei a circulação de ar e umidade fechando alguns furos com fita isolante, pois inicialmente estava ressecando demais a superfície do substrato, matando o micélio.

7) A camada superior de substrato deve ter no máximo dois dedos de espessura (4 cm). Mais do que isso impede a penetração de oxigênio lá no fundo. Percebi isso quando, na fase de colonização em outro monutube, misturei os grãos junto com todo o substrato (sem separar as camadas). Deixei 7 ou 8 centímetros de espessura, mas o micélio só desenvolveu até 4cm de profundidade a partir da superfície. Por isso deduzi que é até onde o oxigênio alcança.

8) Durante a frutificação, é necessário borrifar diariamente água no substrato para mantê-lo adequadamente úmido. Não basta borrifar apenas as paredes do monotube com intuito apenas de manter umidade no ar. Sem isso, ele encolhe demais e a superfície endurece.

9) É realmente imprescindível que a base da caixa seja protegida de luminosidade durante a fase de frutificação, para induzir que os cogumelos cresçam apenas na superfície. Duvidei que fosse necessário e muitos cogumelos surgiram esmagados rente às paredes.

10) Quanto tentei fazer bulk em saco plástico com esse substrato A EXPERIÊNCIA FOI TERRÍVEL!!! Depois de 1 semana, começou a feder minha casa inteira com o cheiro natural do esterco, mesmo que já houvesse indício de formação de micélio. Tive de jogar tudo fora para conseguir continuar vivendo dentro de casa. Não sei se foi porque dessa vez eu experimentei não pasteurizar o substrato ou se foi porque havia insuficiente oxigênio no saco plástico, mesmo fazendo furinho com micropore para respiro. Vale lembrar que bactérias diferentes crescem em ambiente aeróbio e anaeróbio. Devo ter desfavorecido o micélio e superfavorecido o crescimento das bactérias originais do esterco por carência de oxigênio (igual ocorre no intestino da vaca). Os dois cresceram ao mesmo tempo, mas foi diferente do monutube, onde não surgiu qualquer cheiro ruim.

Segue em anexo foto do dia 5 de frutificação com cogumelos crescendo esmagados nas paredes e muitos outros começando a pinar pelo resto da superfície.

Foto da lateral do monotube com os detalhes dos furinhos e da cobertura tardia da luminosidade na base.
Parabéns pelo cultivo e pelas ideias @Kupim
 
Parabéns pelos estudos.

Fiquei com uma dúvida de iniciante: você pasteurizou, mas existe contraindicação no uso da panela de pressão para esse tipo de substrato?

Queria entender melhor a dinâmica com base nas experiências de vocês.

Obrigado.
 
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