OBRA: TRAMAS DO DESTINO
TEMÁTICA: OBSESSÃO E TRAMAS DO DESTINO
(1° edição/ FEB - páginas 11 a 21)
Muito fácil, senão de todo improvável ao estudioso da poblemática humana, compreender do ponto de vista da unicidade das existências as tramas do destino.
Examinada apenas uma vida, mesmo com o melhor apuro psicológico, não se dispõe de dados para explicar a justiça divina, em se considerando a pluralidade dos sucessos felizes e desgraçados que gravitam em torno dos homens, e que os distingue na vasta gama policromada das suas conquistas e quedas.
De um só golpe, é inexequível tentar abarcar o campo de ação e as ocorrências num todo fixo e completo, no qual o homem seja uma peça impulsionada por um determinismo cego ou alguém cujo livre-arbítrio disponha de uma clarividência muito especial para tudo realizar numa só vida, acertando e sublimando-se, equivocando-se e reabilitando-se.
As conceituações da predestinação pela graça, das concessões pelo ingresso no paraíso e das punições infernais encontram-se ultrapassadas, mesmo no seio de algumas das religiões que as prescreviam.
Por outro lado, negando-se o Autor Divino da Criação, e a vida sendo relegada ao caos, isto não basta para explicar os porquês inteligentes que a todos assomam e dominam, diante das incontáveis aquisições do espírito humano, aturdido em face das inquestionáveis provas da sobrevivência do ser, da comunicabilidade do princípio intelectual depois do túmulo...
As modernas doutrinas da Parapsicologia, da Psicofísica e outras ciências experimentais equivalentes tentam colocar no lugar do Espírito, com que não se defrontam nos seus laboratórios, sucedâneos materialistas e energeticistas, sem o êxito que seria de esperar-se, porquanto esses mesmos agentes se esboroam, quando colocados diante de novos fatos que espocam, incessantes.
A temerária reação contra o Espírito, entidade inteligente que preexiste ao corpo e lhe sucede após a morte, vivendo com ou sem a aparelhagem somática, lentamente vai sendo vencida, embora a cautelosa posição assumida pelos pesquisadores científicos e estudiosos da atualidade.
Mantendo intransigente atitude contrária à Religião, de que a Ciência foi vítima milenarmente, transitam os modernos parapsicológicos e psicobiofísicos, com algumas exceções, adotando intolerantes posições de anátema contra a fé, numa reação injustificável.
Asseveram que ainda não têm provas concludentes, definitivas, da sobrevivência do Espírito ao túmulo, nem documentação alguma que consiga provar a existência da alma.
Toda vez que um fato novo faz soçobrar a teoria negativista anterior, apressam-se por elaborar outra que atenda com relativa eficiência ao propósito a que se aferram, na mesma inquietação e insegurança que caracterizavam os metapsiquistas de ontem e os psiquistas do passado.
A imortalidade, no entanto, triunfa sobre os seus negadores.
Os homens interexistentes, os homens psi multiplicam-se e os fenômenos de que são objeto impõem urgente reconsideração nas idéias e opiniões preconceituosas.
As enfermidades da mente sucedem-se, avassaladoras, na razão direta em que os métodos psiquiátricos, psicanalíticos e psicológicos se aprimoram, incapazes de deter a grande avalancha dos distônicos, dos esquizóides, dos neuróticos, dos psicóticos...
Saturado de tecnicismo, o homem cético arroja-se na busca das emoções fortes e ressuscita cultos demoníacos, missas negras, sabats, ansioso pelo sobrenatural, pelo fantástico...
As orgias de sangue, sexo e droga fazem-no recuar às origens do primitivismo, revelando a falência das conquistas extrínsecas e o malogro da ética dissociada das aspirações legítimas, tornada passadista...
Fantasmas reais e imaginários prenunciam hecatombes gerais, desde que as parciais se sucedem por toda parte.
As soluções superficiais e apressadas não resolvem as questões complexas de profundidade, atenuando na superfície os efeitos, sem remover nas causas as legítimas raízes em que se fixam os males contínuos.
O homem hodierno se encontra aturdido.
Adicionando-se a essas inquietantes injunções, surgem as parasitoses espirituais, que os acadêmicos insistem em ignorar, teimando desconsiderá-las.
Não obstante, nas células espíritas onde vibram as harmonias do Consolador prometido por Jesus, reaparece a terapêutica do Evangelho, através de técnicas especiais com que se libertam perseguidos e perseguidores, facultando-se-lhes a saúde íntima, a paz...
nas suas nobres tarefas de desobsessão, defrontam-se os dois mundos em litígio: o espiritual e o físico, de cujos painéis se pode apreender, nas causas reais, a lógica dos efeitos que engendram e produzem as tramas dos destinos.
Mediante o conhecimento da reencarnação, da pluralidade das existências planetárias, pode-se formar o quadro esclarecedor, para se entenderem as ocorrências que escapam, aparentemente misteriosas, muitas vezes inexplicáveis...
O homem não experimenta uma só e única vida terrestre.
A terra é seu berço e sua escola, onde evolute, demandando mais altas aquisições espirituais.
Suas experiências exitosas ou malsucedidas produzem a engrenagem em que se movimentará no futuro.
A cada ação corresponde uma reação equivalente.
Nâo sendo a morte mais do que uma transferência de posição vibratória, a vida mantém sua interação e harmonia nas diversas situações no corpo físico e fora dele, sem qualquer solução de continuidade ou defasagem perturbante.
Muitos dos problemas graves, no contingente da saúde física e mental que a Medicina depara a cada momento, têm suas raízes no pretérito espiritual do paciente.
Seus erros e suas aquisições fazem-se os agentes da sua paz ou da sua perturbação.
Reencarnando cada qual com a soma das próprias experiências, diferentes são as situações pessoais, conforme se observa no mundo.
Vinculados aos desafetos de que se desejaram livrar, mas de que não se liberaram, padecem-lhes as injunções e influências maléficas.
Auto-obsessões, obsessões, subjugações são capítulos que merecem da Patologia Médica estudo simultâneo, à base dos postulados do Espiritismo.
A reencarnação é a chave para a explicação dos seus enigmas.
Ao lado das terapêuticas valiosas, ora aplicadas nos obsessos de vário porte, impõe-se os recursos valiosos e salutares da da fluidoterapia e das expressivas contribuições doutrinárias da Terceira Revelação, que traz de volta os insuperáveis métodos evangélicos de que se fez expoente máximo Jesus, o Divino Médico de todos nós.
O amor e a prece, o perdão e a caridade, a tolerância e a confiança, a fé e a esperança não são apenas virtudes vinculadas às religiões passadas, porém, insubstituíveis valores de higiene mental, de psicoterapia, de laborterapia, que se fazem de urgência para neutralizar as ondas crescentes do ódio e da revolta, da vingança e da mágoa, da intolerância e da suspeita, da descrença e da desesperança, que irrompem e se instalam no homem, tudo avassalando intempestivamente.
A Doutrina Espírita dispõe de valiosos tesouros para a aquisição da felicidade na Terra e depois da desencarnação.
Conhecê-la e praticar-lhe os ensinos representa uma ensancha ditosa para aqueles que aspiram a melhores dias, anelam por paz e laboram pelo bem.
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Mergulham, diariamente, na roupagem carnal, com objetivos relevantes, Espíritos felizes que se olvidam dos gozos que podem fruir, objetivando, através do amor, alçarem às Regiões da Ventura antigos companheiros que, por teimosia, equívoco ou rebeldia contumazes, naufragaram nas experiências da evolução, detendo-se em lamentáveis estados de perturbação.
Enxameiam por toda parte províncias de sombra e agonia, cujas paisagens ermas e doentias mais envenenam os que ali se detêm, graças à exteriorização miasmática dos seus pensamentos em desalinho e das suas personalidades enfermas...
Aglutinados em magotes compactos ou formando comunidades inditosas, constituem esses locais verdadeiras "cidades de dor", onde expungem, esses desventurados seres, os gravames que os ferreteiam, sicários uns dos outros, conforme as habilidades e as permissividades que cultivaram pela astúcia ou pela perversidade, enquanto transitaram pelo domicílio corporal...
Hebetados uns e enfurecidos outros, constituem estranha e inditosa mole que se movimenta sem direção, padecendo indescritíveis horrores ou produzindo deploráveis dores em si mesmos como no próximo, a quem se vinculam ou imantam consoante afinidades existentes que os fixa, reciprocamente, em vigorosas sintonias obsidentes.
O conceito teológico sobre o Inferno, extraindo-se dele o caráter de eternidade que não possui, empalidece, tendo-se em vista esses múltiplos submundos que se multiplicam terrificantes, quer na Terra, em locais específicos, quer em torno do Orbe, experimentando as mesmas conjunturas da gravitação a que se prende o Planeta...
Nessas lôbregas sociedades espirituais raramente vigem a piedade e a esperança, graças aos inconcebíveis conciliábulos da desdita que subjuga os ali recolhidos, cujos chefes draconianos se arrogam direitos de justiçar, perseguindo não apenas os que lhes facultam o assédio após a desencarnação, como os homens que lhes experimentam a influência por natural processo de vinculação moral e psíquica, em torpe comércio obsessivo de grave porte.
Sucede que a vida humana, assinalada pelo desequilíbrio na superfície do mundo, reflete só palidamente as realidades que promanam das Esferas Espirituais Inferiores, por serem nestas que surgem os fatores reais, modeladores daqueles insucessos... Dessa forma, em tais labirintos de pesadelos e horror, programam-se incontáveis desgraças, individuais ou coletivas, que estrugem violentas entre os deambulantes das formas físicas...
Nada obstante, o vigilante amor de Nosso Pai compadecido procede periodicamente a expurgos lenificadores, emigrações em grupo, encaminhando legiões desses desditosos, coletivamente, à experiência reencarnacionista, com vistas à melhoria deles e à diminuição da psicosfera que os envenena e degenera, perturbando, de certo modo, a economia moral da Terra...
Frequentemente, em nome desse amor, caravanas de abnegados enfermeiros espirituais e missionários da caridade condensam suas energias sutis e vão até esses dédalos de
alucinação e crime, usando a misericórdia e a solidariedade com que sensibilizam os mais feridos e agoniados, ajuntando-os a se renovarem interiormente, propiciando-lhes a modificação vibratória com que se deslocam mentalmente dos martírios que os supliciam e, sob a cariciosa vitalização da prece como da afetividade em redespertamento, permitem-se recolhê-los e encaminhá-los a ninhos de repouso e campo de refazimento, onde se armam de forças para os cometimentos futuros...
Abençoados por verdadeiros indultos divinos que lhes facultam o pagamento das pesadas dívidas em clima menos denso de angústia, nos círculos do sofrimento corporal e moral, são recambiados, logo possível, à carne, esse bendito escafandro para a atmosfera terrestre, nossa escola de redenção.
Ante o claro lucilar das estrelas em cada noite, sob o pálio da prece luarizante, tais Mensageiros da bondade e da renúncia descem às furnas ou deambulam nos rumos dos hospitais-purgatórios coletivos, a recolherem os arrependidos e os sensibilizados que foram atingidos pela magnanimidade do Cordeiro Celeste e de sua Augusta Mãe, a Excelsa Mãe de toda a Humanidade, sublime intercessora de todos nós.
Guardando, porém, com a retaguarda donde procedem, os vínculos de dor e aspirando as forças psíquicas com que se sustentaram longamente, trazem para os círculos carnais os sinais dos erros, os estigmas de que necessitam liberar-se, bem como as fixações da demência em que se escondem dos sicários ou as matrizes para oportunas realizações, em consórcio obsessivo com que seerguerão da desgraça e poderão alçar à felicidade os antigos asseclas, que lhes foram vítimas, ora travestidos em algozes impenitentes...
Na tecelagem dos destinos humanos, os fios que atam as malhas das redes dos compromissos procedem sempre das vidas transadas.
Nenhum acaso existe regendo ocorrências, nenhuma força fortuita aparece acolhendo a esmo.
Os atos geram efeitos que rumam na direção de opções ao alcance das circunstâncias para a eclosão das Leis Divinas, dentro do equilíbrio cármico, através das "causas e efeitos".
Em toda obsessão, simples ou subjugadora, como quer que se apresente, a trama dos destinos se situa no passado espiritual dos litigantes em forma de fatores causais.
Forrar-se de amor e conhecimento, a fim de ajudar com proficiência, tal deve ser a atitude de quem se candidata a esse ministério de terapia providencial.