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Parâmetros de diversas espécies

shroower

Artífice esporulante
Cultivador confiável
17/11/2005
815
80
Como sempre surge essa pergunta por aqui e as respostas ficam variando eu achei que seria interessante traduzir todo esse trecho do Stamets para os parâmetros de diversas espécies (tem quem ainda não tem o livro, etc):

Psilocybe cubensis

Tipos de micélio: Rizomórfico para linear; branco mas geralmente ficando azul onde machucado.
Semente padrão: Centeio.
Substratos de frutificação: Centeio; palha de trigo; esterco de cavalo ou vaca curtidos; e/ou composto de esterco de cavalo/palha de trigo balanceados a 71-74% de umidade interna.
Método de preparação: Ver preparo de grãos. Pasteurização no caso do esterco/composto, 60C no vapor por duas horas. Palha ou composto devem ser usados numa profundidade de 15-30cm. Sementes vão na palha numa taxa de 480ml/0.1m².
Incubação pós-semeadura:
Umidade relativa: 90%.
Temperatura do substrato: 28.9-30°C. Limite de temperatura para morte estabelecido em 41.1°C.
Duração: 10-14 dias.
CO2: 5000-10,000 ppm.
Trocas de ar: 0 por hora.
Tipo de casing: Depois de colonizado, cobrir com o casing padrão. Camada de 2.5-5.1cm. O casing deve ser balanceado para um pH inicial de 6.8-7.2.
Pós-casing/Pré-primórdias:
Umidade relativa: 90 + %.
Temperatura do substrato: 28.9-30°C.
Duração da incubação do casing: 5-10 dias.
CO2: 5000-10,000 ppm.
Trocas de ar: 0 por hora.
Luz: Incubação no escuro.
Formação dos primórdias:
Umidade relativa: 95-100%.
Temperatura do ar: 23.3-25.6°C.
Duração: 6-10 dias.
CO2: menos de 5000 ppm.
Trocas de ar: 1-3 por hora.
Luz: difusa natural ou 12-16 horas/dia em lâmpada fluorescente grow-lux com prevalescência no espectro azul no comprimendo de onda de 480 nanômetros.
Frutificação/Colheita:
Umidade relativa: 85-92%.
Temperatura do ar: 23.3-25.6°C.
CO2: menos de 5000 ppm.
Trocas de ar: 1-3 por hora.
Padrão dos flushs: A cada 5-8 dias.
Estágio da colheita: Quando o chapéu fica convexo e logo depois de ocorrer a ruptura do véu parcial.
Luz: Indireta natural ou como acima.
Potencial de produção: Em média 0.9-1.8 kg/0.9m² ao longo de 5 semanas de frutificação. Um máximo não foi estabelecido.
Quantidade de água dos cogumelos: 92% água; 8% matéria seca.
Conteúdo nutricional: Não estabelecido ainda.
Comentários: Um dos cogumelos mais fáceis de cultivar, esta espécie frutifica em uma variedade de substratos com um largo alcance de parâmetros. Como um decompositor primário e secundário, Psilocybe cubensis frutifica bem em palha pasteurizada não tratada e compostos de esterco de cavalo/palha transformados por atividade microbiana. Grãos esterilizados geralmente produzem cogumelos menores do que substratos bulk. Dado o número de substratos que suportam frutificação, o Psilocybe cubensis é de fácil cultivo caseiro.
Não se ouvia falar do cultivo do Psilocybe cubensis há 20 anos. Hoje o cultivo desta espécie está entre os mais cultivados nos Estados Unidos e logo no mundo. Este súbito crescimento no interesse é dado principalmente por publicações e guias que ilustram a cultura.
O Psilocybe cubensis é um cogumelo com propriedades psicoativas e contém até 1% de psilocibina e/ou psilocina por grama seca. A função desses mímicos da serotonina no ciclo de vida do cogumelo não é conhecido.
Características genéticas: Basidios tetrapolares (4-esporos), formando esporos haplóides (1N); heterotálicos.
A paridade dos monokaryons compatíveis quase sempre resulta cultivares que frutificam. "Clamp connections" (não sei a tradução disso, ver: http://en.wikipedia.org/wiki/Clamp_connection) estão presentes.
Para mais informações consulte:
Oss, O.T. and O.N. Oeric, 1976. "Psilocybin: Magic Mushroom Grower's Guide". And/Or Press, Berkeley.



Panaeolus cyanescens

Tipos de micélio: Linear/algodoado; branco/branco-acinzentado, as vezes ficando azul onde machucado.
Semente padrão: Centeio.
Substratos de frutificação: Palha de trigo pasteurizada; composto de esterco de cavalo e palha de trigo.
Método de preparação: Ver preparo de grãos. Palha de trigo picada pasteurizada em água quente a 71.1°C de 20 a 30 minutos.
Incubação pós-semeadura:
Umidade relativa: 90 + %.
Temperatura do substrato: 26.1-28.9°C.
Duração: 7-12 dias.
CO2: 10,000 ppm ou mais.
Trocas de ar: 0 por hora.
Tipo de casing: Casing padrão com turfa de 1.3-2.5cm de profundidade.
Pós-casing/Pré-primórdias:
Umidade relativa: 90 + %.
Temperatura do substrato: 26.1-28.9°C.
Duração da incubação do casing: 5-10 dias.
CO2: 10,000 ppm ou mais.
Trocas de ar: 0 por hora.
Luz: Incubação no escuro.
Formação dos primórdias:
Umidade relativa: 95 + %.
Temperatura do ar: 23.9-26.7°C.
CO2: 5000 ppm ou menos.
Trocas de ar: 2 por hora.
Luz: difusa natural ou fluorescente grow-lux.
Frutificação/Colheita:
Umidade relativa: 85-92%.
Temperatura do ar: 23.9-26.7°C.
CO2: 5000 ppm ou menos.
Trocas de ar: 2 por hora.
Padrão dos flushs: A cada 5-7 dias.
Estágio da colheita: Quando o chapéu fica convexo.
Luz: Difusa natural ou grow-lux.
Potencial de produção: Não estabelecido.
Quantidade de água dos cogumelos: 90-92% de água; 8-10% de matéria seca.
Conteúdo nutricional: Não estabelecido.
Comentários: Esta espécie de rápido crescimento frutifica prontamente em substratos a base de palha de trigo provida de uma fina camada de casing. Não mais de uma semana passa do dia em que o casing foi aplicado até o primeiro flush. Embora os cogumelos sejam pequenos os flushs costumam ser abundantes. A quantidade de azulamento parece variar de acordo com a strain.



Psilocybe mexicana

Tipos de micélio: Pouco rizomórfico para linear e fino. Branco acinzentado para cor de pele, as vezes com áreas de mais de um cor.
Semente padrão: Azevém ou centeio, com preferência para o azevém.
Substratos de frutificação: Azevém e num grau menor, centeio e palha de trigo pasteurizada.
Método de preparação: Azevém combinado a água na proporção volumétrica 2:1 de preferência após ficar de molho durante a noite e então esterilizado por 1h a 15psi. Palha de trigo é pasteurizada a 65.6-76.7°C por 30 minutos.
Incubação pós-semeadura:
Umidade relativa: 90% +.
Temperatura do substrato: 23.9-27.2°C
Duração: 10-14 dias.
CO2: 10,000 ppm ou mais.
Trocas de ar: 0 por hora.
Tipo de casing: Casing padrão com turfa de 1.3-2.5cm de profundidade.
Pós-casing/Pré-primórdias:
Umidade relativa: 90 + %.
Temperatura do substrato: 23.9-27.2°C
CO2: 10,000 ppm ou mais.
Trocas de ar: 0 por hora.
Luz: Incubação no escuro.
Formação dos primórdias:
Umidade relativa: 95+%.
Temperatura do ar: 21.7-23.3°C.
Duração: 6-10 dias.
CO2: 5000 ppm ou menos.
Trocas de ar: 2 por hora.
Luz: difusa natural ou 12 horas/dia em grow-lux.
Frutificação/Colheita:
Umidade relativa: 85-92%.
Temperatura do ar: 21.7-23.3°C.
CO2: 5000 ppm ou menos.
Trocas de ar: 2 por hora.
Padrão dos flushs: A cada 5-8 dias.
Estágio da colheita: Quando o chapéu quase plano
Luz: difusa natural ou 12 horas/dia em grow-lux.
Potencial de produção: Não estabelecido, produz cogumelos pequenos. A formação de esclerócios esperada é de 50-70 gramas por xícara de azevém.
Quantidade de água dos cogumelos: 90-92% água/8-10% matéria seca nos cogumelos. 70% água/30% matéria seca nos esclerócios.
Conteúdo nutricional: Não estabelecido ainda.
Comentários: Espécie conhecida pela formação rápida de esclerócios em azevém 3 semanas após a inoculação. Heim e Wassom (1958) consideraram a produção de esclerócios dessa espécie como a maneira mais eficiente de se produzir biomassa. A temperatura ótima para a produção de biomassa é de 21.1-23.9°C no escuro. Em agar a produção de esclerócios foi ótima com 4.5% de extrato de malte. Heim e Wassom também descobriram que a produção de cogumelos em agar é ótima com .45% de extrato de malte. Seja como for os esclerócios se formam melhor em azevém na escuridão total.

Para mais informações consulte:
"Les Champignons Hallucinogenes du Mexique" by R. Heim and R. G. Wasson, 1958. Editions
du Museum National D'Histoire Naturelle, Paris.
 
"Clamp connections" (não sei a tradução disso, ver: http://en.wikipedia.org/wiki/Clamp_connection) estão presentes.
Para mais informações consulte:
Oss, O.T. and O.N. Oeric, 1976. "Psilocybin: Magic Mushroom Grower's Guide". And/Or Press, Berkeley.

Nó hifal -
Tipo de conexão encontrado em segmentos hifais simples em Fungo Basidomiceta.
Ele garante que duas celulas hifais adjacentes (divididas por um septo- membrana) com 2 nucleos distintos de se reproduzirem com hifas do mesmo sexo.
É imprescindível na mistura nucleica igual ao encontrado en crucifixos(TIPO DE FORMAÇAO HIFAL) durante sua reproduçao sexuada.
Ou seja - é o responsável no caso de existirem duas hifas de sexos diferentes no mesmo segmento delas se tocarem e reproduzirem.
São necessarios 4 pares de segmentos com 4 nucleos distintos para haver reproduçao.
é como um sifão entre duas hifas na primeira foto dá pra ver certinho.
 
Ótima contribuição Shroower:pos:

Não concordo com isto:
Temperatura do substrato: 28.9-30°C. Limite de temperatura para morte estabelecido em 41.1°C.

Digo isso pois já presenciei um caso, em que os copos (bolos pf), no estágio de incubação, chegaram a temperatura de 52ºC, e permaneceram assim por umas 6 horas. Ao tocar nos copos, a temperatura percebida assustava. Perdi alguns para contaminações que surgiram após o acidente com a temperatura, outros, porém, seguiram até o 100% de colonização, frutificando com sucesso.

Percebi que para o micélio se recuperar da exposição à alta temperatura, demorou cerca de 7-8 dias. Ficou em estado vegetativo, depois voltou a apresentar crescimento.

Só por curiosidade:eek:
 
Seu termômetro bateu 52ºC por seis horas???!
Isso é bem estranho cara, bem estranho mesmo... eu acho que os 7-8 dias foram para recuperação de boa parte do micélio morto, a contaminação também pode ser por causa disso. Termofílicos comendo micélio morto...

O Stamets não estabelece por quanto tempo é necessário manter a temperatura assim para matar todo o micélio também, é uma coisa a se ver.

Vou procurar em algum lugar pra ver se tem o relatório de como essa temperatura foi estabelecida.

:pos:
 
Seu termômetro bateu 52ºC por seis horas???!
Isso é bem estranho cara, bem estranho mesmo... eu acho que os 7-8 dias foram para recuperação de boa parte do micélio morto, a contaminação também pode ser por causa disso. Termofílicos comendo micélio morto...

O Stamets não estabelece por quanto tempo é necessário manter a temperatura assim para matar todo o micélio também, é uma coisa a se ver.

Vou procurar em algum lugar pra ver se tem o relatório de como essa temperatura foi estabelecida.

:pos:

Foi sim Shroower:(

Foi no inverno, eu utilizava o terrário como incubadora, circulando água quente no interior para manter os 28ºC constantes. Foi aí que, numa noite, deu uma falta de energia elétrica. Quando a energia retornou, o controlador que utilizo perdeu a programação, e passou a controlar refrigeração, que é o oposto do parâmetro que eu vinha utilizando, o aquecimento.

Isso foi às 23:00, só que não olhei o cultivo, até a manhã seguinte. A resistência que aqueçe a água e a bomba de circulação ficaram acionados a noite toda. A temperatura não subiu mais porque esse é o limite máximo que a resistência de 80W conseguiu aqueçer aquela quantidade de água.

Também concordo que as contaminações que surgiram teriam vindo do "cozimento" do micélio e substrato.

Alguém mais já colocou o micélio em condições extremas de temperatura?
interessante estudo a se fazer

abraço:pos:
 
Hum, boa iniciativa shroower! Legal ver o pessoal compartilhando suas objeções, casos particulares e excessões às regras, mas sem brigas usheusheushe.
 
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