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Completo Projeto Shroom - 3 diários em 1 vídeo (com dicas, instruções e fotos)

Diário de cultivo completo.
Fala cogumelados da melhor comunidade de cogus BR! :brincalhao:

Tenho observado quieto por muito tempo, apenas fazendo perguntas, mas chegou a hora de mostrar que o apoio de vocês deu resultado!

Finalmente resolvi postar aqui meus 3 primeiros diários de cultivo, que eu chamei de Projeto Shroom.

Eu investi meses documentando e registrando fotos das minhas experiências com cultivo pra trazer todo esse conteúdo até vocês e espero que seja útil/agradável. :)

Primeiro, o vídeo que faz um resumão seguindo uma linha do tempo desde que entrei nessa jornada mágica do cultivo de cogumelos:

Link para o vídeo "Projeto Shroom":

Ao descer a página, você vai encontrar basicamente tudo o que tem no vídeo de forma detalhada: Dicas baseadas em erros e acertos, como eu fiz pro cultivo dar certo, agradecimentos, e umas fotos extras.

:idea:Dica 1: Evite usar potes muito "altos" ou até muito grandes SE você não quiser ter pinos antes de terminar a colonização. Alguns podem dizer que basta deixar num lugar escuro que eles não irão crescer. Eu particularmente prefiro deixar onde eu possa ver eles todos os dias (na minha estante), então eles recebem a mesma luz que eu (16 h de luz, 8 h de escuro em média). O que eu notei é que usando potes de PP5 de 250 ml eu não tenho esse problema, mas com potes a partir de 500 ml aí sempre aparecem uns apressados antes de terminar de colonizar.

:idea:Dica 2: Falando em potes, quem viu o vídeo e se atentou aos detalhes, percebeu que no começo eu utilizei potes de vidro pra fazer os bolos porque vi em muitos tutoriais em vídeo o pessoal usando esses potes, porém eu definitivamente NÃO RECOMENDO pelas seguintes razões:

:teo_seta_direita: Primeiro porque é difícil achar potes com boca larga o suficiente pra passar o bolo na hora de aniversariar (mesmo que o bolo fique mais compacto a medida que o substrato é colonizado), você vai ter problemas como eu, a não ser que use copos de vidro improvisados, aí já é outra história.

:teo_seta_direita: Segundo que esses potes são geralmente caros, ainda mais se você não puder reutilizá-los, que foi o meu caso, onde tive que quebrar os potes cuidadosamente pra tirar o spawn de lá.

:teo_seta_direita: Furar as tampas deles é mais trabalhoso, você tem que usar um prego ou uma furadeira se a tampa não for de plástico.

A solução pra mim é: Potes de polipropileno 5!!! (PP5, se não for PP5 não use, pode derreter!). Com apenas 8 reais, eu comprei um pacote com 24 potes de 250 ou 500 ml cada.

Só pra resumir as vantagens, o spawn sai lisinho do pote sem nenhum esforço, não machuca seu bolo tendo que ficar batendo o pote. Pra furar as tampas, você pode esquentar a ponta de uma chave de fenda e fazer buracos em várias tampas ao mesmo tempo, tudo muito fácil, e ainda dá pra reutilizar os mesmos potes mais de uma vez. E claro, 8 reais por 24 potes saiu muito mais em conta do que 15 reais por UM pote de palmito. :facewall:

:idea:Dica 3: Higiene é fundamental, mas sem exageros. No meu primeiro cultivo, o que eu fiz para inocular os potes:

Separei um banheiro da casa onde eu lavei até o teto (literalmente) com água e cloro e tirei todos os objetos do banheiro.

Comprei roupas de cirurgião descartáveis (aqueles aventais brancos), com máscara e luvas de cirurgia.

Dentro desse banheiro quase estéril, parecendo um cirurgião, ainda assim eu usei uma still air box.

Você acha que tudo isso é necessário? Eu descobri que não a partir das minhas experiências seguintes, depois de ter inoculado mais 30 potes.

Bem, esses novos potes foram inoculados no meu quarto, dentro da still air box, e eu só estava usando luvas e mais nada! É claro que ainda há outros procedimentos básicos como limpar a caixa com bactericida, esterilizar a seringa com fogo, etc., mas isso já é padrão.

:idea:Dica 4: Embora eu acredite que ninguém vá fazer isso..."vai que". Então a dica é: Se o seu pote chegar a tombar na panela de pressão enquanto você esterilizava ele e você notar que entrou água dentro, não tente usar o microondas...Quando eu terminei a esterilização de 2 potes, eu notei que um estava bem mais pesado do que o outro, então eu usei minha balança (que pesa em gramas) e vi a diferença. Eu pensei "Se entrou água nele, a diferença de peso é apenas em água, então se eu por no microondas sem a tampa até que o pote tenha o mesmo peso do outro pote que não entrou água, então está tudo certo, eu ponho a tampa e esterilizo de novo sem deixar tombar dessa vez".
Nem preciso dizer que foi um fracasso. A minha teoria é que a camada superior de vermiculita seca não existia mais, deixando todo o substrato vulnerável a contaminantes. Talvez resolveria se eu colocasse mais vermiculita seca no topo do pote, mas...como diz o ditado "é melhor prevenir do que remediar" ;).

Ah! Os dois únicos potes que eu perdi por contaminantes foi por essa razão, isso já dá uma noção da importância dessa camada.

:idea:Dica 5: TermoHigrômetro analógico? Não, obrigado. No primeiro cultivo, se prestar atenção, eu utilizava um TermoHigrômetro analógico. No começo ele batia 90% de umidade mesmo quando eu tinha certeza que estava pelo menos 95%, e aquilo me incomodava, mas era aceitável. Com o passar do tempo a precisão dele só foi piorando, chegando a atingir 75% de umidade no máximo, ou seja, inútil. Eu havia pago 100 reais nele, dinheiro jogado fora. Poderia ter vindo com defeito ou precisava de calibragem? Talvez, mas de qualquer jeito, continue lendo e vai entender...
Depois eu comprei um TermoHigrômetro digital que tem o sensor na ponta de um fio e o displa na outra (isso permite que você meça a umidade de um ambiente fechado sem causar danos ao aparelho por excesso de umidade) , então meus problemas acabaram. Paguei menos de 30 reais e valeu muito a pena, pois ele nunca perdeu precisão e atingiu 99% de umidade como esperado. No geral os TermoHigrômetros digitais são mais baratos que os analógicos.

Aliás, depois de um tempo você se quer precisa de um TermoHigrômetro, pois é fácil desenvolver um "feeling" de quando a temperatura e a umidade estão adequadas ou não, hoje eu nem utilizo mais esse aparelho, embora eu recomende muito no início apenas para ganhar experiência. De qualquer jeito, é questão de gosto e as vezes o cultivador experiente prefere ter um TermoHigrômetro analógico e quem sou eu pra julgar não é mesmo? :p

:idea:Dica 6: Teste o seu meio de cultura muito antes de precisar dele! Um erro grave que cometi foi confiar demais na minha primeira tentativa de criar um meio de cultura baseado em BDA (batata, dextrose, agar) sem fazer testes. O que ocorreu foi que eu preparei o meio de cultura e esperei até que o cogumelo certo aparecesse pra que eu o clonasse. Acontece que nem sempre a gente acerta a receita e o modo de preparo, e o ideal é clonar os cogumelos frescos, então você não terá muitas chances se fracassar, uma vez que o cogumelo não vai esperar muito. Meu meio de cultura não era bom, eu tinha errado alguma coisa na receita e o micélio não cresceu na placa de petri. Antes da segunda tentativa de clonagem, eu fiz meu meio de cultura muito antes de eu ter um "candidato a cogumelo do ano". Fiz um teste de eficiência colocando meu dedo sobre o meio na placa de petri com o agar, e uma semana depois, parecia uma obra de arte colorida!

Quando eu vi que o BDA era bom, aí sim eu estava pronto para a clonagem e deu certo dessa vez. :feliz:

:!:CUIDADO COM O QUE CHEIRA!:!:
Só pra finalizar a seção das dicas, eu queria dar uma atenção especial a essa "dica" que não é uma questão de recomendar ou não, mas de avisar:

NÃO CHEIRE O CONTEÚDO DE UM POTE COLONIZADO POR UM ORGANISMO QUE NÃO SEJA MICÉLIO.

Se você não tem certeza que é micélio só de bater o olho, não arrisque cheirar, você pode prejudicar muito a sua saúde e ir parar no hospital.

Eu já tentei cultivar cogumelos selvagens através de esporos e quase sempre uma bactéria tomava conta do pote, mas eu gostava de olhar as bactérias e fungos crescerem pois me davam uma ideia de quais poderiam parecer com micélio a ponto de me enganar. Numa dessas brincadeiras eu deixei crescer uma bactéria com aspecto rosa claro, quase branco, até que colonizasse todo o pote. Quando não tinha mais nada pra colonizar e eu já sabia que não era micélio, resolvi jogar fora, mas antes eu fiz a cagada de abrir a tampa e dar uma bela cheirada naquele pote. O resultado é que em poucas horas eu tive a maior dor de barriga da minha vida, quase insuportável ao ponto de eu preferir morrer do que sentir tanta dor. Isso sem falar que quase vomitei e fui tantas vezes no banheiro que cheguei a ficar fraco. Felizmente eu sobrevivi para contar a história e aconselhar a quem estiver lendo: Não seja idiota que nem eu fui. A propósito, se ficou curioso pra saber que cheiro tem...Tem cheiro de uva.

:?: Como eu fiz: Eu não deixei muito claro no vídeo como fiz os meus cultivos, que materiais usei, etc.. Então para quem tiver interesse, aqui em baixo vai alguns detalhes em forma de tutorial:

O substrato (famoso PF-TEK):
Para o substrato, em todos os cultivos sempre utilizei os seguintes materiais que rendem 4 potes de 250 ml:

1 copo de BRF (farinha de arroz integral) (250 ml)
1 copo de água (250 ml)
2 copos de vermiculita (500 ml)

PF-TEK, Terrário e cuidados:
Nos meus cultivos com PF-TEK, eu fiz um terrário Shotgun (uma caixa cheia de buracos). O volume da caixa é de 20 litros e ela é furada em todos os lados, inclusive na tampa. Os buracos tem 0,5 cm de diâmetro com espaços de 5 cm.

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Os bolos quando aniversariados passam pelo clássico dunk & roll e são colocados no terrário acima de uma camada de 12 centímetros de perlita expandida recém umedecida. Daí pra frente é só manter a umidade com um borrifador, abanar 2x por dia, deixar sob a luz 12 h por dia (LED branca de preferência) e fazer um dunk de 12 horas a cada colheita.

Receita do BULK + Spawn:
Para o bulk e spawn, eu utilizei os seguintes materiais:

5 litros de spawn (20 potes de 250ml de spawn usando a receita do substrato acima)
2 litros de vermiculita
650 g de pó de coco
3,8 litros de água

Exemplo da caixa organizadora transparente que serviu como Monotub para o Bulk + Spawn:

teste0002.png

:teo_seta_direita: A caixa que eu usei tem essas dimensões: 59 cm de comprimento por 34 cm de largura, com 38 cm de altura. Volume de 50 litros.

:teo_seta_direita: Os 6 pontos na caixa representam os furos com 3 cm de diâmetro.

:teo_seta_direita: O fundo preto é o "recorte" do saco de lixo preto.

Modo de preparo do recipiente para o BULK (Monotub):

1. Com uma caixa com as dimensões da mesma na imagem ou similar, toda transparente, faça 6 buracos de 3 cm de diâmetro cada, como no esquema. CUIDADO para não furar os 4 buracos inferiores muito perto do fundo ou o substrato pode vazar.

2. Com um saco plástico preto limpo (aqueles de lixo), recorte de forma a encaixar no fundo da caixa onde será feito o bulk, sem que cubra os buracos inferiores. (Como na imagem da caixa).

3. Com fita isolante, tape bem todos os buracos (por fora da caixa) e passe a fita entre o saco plástico e a caixa de modo a manter o plástico firme lá dentro.

Modo de preparo do substrato para o BULK:

1. Deixe os 3,8 litros de água fervendo até borbulhar.

2. Num recipiente grande que tenha tampa firme (um balde com tampa por ex.) e que suporte alta temperatura, adicione as 650 g de pó de coco + 2 litros de vermiculita.

3. Assim que a água ferver, despeje sobre a mistura do passo 2 dentro do balde e feche a tampa de modo que o vapor quente não escape.

4. 30 minutos depois dê uma boa mexida com uma colher limpa, e feche novamente deixando por umas 12 horas ou até perceber que a temperatura da mistura já está fria pelo toque no balde.

5. Usando luvas, rale os 5 litros de spawn usando um ralador de queijo (tenha paciência). Veja como ficou o spawn depois de ralado

img.png

6. Quando a mistura já estiver fria, faça um sanduíche onde a mistura do balde (bulk) será o pão, e o spawn será o recheio. Para ser mais específico, despeje uma boa parte do substrato fervido (já frio) no fundo da caixa, coloque todo o spawn por cima, espalhando bem, e por fim forre o spawn com o restante do substrato, de modo que o spawn fique totalmente encoberto. Na imagem abaixo, a visão em camadas, e a visão de cima da caixa.

IMG_20160507_WA0007.jpg

Incubação e frutificação:

Agora é só tampar e envolver a caixa num saco de lixo preto ou em algo que a deixe totalmente coberta por uns 10 dias. Depois de 10 dias, se o micélio estiver começando a cobrir a camada superior do bulk, é hora de por para frutificar. Para isso, tire as fitas dos buracos e coloque polfill no lugar , deixe a caixa exposta a luz 12 horas por dia, (eu coloco uma lampada LED branca 6500 Kelvin bem em cima da tampa). Veja como fica:

IMG_20160517_WA0004.jpg

OBS: Quando fiz meu bulk, eu esqueci de por o saco de lixo por baixo, então eu tive que colocar o saco de lixo por fora. Funcionou de qualquer jeito e foi a única coisa que eu fiz de diferente do que está nessas instruções.

Secagem e Armazenagem:

Depois da colheita, eu costumo por os cogus em frente a um ventilador e deixar eles secando por uns 2 ou 3 dias. Depois disso eu coloco eles num pote de vidro hermético (o ar não entra nem sai), com uma bolsa cheia de sílica gel. Eles ficam bem crocantes. :fome:

IMG_20160420_090652621.jpg

El Gran Finale: CLONAGEM!

Antes mesmo de começar a cultivar, eu já tinha algumas metas:

1. Cultivar strains diferentes

2. Ver minha própria "mini floresta de cogumelos" crescendo (fazer um bulk)

3. Clonar um cogumelo e ver como crescem seus descendentes

Eu consegui atingir os dois primeiros objetivos facilmente nas primeiras tentativas, mas no terceiro eu realmente tive problemas em conseguir um meio de cultura que funcionasse, mas através de muita tentativa e erro, eu cheguei a isso:

IMG_20160510_WA0017.jpg

Batata, Dextrose e Agar (BDA) foram os ingredientes usados. O modo de preparo eu tirei daqui mesmo:
https://teonanacatl.org/wiki/meio-de-cultura-bda/

Então eu clonei um cogumelo que já era razoavelmente grande, e um de seus "filhos" foi um monstro em tamanho e peso. 3º Objetivo atingido com sucesso!

Na esquerda, o cogumelo maior foi o que eu usei pra clonagem. Na direita, o maior cogumelo colhido a partir dessa clonagem, medindo 18 cm e pesando 66.8 gramas!

IMG_20160509_WA0013.jpg

Bom, é isso, espero não ter esquecido de nada. :atrapalhado:

Meus agradecimentos! :D

Quero agradecer a todo o pessoal dessa comunidade por todo o apoio e instruções que serviram de base pras minhas experiências em todos os cultivos. Hoje eu sei andar sozinho mas nem sempre foi assim, e quando eu precisei de ajuda tinha uma galera empenhada em responder minhas dúvidas. Eu me inspirei muito em outros diários de cultivo, espero que este possa servir de inspiração pra alguém da mesma forma.

Quando eu puder, irei compartilhar meus relatos de viagens aqui também.

VALEU GALERA! PAZ E LUZ do Shrooman! :)

Ahh sim, umas fotos legais pra quem não viu e pra quem já viu o vídeo:

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Última edição por um moderador:
farei a pasteurização igual essa aí do guia, jogando agua no balde por um tempo x temperatura certos, igual vc fez coisa simples mesmo

Essa técnica de jogar água eu não sei não em, só ouvi falar mal dela. Mas vá lá, pode dar certo né.

tem idéia qual rendimento teve com 5 litros de spawn no seu bulk?

Creio que você me confundiu com o @Shrooman.

desidratador só conheço aquele da fun kitchen

Desidratador não faz pasteurização, o negócio que eu citei defuma legumes com vapor de água.

Segue a foto do dito cujo.
 

Anexos

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