- 18/11/2008
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segue um artigo site www.resistir.info que aborda a supracitada crise do petróleo. Gostei especialmente do último parágrafo (em negrito):
"Duas previsões relativas ao futuro pós-petróleo
por Peter Goodchild [*]
Embora aqueles que admitem a existência de um problema com o declínio do petróleo sejam uma pequena minoria da espécie humana, podemos ainda assim dizer que operando nesse âmbito existe um espectro de opinião bastante diversificado. Na ausência de liturgias, credos ou cânones, nenhumas definições absolutas são possíveis, mas em todo o caso parece haver dois pólos intelectuais.
1) "Moderado" ou "transitório": O mundo poderá passar por algo como um declínio do petróleo, mas este acabará por ser substituído pela energia solar e outras. A existência humana continuará tranquilamente, apesar de podermos ter de ser algo mais frugais.
2) "Extremo" ou "apocalíptico": Quando os recursos em combustíveis fósseis e metais entrarem em declínio sério, existirá fome generalizada. Os sistemas políticos e económicos em larga escala tenderão a perecer. Não haverá substitutos para os antigos recursos naturais e a civilização desaparecerá.
Embora incorrendo no risco de classificações injustas, e decerto sem pretender criar um "sistema de estrelas", pode dizer-se que, de entre os mais notórios produtores de previsões, Heinberg, Kunstler, a Association for the Study of Peak Oil, bem como a New Society Publishers (entre outras editoras), podem ser arrumadas na primeira categoria. Por sua vez, Hanson, Duncan, Catton e Youngquist provavelmente pertencem à segunda. Mas Gever, Meadows, Kaplan, Klare, Brown e Simmons ocupam uma posição mais incerta. Há os que escrevem sobre o tema da sobrepopulação – p. ex. Hardin e Ehrlich – sem necessariamente abordarem a questão do declínio dos combustíveis fósseis.
Entre estes dois pólos existem evidentemente muitas variantes possíveis e várias questões subordinadas. Haverá aumentos dos níveis de criminalidade, ou a necessidade de cooperação prevalecerá? Será que o excesso populacional é um problema sério (ou o mais sério de todos), ou a questão está antes numa distribuição mais equitativa dos recursos? Se assumirmos que formas alternativas de energia são possíveis num nível tecnológico, haverá tempo suficiente para implementá-las a uma escala global antes que a humanidade sucumba à perda dos combustíveis fósseis? Em que medida despertarão os políticos para esta questão, passando a desempenhar um papel dirigente? Será que as "crises da dívida" artificiais (ou cleptocracia) produzem mais danos do que o declínio dos recursos? Durante quanto tempo poderemos continuar a jogar irresponsavelmente com a guerra nuclear como forma de controlar as reservas de combustíveis? E assim por diante.
Mas estas variações e estes problemas subordinados são assuntos secundários. O que é primordialmente necessário é reconhecer que existem pelo menos duas "escolas" distintas de futurologia, e que elas são em grande medida incompatíveis. De "automóveis eléctricos e turbinas eólicas" até "feijões, balas e pensos rápidos" existe um enorme abismo de permeio, a distância entre dois planetas. O primeiro cenário significa que podemos esperar que os técnicos e os políticos resolvam os problemas. Todavia, e em parte precisamente porque os políticos não lidam com temas desagradáveis, o segundo pode requerer um planeamento mais aprofundado ao nível pessoal, começando por comida e abrigo.
Mesmo assim, não é legítimo simplificar os problemas dizendo que uma visão é utópica e a outra distópica. Provavelmente, a maior parte da população encara um regresso ao Paleolítico como indesejável, mas o facto é que os membros do nosso género viveram nesse mundo pré-civilização durante um período 400 vezes maior que o correspondente à civilização. Diamond, Lee, Ferguson e Gowdy geralmente defendem que fomos mais felizes nesses dias primordiais: guerra, desigualdades, doenças e esgotamento dos recursos são muito mais típicos do mundo pós-Paleolítico."
"Duas previsões relativas ao futuro pós-petróleo
por Peter Goodchild [*]
Embora aqueles que admitem a existência de um problema com o declínio do petróleo sejam uma pequena minoria da espécie humana, podemos ainda assim dizer que operando nesse âmbito existe um espectro de opinião bastante diversificado. Na ausência de liturgias, credos ou cânones, nenhumas definições absolutas são possíveis, mas em todo o caso parece haver dois pólos intelectuais.
1) "Moderado" ou "transitório": O mundo poderá passar por algo como um declínio do petróleo, mas este acabará por ser substituído pela energia solar e outras. A existência humana continuará tranquilamente, apesar de podermos ter de ser algo mais frugais.
2) "Extremo" ou "apocalíptico": Quando os recursos em combustíveis fósseis e metais entrarem em declínio sério, existirá fome generalizada. Os sistemas políticos e económicos em larga escala tenderão a perecer. Não haverá substitutos para os antigos recursos naturais e a civilização desaparecerá.
Embora incorrendo no risco de classificações injustas, e decerto sem pretender criar um "sistema de estrelas", pode dizer-se que, de entre os mais notórios produtores de previsões, Heinberg, Kunstler, a Association for the Study of Peak Oil, bem como a New Society Publishers (entre outras editoras), podem ser arrumadas na primeira categoria. Por sua vez, Hanson, Duncan, Catton e Youngquist provavelmente pertencem à segunda. Mas Gever, Meadows, Kaplan, Klare, Brown e Simmons ocupam uma posição mais incerta. Há os que escrevem sobre o tema da sobrepopulação – p. ex. Hardin e Ehrlich – sem necessariamente abordarem a questão do declínio dos combustíveis fósseis.
Entre estes dois pólos existem evidentemente muitas variantes possíveis e várias questões subordinadas. Haverá aumentos dos níveis de criminalidade, ou a necessidade de cooperação prevalecerá? Será que o excesso populacional é um problema sério (ou o mais sério de todos), ou a questão está antes numa distribuição mais equitativa dos recursos? Se assumirmos que formas alternativas de energia são possíveis num nível tecnológico, haverá tempo suficiente para implementá-las a uma escala global antes que a humanidade sucumba à perda dos combustíveis fósseis? Em que medida despertarão os políticos para esta questão, passando a desempenhar um papel dirigente? Será que as "crises da dívida" artificiais (ou cleptocracia) produzem mais danos do que o declínio dos recursos? Durante quanto tempo poderemos continuar a jogar irresponsavelmente com a guerra nuclear como forma de controlar as reservas de combustíveis? E assim por diante.
Mas estas variações e estes problemas subordinados são assuntos secundários. O que é primordialmente necessário é reconhecer que existem pelo menos duas "escolas" distintas de futurologia, e que elas são em grande medida incompatíveis. De "automóveis eléctricos e turbinas eólicas" até "feijões, balas e pensos rápidos" existe um enorme abismo de permeio, a distância entre dois planetas. O primeiro cenário significa que podemos esperar que os técnicos e os políticos resolvam os problemas. Todavia, e em parte precisamente porque os políticos não lidam com temas desagradáveis, o segundo pode requerer um planeamento mais aprofundado ao nível pessoal, começando por comida e abrigo.
Mesmo assim, não é legítimo simplificar os problemas dizendo que uma visão é utópica e a outra distópica. Provavelmente, a maior parte da população encara um regresso ao Paleolítico como indesejável, mas o facto é que os membros do nosso género viveram nesse mundo pré-civilização durante um período 400 vezes maior que o correspondente à civilização. Diamond, Lee, Ferguson e Gowdy geralmente defendem que fomos mais felizes nesses dias primordiais: guerra, desigualdades, doenças e esgotamento dos recursos são muito mais típicos do mundo pós-Paleolítico."