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O que fazer para resguardar a legalidade dos cogumelos?

ExPoro

Enteogenista Apaixonado pela Vida
Cultivador confiável
14/04/2015
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Essa questão vem à minha cabeça. Hoje o cogumelo é permitido, mas amanhã pode vir a ser proibido após algum escândalo sensacionalista, ou algo do gênero. Na verdade, as perspectivas são boas ao se pensar no cogumelo em si (meio de uso como chá, encontrado na forma que é usado em toda a natureza sem controle, e outros fatores) e como é estabelecido como enteógeno, algo que as autoridades levam em conta e por isso o fungo é atualmente permitido e tende a assim permanecer. Mas ao se pensar em como a mídia infelizmente trata o assunto de forma sempre a mais ruidosa e marrom possível, as perspectivas não são das melhores. E o maior dano é causado por aqueles que abusam e chamam a atenção da mídia e da sociedade de forma extremamente negativa.

O momento das pessoas começarem a se organizar em defesa do cogumelo é antes que ocorra alguma proibição. Hoje a comunidade cogumeleira/micoenteógena já se organiza para fins de informação de cultivo, segurança, pesquisa, etc. Há muita informação, e isso é um ponto incrivelmente favorável. Mas, em algum momento, será melhor sair da postura de apenas olhar o que os poderes públicos decidem, como se não fosse possível contribuirmos para a melhoria do Bem Comum da forma em que acreditamos: que o cogumelo salva vidas. Ora, "para o triunfo do mal basta que os bons fiquem de braços cruzados" - com o perdão do clichê. Assim, não se recomenda ficar apenas parado e realmente contar que o Universo sempre vai defender o cogumelo, enquanto outros enteógenos ingressam na lista de proscritos.

Claro que isso aqui não é opinião formal de nenhum fórum, comunidade, nem nada. É apenas um tópico relacionado a cogumelos em seu aspecto jurídico, em que se pergunta: o que os usuários de cogumelos podem fazer para impedir que estes sejam proibidos no futuro, e assim assegurar pesquisas de saúde sobre os cogumelos, bem como resguardar o seu uso enteógeno/religioso/espiritual/curativo e a liberdade de transportá-los dentro do Território Nacional sem embaraços?

Talvez alguns pensem que seja desnecessário falar sobre isso agora, já que é permitido. No entanto, o fato de ser legalizado permite justamente uma atuação mais livre e legítima, o que aumenta as chances da ANVISA de criar um grupo multidisciplinar para estudar a micoenteogenia, ou algo nesse sentido, porque desconheço como seria o procedimento completo. É um pouco do princípio pelo qual é melhor agir enquanto não se tem as mãos atadas.

Eis o que penso:

A) Creio que um passo interessante seja usar uma expressão ou palavra que se refira ao uso dos cogumelos de forma séria, que exclua qualquer referência a entretenimento com cogumelos. A finalidade prática é afastar a imagem que a sociedade tem do uso do cogumelo como diversão. As pessoas que gostam de usar pra se divertir já chamam atenção demais, enquanto os órgãos públicos precisam ser convencidos da seriedade do uso do cogumelo, sem brincadeiras. Bem, pode-se dizer que ocorre com o cogumelo um pouco do problema da cannabis: fama como algo nada religioso ou sério, por ser o equivocado uso de entretenimento o mais divulgado na mídia e pelas pessoas. Eu, por exemplo, só fui descobrir o lado espiritual dos cogumelos aqui na comunidade. Só pessoas ligadas à enteogenia sabem que cogumelos são tão poderosos. Agora, o senso comum, 95% da população brasileira, tem que cogumelo é apenas "coisa de doidão", posição preconceituosa mas prevalente.

Micoenteogenia, que significa usar cogumelos para fins enteógenos, espirituais, religiosos ou curativos, é a palavra que eu adotei. Ela se remete exclusivamente a cogumelos psicotrópicos consumidos in natura * - o que exclui qualquer outra substância, composto, planta ou fungo. Também rejeita totalmente a ideia de uso de cogumelos para diversão, fuga, bem como rejeita qualquer paralelo com a ideia de drogas, ou de qualquer outra noção nesse sentido. Restringe-se ao uso elevado ou curativo. É uma palavra inequívoca e de compreensão intuitiva. Assim, o objetivo é alcançado: uma única expressão inclui o uso espiritual dos cogumelos e exclui o uso para fins de diversão. Se houver outra melhor, por favor citem.
Críticas do tipo "não crie novos conceitos" devem ser feitas a Sócrates (filósofo grego), que inventou o conceito de conceito e desde então a Humanidade vem usando com sucesso :D. A intenção dessa palavra nova é apenas afastar a imagem popular de entretenimento ligado ao cogumelo, e não restringir você de se declarar ou não se declarar o que quiser, falar que você é isso, que não é nada, que é aquilo, aquilo outro, ou te restringir, ou nos restringir, ou isolar, sufocar, enfim. Se você não é nada, você não é nada. Acredite, essa palavra nova não irá jogá-lo na parede e sufocá-lo, gritando na sua mente "micoenteogenista" até você ficar sufocado porque apareceu uma nova palavra que você considera desnecessária. Ah, sim, achar desnecessária é uma opinião válida. Alegar terrorismo conceitual não. Falar que a ideia não tem futuro também é válido. Já alegar terrorismo conceitual...​
Enfim, o objetivo da palavra é facilitar a defesa daqueles que usam enteologicamente os cogumelos, e fortalecer uma identidade espiritual mais forte do uso de cogumelos, a fim de se tornar tangível a nível argumentativo em uma demanda perante os órgãos públicos. Se você discorda, não use. Mas os benefícios da "reprogramação linguística" existem, não apenas dentro da nossa mente, mas também na postura de terceiros perante aquilo que é dito, justamente pela forma como é dito. Por isso, um passo fundamental contra o preconceito e a desinformação.​

B) Criação de uma associação com caráter nacional a fim de poder peticionar aos órgãos público, tanto perante o Supremo Tribunal Federal (STF) para fins de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) ou outra ação de controle concentrado de constitucionalidade, como para atuação perante a ANVISA, para a instauração de um Grupo Multidisciplinar de Trabalho sobre Cogumelos, ou como for o procedimento necessário. Formada a associação, seria criado um site próprio, pois tal associação não tem nenhuma relação com a comunidade CM.

C) Identificação e coordenação dos grupos que usam cogumelos dentro de uma estrutura clássica de religião: rito, Igreja, ministros (xamãs), etc. Apesar de que o uso enteógeno ultrapassa o conceito de religião, a existência de uma "religião típica" ajudaria muito na causa. Nessa hipótese, igualmente seria criado um site próprio, uma vez que a comunidade CM não tem relação com nenhuma espécie de religião, credo ou doutrina. Aqui também serão interessantes eventuais religiões estrangeiras de uso de cogumelo.

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E vocês, o que pensam?


*In natura significa forma de consumo natural, como fazer um chá ou comer diretamente o cogumelo, sem purificação, concentração ou isolamento de substâncias.
 
Última edição:
legalidade?
o cogumelo já é legalizado pra mim muito antes do substrato do bolo fecal do rumis se formar
legalizar pra uma sociedade pra fazer propaganda que isso é legal é como falar que as arvores atrapalham ver a floresta
 
legalizar pra uma sociedade pra fazer propaganda que isso é legal é como falar que as arvores atrapalham ver a floresta

Concordo. Por isso a ideia é fazer o oposto. :)
 
Hoje o cogumelo é permitido,
Não é regulamentado, o que não é a mesma coisa que ser permitido. O princípio ativo é proscrito, então qualquer coisa que não seja posse in natura, pode ser considerado ilegal, devido a finalidade de obtenção do princípio.

(meio de uso como chá, encontrado na forma que é usado em toda a natureza sem controle, e outros fatores)
Algumas plantas também são encontradas por aí, e o meio de uso é chá, no entanto são proscritas. Mas é fato que se houver uma forma legal no futuro, provavelmente será chá ou in natura (já que a psilocibina pura é proibida).

e como é estabelecido como enteógeno, algo que as autoridades levam em conta e por isso o fungo é atualmente permitido e tende a assim permanecer.
É estabelecido como enteógeno? Onde, em fóruns na internet? Em comunidades que a sociedade em geral desconhece?

O que se conhece por aí por cogumelos é que "deixa louco", e para cada praticante de enteogenia aqui, há dez jovens no facebook usando o cogumelo como droga. Se é estabelecido como alguma coisa, creio que está sendo estabelecido como o novo "barato legal" (legal high). Enquanto durar a falta de regulamentação.

O fungo não é proibido de existir, porque não há como proibir a chuva. Mas a posse e cultivo, mesmo in natura, podem vir a serem proibidos, assim como no caso da cannabis e sálvia.

o que os usuários de cogumelos podem fazer para impedir que estes sejam proibidos no futuro, ... bem como resguardar o seu uso enteógeno/religioso/espiritual/curativo e a liberdade de transportá-los dentro do Território Nacional sem embaraços?
Por enquanto, creio que tentar reduzir danos, para que não ocorra algum escândalo. Visto que isso parece inevitável, dada a recente popularização do cogumelo, imagino que seja impossível impedir a proibição em geral no futuro, exceto para uso em contextos específicos (como no caso do Daime).

Teria que haver algum tipo de contexto religioso para o uso, mas isso é bem mais complicado do que cada um dizer que usa com fim espiritual.

Quanto a posse e transporte, creio que se for legalizado, seria só dentro de casa ou no lugar onde se consagra. Poderia ser considerado ilegal levar cogumelos para uma rave, devido ao uso óbvio como droga.

e assim assegurar pesquisas de saúde sobre os cogumelos, ...
o que aumenta as chances da ANVISA de criar um grupo multidisciplinar para estudar a micoenteogenia,
Só quem pode fazer isso são os cientistas e profissionais de saúde.

Você acha que a ANVISA (e seus profissionais, políticos, etc) vai, do nada, sair estudando substâncias psicoativas? Num contexto "religioso", então? Aqui não é os EUA... Estudo aqui, só se for para proibir. No máximo, conduziriam uma investigação de alguma denúncia do uso nesse contexto, afim de averiguar.

Precisamos então aqui de médicos, psicólogos, psiquiatras, químicos e farmacêuticos, que se unam à "causa".

Mas se estudos acontecerem, acho mais provável que o cultivo seja efetivamente proibido, ou a psilocibina seja regulamentada e vire tarja preta (com mesmo efeito), pois a indústria não quer cura, quer dinheiro.

A) Creio que um passo interessante seja usar uma expressão ou palavra que se refira ao uso dos cogumelos de forma séria, que exclua qualquer referência a entretenimento com cogumelos.
Enteogenia já significa isso. Termo que aliás, é um neologismo que já tem uns 40 anos, e usado exatamente para diferenciar a experiência espiritual da palavra "alucinógeno" e da moda (hoje novamente muito atual) da "psicodelia".

E não se limita a cogumelos, até porque, quem pratica não se limita apenas a cogumelos, nem apenas a substâncias.

Micoenteogenia, que significa usar cogumelos para fins enteógenos, espirituais, religiosos ou curativos ...
Você está querendo criar uma palavra nova, bem como um contexto inteiro de uso, para uma coisa que já existe, mas limitando a uma prática isolada. Por quê?

Eu acho que é o seu ego falando. :unsure:

Quando você refuta no proposto a critica que faço acima, dizendo que devo dirigi-la a Sócrates... Sócrates e outros filósofos criaram e descreveram palavras e pensamentos para coisas que não existiam ou não estavam descritas. Quem inventou o termo enteogenia, fez a mesma coisa - descreveu com essa palavra o uso espiritual, porque não havia palavra para isso.

Esqueça a necessidade de rótulos e segregação. A enteogenia é uma só e una, não existe "enteogenia apenas com cogumelos", a não ser por opção individual. Não ache que ter uma palavra para descrever vai tornar o que você faz legal, melhor, ou mais justificável. Tire o seu ego da frente, e abrace também o poder ds etnobotânicos, porque não? Você é usuário de cannabis, LSD, não é? Então seja um praticamente de enteogenia, em seu todo e esplendor.

Legalmente, creio que não haja necessidade da palavra para dizer "uso espiritual apenas de cogumelos e não de outras substâncias". "Prática religiosa" já basta.

Querer que quem usa cogumelo como enteógeno passe a se identificar como "micoenteogenista" é uma coisa meio hipster - vontade de ser diferente. ;)

B) Criação de uma associação com caráter nacional a fim de ...
Acho as finalidades descritas um pouco ambiciosas. Como falei, sobre a ANVISA. Especialmente se quem participa não tem cacife (financeiro ou acadêmico) para solicitar esse tipo de coisa do governo.

Acho que você está viajando grande com a "instauração de um Grupo Multidisciplinar de Trabalho sobre Cogumelos". Você não tem idéia de como isso soa absurdo, mesmo para quem usa cogumelos...

C) Identificação e coordenação dos grupos que usam cogumelos dentro de uma estrutura clássica de religião: rito, Igreja, ministros (xamãs), etc. ... site próprio,
Seria realmente mais interessante (e viável) apenas firmar uma associação registrada como grupo religioso. Mas não existe grupo religioso, então seria apenas uma fraude. Comprovável pelo Google.

Não se inventa uma religião, hierarquia e todo um imaginário na Internet, bastando colocar um site no ar e pronto. Também ainda não tenho notícia de uma religião, ou associação legal onde as pessoas não se conhecem, e interagem apenas através de um fórum na Internet.

Podemos voltar para o chão agora? Acho que temos uma comunidade a fortalecer, pessoas a ajudar e alguns trabalhos em grupo a realizar, antes de pensar em fundar o "Santo Me Dou". :D
 
Não é regulamentado, o que não é a mesma coisa que ser permitido. O princípio ativo é proscrito, então qualquer coisa que não seja posse in natura, pode ser considerado ilegal, devido a finalidade de obtenção do princípio.

O art. 5º, II da CF/88 estabelece o Princípio da Legalidade aplicável ao indivíduo, segundo o qual tudo que a lei não proíba é permitido. Assim, ao não ser proibido ou proscrito o cogumelo, ele é legalmente permitido. Regulamentação pode vir tanto para permissão quanto para proibição. Mas a noção de permissão em si mesma surge da ausência de proibição. Por isso, no Brasil cogumelos são permitidos. Proibido é o isolamento do princípio ativo psilocibina.

Algumas plantas também são encontradas por aí, e o meio de uso é chá, no entanto são proscritas. Mas é fato que se houver uma forma legal no futuro, provavelmente será chá ou in natura (já que a psilocibina pura é proibida).

Segundo o Parecer do CATC/CONAD de 2004, "é ponderável registrar que o INCB (International Narcotics Control Board), da Nações Unidas, (...) afirma que (...) não haverá controle das plantas usadas em forma de chá, segundo a opinião do INCB, pois não há purificação, concentração ou isolamento de substâncias", sendo esta posição dada durante a análise da Ayahuasca. É uma orientação geral, uma tendência, considerada na manutenção da legitimidade do uso do Ayahuasca e que é levada em conta também em relação ao cogumelo.

O fato de o cogumelo possuir essas características tornam mais favoráveis que não seja proscrito. No entanto, não o torna imune à ignorância e preconceito da sociedade em face a um eventual escândalo midiático. E, por essas razões, pode ser proibido o cogumelo quando eventual pressão midiática vier.

É estabelecido como enteógeno? Onde, em fóruns na internet? Em comunidades que a sociedade em geral desconhece?

Qualquer xamã ou pessoa envolvida com enteogenia, bem como as pessoas ligadas aos estudos que resultam em proibição ou não de uma substância. Uma vez que o pessoal lá da ANVISA não seja pressionada pela mídia, eles estão bem cientes do lado positivo do uso do cogumelo, que existe um histórico na Humanidade de uso ritualístico dele, que existe a enteologia. Se não houver pressão da mídia e da política, eles atuam com cuidado. Um exemplo claro disso é o que foi chamado de Grupo Multidisciplinar de Trabalho sobre a Ayahuasca, que ajudou a fundamentar a regulamentação que protege os usuários de Ayahuasca, sejam daimistas ou não.

Quanto a posse e transporte, creio que se for legalizado, seria só dentro de casa ou no lugar onde se consagra. Poderia ser considerado ilegal levar cogumelos para uma rave, devido ao uso óbvio como droga.

Não. A regulamentação atual do Ayahuasca permite que você transporte livremente todos os seus ingredientes pelo Território Nacional. O contrário significaria uma restrição à liberdade religiosa.

Você está querendo criar uma palavra nova, bem como um contexto inteiro de uso, para uma coisa que já existe, mas limitando a uma prática isolada. Por quê?

(...)

Esqueça a necessidade de rótulos e segregação.

O objetivo da nova palavra é simplesmente afastar a ideia de uso de cogumelo da ideia de diversão. Como você mesmo disse, a sociedade em peso enxerga o uso de cogumelos como brincadeira. Eu não fui lá no fórum Plantas Enteógenas propor isso sobre argyreia nervosa ou sobre morning glory porque lá não faz sentido isso. Ninguém pensa nessas sementes como se pensa em maconha, cogumelo ou LSD aí pelo mundo afora. Infelizmente, a posição do cogumelo é outra, e mudar essa visão pode ser facilitado com um novo conceito, que eleve a imagem do cogumelo.

Ao usar uma expressão em que você vincule aos cogumelos uma ideia de uso elevado e afaste a de brincadeira, você está retirando do ouvido do receptor (seja um juiz, seja a sociedade, seja um repórter que vai divulgar uma matéria...) qualquer significado abusivo relacionado ao uso do cogumelo. E isso é bom, certo?

Não há restrição do tipo "ou você é enteogenista ou é micoenteogenista", pois em nenhum momento os dois conceitos se contrapõe. A palavra micoenteogenia é simplesmente uma especialização da palavra enteogenia para qualificar a enteologia (bem como religião, espiritualidade e cura) através de cogumelos. Mas, no entanto, isso em nada impede que a pessoa ainda pratique a enteogenia com qualquer outro psicodélico, ou apenas mediante meditação. É como dito: essa palavra exclusivamente desvincula a menção ao uso de cogumelos de qualquer referência recreativa ou abusiva. E só.

Mas, sim... A palavra cria uma segregação: faz a pessoa que está ouvindo saber que o uso de cogumelo foi por razões elevadas e dignas de proteção social, e não por mera brincadeira. Acredito que isso seja bom. Porque é o uso como brincadeira que descamba pro abuso e que poderá gerar justamente uma proibição no futuro.

Acho que você está viajando grande com a "instauração de um Grupo Multidisciplinar de Trabalho sobre Cogumelos". Você não tem idéia de como isso soa absurdo, mesmo para quem usa cogumelos...

Bem, como citado acima, a criação de um Grupo Multidisciplinar de Trabalho foi realizado sobre a Ayahuasca, e seria parte de um procedimento formal para análise da legitimidade do uso do cogumelo. Não sei em que fase isso ocorreria, quantos anos demoraria até chegar nisso, mas buscar a instauração desse Grupo é na verdade dar andamento nos trâmites administrativos perante a ANVISA. E, durante esse trâmite, se houver, será instaurado tal Grupo.

Apesar de soar absurdo, eu não inventei o nome e isso daí existe. O que eu fiz foi simplesmente me referir a uma etapa real do procedimento, que é uma das primeiras e mais importantes.

Não se inventa uma religião, hierarquia e todo um imaginário na Internet, bastando colocar um site no ar e pronto. Também ainda não tenho notícia de uma religião, ou associação legal onde as pessoas não se conhecem, e interagem apenas através de um fórum na Internet.

O site não vai fundar religião nem coordenar religião nenhuma :lol:. Imagine que você faça um site listando as Igrejas Evangélicas que existem no Brasil. Isso faria desse site uma Igreja Evangélica? Não. Faria disso apenas um site para centralizar e coordenar informações sobre diversas Igrejas.

Da mesma forma, esse site apenas centralizaria informações. Não seria um site religioso e nem de nenhuma seita de cogumelo ou o que for. Só estou querendo deixar claro que um movimento de catalogação de tais religiões seria feito fora do CM, para não envolver a comunidade.
 
Bem, como citado acima, a criação de um Grupo Multidisciplinar de Trabalho foi realizado sobre a Ayahuasca,...
Apesar de soar absurdo, eu não inventei o nome e isso daí existe. O que eu fiz foi simplesmente me referir a uma etapa real do procedimento, que é uma das primeiras e mais importantes.
No caso da Ayahuasca, já existia o contexto ritualístico todo, antes da investigação, certo? E um número considerável de pessoas aderidas à prática, por quantas décadas.

Mestre Irineu não inventou o conceito do Daime, ele começou um trabalho social com elementos religiosos sincréticos e isso evoluiu para uma religião própria, com a característica peculiar de envolver substâncias psicoativas. Daí a necessidade de um estudo sobre o assunto, até para permitir a correta regulamentação e proteção dos direitos.

No caso do cogumelo não existe trabalho social reconhecido, apenas usuários. Creio que seja mais difícil que o assunto seja levado a sério e seja criado um grupo de trabalho, assim.

Aliás, essa é a pergunta do tópico né? Como fazer para sermos levados a sério. E acho que aí está a resposta - trabalho social.

(Embora a viabilidade disto, com os cogumelos, seja assunto para outro tópico - cogumelos quase não precisam de redução de danos, e como enteógeno, talvez sejam fortes demais para que as sessões corram bem.)

Creio, no entanto, que esse trabalho, se possível, precise ser realizado offline... Acho até que a publicação e divulgação da existência e atividades de grupos desse tipo, é mais prejudicial que benéfica. Porque expõe demais os grupos ao escrúpulo da mídia.

E em uso coletivo de psicoativos, assim como qualquer ritual religioso, ou serviço de saúde, reuniões de alcoólatras, trabalho psiquiátrico... Acontece todo tipo de coisa bizarra. Coisas que se fossem parar na Internet, tirariam totalmente a credibilidade de algumas dessas práticas, ou atrairiam muita atenção negativa.

Não há como realmente ajudar as pessoas apenas divulgando e centralizando informação. É preciso colocar a mão na massa. E se sujar bastante.
 
o Ayahuasca não será proibido - porque ele já tem proteção legal. A proteção legal faz com que o comportamento irresponsável seja exceção.
Mas o Ayahuasca é utilizado em religiões no Brasil, é por isso tem proteção legal.
Você quer transformar os pcs em uma religião só pra poder vender?
Porque do contrário, só o fato de não cairmos na boca do povo e não incomodarmos a sociedade já basta.
Acho que nem seria possível a gente ganhar a "carteirinha" de religião, já que o uso normalmente feito dos pcs não configura religião, não nos reunimos, não temos dogmas ou rituais coletivos e fixos, nem nada do tipo. Somos pessoas diferentes com crenças religiosas e políticas diferentes. Cada um adquire e usa seu cogumelinho do jeito que quiser, mas um ideia difundida aqui, pelo bem de todos, é não vender e não "fazer merda" utilizando eles, para que não acabe com as mesmas estigmas de drogas como maconha e cocaína.
A venda não vai trazer vantagens. Quero dizer, vai trazer pro bolso de quem vende kk
 
Mas o Ayahuasca é utilizado em religiões no Brasil, é por isso tem proteção legal.
Você quer transformar os pcs em uma religião só pra poder vender?

Eu tenho a impressão que esse povo está entendendo errado mesmo o que estou falado :lol:.

Eu nunca propus inventar uma religião sobre cogumelos para poder ajudar a organizar nada - eu disse apenas que queria ver se catalogava eventuais religiões de cogumelos, que existem, e se houvesse alguma no Brasil, atuar. Jamais inventar uma religião, isso seria absurdo.

Mas o caminho que eu proponho não é uma religião, é uma associação. Uma associação que reúne enteogenistas, miconautas, enfim, que se reuniria para coletar informações e tentar trazer para o cogumelo uma tutela legal mais protetiva. Seria de pessoas como eu, você, de várias religiões, credos, ateus, etc., que possuem em comum o uso do cogumelo e que podem se reunir para coletar informações e iniciar um procedimento perante os órgãos públicos. A questão é que esse é o único caminho viável para se fazer alguma coisa para o nosso bem, e a outra opção é ficar de braços cruzados rezando pro Fantástico não colocar o cogumelo na lista negra. Eu, francamente, prefiro começar a pensar em uma organização. Nem que demore muito tempo, algumas sementes pelo bem podem ser plantadas desde já.

....................

Você quer transformar os pcs em uma religião só pra poder vender? ==> Eu nunca falei isso :lol: e seria absurdo. Apenas estou dizendo que se objetos "sagrados" não estão isentos de serem comercializados só por serem "sagrados", e a mesma regra se aplica aos cogumelos.
 
Duvido que a criação de uma associação baste para legitimar o uso de uma substância proscrita. Se tudo o que precisasse fosse uma associação, já teriam legalizado outras substâncias dessa forma...

No caso da huasca, existiu antes de tudo uma religião, e a liberdade religiosa está prevista na Constituição, daí a necessidade de um estudo. E o parecer do CONAD impõe um contexto para uso (o religioso, por associações e grupos em locais definidos para culto) e sugere, mas não obriga, que as igrejas ayahuasqueiras formem associações legalmente reconhecidas. Além disso, recomenda a formação de uma organização a nível nacional, com a finalidade de defender e proteger esse contexto.

Mas tudo isso tem por base que se trata de uma religião. Sem esse pressuposto, não existiria legalização, em contexto algum. Por isso sobre outras substâncias psicoativas, cogumelo inclusive, o que existe é a proibição.

Nada impede de existir uma associação de enteogenistas, mas isso não garante direito algum no que interessa (produção e uso de cogumelos).

E se for para criar uma associação e começar a divulgar e pentelhar políticos e mídia para que legalizem cogumelos, eu acho melhor ficamos é quietos em nosso canto, a perigo de atrair a atenção errada e causar a proibição definitiva.
 
Duvido que a criação de uma associação baste para legitimar o uso de uma substância proscrita. Se tudo o que precisasse fosse uma associação, já teriam legalizado outras substâncias dessa forma...

No caso da huasca, existiu antes de tudo uma religião, e a liberdade religiosa está prevista na Constituição, daí a necessidade de um estudo. E o parecer do CONAD impõe um contexto para uso (o religioso, por associações e grupos em locais definidos para culto) e sugere, mas não obriga, que as igrejas ayahuasqueiras formem associações legalmente reconhecidas. Além disso, recomenda a formação de uma organização a nível nacional, com a finalidade de defender e proteger esse contexto.

Mas tudo isso tem por base que se trata de uma religião. Sem esse pressuposto, não existiria legalização, em contexto algum. Por isso sobre outras substâncias psicoativas, cogumelo inclusive, o que existe é a proibição.

Nada impede de existir uma associação de enteogenistas, mas isso não garante direito algum no que interessa (produção e uso de cogumelos).

E se for para criar uma associação e começar a divulgar e pentelhar políticos e mídia para que legalizem cogumelos, eu acho melhor ficamos é quietos em nosso canto, a perigo de atrair a atenção errada e causar a proibição definitiva.

O STF só está esperando alguma associação de caráter nacional entrar com uma ADPF para avaliarem o uso de drogas para fins enteógenos, religiosos, etc. E isso pode ampliar muito além do que temos hoje, abrangendo em uma só sentença até mesmo a cannabis ou outras substâncias.

Então, sim, uma associação tem condições de atuar, e muito. No Direito existem várias ferramentas e caminhos a se seguir. Esse caminho pelo STF seria o mais rápido e amplo no momento. Nesse ponto, eu gostaria de saber porque as associações de saúde que demonstraram interesse no tema à época do julgamento sobre a "Marcha da Maconha" ainda não ingressaram com essa Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, quando tentaram fazer esse tema entrar em pauta do julgamento.

E, bem, como eu disse, quem tem interesse em manter algo permitido tem que se organizar para mantê-lo lícito enquanto é lícito - porque depois é tarde demais. @Salaam`aleik, a atuação de uma associação seria oficial, discreta, oficiosa, não na mídia, aos sete ventos, nem no Fantástico. Nada pra sair gritando aos sete ventos clamando atenção da sociedade, nem perturbar políticos! Pelo contrário...

E, bem, a falta a ação dos interessados em cogumelos na defesa de seus interesses é muito mais apta a possibilitar a proibição do mesmo do que uma ação oficial, organizada, racional, argumentada. Entre milhares de outros argumentos poderia por exemplo apresentar um estudo demonstrando que o conceito de religião ultrapassa a noção de uma Igreja, de um Clero, conseguindo trazer para o pleno desenvolvimento do Ser Humano o mesmo valor de espiritualidade através da enteogenia, etc. A questão aqui é que seria um dossiê com centenas de páginas (talvez até milhares) de fundamentos muito bem feitos, e quiçá de mais de anos de estudos. Não seria uma coisa "malfeita" do tipo "agora é a nossa vez", nem algo feito sem cuidado e as cautelas que fazem parte de um tema tão delicado. Pelo contrário, todos os cuidados imagináveis seriam tomados, é o que se pode supor. Porque os eventuais envolvidos vão gastar uma grana com registros e outras coisas pra abrir uma associação, viajar Brasil, etc., tanta coisa... E eles não vão fazer isso de forma a estragar tudo pelo que estão lutando.

Mas, de qualquer forma, é só uma ideia. E eu sigo um certo princípio na minha vida que, neste caso, me faz ficar tranquilo desse assunto ser esquecido. No entanto, fica a semente plantada, vai que num futuro há melhores condições de florescer uma associação assim, que só nos beneficiaria.

Por fim, não alego coisas do tipo "vamos fazer associação e vamos ganhar direitos" como se fosse "ação e reação", não! Eu digo: "se quisermos direitos resguardados, vamos nos organizar", mas a organização pode simplesmente não dar em nada. Só que é um caminho a ser seguido, apto a gerar resultado favoráveis. E é melhor fazer algo do que nada fazer.

No entanto, esse tópico é focado em debates de ideias que visem no futuro a preservar o status legal dos cogumelos, ou aumentar a proteção legal dos miconautas. Novas ideias serão sempre bem-vindas.
 
Última edição:
Vejo duas soluções:
- Os cogumelos passarem despercebidos e pouco populares e assim as autoridades não darem importância aos mesmos e não perseguirem.
- Criar uma Igreja em que uma das práticas seja o consumo de cogumelos. Ao abrigo da lei religiosa, as práticas religiosas estariam protegidas e assim, o consumo dentro da Igreja, legalizado.
Abraço a todos
 
Depois de ler tudo, concordo com todos. Sim, necessitamos pensar em maneiras de manter a não proibição dos cogumelos.

-Acho que é inevitável cair na mídia, bancos e lojas de esporos, cogumelos e kits estão se proliferando pela internet. Não adianta nada ter um aviso falando que não é para consumo humano. Aquela antiga ideologia de não ter atividade mercantil com cogumelos protegiam a legalidade dele, vestiam uma ideologia que era uma barreira para o uso somente recreativo. Era claro que quem queria ter uso somente recreativo era recriminado, com a queda dos antigos ideias, uma defesa a menos.

-Usar uma igreja, acho muito complicado, a própria Igreja Niubingui Etíope Coptic de Sião do brasil que tem regras próprias, uma religião conhecida no mundo inteiro (Rastafari), praticas e hábitos próprios, o líder dela no brasil foi preso por cultivar e usar cannabis ritualisticamente. Quando eu penso nas igrejas ayahuasqueiras, acho que só manteve a legalidade porque era um uso tradicional em nosso território com nossa cultura e com nossas flora e eu desconheço alguma religião brasileira que use cogumelos de forma religiosa. Se você acha que o STF vai manter a liberdade religiosa está muito enganado ( na minha opinião), eles tem mudando de jurisprudência sobre muitas coisas, tomado posições mais conservadoras ( salvo alguns como o Barroso). Tenho minhas duvidas e quanto isso o Rás Geraldinho continua preso.

-Existem religiões que usam cogumelos, principalmente indígenas do México, mas não creio que isso seria aceito como o caso acima.

-Acho que o CM faz um papel muito importante de redução de danos, mas vai chegar um dia que um playboy mimado, filho de um deputado da bancada evangélica tiver uma bad trip com cubes e rapidamente a Anvisa vai editar uma portaria.

Gostaria muito de estar errado, mas quando penso no futuro, aumento popularidade + ignorância + aumento comercio + menores de idade usando + mídias sociais....
desculpem meu português, mas isso vai dar merda.

Editado: A cannabis já tem associação de pesquisa e cultural, assessoria jurídica com vários ótimos advogados, alguns fóruns bem grandes e até associação de industriais que querem uso comercial e mesmo assim o brasil continua preconceituoso.
 
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Sabemos que já existe um livre comércio de chapeludos na net e isso é uma heresia para nós psiconautas cultivadores. O maior problema em relação a proibição, é que não temos respaldo e tampouco argumentação que assegure nossos direitos porque se trata de substâncias psicoativas. O Estado se preocupa com nossa "sanidade mental" e não costuma se embazar cientificamente quando resolve proibir uma substância. Basta que altere o comportamento do indivíduo, já é o suficiente para chapar o carimbo da proibição.
Se isso acontecer, as e-shop's deverão se adequar e retirar uma série de produtos para seguirem trabalhando.
O que nos salva é nosso conhecimento e autonomia para seguir com os cultivos, mantendo a discrição (como o micélio dentro da bosta) e dependendo apenas de eventuais carimbos para a diversidade da coleção.
Acredito que não haverá intervenção do Estado na comunidade CM, assim como não há nos demais sites e comunidades que tratam de plantas ou outras substâncias proscritas, devido aos nossos direitos de acesso a informação serem assegurados há muito tempo.
Good trip for you!
Luz!
 
[QUOTE-Acho que o CM faz um papel muito importante de redução de danos, mas vai chegar um dia que um playboy mimado, filho de um deputado da bancada evangélica tiver uma bad trip com cubes e rapidamente a Anvisa vai editar uma portaria..[/QUOTE]

Excelente contribuição para a discussão :)
 
[QUOTE-Acho que o CM faz um papel muito importante de redução de danos, mas vai chegar um dia que um playboy mimado, filho de um deputado da bancada evangélica tiver uma bad trip com cubes e rapidamente a Anvisa vai editar uma portaria..

Excelente contribuição para a discussão :)[/QUOTE]

É triste, mas o nosso querido e amado pais, temos um corporativismo, um clientelismo e a utilização da população como massa de manobra. Ao invés de colocar um debate inteligente, temos os políticos fazendo caças as bruxas. Um exemplo, um candidato forte para prefeitura do Rio de Janeiro, Flavio Bolsonaro, está propondo evangelizar as instituições de tratamento químico através da "cristolandia", e aumentar a atuação das igrejas evangélicas para combater o demônio das drogas... Acha mesmo que tem dialogo com um cara assim?

O futuro esta piorando amigos.... Estou com pena do meu Brasil amado.

Comentario: So procurar no Youtube, que você vai achar sobre esse debate em um canal aberto de televisão. Só procurar as palavras Flavio Bolsonaro Legalização Drogas.
 
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Olá!

Primeiramente, parabéns a todos por essa discussão tão necessária. Peço licensa para cutucar um tópico morto... é que acredito que refletir sobre essa questão continua muito pertinente, principalmente em tempos de tanto conservadorismo (como ja sentidos por nós e previsto por vcs nesse tópico).

Neste cenário que vcs dispuseram, parece que as variáveis passíveis de influenciar o contexto legal, gravitam em torno das concepções de uso enteógeno e uso recreativo; e dos respectivos pesos morais que levariam ou não à proibiçao dos nossos queridos cogus.

Acredito que hoje em dia as palavras "medicinal" e "terapêutico" são bastante apelativas socialmente, e tem ajudado a dissolver muitos tabus socioculturais em relação às plantas sagradas. Talvez até mais que a palavra "enteógeno" dada à especial dificuldade que nossa cultura tem, principalmente em meios científicos, em conseguir lidar com a ideia de espiritualidade.

O caso da "maconha medicinal", que vem conquistando apoio mesmo em meios historicamente mais conservadores, é um exemplo. Pouca gente tem coragem de ser contra uma familia ter acesso à maconha ou medicamento derivado, quando é inegável a melhoria na qualidade de vida da criancinha que tinha 40 convulsoes por semana e passou a ter 1 por mês usando oleo de cannabis. Pouca gente que convive ou conhece minha mae tem coragem de julgá-la por ela usar maconha pra dor crônica.

O ponto que quero chegar é q muitas pessoas (muitas msm) tem experiencias emocionais fortes relacionadas a doenças e a pessoas queridas com doenças; e a ideia é a de que se, a partir da experiencia (incluindo a experiencia de outros compartilhada), o uso passa a ser socialmente (e cientificamente) reconhecido como medicinal ou terapêutico, mesmo que seja um tabu (como maconha ou psicodélicos), a tendencia é as pessoas irem se abrindo conforme atestam que pode ser algo positivo para todos.

Nos últimos anos temos visto um ressurgimento da pesquisa cientifica em relaçao aos psicodelicos (cogumelos, lsd, mdma, ibogaina, ayauasca, microdosagens, etc). Desde a década de 60 essa area de pesquisa foi praticamente paralisada devido aos efeitos da proibição, e felizmente vem ressurgindo com credibilidade cientifica pelo esforço de muitas organizações (como a MAPS), e pesquisadores de todo o mundo.

Meu palpite: Apostar no fortalecimento da imagem "medicinal/terapêutica", baseadas em estudos cuidadosos legitimados pela comunidade científica, por "usuários" e profissionais da saúde (que atualmente detém muito poder de discurso), pode ser uma boa jogada a favor dessa nossa almejada "blindagem moral" relacionada a como a sociedade vê o uso dos psicodélicos, e portanto, a como irá tentar regulá-los.

No fim das contas, o potencial medicinal e terapeutico dos cogumelos passa em grande medida à sua qualidade enteógena, são aspectos do mesmo efeito, mas as pessoas dão mais ou menos credibilidade a um mesmo fato dependendo das palavras e do tom utilizados para descrevê-lo.

Se as pessoas estao mais acostumadas com a ideia de "medicinal", pode ser uma boa falar nesses termos até que a ideia de "enteogenia" esteja melhor estabelecida culturalmente (através do crescente interesse pelo tema; pelo uso disseminado - quer queiramos ou nao - de psicodelicos, que mesmo recreativamente podem despertar a consciencia da pessoa sobre seu aspecto enteógeno; e da difusão da informação por meios como este fórum, por exemplo)
 
esse lance ai de isso ser medicinal ou aquilo ser medicinal, ao meu ver, é a mesma coisa dessa gourmetização de comidas simples pra se tornar mais cara e chamativa.

tudo que nasce na natureza natural é legalizada, não existe isso da autoridade impor se é legal ou não. Pra mim já é tudo legalizado, eu nao preciso pedir permissão pra ninguem da sociedade pra mergulhar dentro de mim, a autoridade é o poder plantado, e a pessoa chega no lugar da autoridade e abusa e diz que isso pode ou não pode. Muita discussão em torno de uma coisa simples.
 
Eu gostei de ler a opinião da Psilocibina. Muito inteligente a maneira de como ela coloca a situação dos Psilocibes. A entrada em Medicina é inevitável e estava a falar precisamente sobre isso com um amigo meu a semana passada dizendo qeu os psicadélicos iriam fazer a mesma chegada aos media que a Cannabis. Se assim for acho muito bem. E apoio.

Se chegar com histeria, então volto á minha antiga opinião de que... ninguém tem de saber o que eu planto em casa ou o que eu consumo. O abuso, e nisso as autoridades e as instituições judiciais também sabem que, mesmo qeu a lei criminalize, não iram levantar um processo por algume que tenha um cultivo pessoal de cogumelos... a mesma coisa não se passa se entrarem na minha casa e eu tenho uma producção quase industrial e os vendo para o exterior.

Tal como o Mexicouts diz, tudo já nasce legalizado e se ninguém souber, toodos saõ livres de poder ter os seus consumos.

Contudo, se houver potencial terapeutico com os cogumelos, aceito sim qeu eles vejam a luz do dia mediático.
 
tudo que nasce na natureza natural é legalizada, não existe isso da autoridade impor se é legal ou não. Pra mim já é tudo legalizado, eu nao preciso pedir permissão pra ninguem da sociedade pra mergulhar dentro de mim, a autoridade é o poder plantado, e a pessoa chega no lugar da autoridade e abusa e diz que isso pode ou não pode. Muita discussão em torno de uma coisa simples.

Poise, tb acho que tudo o que nasce na natureza, e até drogas sintéticas, como lsd e mdma, deveriam ser "naturalmente legais", e é claro que lei proibicionista alguma realmente impede alguém de usar o que quer que queiramos, ou de cultivar em casa (beck, cogu, salvia, sei la o q mais) sem ngm saber.

Acontece que a questão legal é, infelizmente, muito importante de ser discutida, por varios motivos dos quais vou destacar alguns:

- se ta escrito num papel institucional que a planta/fungo/substância é ilegal, isso quer dizer que nao se pode fazer pesquisa científica com elas, ou que será muito mais dificil pesquisá-las e usá-las para fins medicinais.

Imagina o quanto isso atravanca o conhecimento cientifico e os avanços na área da saúde, especialmente pra psiquiatria e psicologia... desde a decada de 60 (qnd começou a onda proibicionista) temos uma enorme defasagem de compreensão nessa área. Os psicodélicos sao incríveis - revolucionários - e merecem ser estudados.

- No caso dos cogumelos o cultivo e uso é mais tranquilo pq apesar de não serem legais, não existe uma perseguição do controle estatal como existe para a maconha, lsd, mdma, cocaína e outras drogas tb ilegais. Pelo menos não existe ainda. Nao da pra ter segurança. Por mais que td mundo continue usando de qlq jeito, faz mt diferença se as drogas são legalizadas ou não...

Infelizmente n da pra usar o argumento de que "é natural" perante a justiça, grande parte da população carcerária ta ai pra provar...

Hj em dia se vc fala "psicodélico" a galera acha q é coisa de doidão, compara com cocaína, heroína... uma salada de desinformação.
Se as pessoas acham isso elas vao apoiar açoes de criminalizaçao por parte do Estado.
Por isso é interessante que circule informaçao pro maximo de pessoas possivel, pra que gradativamente as pessoas pararem de associar os psicodélicos com uma imagem negativa, e consigam enxergar seu potencial enteógeno/curativo/medicinal/terapeutico (nao importa a palavra, melhor usar a de mais facil compreensão na situação).
 
Eu sai do sistema amizade. Se tu continua nesse sistema problema seu. Pra mim tudo eh legalizado. Pesquisa cientifica eu mesmo faco.
 
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