- 14/11/2010
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Então, vamos lá para a maior e mais intensa experiência que tive em minha vida.
TRIP:
16:30 - Preparei o ambiente, coloquei uma playlist legal, tomei um banho, chocolate, suco de laranja.
17:00 - Foram 6 cogumelos secos (5 gramas), ingeri um atrás do outro com suco de laranja.
17:05 - Sentei na poltrona, ouvi o som e fiquei aguardando, começando a sentir meu estomago revirar.
17:10 - Os visuais começaram intensos. Eu pensei, já ta assim?? No reflexo da minha janela do quarto vi como se fosse espíritos rindo diabolicamente para mim, mas não estava com medo, desviei a atenção, me levantei e fui olhar a janela do quarto. Estava chovendo, um clima agradável e molhado. Observei um pouco, depois fechei a janela pensando: " Deixa o mundo para lá, vamos entrar no seu eu-interno".
17:20 - Me joguei na cama, fiquei me contorcendo. Me senti envenenado. Meu estomago revirava. Perdi a noção do tempo. Me mexia para todo lado, ria e chorava, gemia. Uma hora pensei em estar fazendo sexo com alguém que não estava lá. Meu corpo ia para cima e para baixo. Me sentia como se tivesse incorporado, igual ao filme Exorcista. Em determinado momento me sentia dementado, quase inconsciente, derretendo, babando, me mordendo, comendo papel pensando que era chiclete, foi terrível. Via um monte de pedaço de papel pensando que era cogumelo e depois via que não era. Estava mascando um chiclete e me via mascando o chiclete em câmera lenta parecendo uma gosma sei lá.
Me mexia pro lado e pro outro na cama, parava e derretia, fiquei assim não sei por quanto tempo.
Depois me levantei. A música rolando e apaguei todas as luzes. Comecei a dançar, me sentia solto como o vento. Parecia que estava num ritual incorporado por algum espírito.
Depois de dançar, fui ao espelho. Me olhei, mas estava rindo de mim mesmo, mas no fundo, preocupado. Ria sarcasticamente, me afastava e me via me afastar no espelho. Não sei explicar isso. Eu dizia para mim mesmo que iria morrer.
Depois disso deitei na cama de novo. Peguei um papel e comecei a desenhar o som que ouvia. Os meus sentidos estavam inexplicáveis. As vezes parava e tipo que me dementava, sentia o som, via o som, morria. Depois voltava a uma consciência primária, animal. Eu não existia, era um animal, só uma parte de mim estava ali.
Determinado momento procurei algo para comer. Comi batata-frita mas de alguma forma consegui jogar tudo no chão. Me arrastei igual a uma minhoca procurando algo que não sei. Mordi livros, bebi água quase me afogando. Me contorcia, chorava e gemia.
Depois fui pegar um chocolate. Peguei o chocolate me lambuzei todo. Comi e joguei todo para cima os pedaços, melei meu dedo de chocolate e comecei a fazer arte rupestre na parede do quarto com chocolate.
Tentei entender como mexer no notebook, mas não conseguia. Via o teclado se mexer e tentei arrancar as teclas dele. Arranquei uma tecla e fiquei mordendo.
Depois tirei e daí comecei a comer o cabo usb pensando que era uma cobra.
Pegava meu dedo enfiava no nariz e sentia atravessar meu cérebro e voltar pro mesmo lugar. Tenho um slide de guitarra, eu tentava entrar nele. Eu ficava mexendo nas coisas e incorporava. Não sei explicar.
Daí deitei na cama de novo e pensei sobre meu trabalho, o dia de hoje, as pessoas, tentando me lembrar quem eu era, e pensei: estou ficando louco, vou morrer, vou morrer, não quero morrer, tenho coisas para fazer daí pensei em escrever meu nome, o que fazia da vida, o que tenho, porque eu não me lembrava de nada eu era um nada ali e me senti louco e culpado por ter ingerido os cogumelos pensando que minha vida acabou ali.
Daí comecei a chorar, pedi a Deus, pedi desculpas, não ia mais fazer aquilo, nessa hora estava nú, sem roupa, tinha pintado minha bermuda de chocolate, daí pensei: Calma, calma,
Fui a banheiro, tentava abrir o chuveiro não conseguia. Fiquei desesperado. Eu vou morrer, vou morrer, mas acho que consegui tomar uma ducha. Depois peguei uma banana comi com casca e tudo.
Daí me enxuguei, voltei ao quarto e falei comigo mesmo: Calma, calma, peguei uma cueca, vesti, depois peguei uma calça e camisa, e fiquei me preparando para não sei u q. Pensei: fique calmo vai passar, e outra parte de mim dizia : Você vai morrer! Ta se arrumando para morrer!
Peguei a tesoura, apontei para minha barriga, pescoço, depois guardei.
Fiquei atordoado com a bagunça que fiz. Tinha um baygon guardado que quase peguei e coloquei para dentro, mas depois pensei, que bobagem, isso irá passar, você não tá morrendo.
Olhei para mim mesmo no espelho, para quem estava rindo antes, agora estava acabado, chorando de medo, me sentindo culpado e feliz de ter retomado a memória de quem eu sou.
-> Há, lembrei, em um momento estava deitado e via minha vida flutuando. Meu trabalho, namorada, meu nome, eu, estava voltando e me sentia apegado a estas coisas e pensava que o não existir é algo que devemos aprender aos poucos, através das sucessivas vidas que temos, não de uma vez.
-> Na cama, quando estava dementado, parava no tempo e sentia o inóculo na minha mente e me sentia derreter igual aquelas pinturas de Salvador Dalí.
Aprendizado:
O que eu aprendi com essa trip é que temos medo de não existir, somos apegados mas acredito que é do instinto humano.Viemos aqui para adquirir experiência e maturidade através das existências, e quando tentamos boicotar isso através da facilidade e o não esforço de usar determinada susbtância, lidamos com o nosso não-eu primário animal não sendo, não existindo, não-eu levando a loucura, pois estamos acostumados a ser algo.
A natureza leva-nos a perceber o caminho através das experiências vividas e pode levar do A->B , mas para chegar no C você terá que conseguir por si só, entendendo as suas experiências e não atribuindo somente a elas a sua existência.
Os cogumelos podem lhe mostrar experiências lindas e maravilhosas, mas as bad trips intensas são para aqueles cujo estão aqui para aprender e entender que a vida não é só cores e luzes e sim o sofrimento do seu ser, entendendo a sua mente e sua vida e a necessidade de transcender esta, se desapegando do seu EGO, sabendo que o mesmo é necessário para sua sobrevivência e não necessário para transcender.
Isso é o caminho do meio. O não ser sendo, pois se você não é você tem que ser para existir mas não pode ser pois o não-ser é a fonte e o ser é necessário para viver e aprender.
O não ser sendo é ser aquilo que você não é. Mas você não pode não ser somente , ou ser somente.
Daí, o caminho do meio. Ser não sendo.
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TRIP:
16:30 - Preparei o ambiente, coloquei uma playlist legal, tomei um banho, chocolate, suco de laranja.
17:00 - Foram 6 cogumelos secos (5 gramas), ingeri um atrás do outro com suco de laranja.
17:05 - Sentei na poltrona, ouvi o som e fiquei aguardando, começando a sentir meu estomago revirar.
17:10 - Os visuais começaram intensos. Eu pensei, já ta assim?? No reflexo da minha janela do quarto vi como se fosse espíritos rindo diabolicamente para mim, mas não estava com medo, desviei a atenção, me levantei e fui olhar a janela do quarto. Estava chovendo, um clima agradável e molhado. Observei um pouco, depois fechei a janela pensando: " Deixa o mundo para lá, vamos entrar no seu eu-interno".
17:20 - Me joguei na cama, fiquei me contorcendo. Me senti envenenado. Meu estomago revirava. Perdi a noção do tempo. Me mexia para todo lado, ria e chorava, gemia. Uma hora pensei em estar fazendo sexo com alguém que não estava lá. Meu corpo ia para cima e para baixo. Me sentia como se tivesse incorporado, igual ao filme Exorcista. Em determinado momento me sentia dementado, quase inconsciente, derretendo, babando, me mordendo, comendo papel pensando que era chiclete, foi terrível. Via um monte de pedaço de papel pensando que era cogumelo e depois via que não era. Estava mascando um chiclete e me via mascando o chiclete em câmera lenta parecendo uma gosma sei lá.
Me mexia pro lado e pro outro na cama, parava e derretia, fiquei assim não sei por quanto tempo.
Depois me levantei. A música rolando e apaguei todas as luzes. Comecei a dançar, me sentia solto como o vento. Parecia que estava num ritual incorporado por algum espírito.
Depois de dançar, fui ao espelho. Me olhei, mas estava rindo de mim mesmo, mas no fundo, preocupado. Ria sarcasticamente, me afastava e me via me afastar no espelho. Não sei explicar isso. Eu dizia para mim mesmo que iria morrer.
Depois disso deitei na cama de novo. Peguei um papel e comecei a desenhar o som que ouvia. Os meus sentidos estavam inexplicáveis. As vezes parava e tipo que me dementava, sentia o som, via o som, morria. Depois voltava a uma consciência primária, animal. Eu não existia, era um animal, só uma parte de mim estava ali.
Determinado momento procurei algo para comer. Comi batata-frita mas de alguma forma consegui jogar tudo no chão. Me arrastei igual a uma minhoca procurando algo que não sei. Mordi livros, bebi água quase me afogando. Me contorcia, chorava e gemia.
Depois fui pegar um chocolate. Peguei o chocolate me lambuzei todo. Comi e joguei todo para cima os pedaços, melei meu dedo de chocolate e comecei a fazer arte rupestre na parede do quarto com chocolate.
Tentei entender como mexer no notebook, mas não conseguia. Via o teclado se mexer e tentei arrancar as teclas dele. Arranquei uma tecla e fiquei mordendo.
Depois tirei e daí comecei a comer o cabo usb pensando que era uma cobra.
Pegava meu dedo enfiava no nariz e sentia atravessar meu cérebro e voltar pro mesmo lugar. Tenho um slide de guitarra, eu tentava entrar nele. Eu ficava mexendo nas coisas e incorporava. Não sei explicar.
Daí deitei na cama de novo e pensei sobre meu trabalho, o dia de hoje, as pessoas, tentando me lembrar quem eu era, e pensei: estou ficando louco, vou morrer, vou morrer, não quero morrer, tenho coisas para fazer daí pensei em escrever meu nome, o que fazia da vida, o que tenho, porque eu não me lembrava de nada eu era um nada ali e me senti louco e culpado por ter ingerido os cogumelos pensando que minha vida acabou ali.
Daí comecei a chorar, pedi a Deus, pedi desculpas, não ia mais fazer aquilo, nessa hora estava nú, sem roupa, tinha pintado minha bermuda de chocolate, daí pensei: Calma, calma,
Fui a banheiro, tentava abrir o chuveiro não conseguia. Fiquei desesperado. Eu vou morrer, vou morrer, mas acho que consegui tomar uma ducha. Depois peguei uma banana comi com casca e tudo.
Daí me enxuguei, voltei ao quarto e falei comigo mesmo: Calma, calma, peguei uma cueca, vesti, depois peguei uma calça e camisa, e fiquei me preparando para não sei u q. Pensei: fique calmo vai passar, e outra parte de mim dizia : Você vai morrer! Ta se arrumando para morrer!
Peguei a tesoura, apontei para minha barriga, pescoço, depois guardei.
Fiquei atordoado com a bagunça que fiz. Tinha um baygon guardado que quase peguei e coloquei para dentro, mas depois pensei, que bobagem, isso irá passar, você não tá morrendo.
Olhei para mim mesmo no espelho, para quem estava rindo antes, agora estava acabado, chorando de medo, me sentindo culpado e feliz de ter retomado a memória de quem eu sou.
-> Há, lembrei, em um momento estava deitado e via minha vida flutuando. Meu trabalho, namorada, meu nome, eu, estava voltando e me sentia apegado a estas coisas e pensava que o não existir é algo que devemos aprender aos poucos, através das sucessivas vidas que temos, não de uma vez.
-> Na cama, quando estava dementado, parava no tempo e sentia o inóculo na minha mente e me sentia derreter igual aquelas pinturas de Salvador Dalí.
Aprendizado:
O que eu aprendi com essa trip é que temos medo de não existir, somos apegados mas acredito que é do instinto humano.Viemos aqui para adquirir experiência e maturidade através das existências, e quando tentamos boicotar isso através da facilidade e o não esforço de usar determinada susbtância, lidamos com o nosso não-eu primário animal não sendo, não existindo, não-eu levando a loucura, pois estamos acostumados a ser algo.
A natureza leva-nos a perceber o caminho através das experiências vividas e pode levar do A->B , mas para chegar no C você terá que conseguir por si só, entendendo as suas experiências e não atribuindo somente a elas a sua existência.
Os cogumelos podem lhe mostrar experiências lindas e maravilhosas, mas as bad trips intensas são para aqueles cujo estão aqui para aprender e entender que a vida não é só cores e luzes e sim o sofrimento do seu ser, entendendo a sua mente e sua vida e a necessidade de transcender esta, se desapegando do seu EGO, sabendo que o mesmo é necessário para sua sobrevivência e não necessário para transcender.
Isso é o caminho do meio. O não ser sendo, pois se você não é você tem que ser para existir mas não pode ser pois o não-ser é a fonte e o ser é necessário para viver e aprender.
O não ser sendo é ser aquilo que você não é. Mas você não pode não ser somente , ou ser somente.
Daí, o caminho do meio. Ser não sendo.
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