- 09/05/2023
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Oiii lindinhos, sentiram minha falta?
Segui os conselhos que recebi aqui no fórum e abandonei completamente meus medicamentos psiquiátricos. Agora consagro diariamente as medicinas da natureza (cogumelo, cacau 100%, flor de ipê amarelo e caninha sertaneja), me sinto muito melhor e mais lúcida como vocês hão de ver nos meus posts
Seguindo a tendência das falecidas tocas do Texugo e do Tanuki (sdds @dreadlocos, anjo visionário crucificado apenas por usar leggings masculinas), resolvi criar o Rancho da Boiadeira pra compartilhar insights de trips e outras groselhas em geral. Começando por:
Recentemente tive contato com a dra. Solange Nappo, estudiosa do fenômeno do vício em substâncias. Ela disse algo até óbvio que eu nunca havia parado pra pensar, sobre como a cultura afeta a nossa preferência por determinadas emoções e estados de consciência.
Fiquei refletindo sobre como essas preferências estão entrelaçadas com a religião predominante na história de cada povo, mesmo quem não crê, por osmose cultural acaba incorporando um bocado desses valores.
Tomando o Brasil por exemplo, no cristianismo se enaltece o sofrimento por amor, idolatra-se a imagem de um coração em chamas envolto por uma coroa de espinhos. Não por acaso temos uma cultura musical centrada na sofrência, no amor intenso que queima, no ciclo de traição (pecado), arrependimento e perdão.
Nos EUA, país de origem protestante (ver Max Weber: Ética Protestante) obviamente falam de amor, que é um tema universal, mas a principal temática tem sido há muito a ostentação, o acúmulo de capital e status social. É claro que as culturas se entrelaçam e estilos importados como rap e hip hop vão focar no mesmo tema quando chegam por aqui.
Partindo dessa ideia, fiquei pensando em como a música brasileira se transformaria se hoje a maioria se convertesse ao budismo kkkkkkkkkk. Imagino que haveria um longo período de adaptação, o tema principal se deslocaria do romântico para quem sabe o conflito de valores das duas tradições:
Clica na imagem que vai pro youtube
Obs: Essa moça canta demais. Não conheço ela muito bem, o rosto é meio estranho mas ela tem um corpão né? <3
O que os olhos não veem o coração não sente
Eu tenho um jeito de amar bem diferente
Me parece que ela está falando sobre Trishna e alertando que o sofrimento tem origem nos sentidos. Arremata a sentença sugerindo que existe mais que apenas uma forma de amar, vamos ver que forma é essa.
A moça alerta sobre a desonestidade que há no mundo e afirma seguir uma conduta condizente com o preceito budista de Não Mentir. Estamos indo bem até aqui.
Xiiii, aqui ela desanda tentando sinalizar pureza na sua intenção, mas ao se entregar ao desejo e aos prazeres sensoriais ela despreza que “não ter má conduta sexual” é outro dos cinco preceitos. Pobrezinha, se esqueceu que esse prazer tão reforçador é impermanente, sua privação inevitável no futuro irá conduzir ao sofrimento.
Aqui ela retorna pro caminho do iluminado arranhando na ideia de Ágape e amor incondicional, mas devido a pobreza no léxico nacional ela acaba o confundindo com Eros.
Num momento de lucidez, enquanto é devorada pelas armadilhas de Mara, ela apela pra que seu amante não cometa o mesmo erro, enfatizando que não devemos associar a ideia de amor à noção de posse, a instrução é clara: não se apegue na matéria.
E então chegamos ao clímax onde nos é revelada a existência do eterno ciclo de Samsara, caracterizado pelo movimento perpétuo de ação e reação se retroalimentando. Ao dizer “assim é a gente” ela deixa claro pro ouvinte que essa é a natureza da realidade, mas não dá uma conclusão final sobre o que fazer diante dessa constatação. Talvez essa seja uma deixa para que nos utilizemos do livre arbítrio para decidir se tentaremos escapar do ciclo de renascimento ou se nos conformaremos a ele.
Enfim, belíssima música né gente? Espero que apreciem essa paramita da música budista brasileira!
Segui os conselhos que recebi aqui no fórum e abandonei completamente meus medicamentos psiquiátricos. Agora consagro diariamente as medicinas da natureza (cogumelo, cacau 100%, flor de ipê amarelo e caninha sertaneja), me sinto muito melhor e mais lúcida como vocês hão de ver nos meus posts
Seguindo a tendência das falecidas tocas do Texugo e do Tanuki (sdds @dreadlocos, anjo visionário crucificado apenas por usar leggings masculinas), resolvi criar o Rancho da Boiadeira pra compartilhar insights de trips e outras groselhas em geral. Começando por:
BUDISMO E MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
Recentemente tive contato com a dra. Solange Nappo, estudiosa do fenômeno do vício em substâncias. Ela disse algo até óbvio que eu nunca havia parado pra pensar, sobre como a cultura afeta a nossa preferência por determinadas emoções e estados de consciência.
Fiquei refletindo sobre como essas preferências estão entrelaçadas com a religião predominante na história de cada povo, mesmo quem não crê, por osmose cultural acaba incorporando um bocado desses valores.
Tomando o Brasil por exemplo, no cristianismo se enaltece o sofrimento por amor, idolatra-se a imagem de um coração em chamas envolto por uma coroa de espinhos. Não por acaso temos uma cultura musical centrada na sofrência, no amor intenso que queima, no ciclo de traição (pecado), arrependimento e perdão.
Nos EUA, país de origem protestante (ver Max Weber: Ética Protestante) obviamente falam de amor, que é um tema universal, mas a principal temática tem sido há muito a ostentação, o acúmulo de capital e status social. É claro que as culturas se entrelaçam e estilos importados como rap e hip hop vão focar no mesmo tema quando chegam por aqui.
Partindo dessa ideia, fiquei pensando em como a música brasileira se transformaria se hoje a maioria se convertesse ao budismo kkkkkkkkkk. Imagino que haveria um longo período de adaptação, o tema principal se deslocaria do romântico para quem sabe o conflito de valores das duas tradições:
Clica na imagem que vai pro youtube
Obs: Essa moça canta demais. Não conheço ela muito bem, o rosto é meio estranho mas ela tem um corpão né? <3
O que os olhos não veem o coração não sente
Eu tenho um jeito de amar bem diferente
Me parece que ela está falando sobre Trishna e alertando que o sofrimento tem origem nos sentidos. Arremata a sentença sugerindo que existe mais que apenas uma forma de amar, vamos ver que forma é essa.
O que você não vê, é que as outras mentem
Eu tô dizendo a verdade na tua frente
Eu tô dizendo a verdade na tua frente
A moça alerta sobre a desonestidade que há no mundo e afirma seguir uma conduta condizente com o preceito budista de Não Mentir. Estamos indo bem até aqui.
Veja bem, não é maldade
É que tem tanto homem bonito na cidade
E eu tô na flor da idade
Melhor se arrepender do que passar vontade
É que tem tanto homem bonito na cidade
E eu tô na flor da idade
Melhor se arrepender do que passar vontade
Xiiii, aqui ela desanda tentando sinalizar pureza na sua intenção, mas ao se entregar ao desejo e aos prazeres sensoriais ela despreza que “não ter má conduta sexual” é outro dos cinco preceitos. Pobrezinha, se esqueceu que esse prazer tão reforçador é impermanente, sua privação inevitável no futuro irá conduzir ao sofrimento.
Eu espero que você me entenda
Que o meu amor
É amor de quenga
Que o meu amor
É amor de quenga
Aqui ela retorna pro caminho do iluminado arranhando na ideia de Ágape e amor incondicional, mas devido a pobreza no léxico nacional ela acaba o confundindo com Eros.
Eu não quero que você se prenda
No meu amor
Amor de quenga
No meu amor
Amor de quenga
Num momento de lucidez, enquanto é devorada pelas armadilhas de Mara, ela apela pra que seu amante não cometa o mesmo erro, enfatizando que não devemos associar a ideia de amor à noção de posse, a instrução é clara: não se apegue na matéria.
Eu sento
Tu sente (3x)
Assim é a gente
Tu sente (3x)
Assim é a gente
E então chegamos ao clímax onde nos é revelada a existência do eterno ciclo de Samsara, caracterizado pelo movimento perpétuo de ação e reação se retroalimentando. Ao dizer “assim é a gente” ela deixa claro pro ouvinte que essa é a natureza da realidade, mas não dá uma conclusão final sobre o que fazer diante dessa constatação. Talvez essa seja uma deixa para que nos utilizemos do livre arbítrio para decidir se tentaremos escapar do ciclo de renascimento ou se nos conformaremos a ele.
Enfim, belíssima música né gente? Espero que apreciem essa paramita da música budista brasileira!
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