Riscos decorrentes de contaminantes - Pseudomonas
Mancha bacteriana - na maioria dos casos
Pseudomonas tolaasii (
P.fluorescens)
Lesões variando de amarelas a marrons aparecem nos cogumelos. Tipicamente as manchas ocorrem nas bordas dos chapéus dos cogumelos, ou perto das bordas. A mancha bacteriana ocorre quando os cogumelos permanecem úmidos por um período de quatro a seis horas após a aplicação de água. A bactéria é disseminada em partículas do solo carregadas pelo ar. Os controles incluem baixar a
umidade e espalhar uma solução de cloro a 150 partes por milhão (produtos com hipoclorito de cálcio são usados visto que produtos com hipoclorito de sódio queimam os chapéus). Se o cogumelo permanece úmido, todavia, o cloro tem pouco efeito porquê a população de bactérias se reproduz a uma taxa que neutraliza o efeito do agente oxidante. Os chapéus dos shiitake são afetados por uma doença chamada
Pseudomonas gladioli (
Burkholderia gladioli). A higiene é um componente crítico das medidas de controle.
Doença do embalsamamento -
Pseudomonas aeruginosa
Os sintomas dos cogumelos jovens infectados incluem caules curvados cercados na base por um crescimento exagerado do
micélio. A parte interna dos caules têm listras longitudinais saturadas de água. Os chapéus são inclinados e de tamanho menor que o esperado. Os tecidos ficam esponjosos e secos (mumificados). Higienização e redução da água livre são medidas de controle. (1)
Espécies de bactérias do gênero
Pseudomonas são comuns em cogumelos cultivados, como em
Pleurotus e
Agaricus - (2) (3) (4) (5) - e mesmo em cogumelos coletados, como nos gêneros do grupo chanterelle (6). Em um
strain de
Pleurotus ostreatus há registro da ocorrência de uma cepa de
Pseudomonas cepacia (=
Burkholderia cepacia) associada ao micélio (7).
Esse gênero de bactérias é encontrado normalmente na água e como saprófitas no solo.
O principal patógeno do gênero para cogumelos cultivados é
P.tolaasii, que causa a maioria dos casos reportados de manchas bacterianas. Outras espécies, patogênicas ou não para os cogumelos, também ocorrem nos substratos, como
P.fluorescens,
P.gladioli,
P.vesicularis,
P.putrefaciens,
P.aerogenes,
P.cepacia,
P.paucimobilis,
P.aeruginosa,
P.pyocyanea,
P.fragi,
P.stutzeri,
P.putrida,
P.costantinii,
P.reactans,
P.gingeri e
P.agarici. A simples ocorrência dessas espécies, mesmo as patogênicas, pode não causar problemas nos cultivos. Os danos aos cogumelos só começam quando a população de bactérias ultrapassa um limiar.
Em certas condições de cultivo de
Agaricus bisporus a espécie
Pseudomonas putrida e outras bactérias dos gêneros
Bacillus e
Alcaligenes podem mesmo facilitar a
frutificação.(8)
As infecções por bactérias do gênero
Pseudomonas em humanos ocorrem principalmente com
Pseudomonas aeruginosa, que pode infectar o sangue, pele, ossos, ouvidos, olhos, trato urinário, coração e pulmões (9). Esta espécie é especialmente perigosa para pessoas com imunidade comprometida e também em ambientes hospitalares. Pode ocorrer no trato intestinal de 10% das pessoas sadias e esporadicamente em áreas úmidas da pele humana, como nas axilas. Em pequeno número não parecem causar danos à saúde. As infecções são principalmente oportunistas, e raramente afetam pessoas saudáveis. (10) (11)
P.aeruginosa ocorre nos substratos de cogumelos comerciais, e até mesmo nos próprios cogumelos à venda (5), mas não está claro se a densidade alcançada chega a representar perigo.
P.mallei e
P.pseudomallei (=
B.mallei e
B.pseudomallei) também causam infecções em humanos, afetando vários órgãos. A ocorrência de infecções com estas espécies é menos freqüente do que as infecções com
P.aeruginosa. Não achei menção da ocorrência dessas duas espécies, que são primariamente patógenos de animais e humanos, em substratos de cultivo de cogumelos.
P.cepacia, cuja ocorrência é citada em meios de cultivo, está relacionada principalmente a infecções hospitalares e a infecções em portadores de fibrose cística (11) (12).
Os cultivos caseiros representam uma possível fonte de contaminação com
Pseudomonas e
Burkholderia, embora convivamos no meio ambiente com a maior parte das espécies, mesmo com as ocasionalmente patogênicas. Algumas precauções podem aumentar bastante a segurança, como evitar manusear sem proteção cultivos maciçamente colonizado por bactérias, assim como evitar manusear sem proteção qualquer cultivo quando houver ferimentos na pele.
Não achei menção a qualquer infecção em humanos causada por
Pseudomonas tolaasii. Antes, a espécie é descrita como inofensiva a humanos (13).
(1) Shroomery Contamination FAQ
http://www.shroomery.org/5276/What-are-common-contaminants-of-the-mushroom-culture
(2) Conservação de Cogumelos do gênero
Pleurotus em atmosfera modificada
http://www.iniap.min-agricultura.pt/ficheiros_public/ConservCogPleurotusAMtotal 2005.pdf
(3) Desinfestação de composto para cultivo de cogumelo
Agaricus Bisporus (Lange) Imbach
http://www.ufpel.tche.br/faem/agrociencia/v2n3/artigo05.pdf
(4) Isolamento e identificação de bactérias presentes nos solos de cobertura utilizados no cultivo do cogumelo
Agaricus blazei Murril
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-70542007000500014&lng=e&nrm=iso&tlng=e
(5) Commercial Mushrooms and Bean Sprouts Are a Source of
Pseudomonas aeruginosa
http://jcm.asm.org/cgi/content/full/43/11/5830
(6) Ecology and Management of Comercially Harvested Chanterelle Mushroom
http://www-mykopat.slu.se/Newwebsite/mycorrhiza/kantarellfiler/texter/pnw.pdf
(7) A Bacterium Belonging to the
Burkholderia cepacia Complex Associated with
Pleurotus ostreatus
http://www.msk.or.kr/jsp/downloadPDF1.jsp?fileName=JM2005-099.pdf
(8) Primodia initiation of mushroom (
Agaricus bisporus) strains on axenic
casing materials
http://www.mycologia.org/cgi/reprint/95/4/620.pdf
(9)
Pseudomonas infections
http://www.merck.com/mmhe/sec17/ch190/ch190o.html
(10)
Pseudomonas infections
http://www.kcom.edu/faculty/chamberlain/website/lectures/tritzid/pseudinf.htm
(11)
Pseudomonas infections
http://www.emedicine.com/ped/TOPIC2701.HTM
(12) J Pediatr. 1984 Feb ;104 (2):206-10 6420530 (P,S,E,B)
Pseudomonas cepacia infection in cystic fibrosis: an emerging problem
http://lib.bioinfo.pl/meid:14321
(13) Best Practices For Mushroom Production and Marketing
http://www.americanmushroom.org/Best Practices_IPM_Bacterial Blotch.htm
Obs.: Há uma discussão sobre a denominação do gênero (
Pseudomonas ou
Burkholderia) e a classificação das espécies em um ou outro, se os dois não forem um grupo somente.
Pseudomonas cepacia é certamente a mesma espécie conhecida também como
Burkholderia cepacia, mas
Pseudomonas aeruginosa, por exemplo,só é citada no gênero
Pseudomonas, mesmo caso de
P.tolaasii.
Optei por tratar as duas nomenclaturas de gênero -
Pseudomonas ou
Burkholderia - como um só grupo, embora provavelmente o cenário seja mais complexo (
http://en.wikipedia.org/wiki/Pseudomonas).
Outras fontes
- Bacteria Are Omnipresent on
Phanerochaete chrysosporium Burdsall
http://aem.asm.org/cgi/reprint/62/7/2477.pdf
- BIODIVERSITYAND INCIDENCE OF BURKHOLDERIA SPECIES
http://www.diagnosisp.com/dp/journa...16&PHPSESSID=cbe1779aa4665d7e8c64d12eac08a9cc
- Bacterial biota in the human distal esophagus
http://www.pnas.org/cgi/reprint/0306398101v1.pdf
-
Pseudomonas tolaasii control by kasugamycin in cultivated mushrooms (Agaricus bisporus)
http://www.blackwell-synergy.com/doi/abs/10.1111/j.1365-2672.1995.tb03121.x
Porém, o que garante que os metais pesados e os contaminantes em si, não se alojam no organismo humano ao longo do tempo, como acontece naquela velha história de se "raspar" a panela de alumínio, onde o alumínio vai sendo depositado dentro de um corpo?
Grato,
@MuiLok.
Mas a quantidade que ingerimos de cogumelos psicoativos tende a ser bem menos do que quem gosta de medicinais e comestíveis ingere.
Mesmo a história do alumínio nas panelas é controversa.