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Problemático Tentativa de domesticação de P. Cubensis - Ilha de Mosqueiro

Diário de cultivo problemático.
Olá a todos, este é o diário de uma tentativa de domesticação de um cogumelo que foi colhido em 2010. Os carimbos estavam esquecidos e a algumas semanas os encontrei. Como não sabia nada sobre o armazenamento dos carimbos estava quase certo que eles já nem estavam mais utilizáveis, mas para tirar a dúvida contactei um amigo que me orientou a deixar a seringa descansando por um bom tempo antes de fazer uma inoculação.

(Um aviso antes de ler este diário, fique ciente que eu sou meio descuidado com assepsia e se de alguma forma isso incomodar algum membro, por favor, peço que este faça seu comentário somente depois da "raiva" passar.)

1 - SERINGA DE ESPOROS:A seringa foi preparada com 3ml de água mineral fervida e 1cm² do carimbo mais forte, a água ficou com esporos demais. Descansou por 24 horas e a agitei algumas vezes dentro deste tempo.

2 - PREPARAÇÃO DO PRIMEIRO POTE:
Coloquei o milho dentro de uma panela com água por 24 horas e após isso ele foi direto para dentro de um pote e esterilizei dentro de uma panela de pressão por apenas 20 minutos (contados após a panela começar a fazer barulho).
Fiz um pote com milho para pipoca e esperei o micélio crescer enquanto preparei mais alguns vidros com milho (tópico 4) para aumentar o micélio e ver se consigo um cultivo inicial e com os próximos carimbos pretendo fazer algo mais trabalhado.

3 - CRESCIMENTO DO MICÉLIO:
O micélio apareceu em 4 dias dentro do pote (o que me surpreendeu pois nem acreditava mais na validade dos carimbos armazenados sem cuidados).

Um pequeno ponto de contaminação foi encontrado na parte de cima do primeiro pote o que me fez abri-lo, remover o grão contaminado e espalhar alguns milhos já cobertos de micélio dentro dos outros potes (tópico 4.2).

4 - PREPARAÇÃO DOS POTES SECUNDÁRIOS:Consegui mais 5 potes iguais ao primeiro e outros menores, antes de toda a preparação pensei em algumas coisas que poderiam melhorar a qualidade do meu cultivo.
- No lugar de colocar muito milho dentro de um pote e correr o risco de contaminar uma pote inteiro eu deveria colocar somente um pouquinho de milho, para que o micélio tenha facilidade de colonizar tudo em pouco tempo.
- Posteriormente eu vou juntar os potes não contaminados num recipienta maior e fazer um casing OU ir adicionando substrato para aumentar o volume de micélio e fazer um casing dentro do próprio pote mesmo.
- Já que o micélio gosta de amido e provavelmente deve quebrar ele em "oses" menores, não seria bom alimenta-lo logo com glicose ou frutose e aumentar a velocidade de crescimento dele? Eu não pensei em nada que possa impedir isso.
- Eu moro num lugar muito quente, que tal se reduzisse a temperatura do ambiente a ponto do contaminante não conseguir de desenvolver? É que os micélios (da maioria dos cogumelos, psilocibe ou não) só aparecem espontaneamente nos pastos em épocas frias e então ele possivelmente não seria afetado pelo frio.
- Caso os potes não funcionem devo me resguardar já com um pouco de micélio no papelão.

Os potes secundários necessitaram somente da quantidade de milho que seria usado em um pote cheio. Desta vez lavei o milho, sequei coloquei tudo dentro de outra panela e adicionei água fervente, esperei 24 horas, troquei a água e fervi mais uma vez. Ficou em descanso por mais 24 horas e no final troquei a água e fervi mais uma vez antes de distribuir o milho nos potes.

4.1 - ESTERILIZAÇÃO DOS POTES SECUNDÁRIOS:
Os potes secundários foram lavados e ficaram dentro de uma bacia cheia de água e hipoclorito de sódio por algumas horas antes de serem utilizados.

4.2 - MONTAGEM E INOCULAÇÃO DOS POTES SECUNDÁRIOS:
O milho que foi fervido não foi para o processo de esterilização dentro da panela de pressão, os grão a esta altura já haviam rompido e a água fervida já tinha cozinhado quase tudo.
Antes de usar os potes ainda coloquei um pouco (pouco mesmo) de água mineral dentro de cada um e os coloquei no microondas por 3 minutos.

Distribui o milho igualmente nos potes, abri o primeiro pote e espalhei um pouco de micélio dentro de cada um dos outros potes recentes, alguns eu agitei e outros não para saber qual é o melhor método (parece que não houve diferença).

4.3 - PAPELÃO:
Separei alguns grão no papelão.

5 - ENCUBADORA:
Estão todos dentro de um isopor grande e a cada 6 horas o abro rapidamente para adicionar gelo dentro de uma garrafa PET cortada que também está lá para controlar a temperatura, pretendo arranjar uma maneira de abrir somente a cada 12 horas para fazer esta troca de gelo.

Em 48 horas os micélio está crescendo assustadoramente, eles cresceram 2cm em todas as direções no substrato e ficaram "arrepiados" com 1cm de micélio crescendo para cima, estão muito bonitos. Os que estão no papelão também estão bonitos mas não tão grandes.

IMG_20121203_112429.jpg IMG_20121203_112447.jpg IMG_20121206_130047.jpg IMG_20121206_181023.jpg

Aqui as fotos do papelão em 48 horas e do aspecto do micélio em um dos potes também em 48 horas (como eu disse, ele cresce rápido e para um carimbo antigo e mal cuidado ele está me deixando muito feliz):

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Última edição por um moderador:
Boa ontonho :)
Esses esporos que você esta trabalhando são de um exemplar colhido no pasto?
Não passou por nenhuma técnica de repicagem de micélio esteril?

Sigo acompanhando seus trabalhos, PARABÉNS e boa sorte.
Noix.
 
Boa @ontonho :)
Esses esporos que você esta trabalhando são de um exemplar colhido no pasto?
Não passou por nenhuma técnica de repicagem de micélio esteril?

Sigo acompanhando seus trabalhos, PARABÉNS e boa sorte.
Noix.

Eu consegui estes esporos num pasto em 2010, aqui o post que fiz da caçada:
https://teonanacatl.org/threads/grande-caminho-boa-recompensa.4772/

Não, mas eu pretendo selecionar micélio em placas assim tiver mais carimbos para trabalhar.
Obrigado pela força! :D
 
Lindo micelio ontonho,sigo acompanhando:)
 
Olá a todos, vou atualizar umas fotos e fazer uns comentários sobre o meu cultivo e coisas que eu observei nele.

Achei incrível que em 4 dias alguns potes já estão 100% cobertos de micélio e disso eu tenho duas suposições a fazer:
- Eu sei que estes potes que estão bem mais evoluídos são aqueles que eu resolvi não agitar depois da inoculação e esta pode ser a causa do crescimento ter sido mais rápido, eu sempre li que é bom agitar os potes para espalhar o micélio e acelerar o crescimento mas parece que comigo isso não aconteceu pois os potes agitados estão demorando para mostrar desenvolvimento.
- Ainda assim, os potes que estão com o crescimento retardado podem estar contaminados com alguma coisa que eu não estou conseguindo enxergar dentro do pote, afinal meus cuidados com todos eles foram mínimos.
IMG_20121211_103404.jpg IMG_20121211_103417.jpg IMG_20121211_103421.jpg IMG_20121211_103428.jpg

Agora a foto de um dos potes que eu agitei e onde o micélio está tendo dificuldade para crescer:
IMG_20121211_103524.jpg
Os pedaços de micélio estão espalhados pelo substrato de forma uniforme mas estão crescendo lentamente e eu ainda não consegui encontrar nenhum ponto de contaminação, que também é um palpite para esta demora.

De qualquer modo sei que se este cultivo chegar ao seu clímax com saúde e me presentar com carimbos (isto é o que eu mais quero desta vez) eu vou tirar esporos somente dos potes mais fortes.

E por fim, fotos do micélio do papelão que está tomando conta de tudo lá dentro. A propósito, o cheiro dele é muito delicioso!
IMG_20121211_105708.jpg IMG_20121211_105958.jpg
 
Vai fazer um G2G ao que entendi, vai retirar micélio vivo dos potes (tecido) e não esporos é isso?
Quanto a rapidez na colonização se tem que levar em conta também e até principalmente a quantidade em cada pote, é bem baixa, muito pouco substrato (milho), logicamente vai colonizar tudo em menos tempo.
 
Tupy, eu pretendo fazer (apenas) um casing com os potes mais fortes. Quero esporos no final de tudo, mas quero selecionar os esporos dos micélios/cogumelos mais fortes.
Eu coloquei a quantidade pequena para evitar perdas grandes, como eu havia previsto a minha falta de esterilização ia fazer alguns potes terem problemas.
Também estou pretendendo cultivar somente micélio, primeiro vou multiplicar ele no papelão e depois pretendo alimentá-lo com frutose e as vitaminas que forem necessárias sem fazer ele frutificar, questão experimental também. Imagino que seja possível ter um pote somente com micélio, a frutificação deste "algodão doce" seria gigante (eu suponho).
 
Tupy, eu pretendo fazer (apenas) um casing com os potes mais fortes. Quero esporos no final de tudo, mas quero selecionar os esporos dos micélios/cogumelos mais fortes.
Eu coloquei a quantidade pequena para evitar perdas grandes, como eu havia previsto a minha falta de esterilização ia fazer alguns potes terem problemas.
Também estou pretendendo cultivar somente micélio, primeiro vou multiplicar ele no papelão e depois pretendo alimentá-lo com frutose e as vitaminas que forem necessárias sem fazer ele frutificar, questão experimental também. Imagino que seja possível ter um pote somente com micélio, a frutificação deste "algodão doce" seria gigante (eu suponho).

Certo, entendi.
Selecionar esporos dos cogumelos aparentemente mais bonitos ou fortes não vai te garantir a mesma genética do cogumelo do qual retirou os esporos. Não é clonagem.

Multiplicar a rede micelial e não querer que ela frutifique (pois vai frutificar dentro da placa petri ou no próprio papelão), tem que estudar os processos de resfriamento (geladeira, etc) estaganar o crescimento.
 
Sim, entendo mas não estou pensando em clonagem mesmo, isso iria impedir a variabilidade e quero fazer do jeito "fácil" pois não tenho placas nem muito material para selecionar o micélio. :(
Isso que eu estava imaginando, diminuir a temperatura para tentar frenar a frutificação. Primeiro eu tive a (estúpida) ideia de remover as partes mais antigas do micélio para impedir a frutificação mas refletindo um pouco vi que isso não ia adiantar de maneira nenhuma, logo depois pensei em regular a temperatura por baixo. :)
 
Eu fiz uma solução com 50ml de água mineral e 1g de amido de milho. Primeiramente fiquei com receio de conseguir algum tipo de contaminação por usar este amido, então achei que seria uma boa fazer algum procedimento mais completo.

Eu coloquei a mistura no fogo baixo e fiquei mexendo o tempo todo com uma colherinha, quando chegava perto da fervura eu retirava do fogo e continuava mexendo, depois colocava no fogo mais um tempo e repeti este procedimento umas 5 vezes. Depois enchi somente duas seringas de 10ml (o resto foi jogado fora) as envolvi com papel alumínio ainda bem quentes e as coloquei no congelador em contato com um pedaço de gelo daqueles que eu faço para controlar a temperatura da encubadora, depois de 10 minutos tirei a duas e as mantenho num plástico dentro da encubadora.

Eu coloco uma ou duas gotas desta mistura no papelão bem próximo do micélio (por dia) porém ainda não vi nenhuma diferença dos que estão recebendo esta umidificação com amido dos que estão simplesmente em cima do papelão, o amido não provocou contaminação nenhuma por enquanto e vou continuar e ver se algum tipo de diferença se torna visível.

Mais algumas fotos do micélio. Eram dois pedaços de papelão, um deles foi dividido para eu tentar alimentar ele com algum tipo de polissacarídeo, o que aparentemente não está surtindo efeito.
IMG_20121213_123222.jpg IMG_20121213_123701.jpg

Se este procedimento continuar não funcionando eu pretendo modificar um pouco a solução e usar algum monossacarídeo, glicose ou frutose que eu tenho disponível.
 
Isso ai, vai anotando os parâmetros e as diferenças que possam surgir, esses estudos valem a pena!
boa sorte!
 
Olá gente, tenho uma pergunta sobre a opinião de vocês.
Um dos meus potes contaminou e eu vi a contaminação por bactéria bem no fundo logo que ela começou (e como cresceu rápido esta coisa). Este pote eu tirei de dentro da encubadora, removi a tampa de alumínio, cobri de terra e deixei embaixo de uma árvore (onde eu moro a umidade é sempre elevada, praticamente respiramos água por aqui e o calor também deve ser considerado). Pois bem, o micélio deste pote se recuperou e a contaminação simplesmente parou de crescer, estagnou totalmente e o cheiro característico de "azedo" sumiu! E mais, em 24 horas o micélio está tomando conta da terra de jardim que eu coloquei por cima, a terra preta está ficando branca.

Os potes saudáveis da encubadora continuam crescendo mas num ritmo bem mais lento. Vocês acham que eu devo fazer o mesmo com eles? Devo colocar todos ao ar livre (que parece estar sendo saudável ao crescimento)?

Nota 1: Eu sei que parece óbvio que eles gostariam do ambiente do qual eles já estavam acostumados a crescer desde sempre, mas de qualquer modo se eu optar em por todos do lado de fora eu estaria comprometendo os carimbos 'limpos' que posso conseguir e agora estou na dúvida.

Nota 2: Vejam como o micélio de fora (que estava quase morrendo) parece estar bem mais "feliz" que o outro do isopor:
IMG_20121215_152508.jpg IMG_20121215_152916.jpg
 
Os potes saudáveis da encubadora continuam crescendo mas num ritmo bem mais lento. Vocês acham que eu devo fazer o mesmo com eles? Devo colocar todos ao ar livre (que parece estar sendo saudável ao crescimento)?


Se não estão contaminados sou da opinião que você deve prosseguir com o cultivo deles normalmente, sem partir para o outdoor.
 
Mantenha isolado dos demais. Contaminação por bactérias é muito sutil e muitas vezes invisível a olho nú.
 
Olá a todos, acho que hoje ainda eu conseguirei postar fotos novas do cultivo, fiz uns pequenos casings e o micélio já está cobrindo a terra de alguns deles. Como disseram os amigos Ecuador e tupy eu resolvi deixar os da encubadora no lugar que estão e protegidos, porém notei que estavam um pouco secos demais e a umidade dentro do isopor estava visivelmente baixa (o casing estava se compactando e ficando menor que o recipiente e não veio nem o primeiro flush ainda), então resolvi comprar uma bombinha de aquário, coloquei a mangueirinha dentro de um recipiente de água lá dentro e acho que assim a umidade pode ficar mais confortável.
Tendo isso posto, queria outra opinião:
Eu estava pensando se não seria uma boa colocar um pouco (pouco mesmo, menos de 10 ml) de água oxigenada dentro desta água que está lá dentro sendo usada para aumentar a umidade; eu li que os fungos, diferente das plantas, precisam de O2 para crescerem. Eu sei que a água oxigenada é usada para matar contaminantes quando colocado em contato diretos com eles, mas neste caso não haverá contato, acham que eu devo experimentar?
 
Última edição:
não sei se vai te ajudar em algo essa opção ontonho, não deve notar diferença alguma.
 
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