minha viagem
oi. Comi cerca de dois amanitas pequenos secos na fogueira. Comi a 1h30. Começou a bater as 40hs.
1- No começo comecei a ficar mto eufórico. não parava de falar. me sentia livre. Pensava que podia dizer tudo. disse para uma menina: "posso falar o que eu quiser! sou livre! posso até dizer que sou gay!" Cada vez mais eufórico. Saí correndo pro meio do mato. Já estava bem descordenado. Sentei em posição de meditação e pensei: "vou ficar aqui até amanhã de manhã" (eram 4hs da tarde). Gritava com todos os meus pulmões. Dada a minha euforicidade, não consegui ficar ali e comecei a me aventurar no mato. Desisti e voltei para perto das pessoas. No início falava em forma poética. Abraçava as pessoas e falava de seus olhos, seus cabelos, etc.
2- Começou a tomar conta, a euforia só aumentava! Senti que iria "morrer", "sair", "viajar". "Pessoal, eu vou morrer!!!", falava. "Eu vou morrer, vocês todos vão testemunhar, eu vou embora!!!" "Eu vou ir e vcs devem seguir depois" "Vcs tem que se libertar", comecei a pular, "Estou indo, é muito bom!! Estou indo!!!"
3- Fui pra outro lugar. A partir daqui a descrição é muito difícil, embora para mim seja mais ou menos claro o que senti. Olhava para as pessoas e em cada uma via um exemplo de coragem. A separação eu/outro era meio difusa, mas não era uma união total, sabia diferenciar. Um exemplo de coragem que senti ao olhar para um homem foi que ele era uma mãe que havia se jogado em um canion em busca de seu bebê que havia caído. Eu era essa mãe e as pessoas que estavam a minha volta (realmente) me olhavam e eu viajei que em um primeiro momento as pessoas pensavam que a mãe (eu/o cara) havia morrido, mas depois a perceberam como viva. Não havia medo nenhum de nada, pois estava "morto". Qualquer forma de dor era insignificante, ilusória. A alegria aumentava cada vez mais. Pensava que tinha entrado no nirvana. Tinha a sensação de que a cada momento eu nascia, ouvia um choro de bebê.
4- logo a seguir a viagem começou a se tornar "cíclica". Parecia que eu tinha que "resolver um problema", ou "me livrar de algo", "me libertar de uma prisão", é difícil de descrever.
5- Acordei em um hospital. Tinha sido liberto, estava em uma espécie de "céu" e tinha que ajudar os outros a se libertaram. Lembrei de uma pessoa que eu considerava sábia na vida real e pensei que ela era um "buda" (na viajem). Fora através dela que adquirira os cogus (de verdade). E agora pensava que era meu papel libertar os outros, assim como ela me tinha liberto. Novamente me vi como um personagem (como na "visão da mãe"). Estava "encarnado" em uma pessoa que precisava ser liberta. Ouvia uma enfermeira ao meu lado dizendo "foi faca". Na hora o que senti foi que eu precisava, mentalmente, voltar ao exato momento do assalto e não temer a facada, assim me libertaria/a outra pessoa.
6- Novamente começou a viagem cíclica. (estas geram certa agonia, não é nada bom, é muito esforço). (Agora me vem na cabeça a imagem de uma moedinha girando pelos ares, uma metáfora para isto que chamo de "viagem cíclica". No entanto, depois de muito tempo, consegui resolver o problema: Olhei para uma enfermeira e ela me olhou nos olhos. Resolvido. Abriu-se um mosaico-asteca-chapado-transparente brotando do centro de seu corpo. Quando nossos olhares se chocaram foi como que um reflexo no espelho, que voltou pra mim, como um efeito Matrix. Então depois de voltar pra mim olhei para outro enfermeiro: saiu de mim, bateu na enfermeira, abriu mosaico, voltou pra ela foi para o enfermeiro. Ele falava outra língua como "uol, uol, uol". Depois voltou para a enfermeira que falava a nossa língua (na hora pensei: ela fala a língua "Wittgensteiniana" (filósofo da linguagem que estou estudando)).
[FONT="]7- O meu "resolver a charada", foi ter olhado para esta enfermeira e ter visto nela uma pessoa que conhecia. Quando nasci, deu no ... que eu era menina. Mas esta mulher era a única que olhava para a barriga da minha mãe e dizia: não, vai ser guri!! (eu sou do sexo masculino na vida real). Na viagem, no entanto, troquei as bolas e pensei: "essa pessoa x era a única que sabia, embora todos pensassem ao contrário, que eu era menina!!" É isso!!!
8- Um enfermeiro chegou pra mim e disse: calma cara, teus pais tão aí. "meus pais?? como assim?? eu vou voltar pra vida real??" "sim!, tu estás num hospital, tomou um cogumelo e caiu num barranco!" Então fui voltando a realidade. Pedi ao enfermeiro para chamar meu pai. Chorando, disse ao meu pai: "pai, tu confias em mim de verdade?" "tu confias em mim pai?" "sim, eu confio", respondeu. "Pai, eu sou gay pai, eu sou gay"!
9- No dia seguinte estava muito chocado, com certo medo devido a uma suposta proximidade com a morte e com medo de seqüelas. Dormi o outro dia inteiro e me senti cerca de 4 kg mais magro.
Relatos de terceiros: Antes de chegar no hosp., as pessoas que estavam comigo me diziam que eu saia correndo que nem louco, sem ver as coisas (tive muitas escoriações, inclusive me joguei em um arame farpado), depois ficava uns 10, 15 minutos pensando no chão e saia correndo de novo, não tinha como me parar, mas em nenhum momento estive agressivo, apenas descontrolado. No hospital, as pessoas diziam que eu gritava muito e dizia ser buda, ser o todo-poderoso. E gritava que era gay.
Conclusão: Pontos +: O amanita foi como um purgante que me fez cuspir coisas pra fora. Agora me conheço mais e estou aceitando a minha bissexualidade (embora ainda não totalmente).
Pontos -: angústia no dia seguinte; fiz o uso num local muito inapropriado que me causaram muitos problemas; medo de seqüelas (não houveram nenhuma pois não cheguei a entrar em coma); transtorno e perda de confiança enorme com familiares (família muito conservadora e religiosa).[/FONT]
oi. Comi cerca de dois amanitas pequenos secos na fogueira. Comi a 1h30. Começou a bater as 40hs.
1- No começo comecei a ficar mto eufórico. não parava de falar. me sentia livre. Pensava que podia dizer tudo. disse para uma menina: "posso falar o que eu quiser! sou livre! posso até dizer que sou gay!" Cada vez mais eufórico. Saí correndo pro meio do mato. Já estava bem descordenado. Sentei em posição de meditação e pensei: "vou ficar aqui até amanhã de manhã" (eram 4hs da tarde). Gritava com todos os meus pulmões. Dada a minha euforicidade, não consegui ficar ali e comecei a me aventurar no mato. Desisti e voltei para perto das pessoas. No início falava em forma poética. Abraçava as pessoas e falava de seus olhos, seus cabelos, etc.
2- Começou a tomar conta, a euforia só aumentava! Senti que iria "morrer", "sair", "viajar". "Pessoal, eu vou morrer!!!", falava. "Eu vou morrer, vocês todos vão testemunhar, eu vou embora!!!" "Eu vou ir e vcs devem seguir depois" "Vcs tem que se libertar", comecei a pular, "Estou indo, é muito bom!! Estou indo!!!"
3- Fui pra outro lugar. A partir daqui a descrição é muito difícil, embora para mim seja mais ou menos claro o que senti. Olhava para as pessoas e em cada uma via um exemplo de coragem. A separação eu/outro era meio difusa, mas não era uma união total, sabia diferenciar. Um exemplo de coragem que senti ao olhar para um homem foi que ele era uma mãe que havia se jogado em um canion em busca de seu bebê que havia caído. Eu era essa mãe e as pessoas que estavam a minha volta (realmente) me olhavam e eu viajei que em um primeiro momento as pessoas pensavam que a mãe (eu/o cara) havia morrido, mas depois a perceberam como viva. Não havia medo nenhum de nada, pois estava "morto". Qualquer forma de dor era insignificante, ilusória. A alegria aumentava cada vez mais. Pensava que tinha entrado no nirvana. Tinha a sensação de que a cada momento eu nascia, ouvia um choro de bebê.
4- logo a seguir a viagem começou a se tornar "cíclica". Parecia que eu tinha que "resolver um problema", ou "me livrar de algo", "me libertar de uma prisão", é difícil de descrever.
5- Acordei em um hospital. Tinha sido liberto, estava em uma espécie de "céu" e tinha que ajudar os outros a se libertaram. Lembrei de uma pessoa que eu considerava sábia na vida real e pensei que ela era um "buda" (na viajem). Fora através dela que adquirira os cogus (de verdade). E agora pensava que era meu papel libertar os outros, assim como ela me tinha liberto. Novamente me vi como um personagem (como na "visão da mãe"). Estava "encarnado" em uma pessoa que precisava ser liberta. Ouvia uma enfermeira ao meu lado dizendo "foi faca". Na hora o que senti foi que eu precisava, mentalmente, voltar ao exato momento do assalto e não temer a facada, assim me libertaria/a outra pessoa.
6- Novamente começou a viagem cíclica. (estas geram certa agonia, não é nada bom, é muito esforço). (Agora me vem na cabeça a imagem de uma moedinha girando pelos ares, uma metáfora para isto que chamo de "viagem cíclica". No entanto, depois de muito tempo, consegui resolver o problema: Olhei para uma enfermeira e ela me olhou nos olhos. Resolvido. Abriu-se um mosaico-asteca-chapado-transparente brotando do centro de seu corpo. Quando nossos olhares se chocaram foi como que um reflexo no espelho, que voltou pra mim, como um efeito Matrix. Então depois de voltar pra mim olhei para outro enfermeiro: saiu de mim, bateu na enfermeira, abriu mosaico, voltou pra ela foi para o enfermeiro. Ele falava outra língua como "uol, uol, uol". Depois voltou para a enfermeira que falava a nossa língua (na hora pensei: ela fala a língua "Wittgensteiniana" (filósofo da linguagem que estou estudando)).
[FONT="]7- O meu "resolver a charada", foi ter olhado para esta enfermeira e ter visto nela uma pessoa que conhecia. Quando nasci, deu no ... que eu era menina. Mas esta mulher era a única que olhava para a barriga da minha mãe e dizia: não, vai ser guri!! (eu sou do sexo masculino na vida real). Na viagem, no entanto, troquei as bolas e pensei: "essa pessoa x era a única que sabia, embora todos pensassem ao contrário, que eu era menina!!" É isso!!!
8- Um enfermeiro chegou pra mim e disse: calma cara, teus pais tão aí. "meus pais?? como assim?? eu vou voltar pra vida real??" "sim!, tu estás num hospital, tomou um cogumelo e caiu num barranco!" Então fui voltando a realidade. Pedi ao enfermeiro para chamar meu pai. Chorando, disse ao meu pai: "pai, tu confias em mim de verdade?" "tu confias em mim pai?" "sim, eu confio", respondeu. "Pai, eu sou gay pai, eu sou gay"!
9- No dia seguinte estava muito chocado, com certo medo devido a uma suposta proximidade com a morte e com medo de seqüelas. Dormi o outro dia inteiro e me senti cerca de 4 kg mais magro.
Relatos de terceiros: Antes de chegar no hosp., as pessoas que estavam comigo me diziam que eu saia correndo que nem louco, sem ver as coisas (tive muitas escoriações, inclusive me joguei em um arame farpado), depois ficava uns 10, 15 minutos pensando no chão e saia correndo de novo, não tinha como me parar, mas em nenhum momento estive agressivo, apenas descontrolado. No hospital, as pessoas diziam que eu gritava muito e dizia ser buda, ser o todo-poderoso. E gritava que era gay.
Conclusão: Pontos +: O amanita foi como um purgante que me fez cuspir coisas pra fora. Agora me conheço mais e estou aceitando a minha bissexualidade (embora ainda não totalmente).
Pontos -: angústia no dia seguinte; fiz o uso num local muito inapropriado que me causaram muitos problemas; medo de seqüelas (não houveram nenhuma pois não cheguei a entrar em coma); transtorno e perda de confiança enorme com familiares (família muito conservadora e religiosa).[/FONT]