Gente, o intuito desse post é de ser um diário de cultivo. Acho a discussão extremamente produtiva e justa e não levo como ofensa, respondendo de antemão...
De fato, acho esse debate de tamanha valia e até me proponho a continuar essa conversa em outro tópico na aba correta, se vocês tiverem interesse. Mas pelo fato de o foco não ser esse, vou responder a todos individualmente uma vez mais e atualizar o cultivo.
Pra ser bem sincero, eu particularmente não sou muito fã do sabor dos cogumelos comestíveis, mas devo admitir que também penso bastante em iniciar em escala comercial também. Os trabalhos com cultivos em geral são muito atrativos e ajudam a me distrair da minha atividade profissional principal que não vem ao caso.
E, no sistema em que vivemos, isso não acontece com todos e em todo momento? O ser humano não quer se ver bem, quer se ver melhor do que os seus pares. O bem estar individual, simplesmente, não basta em meio às engrenagens sociais do sistema capitalista, como vc mesmo citou... Então, mais especificamente no caso dos cogumelos, (e digo mais: no caso de qualquer outra substância que altere o estado de consciência) os questionamentos, os maus olhares e os descontentes sempre existirão.
O álcool, por exemplo, existe há milhares de anos e foi interpretado de diversas formas durante a história (inclusive como um líquido sagrado), mas até hoje existem pessoas que o veem negativamente, que são contra a comercialização e produção e que tem certo preconceito em relação aos que fazem uso dessa bebida. Infelizmente, nem Jesus agradou a todos, e, com certeza, não o faremos com os cogumelos.
Bom, a gente sabe como a mídia é e sabe como influencia a opinião pública. Infelizmente, uma parte obscura dos meios de comunicação está preocupada com a propagação de (des)informações e não com compromisso coma verdade... Mas sabe como combatemos isso? com informação de verdade, com estudos, pesquisas, atingindo o máximo de pessoas possíveis, nem que seja de boca em boca.
Em relação às possíveis "merdas astronômicas", eu particularmente não conheço estudo publicado ou notícia que relate overdose por uso de Psilocybe cubensis. Posso estar enganado, mas, se houver, é um numero ridiculamente baixo, e todos nós sabemos disso, seja por experiência própria, seja pela leitura dos mais diversos artigos que atestam uma relativa segurança na ingestão (tanto ao próprio indivíduo, quanto a terceiros).
Então, novamente: desinformação se combate com informação.
Bom, eu discordo parcialmente disso. Eu creio que a exposição social é importante as pesquisas/descobertas também. Acontece que de pouco vale um conhecimento descoberto se não existirem pessoas que o propaguem, se não existirem simpatizantes ou ativistas que pouco a pouco mudam a opinião pública e que pouco a pouco tornam aquilo mais visível e a informação mais acessível.
E eu pretendo atuar nessas duas frentes. Inclusive sou acadêmico de uma das áreas que você sitou e tento fazer minha parte, expondo a cultura dos psicodélicos a diversos professores que atuam em pesquisas e estimulando o lançamento de projetos relacionados. Posso não mudar o mundo assim, mas a minha parte estarei fazendo.
Bom, quando me referi ao "proibicionismo", não quis dizer literalmente que é inevitável haver a proibição, mas sim que é inevitável surgir a ideia de se proibir no legislativo (essa ideia SIM é inevitável). Além disso, não quis dizer, também, literalmente, que a Psilocina/Psilocibina é diferente das demais substâncias, inclusive sabemos que psilocibina, DMT e LSD são substância extremamente semelhantes quimicamente e farmacologicamente falando. Me referi aos contextos sociais (tráfico/crime organizado) diferentes em que os cogumelos estão inseridos, quando comparados às drogas ilicitas, como maconha, cocaína, crack e sintéticos.
Exatamente, mas, antes da regulamentação, a comercialização da Ayahuasca estava inserida em um contexto extremamente parecido com os dos cubensis, inclusive sendo resguarda por viés religioso.
Além disso, ao meu ver, o monopólio da Ayahuasca com os templos é uma extrema forma de exploração, principalmente, quando chamamos um pagamento de "energia de troca" ou contribuição"... Recentemente fui aprovado em um estágio "remunerado" em uma instituição de saúde do meu Estado. De acordo com o edital, todo aprovado tem direito a remuneração, mas somos obrigados a assinar um termo "doando" todo o recebido, caso contrário não entramos no estágio... Os templos funcionam da mesma forma: não é pago, mas sem contribuição você não participa kkkkkkkkkk. Enfim, essa é outra discussão...
Não são, mas nosso país é abençoado em grande parte do território com um clima tropical e com um dos maiores rebanhos do mundo... Resumindo, um berçário para cubensis. Ser a favor da proibição de cogumelos no Brasil é tão absurdo quanto querer proibir o jumento no nordeste, o vira lata "caramelo" em muitas cidades do brasil ou o mar de banhar a costa.
Fato, sempre houve e sempre haverá uma demanda crescente, mas a questão é a seguinte: em que velocidade? Sem os e-shops será que a comunidade estaria do mesmo tamanho atualmente? Eu duvido pq uma grande parte dos indivíduos (talvez a maioria) teve o seu primeiro contato a partir desses e-shops.
Que surgiu em um contexto MUITO MUITO diferente do da comunidade brasileira... foi fruto de uma comunidade psicodélica bem mais aberta e liberal. Então, usar esse exemplo pra argumentar a favor do que vc defende é meio contraditório.
Sim, concordo em partes. A preparação e um ambiente ideal são importantíssimos, mas lembre-se de que nem todos veem os cogumelos como você vê (com viés medicinal e espiritual). Muitas pessoas utilizam apenas com fins recreativos e isso não faz o uso delas inferior ou superior ao seu. Mais do que qualquer coisa, devemos respeitar a liberdade individual. Devemos entender que os indivíduos devem ser livres para praticar o que bem entenderem com seus próprios corpos, não ultrapassando o direito coletivo.
A dimensão ampliada por si só engloba diversas técnicas não usais com o fim de manter as condições ideais para a
pinagem. Em relação a luz, podemos discutir a utilização de luzes individuais em cada caixa ou em cada prateleira, luz vertical nas paredes laterais, empilhamento dos monotubes (todas técnicas raras de se encontrar aqui)...
Em relação a
umidade e ventilação, podemos discutir a implementação de umidificadores no ambiente e não ligados diretamente as caixas, podemos também discutir a utilização de climatizadores para trocas gasosas automatizadas sem a necessidade de abrir e balançar individualmente cada caixa... Enfim, vendo por fora, pensamos que é simples produzir em larga escala, mas a verdade é que, se realmente fosse, muitas pessoas daqui o fariam...
Por fim, eu só peço que tiremos a "medicina sagrada" da discussão sobre a moralidade, já que nem todos tem essa visão... E se basear em crenças pra argumentar sobre tudo isso é meio forçado demais e até uma espécie de fanatismo ao meu ver.
No mais, uma discussão como essa é sempre muito interessante. Abraços, eu chapa heheh.
Hehe, fico feliz que tenha curtido. Os cultivos em larga escala só tem a agregar em relação a técnicas e conhecimento no mundo dos cogumelos. E, cada vez mais, devemos nos inspirar em quem está a nossa frente nessa área, adaptar a nossa realidade e, por fim, crescermos como comunidade.
Bom, procuro sempre orientar todas as pessoas sobre o assunto, pois a informação salva e é maior forma de reduzir danos (e não esconder). Por isso, pretendo, em um futuro próximo, até produzir um material sobre cogumelos/psicodélicos a fim de ser uma fonte de informação confiável e acessível a todos que desejem conhecer mais sobre os psicodélicos. Inclusive, essa é uma das maiores lacunas do meio, ao meu ver, a falta de uma fonte de informação completa, resumida, organizada e acessível.
Além disso, em relação às autoridades, creio ser inevitável a necessidade de esclarecimentos e, para isso, vem o estudo e a construção e organização das informações junto a advogados para se resguardar juridicamente.
Cara, eu tava pensando nisso hoje de manhã. Não importa o quanto a gente pense ou estude sobre algo. Quando nos questionarem, sempre vai surgir alguma pergunta que vai nos fazer pensar e assumir que há pontos que faltavam ser analisados hehe. Então sim, agradeço a todos pelas mensagens, ainda que haja discordância.
Cara, eu realmente acho que não fui muito claro lá em cima. Na fabricação dos monotubes, revesti o interior das caixas com saco de lixo a fim se servir como uma espécie de "fumê" pra luz não entrar pela lateral, fazendo surgir "side
pins".
No entanto, por acidente, eu rasguei o último saco que possuia e uma das caixas não teve esse revestimento.
Após fazer os mono, eu dobrei o excesso de saco na parte superior do substrato, deixando abafado. Assim, teoricamente, aqueles substratos teriam um aporte reduzido de ar ali.
Já em relação a caixa sem saco, o substrato não foi abafado com nd na superfície. A única coisa que fiz foi fechar a tampa da caixa (assim como as demais), e todas as bordas com papel alumínio, fazendo uma espécie de "vedação", isolando o ar de dentro da caixa.
Resumindo, teoricamente, a caixa sem saco teve acesso a uma maior quantidade de ar que as demais, e, justamente por isso, levantei o questionamento de talvez essa reserva extra de oxigênio ter sido benéfica
Vou dar uma lida e já agradeço ai pela recomendação.
Poisé, o mais comum é a defesa da não comercialização. O que me deixa intriga é a imposição da "ideia da santidade dos cogumelos" em uma discussão sobre moral e legislação. E eu defendo que a crença/espiritualidade de uns não está acima da liberdade individual de outros, mas infelizmente essa é a realidade.
Além de que há maior controle em relação a qualidade dos cogumelos... há quem vá nos pastos sem nem saber o que está procurando e acaba comendo cogumelos tóxicos... Sem falar que nem todos moram em área rural com fácil acesso aos cogumelos.
Parabéns pelo pensamento cara. Resumiu tudo em um comentário imparcial e nem deixou de violar seu viés religioso.
Por fim, deixemos esse assunto terminado hehe. Se quiserem debater em um tópico no local correto, estarei a disposição.