Bom dia,
Este é meu primeiro posto no fórum, mas venho visitando-o a um bom tempo. Sou um psiconauta experiente, mas ocasional. Costumo usar os cogumelos mágicos, hoje em dia no máximo uma vez por ano, há quase 15 anos, sempre colhendo-os no pasto. Mas nos últimos anos, com as crianças crescendo (e logo se perguntando porque o papai colhe esses cogumelos), e com uma paranoia sobre ser descoberto aumentando (minha vida não poderia ser mais incompatível com enteogenos e psicodelia em geral), resolvi cultivá-los.
Meu objetivo é fazer uma colheita que me abasteça por alguns anos, de modo que estou tentando utilizar materiais descartáveis, que possa me desfazer sem dó ao final de cada colheita, e comprá-los novamente na próxima.
Bem, já comecei mal comprando um saco de 100 litros de vermiculita, sem ter ideia da quantidade enorme que isso era... Mas tudo bem. Este diário de cultivo é, pelo menos por enquanto, um guia de que podemos levar adiante um cultivo apesar de todas as trapalhadas possíveis.
Li praticamente todo o fórum, repetidas vezes, e resolvi utilizar a PF Tek. Apos adquirir a vermiculita, comprei 10 potes de 200ml descartáveis com tampa (e lacre) em uma loja de embalagens, algumas seringas, e pedi o carimbo na PF (veio um Xapuri, apesar de ter pedido um MDK, mas tudo bem - ninguém tinha a obrigação de me mandar nada, então já estou no lucro).
Para garantir o sucesso resolvi construir uma glovebox. Mas, não querendo furar uma caixa organizadora, para depois jogar fora, tive uma ideia. Construí, com canos e joelhos de PVC, uma armação, em formato de caixa, e utilizando um saco plastico grande transparente, com o fundo cortado (e com essa armação dentro), luvas de látex e elásticos, construí a tal glovebox. A ideia é utilizar a mesma armação depois, com um saco de lixo grande, travessas de alumínio descartáveis, e perlita, como incubadora.
Bem... Depois de alguns meses amadurecendo a ideia e esperando a ocasião ideal se apresentar, resolvi montar o esquema e fazer as seringas. Montei a armação, preparei o material dentro, desinfectei com água sanitária e depois de seco com álcool, e coloquei as luvas, enfiei uma mão, prendi de um lado e... não consegui prender do outro! O fato de eu estar com uma mão presa dentro dum saco gigante cheio de tranqueiras, por algum motivo, impedia de colocar o elástico e vedar a outra mão lá dentro!
Depois de muita ginastica, muito trabalho, consegui enfiar minhas duas mãos lá dentro. Foi a hora em que uma terrível coceira no nariz começou... Mas tudo bem. Outro fato que não estava nos meus cálculos era a posição do local onde enfiar as mãos. Com a armação de 60 centímetros, e uma mão em cada ponta, a coisa não era fácil.
Abri o carimbo (que era pequeno e meio apagadinho, diferente do que eu imaginava), tentei raspar uma parte dele com a ponta de uma agulha de seringa e... rasguei o papel alumínio do carimbo, derrubei o copinho com os esporos e a água destilada, e quase furei minha mão com a seringa - e só não botei fogo em tudo porque ainda não tinha acendido o isqueiro la dentro. Então desisti de usar a glovebox, e fiz tudo na frente do fogão.
Usei o resto do carimbo, e fiz 5 seringas. Guardei na geladeira (umas 18 horas de hidratação), e no dia seguinte (13/10/2012) então comecei a preparar tudo para a inoculação.
Peguei uma bacia, enchi de vermiculita, e então pensei: "pô, já que as seringas não foram feitas do modo correto, vou caprichar agora". E resolvi lavar a vermiculita...
Enchi de água uma bacia, e botei a vermiculita de molho lá dentro. Não se enganem: saiu um monte de poeira, sujeira, lodo, etc. Resolvi então secar a vermiculita no forno.
Ocorre que 1) uma bacia de vermiculita é vermiculita pra caramba, e 2) vermiculita não seca muito bem, depois de submersa em água. Apos algumas horas de forno, resolvi jogar fora aquela vermiculita, e recomeçar. Quebrei o arroz integral (comprado em mercado - parece que no único posto do fórum que não li era onde falavam que era melhor comprar um mais rustico), misturei com a vermiculita nova seca e água, na proporção clássica.
Minha ideia inicial era fechar as tampas com os lacres, sem furo algum, e utilizar a própria seringa, na hora de inocular, para fazer os buracos. Mas fiquei com medo deles abrir na panela de pressão, ou de quebrar uma agulha de seringa tentando furá-los, então resolvi usar um clipe, aberto, quente, e furar.
Beleza. comecei a encher os potes (9 no total), limpar as bordas, e colocar a vermiculita seca. Só que a emoção era grande, já tinha perdido tempo pacas (e hora do retorno da família se aproximava), e... esqueci de limpar as bordas antes do selo de vermiculita em metade dos potes! Quando lembrei, já era tarde - não tinha mais o que fazer. Coloquei na mão de deus, e peguei a panela de pressão. Antes, claro, coloquei um pedaço de papel alumínio envolvendo a tampa - não sou bobo, né.
Já quando peguei a panela, e vi o tamanho dela e de cada pote, pensei: "fudeu!". Na panela de pressão entrariam, no máximo, 3 potes por vez. Três fervidas de panela de pressão não entravam no meu cronograma - que já não andava aquela coisa.
Com um pensamento rápido e determinado, resolvi utilizar uma panela de macarrão, dessas com escorredor dentro, e utilizar a técnica ferver a coisa toda que tinha visto em uns videos gringos. Os 9 potes entraram la dentro perfeitamente, e a fervura começou. Tinha dado certo.
Enquanto a coisa fervia por 2 horas, pensava: "Foco, rapaz! Tu faz coisas mais difíceis todo dia, e já perdeste tempo demais. Foco!". E nisso que me liguei que as seringas que tinha tinham uma agulha muito curta, de insulina, e não iam passar o selo de vermiculita nem a pau...
Deixei a panela fervendo sozinha, e sai pruma farmácia. No carro, pensava: "Tu vai incendiar a casa, mané! Tu realmente não tem juízo - como será que as pessoas não perceberam isso ainda! Tua vida toda é um castelo de cartas, e hoje ele cai!!". Bem, comprei seringas novas, voltei, e a casa ainda tava lá.
Troquei as agulhas das seringas, num processo que não pode ser descrito como estéril (apesar da abundancia de álcool e água sanitária), tirei os potes, deixei esfriar por algumas horas e inoculei.
Coloquei eles num lugar apropriado, onde a temperatura sempre se mantinha dentro dos parâmetros necessários (tinha medido esse lugar a exaustão durante meses), e pensei: "daqui a uma semana, no final de semana que vem, abro e vejo o que deu. Não devo ficar mexendo nos potes direto, olhar eles não vai fazer colonizarem mais rápido".
Algumas horas depois, olhei e nada de micélio (ou contaminação!). E continuei assim, olhando umas duas vezes por dia, por todos os dias.
Cinco dias depois, quando já estava me desesperando, achei micélio! Que alegria!!! Primeiro num ponto em um único pote, depois em outro, e finalmente em todos, apesar de mexer nos potes o tempo todo... Uns mais fofinhos, outros mais rizomorficos, mas micélio em todos os potes.
Bem, hoje, 8 dias apos a inoculação, os potes estão assim:
O pote 6 é o meu "queridinho":
Mas, na terceira olhada que dei hoje neles, em dois potes achei algumas coisas preocupantes! Será que isso ai é contaminação?
Bem, por enquanto é isso. Desculpem pelo post longo (queria que fosse um manifesto a todos os cultivadores trapalhões: apesar das cagadas, sempre há esperança). E se houver interesse, continuo atualizando!
Este é meu primeiro posto no fórum, mas venho visitando-o a um bom tempo. Sou um psiconauta experiente, mas ocasional. Costumo usar os cogumelos mágicos, hoje em dia no máximo uma vez por ano, há quase 15 anos, sempre colhendo-os no pasto. Mas nos últimos anos, com as crianças crescendo (e logo se perguntando porque o papai colhe esses cogumelos), e com uma paranoia sobre ser descoberto aumentando (minha vida não poderia ser mais incompatível com enteogenos e psicodelia em geral), resolvi cultivá-los.
Meu objetivo é fazer uma colheita que me abasteça por alguns anos, de modo que estou tentando utilizar materiais descartáveis, que possa me desfazer sem dó ao final de cada colheita, e comprá-los novamente na próxima.
Bem, já comecei mal comprando um saco de 100 litros de vermiculita, sem ter ideia da quantidade enorme que isso era... Mas tudo bem. Este diário de cultivo é, pelo menos por enquanto, um guia de que podemos levar adiante um cultivo apesar de todas as trapalhadas possíveis.
Li praticamente todo o fórum, repetidas vezes, e resolvi utilizar a PF Tek. Apos adquirir a vermiculita, comprei 10 potes de 200ml descartáveis com tampa (e lacre) em uma loja de embalagens, algumas seringas, e pedi o carimbo na PF (veio um Xapuri, apesar de ter pedido um MDK, mas tudo bem - ninguém tinha a obrigação de me mandar nada, então já estou no lucro).
Para garantir o sucesso resolvi construir uma glovebox. Mas, não querendo furar uma caixa organizadora, para depois jogar fora, tive uma ideia. Construí, com canos e joelhos de PVC, uma armação, em formato de caixa, e utilizando um saco plastico grande transparente, com o fundo cortado (e com essa armação dentro), luvas de látex e elásticos, construí a tal glovebox. A ideia é utilizar a mesma armação depois, com um saco de lixo grande, travessas de alumínio descartáveis, e perlita, como incubadora.
Bem... Depois de alguns meses amadurecendo a ideia e esperando a ocasião ideal se apresentar, resolvi montar o esquema e fazer as seringas. Montei a armação, preparei o material dentro, desinfectei com água sanitária e depois de seco com álcool, e coloquei as luvas, enfiei uma mão, prendi de um lado e... não consegui prender do outro! O fato de eu estar com uma mão presa dentro dum saco gigante cheio de tranqueiras, por algum motivo, impedia de colocar o elástico e vedar a outra mão lá dentro!
Depois de muita ginastica, muito trabalho, consegui enfiar minhas duas mãos lá dentro. Foi a hora em que uma terrível coceira no nariz começou... Mas tudo bem. Outro fato que não estava nos meus cálculos era a posição do local onde enfiar as mãos. Com a armação de 60 centímetros, e uma mão em cada ponta, a coisa não era fácil.
Abri o carimbo (que era pequeno e meio apagadinho, diferente do que eu imaginava), tentei raspar uma parte dele com a ponta de uma agulha de seringa e... rasguei o papel alumínio do carimbo, derrubei o copinho com os esporos e a água destilada, e quase furei minha mão com a seringa - e só não botei fogo em tudo porque ainda não tinha acendido o isqueiro la dentro. Então desisti de usar a glovebox, e fiz tudo na frente do fogão.
Usei o resto do carimbo, e fiz 5 seringas. Guardei na geladeira (umas 18 horas de hidratação), e no dia seguinte (13/10/2012) então comecei a preparar tudo para a inoculação.
Peguei uma bacia, enchi de vermiculita, e então pensei: "pô, já que as seringas não foram feitas do modo correto, vou caprichar agora". E resolvi lavar a vermiculita...
Enchi de água uma bacia, e botei a vermiculita de molho lá dentro. Não se enganem: saiu um monte de poeira, sujeira, lodo, etc. Resolvi então secar a vermiculita no forno.
Ocorre que 1) uma bacia de vermiculita é vermiculita pra caramba, e 2) vermiculita não seca muito bem, depois de submersa em água. Apos algumas horas de forno, resolvi jogar fora aquela vermiculita, e recomeçar. Quebrei o arroz integral (comprado em mercado - parece que no único posto do fórum que não li era onde falavam que era melhor comprar um mais rustico), misturei com a vermiculita nova seca e água, na proporção clássica.
Minha ideia inicial era fechar as tampas com os lacres, sem furo algum, e utilizar a própria seringa, na hora de inocular, para fazer os buracos. Mas fiquei com medo deles abrir na panela de pressão, ou de quebrar uma agulha de seringa tentando furá-los, então resolvi usar um clipe, aberto, quente, e furar.
Beleza. comecei a encher os potes (9 no total), limpar as bordas, e colocar a vermiculita seca. Só que a emoção era grande, já tinha perdido tempo pacas (e hora do retorno da família se aproximava), e... esqueci de limpar as bordas antes do selo de vermiculita em metade dos potes! Quando lembrei, já era tarde - não tinha mais o que fazer. Coloquei na mão de deus, e peguei a panela de pressão. Antes, claro, coloquei um pedaço de papel alumínio envolvendo a tampa - não sou bobo, né.
Já quando peguei a panela, e vi o tamanho dela e de cada pote, pensei: "fudeu!". Na panela de pressão entrariam, no máximo, 3 potes por vez. Três fervidas de panela de pressão não entravam no meu cronograma - que já não andava aquela coisa.
Com um pensamento rápido e determinado, resolvi utilizar uma panela de macarrão, dessas com escorredor dentro, e utilizar a técnica ferver a coisa toda que tinha visto em uns videos gringos. Os 9 potes entraram la dentro perfeitamente, e a fervura começou. Tinha dado certo.
Enquanto a coisa fervia por 2 horas, pensava: "Foco, rapaz! Tu faz coisas mais difíceis todo dia, e já perdeste tempo demais. Foco!". E nisso que me liguei que as seringas que tinha tinham uma agulha muito curta, de insulina, e não iam passar o selo de vermiculita nem a pau...
Deixei a panela fervendo sozinha, e sai pruma farmácia. No carro, pensava: "Tu vai incendiar a casa, mané! Tu realmente não tem juízo - como será que as pessoas não perceberam isso ainda! Tua vida toda é um castelo de cartas, e hoje ele cai!!". Bem, comprei seringas novas, voltei, e a casa ainda tava lá.
Troquei as agulhas das seringas, num processo que não pode ser descrito como estéril (apesar da abundancia de álcool e água sanitária), tirei os potes, deixei esfriar por algumas horas e inoculei.
Coloquei eles num lugar apropriado, onde a temperatura sempre se mantinha dentro dos parâmetros necessários (tinha medido esse lugar a exaustão durante meses), e pensei: "daqui a uma semana, no final de semana que vem, abro e vejo o que deu. Não devo ficar mexendo nos potes direto, olhar eles não vai fazer colonizarem mais rápido".
Algumas horas depois, olhei e nada de micélio (ou contaminação!). E continuei assim, olhando umas duas vezes por dia, por todos os dias.
Cinco dias depois, quando já estava me desesperando, achei micélio! Que alegria!!! Primeiro num ponto em um único pote, depois em outro, e finalmente em todos, apesar de mexer nos potes o tempo todo... Uns mais fofinhos, outros mais rizomorficos, mas micélio em todos os potes.
Bem, hoje, 8 dias apos a inoculação, os potes estão assim:
O pote 6 é o meu "queridinho":
Mas, na terceira olhada que dei hoje neles, em dois potes achei algumas coisas preocupantes! Será que isso ai é contaminação?
Bem, por enquanto é isso. Desculpem pelo post longo (queria que fosse um manifesto a todos os cultivadores trapalhões: apesar das cagadas, sempre há esperança). E se houver interesse, continuo atualizando!