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Saindo do armário

Sobre a questão de sair do armário e falar que usa drogas ilícitas... Como dizer...

Quando alguém virar pra você e falar: "você usa drogas!" com reprovação você olha no olho dele com firmeza e olhos bem fixos lá dentro, a cabeça até inclina pra frente de intensidade pra falar "uso!" com um balanço firme de cabeça, e termine com um sorriso. Pelo tom de voz o sujeito deverá entender que há um "e daí?" implícito, mas não perguntado. Ato contínuo, verá alguém que tentou lhe fazer abaixar a cabeça ficar desde com o rabo entre as pernas até simplesmente sem graça.

Ou então ele vai rir.

As pessoas quando tentam dar lição de moral e vêem que não conseguem, notam que são insignificantes perante quem tentaram, com isso o instinto em ser valorizado bate na maioria delas e a pessoa passa a ser um serzinho dócil com você. Aquelas que não batem insegurança simplesmente se afastam e te deixam em paz.

Eu me imponho bastante, mas a um nível que as pessoas me forçaram a chegar quando tentaram me sufocar pelo meu uso de drogas. Não fossem as tentativas até mesmo de armarem flagrantes contra mim, e as difamações que sofri, hoje ainda seria alguém que acende um incenso. Eu fumo e que convivam, que estou dentro da minha casa. Vai sentir cheiro de maconha, sim, o dia inteiro, todo dia, toda hora, da hora que eu acordo à hora que vou dormir - se eu estiver numa fase que quero fumar maconha. Vai ouvir Pink Floyd de meio dia de sábado até o fim da noite de domingo comigo berrando louco de LSD. Eu tenho a minha vida, eu me sustento, eu tenho minhas responsabilidades, ninguém fora da minha casa vem aqui pra lavar a minha cueca, pagar minhas contas, nem tampouco abrir as pernas pra eu aliviar o meu tesão. Que venha de graça pois minhas reações vão surpreender sem precisar recorrer à violência.

A última ouvi alguém passando e reclamando alto com os amigos: "porra, que abuso, todo dia, esse cara fuma todo dia, todo dia esse cheiro o dia inteiro". Bem, já que a pessoa não fez questão de falar baixo, eu fiz a questão de sair de casa e ir pra porta, com um sorriso bem largo no rosto. Olhei pro lado, olhei pro outro. Tinham muitos adolescentes na rua nesse dia, então não sabia quem era ela. Mas tinham alguns perto de mim que me ouviram falar: "puxa vida, a pessoa passa aqui e reclama, ai quando eu desço pra chamar pra tomar uma cerveja comigo, não vem...", e entrei de volta.

Foi a última vez que ouvi algo. Porque uma coisa é o doido que quando você fala reage com agressão, e esse provoca o ego alheio. Outra coisa é o doido que, quando ofendido, te chama pra tomar uma cerveja, pra ser seu amigo. Porque aí as pessoas, infelizmente, escolhem parar de perturbar a fazer uma nova amizade.

Não digo que sou exemplo pra ninguém, eu fui forçado a tanto porque na época em que quase morri de uso de drogas por depressão tentaram ainda pisar na minha cabeça, e quase acabaram com a minha vida - como se não bastasse eu mesmo quase me matar sem a ajuda deles. Mas eu tava fraco e chutaram cachorro morto. Até que o cachorro um dia se reergueu e latiu de um jeito tal que, humilhados aqueles que me prejudicaram de má-fé, viram os demais que é melhor cada um cuidar da própria vida.

Hoje sou um doido até que bem considerado. É agradável, após dias inteiros de música estourando o volume e fumaça sem parar, no silêncio, escutar os comentários "ah, hoje ele tá com os filhos dele por isso tá quieto, aí fica cuidando das crianças", num tom de "nossa, ele é doido mas é responsável e cuida bem dos filhos".

No mais, eu tenho muita argumentação pra quem vier falar merda porque uso maconha. É só começar a esfregar minhas realizações profissionais e acadêmicas na cara do sujeito, que muitas das vezes não recebe nem a metade da metade do meu salário, aliás. É só começar: "e aí, ficou em primeiro lugar em algum concurso?", "conseguiu bolsa integral disso disso e disso por mérito?", "quanto você ganha por mês?"... "Uai, olha, o maconheiro aqui conseguiu, é mais competente que você, ou então você é que muito do burro, então pare de falar merda na porra do meu ouvido, entendeu, burrão?"

Isso, claro, quando o diálogo é de pessoa pra pessoa. Ao lidar com grupos, como pessoas na rua ou em outros ambientes, a conduta de resposta não é argumentativa (não argumente ou irá aumentar os ataques), mas sim deve mexer com os instintos coletivos, através de uma conduta firme e focada. No caso, o doido que provocado chama pra virar amigo funciona melhor que qualquer gritaria de "não mexam comigo que sou perigoso", o que sempre vira razão de chacota.

Lá no começo de tudo quando eu estava mal, escutei até que iam me matar. Quando chamei o ameaçante pra dentro, já eu restabelecido, bem, ele não veio me matar... Pois é... Aí a namorada dele terminou com ele, por ser mentiroso, acreditam nisso? Ele falava essas merdas pra impressioná-la antes de ficar com ela. Aprendeu a falar menos, com certeza, ou pelo menos mais baixo quando for falar algo assim.

As pessoas são covardes, entendam isso, no sentido de que, quando elas agem em grupo, se transformam, tomam coragem, falam o que querem, se outorgam a divindade da verdade ética e moral por terem apoio de outros. Quando sofrer esse tipo de pressão de grupo, simplesmente procure manter o máximo de indiferença externa ou "pokerface" (sim, dói muito por dentro a crueldade humana, mas não reaja, apenas aja) e prossiga com a sua vida. Se você for uma boa pessoa, em alguns anos o mundo dará voltas que você nem acredita, e quem te acusava sofrerá ainda nesta vida o golpe de ter agido de má-fé.

E é como termino este desabafo. Esta fase da minha vida acabou de acabar. Foram 2 anos até que tudo (absolutamente tudo) se voltasse ao meu favor e a verdade fosse revelada: eu sou uma boa pessoa, me sacanearam por conta de ser usuário por um fugaz momento infeliz da minha vida pelo qual me taxaram. No fim, quem tentou me prejudicar que saiu prejudicado. Mas não tem nada não. Até para estes - que se enforcaram tentando me enforcar - eu, se possível, vou dar a mão pra ajudar se precisarem, com um sorriso e sem ferir-lhes o orgulho nem lembrar-lhes o mal que me fizeram.

Um fato engraçado nisso tudo foi o seguinte... Eu vivia minha vida quieto, ninguém prestava especial atenção em mim, era um doido normal. Após virar foco da fofoca e piadas, as pessoas foram observando as minhas melhoras e isso começava a refletir de volta pra eles e a melhorar a vida deles. Um dos casos mais engraçados foi um no qual ouvi uma briga da vizinha com o marido, onde pedia que lhe tratasse com mais carinho e reconhecimento, que lhe reconhecesse as capacidades, que queria ser elogiada, e ele reclamou que "você quer que eu te trate como o veado (ah sim, esqueci de falar que parte da difamação dizia respeito à minha orientação sexual... mas eu pergunto: e se eu fosse "veado", o que que isso teria de problema? O que eles teriam a ver com isso de qualquer forma? Porra, se metam com a merda de suas vidas!!! Francamente...) trata a esposa dele". Ato em que pensei: "tá vendo, não ficasse vigiando a minha vida não passaria por isso. Mas pelo menos deve ajudar em algo se ele melhorar com a esposa dele".

Um outro fato engraçado é que um sujeito conhecido de vista que é realmente gay resolveu sair do armário! (Que briga feia com o pai...) Ele viu que um hétero (o tal radar deles não apita comigo) conseguia sobreviver, se impor e ser respeitado com o rótulo indevido de veado, então ainda mais possibilidade de sobreviver a tal trauma teria um homoafetivo de verdade... Mais uma coisa boa que adveio dessa história. Eu até zoo um amigo gay que tenho: você aí cheio de medo de contar pra família já com duas faculdades nas costas e se sustentando, e eu que nem sou consegui sobreviver a uma onda difamatória e ainda passei a ser de certa forma admirado.

No fim das contas, as pessoas aqui viram, através de uma série de eventos que eu sou tão gente boa que até amenizaram esse papo de ser veado ou não. Daí, isso foi tosco, começaram a me testar ("como pode, gente boa e veado?.." putz, que merda de mundo...) e, numa situação em que caí no teste sem querer porque estava louco (não vou ficar reafirmando minha sexualidade pros outros...), elogiei a namorada de um bombado de um jeito tão tranquilo, mas tão tranquilo que até o cara me achou gente boa! E assim até o rótulo de veado sumiu.

Com isso, toda a história teve fim. E sem querer vim lhes contar. Cabe a vocês tirarem algum aprendizado do sofrimento pelo qual passei caso vocês também passem por algo parecido: cuide da sua vida e seja uma boa pessoa que o tempo irá expor os verdadeiros vilões da história, e isso não falha; ou então pode simplesmente achar que inventei tudo pra me gabar. Bem, já sabe que, muito provavelmente, não vou me importar com a opinião de quem, lendo este texto, sentir-se de alguma forma inferiorizado por achar que o que eu narrei é algo impressionante demais pra um mero maconheiro conseguir, ou um doido como eu.

Sou acostumado a ser subestimado, e também a dar a resposta apropriada...

Bem... se resolva em relação a mim se minha história lhe incomoda, é como digo. Viva a sua vida que a minha já é bem sofrida sem seus problemas de autoestima se projetando sobre mim.

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Bem, dito isto, eu não discuto mais sobre legalização das drogas com ninguém. Apenas remeto ao voto do Ministro Roberto Barroso que simplesmente derruba todos os argumentos contrários à descriminalização, em especial, da maconha:



Nem perca tempo conversando. Anote o link e mande a pessoa ver. Se ela vir e continuar pensando como pensa, desista porque não há mais argumentação possível, nem mais clara ou bem delineada.

E viva a sua vida, afinal.

Deixemos que os velhinhos do STF farão o que é certo, e em breve esta violência sem sentido da guerra contra as drogas será apenas mais um negro capítulo nos livros de História.
 
Última edição:
Esse é o @ExPoro valentão que a gente conhece ...
 
Que venha de graça pois minhas reações vão surpreender sem precisar recorrer à violência.

Porque uma coisa é um doido que quando você fala reage com agressão, e esse provoca o ego alheio. Outra coisa é o doido que, quando ofendido, te chama pra tomar uma cerveja, pra ser seu amigo. Porque aí as pessoas, infelizmente, escolhem parar de perturbar a fazer uma nova amizade.

No caso, o doido que provocado chama pra virar amigo funciona melhor que qualquer gritaria ou "não mexam comigo que sou perigoso", que sempre vira razão de chacota.

Até esses que se enforcaram tentando me enforcar eu, se possível, vou dar a mão pra ajudar se precisarem, com um sorriso e sem ferir-lhes o orgulho nem lembrar-lhes o mal que me fizeram

Quando sofrer esse tipo de pressão de grupo, simplesmente procure manter o máximo de "pokerface" (sim, dói muito por dentro a crueldade humana, mas não reaja, apenas aja) e prossiga com sua vida. Se você for uma boa pessoa, em 1 ou 2 anos o mundo dará voltas que você nem acredita, e quem te acusava sofrerá ainda nesta vida o golpe de ter agido de má-fé.

Cabe a você tirar algum aprendizado do sofrimento pelo qual passei caso você também passe por algo parecido: cuide da sua vida e seja uma boa pessoa que o tempo irá expor os verdadeiros vilões da história, e isso não falha; ou então pode simplesmente achar que inventei tudo pra me gabar.

Bem... se resolva em relação a mim se minha história lhe incomoda, é como digo. Viva a sua vida que a minha já é bem sofrida sem seus problemas de autoestima se projetando sobre mim.
 
Última edição:
valentão
va.len.tão
adj (valente+ão2) 1 Diz-se do indivíduo que é muito valente. 2 Fanfarrão. 3Gabarola. sm Indivíduo valentão. fem: valentona.


Essa mensagem merece até uma retrospectiva dos piores momentos (abaixo).

Escuta, eu como sou favorável à liberação dos psicoativos em geral, posso te pedir um favor? Você pode começar a falar que NÃO É a favor da liberação de nada? :roflmao:

É que esse seu comportamento vai causar estragos a qualquer movimento ou pessoa que seja associada a ele. Você pode até estar pensando que está abafando como o maluco doidão boa praça, mas, sinceramente, eu duvido.



Eu me imponho mesmo

Eu fumo e minha rua que aceite. Vai sentir cheiro de maconha, sim, o dia inteiro, todo dia, toda hora, da hora que eu acordo à hora que vou dormir - se eu estiver numa fase que quero fumar maconha. Vai ouvir Pink Floyd de meio dia de sábado até o fim da noite de domingo comigo berrando louco de LSD.

A última vez que algum vizinho parou pra se engraçar, foi alguma adolescente que ouvi passando aqui em frente e reclamando alto com os amigos: "porra, que abuso, todo dia, esse cara fuma todo dia, todo dia esse cheiro o dia inteiro". Bem, já que ela não fez questão de falar baixo, eu fiz a questão de sair de casa e ir pra porta, com um sorriso bem largo no rosto. Olhei pro lado, olhei pro outro. Tinham muitos adolescentes na rua nesse dia, então não sabia quem era ela. Mas tinham alguns perto de mim que me ouviram falar: "puxa vida, a pessoa passa aqui e reclama, ai quando eu desço pra chamar pra tomar uma cerveja comigo, não vem...", e entrei de volta.

Hoje sou um doido admirado na minha rua. É agradável, após dias inteiros de música estourando o volume e fumaça sem parar

No mais, eu tenho muita argumentação pra quem vier falar merda porque uso maconha. É só começar a esfregar minhas realizações profissionais e acadêmicas na cara do sujeito, que normalmente não recebe nem 1/8 do meu salário, aliás. É só começar: "e aí, ficou em primeiro lugar em algum concurso?", "conseguiu bolsa integral disso disso e disso por mérito?", "quanto você ganha por mês?"... "Uai, olha, o maconheiro aqui conseguiu, é mais competente que você, ou então você é que muito do burro, então pare de falar merda na porra do meu ouvido, entendeu?"

Lá no começo de tudo quando eu estava mal, escutei até um vizinho falando pra uma vizinha que ia me matar. E quando chamei o ameaçante pra dentro, já eu restabelecido, bem, ele não veio me matar...

As pessoas são covardes, entendam isso.
 
@Ecuador, todas as frases que você citou foram coisas que fui levado a fazer pela crueldade alheia. Eu não devo deixar de falar sobre minha condutas bem-sucedidas de sobrevivência porque vão soar arrogantes. Tem muitos ai pelo mundo que estão abaixando a cabeça, eu não. Também não levantei demais o queixo, apenas vivi. Eu era um cara que ficava na minha, não mexia com ninguém. Eles vieram, eles fizeram isso acontecer.

Reconheço o tom de voz de raiva em alguns trechos, mas eu também tenho mágoa de tudo que ocorreu, mesmo trabalhando o perdão ativamente.

Enfim, até na vez que chamei o cara que me ameaçou de morte pra vir falar comigo, não usei de violência nem de ameaça, apesar de ter sido contundente. Foi a única situação de toda essa história que eu poderia ser classificado como agressivo ou valentão (edit: tiveram outras também, mas sempre havia justiça nos meus sentimentos). Mesmo assim no fim eu tava gritando claramente que só queria conversar. O resto... O resto foi tudo bem sutil, e quase como se eu não fizesse nada. O mundo que tratou de dar voltas.

Esta é minha história recente, e foi bem sofrida. Mas parece que a parte em que sofri é ignorada, mas sei que não propositadamente. Só se fixam na parte em que eu teria algum mérito e a usam para desvalorizar minhas qualidades atribuindo arrogância e com isso desvalorizam um eventual exemplo que podia ser tirado dessa história de vida, não ficção. Você ainda foi gentil em colocar o sarcasmo nessas palavras da penúltima postagem, @Ecuador.

Em resumo, dei a volta por cima sem precisar bancar o valentão, mas sendo simplesmente uma boa pessoa.

Funciona mais ser uma boa pessoa do que ser um valentão, seja físico ou cibernético, @Ecuador, para fins de conseguir fazer com que as outras pessoas cessem comportamentos infelizes, pois no fundo todos só querem ser felizes e amados, e todos são dignos de amor. Claro, ser boa pessoa não exclui ação firme, repito; mas firmeza não significa truculência nem violência.

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Em relação a esfregar os meus méritos na cara de quem vem falar besteira sobre ser usuário... Bem, me parece mais errado quem vem se meter com a minha vida sem ser chamado.

Afinal, quem fala o que quer escuta o que não quer.

Escuta, eu como sou favorável à liberação dos psicoativos em geral, posso te pedir um favor? Você pode começar a falar que NÃO É a favor da liberação de nada? :roflmao:

É que esse seu comportamento vai causar estragos a qualquer movimento ou pessoa que seja associada a ele. Você pode até estar pensando que está abafando como o maluco doidão boa praça, mas, sinceramente, eu duvido.

:D

Olha, eu sou um desses que as pessoas conhecem e falam, quando eventualmente falo sobre erva ou psicodélicos: "poxa, nada a ver a visão que a gente tem de usuário de drogas ao falar com você, na verdade, nem dá pra imaginar..." (e citam a casa bonita, o emprego, a aparência, etc.). Problema é que ao longo deste ano de CM só mostrei meu lado doidão, e agora a má fama tá feita e vou morrer sem ser levado a sério nessa bagaça :roflmao:.

Ao vivo, sou uma pessoa que faz algumas (de mente aberta) repensarem o preconceito contra as drogas, porque estou fora de todo estereótipo, exceto quando abro a boca pra falar de psicoativos. Durante meus anos da faculdade, nunca fumei sequer um cigarro no corredor e ninguém pensava que eu tivesse vida própria. Sempre na frente da sala, etc., por muitas vezes fui a primeira opção de diversas pessoas em assuntos sérios, como oferta de estágio. Mas, à noite, em casa, pirava o cabeção.

Mas eu não estou abafando nada, meu amigo... Apenas saí de um estereótipo escroto que tentaram me incutir pra um melhor. Nem todo usuário tem a casa suja, nem todo usuário não sabe cuidar do próprio filho, nem todo usuário vai quebrar a cara por ser usuário ou terá de ser infeliz por ser usuário, e nem todo usuário tem que ter vergonha de ser usuário. Eu sou um usuário bem-sucedido na família, no amor e no emprego, após 30 anos de intenso sofrimento de vida. Eu tenho o direito a esse instante de felicidade porque eu cultivei tudo de bom que estou colhendo. Amanhã tudo pode se desfazer, mas é a realidade agora. E um dos aspectos doces dessa realidade momentânea é que sou um "doidão" que serve de exemplo de como ser "usuário" não é antônimo de vida feliz e bem construída.

Agora que a vida me forçou a revelar que sou doido pra muito mais gente do que planejava e mais um pouco, eu apliquei aquela regra: "não há má publicidade" e a vida tratou de inverter tudo ao meu favor.

Por fim, não sou exemplo pra ninguém. Acho que a invertida que ocorreu foi coisa de Deus, que resolveu me dar uma mão nessa. Mas, sem uma postura firme e focada, não teria santo que desse jeito - "ajuda-te a ti mesmo que o céu te ajudará".

O que diria a todos que tiveram parte nisso, de coração, é que eu entendo porque fizeram isso, dos adultos aos adolescentes - sendo que aqueles são mais reprováveis, pois estes são jovens nos primeiros passos para a maturidade. Isso já passou, que cada um siga com sua vida. Que no exemplo da fofoca tenham aprendido alguma coisa, porque eu aprendi a ser mais forte. Desejo a eles todo amor e felicidade em suas vidas, porque eu sei que quando as pessoas erram dessa forma é porque acreditam de algum jeito que poderiam ser mais felizes com seus erros. As pessoas são cruéis porque não sabem que existem melhores caminhos de agir, mas todos um dia serão pessoas melhores.

O que narrei aqui foi uma história em que fui vítima, não algoz, e uma vez exposto, assumi como usuário e possibilitei que as pessoas reformassem o preconceito que tinham. Como dizer, jogaram a merda no ventilador? Eu fui pra baixo dele pra receber o banho completo. E depois que quem você quer sujar de merda não se importa de estar fedendo, o que sobra pra quem jogou a merda no ventilador? Limpar os respingos que bateram nele, que incomodam muito mais.
 
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Funciona mais ser uma boa pessoa do que ser um valentão


Eu também acho, mas continuo achando que seu comportamento é o de um valentão. Não importa que você não tenha chegado às vias de fato. A definição que postei foi extraída de um dicionário. E boa parte, talvez a maior parte, dos valentões não chega às vias de fato.

E ainda por cima tem certos componentes inadequados, como ouvir música alta e ficar berrando. Você não percebe que isso perturba a pessoa que quer ficar no silêncio da sua casa, por exemplo? E ainda não entende porquê você, por sua vez, foi ou é perturbado de volta?



Você realmente não vê algo incongruente nas duas frases abaixo?

Eu era um cara que ficava na minha, não mexia com ninguém.

Vai ouvir Pink Floyd de meio dia de sábado até o fim da noite de domingo comigo berrando louco de LSD.
 
Você não percebe que isso perturba a pessoa que quer ficar no silêncio da sua casa, por exemplo? E ainda não entende porquê você, por sua vez, foi ou é perturbado de volta?

Aí é que tá o pulo do gato.

Todos têm a maior disposição pra falar mal quando a gente tenta ser educado, ficar quieto, não bagunçar. Eles que vieram buscar o que eu fazia dentro da minha casa em silêncio pra infernizar a minha vida!!! Eles que vieram, @Ecuador , eu nunca fiquei estourando o volume da minha casa até então. Eu não fui usar drogas na rua. O começo da história lá atrás foi uma invasão de privacidade da minha residência! Um absurdo do começo ao fim! A situação aqui é que eu fui vítima, por mais que seja difícil de você acreditar, eu sou o oposto de um valentão.

Bem, mas sabe o que é engraçado sobre a coisa do som?

Eu só espero que um legítimo incomodado venha cá, tocar a campainha e pedir para abaixar o volume que eu o farei de boa vontade, a depender da hora e do motivo do pedido, e se não estiver no meu ritual litúrgico. A lógica é simples: não é fácil falar mal de mim? Então por que não é fácil simplesmente vir aqui me pedir pra abaixar o volume que, se eu quiser (porque dentro da lei) e por educação, abaixarei? Sem razão pra medo. Ora, ora, ora... Toque a campainha e seja cordial, simples assim. Eu só estou me divertindo na minha casa, e não tenho que adivinhar os problemas alheios. E, aliás, meu som não é capaz de fazer esporro tal a ponto de chamarem a polícia.

Eu sou gentil, mas sou firme e reajo, principalmente porque diante do meu bom trato existe muito abuso de terceiros; é muito comum gentileza gerar tentativas de humilhação, na verdade. E a experiência de vida me ensinou que preocupação demais com os outros é paranoia e quase sempre as respostas são agressivas de quem justamente a gente se preocupa. No fim só resta a raiva se a outra pessoa não for reconciliadora. Por isso, melhor deixar que os incomodados se manifestem e não assumir que estou incomodando. Sei que meu vizinho, nas boates de fim de semana que fazia até uns anos atrás, não se preocupava e o som era bem pior.

Valentão? :( Se você entende que alguém que ao ter o calo pisado reage e empurra quem lhe pisou no pé é valentão, então O.K. Eles estão apenas colhendo o que plantaram.

Sabe... Me pergunto quantas vezes você se submeteu à crueldade de grupos, @Ecuador , ou se você sempre esteve na boa imagem das pessoas ao seu redor, desfrutando sempre de uma posição confortável, sem ser provocado nem acuado até ser forçado a agir sob pressão quando impossível fugir. Olhe pra trás e veja aquele momento em que você estava quieto, foi provocado, magoado, machucado, fisicamente ameaçado, humilhado, exposto, apenas não foi expulso, por alguma razão; mas isso lhe parecia pior, porque lhe obrigava a conviver, a se submeter aos olhares de desdém, de deboche, ao cinismo, ao sarcasmo daqueles que se julgam melhores por alguma razão. Agora lhe perguntaria se o peso da injustiça e da maledicência da situação da qual lembrou chegou a um tal ponto que te fez adoecer até vomitar, pra citar o momento em que eu mais senti a pressão psicológica, o ápice da tortura mental que me impuseram. Você pode não ter chegado a esse extremo, mas se lembre, pra ter empatia por pelo menos uma parte do que senti; porque com tudo que falei, nas suas respostas saio de vítima e viro algoz. E olha que eu perdoei todo mundo, malgrado os deslizes de raiva e rancor ao digitar algumas coisas.

Sabe, até meu filho estava pra ser prejudicado pelas fofocas, a situação era muito grave por conta de maledicência, e é impossível passar o quadro completo. Repito: até meu filho ia ser prejudicado, eu apenas aprendi a me adaptar. Pareço valentão? Então que seja, meu amigo, que seja... Mas saiba que nem as pessoas aqui na rua me vêem assim. Elas hoje em dia enxergam apenas como eu sou: um pai amoroso que queria ser deixado em paz... e que curte um som alto quando tá doido.

Mas também minha vida não é som alto 24/7, isso foi durante a viagem da minha esposa e quando não estava com meu filho em casa... Na maioria das vezes eu inclusive fecho a janela e fico só no meu mundo aqui dentro. Não preciso ficar me impondo, apenas também não preciso mais ficar me escondendo.


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Bem, de volta ao assunto do tópico...

Agora uma paráfrase do McKenna segue para todos os caretas que enchem o saco da gente pelo mundo:

Sou usuário de psicoativos e tenho orgulho de ser. Pra mim, não é um problema. Se existe um problema, esse problema é seu e somente seu. Resolva-se.
 
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Bem, de volta ao assunto do tópico...

Agora uma paráfrase do McKenna segue para todos os caretas que enchem o saco da gente pelo mundo:

Sou usuário de psicoativos e tenho orgulho de ser. Pra mim, não é um problema. Se existe um problema, esse problema é seu e somente seu. Resolva-se.


Isso não é voltar ao assunto do tópico. É mais do seu assunto.

Aliás, uma frase bem egoísta do Mckenna, não? É claro que o que você faz não afeta somente você. Nem com psicoativos nem em qualquer outra atividade humana. A não ser no caso improváveis de pessoas isoladas de família, e sem relações com companheiros e amigos. E mesmo essas pessoas podem vir a causar danos a terceiros sem relação direta com a história.

Creio que o Mckenna nunca usou estimulantes pesados ou sintéticos sequelantes, mas na verdade nem é preciso ser usuário disso ou daquilo para desencadear crises de humor e outras instabilidades. Basta álcool, outras drogas legais e psicoativos legais ou não erroneamente tidos como "leves". E as crises resultantes afetam todos à sua volta que se importam com você. E com esse detalhe (irônico?). Afetam principalmente os que se importam com você, quer você se importe com eles ou não. A não ser em caso de danos diretos à terceiros.


Agora, realmente partindo para o off-topic, no budismo se diz que a delusão de um eu (ou self) com existência inerente, e separado de tudo e de todos é uma causa particularmente poderosa de carma ruim, sofrimento, mais delusão, e de não conseguirmos purificar a mente para sair do samsara.

Quem sabe na sua próxima experiência com cogumelos você sinta a integração com o todo que é uma pista de que nada está isolado?
 
Primeiramente, obrigado por estas palavras:

E as crises resultantes afetam todos à sua volta que se importam com você. E com esse detalhe (irônico?). Afetam principalmente os que se importam com você, quer você se importe com eles ou não.

Me emocionaram a ponto de eu não conseguir te responder por dois dias. E são palavras dignas de reflexão, sim.

Mas em relação a esta passagem:

Isso não é voltar ao assunto do tópico. É mais do seu assunto.

Tenho que discordar.

A frase do McKenna tem tudo a ver com o tópico.

Imagine que o tema fosse "sair do armário" em relação aos homoafetivos, realidade que originou esta metáfora agora utilizada pelos usuários de drogas. A paráfrase ficaria assim: "Sou homoafetivo e tenho orgulho de ser. Pra mim, não é um problema. Se existe um problema, esse problema é seu e somente seu. Resolva-se". Creio que assim fica mais evidente como a frase está dentro do tópico. E lembrando que até poucas décadas atrás a homossexualidade estava no catálogo mundial de doenças, e que homoafetivos eram considerados pessoas de má influência para crianças (ainda hoje há uns toscos que pensam assim), haveria mais que argumentos para mostrar como se expor como gay afetava as pessoas à volta dele. Mas não é este o ponto.

O ponto é que quando você se expõe ao mundo como usuário, vão ter pessoas que não te amam, não te querem bem, que não sabem cuidar da própria vida e acham que podem substituir a própria visão do mundo deles à sua. E para eles, quem "sair do armário" dos usuários de drogas tem toda a razão de dizer:

Sou usuário de psicoativos e tenho orgulho de ser. Pra mim, não é um problema. Se existe um problema, esse problema é seu e somente seu. Resolva-se.
(o "resolva-se" é o meu tom pessoal de falar)

Afinal, é inútil "sair do armário" de usuários de drogas e ficar aceitando passivamente tapa na cara de quem se pensa melhor que você porque não usa drogas, quando muitas vezes é um ser Humano (ainda) deplorável, que agride a esposa, estupra a filha, mas faz tudo no silêncio da noite, nem ninguém ver, pra depois ir acusar quem fuma uma erva abertamente e defende a legalização.

A ideia de "sair do armário" é de mostrar a dignidade de quem usa drogas e não se destrói; é de derrubar preconceitos. E quem se expõe sabe que, exposto, se não demonstrar muita firmeza, as pessoas à volta vão tentar te esmagar. Claro, não possui este conhecimento, ao menos na pele, quem nunca se expõe a nada.

No mais, o tema é tão dentro do tópico que o vídeo do McKenna em que ele fala essa frase é o mesmo em que ele evoca os usuários a saírem do armário.

Sair do armário não significa se expor passivamente a pedradas, mas sim mostrar altivamente a validade de uma opção de vida (perfeita ou imperfeita) entre outras, que não merece ser destratada como atualmente é.

Imagina sair do armário e falar: "sou usuário, mas você tá certo, eu sou um lixo de ser humano e isso pra mim é um problema se você tá me dizendo que é um problema". Isso não vai levar nem influir a nenhuma mudança legislativa pra melhor em relação aos usuários de psicoativos. Só vai reafirmar na mente de quem está de fora que a guerra espúria contra as drogas está certa.

Melhor ficar trancado lá dentro do armário até a morte do que reafirmar a visão de usuários como pessoas tão fracas, que isto já tem aos montes.

Por isso creio que a frase seja adequada ao tema do tópico: saiu do armário dos usuários, defenda sua posição.

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Agora, se a pessoa no caminho de defender a posição pode cometer excessos e magoar aos que amam... É verdade. Aconteceu comigo e por isso eu chorei com a sua última resposta mais de uma vez. Mas a experiência, a informação esclarecida sobre o uso responsável de psicoativos e o tempo me ensinaram com os erros. Ainda errarei, é verdade, mas eu escolhi ter uma vida que não inclui abstinência, pelo menos por hora. Aos que amo eu procuro melhorar, reduzir o uso se causar prejuízo a eles e/ou dependerem de mim; aos demais eu simplesmente tenho o direito de exigir que, mesmo ao manifestarem suas opinião, o façam com respeito. Se estes não fizerem, na impossibilidade de eu virar as costas e ir embora cuidar da minha vida (que é minha primeira opção), merecem uma resposta educada, mas firme ;).

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E uma palavra final aos que estão lendo este tópico...

Ressalto aqui também que eu não viro pro meu chefe no trabalho e falo que uso drogas. Tem local, hora e pessoas apropriadas. Agora, tem um colega meu de serviço que até por lá todo mundo sabe que é doidão e ninguém enche ele. Sei lá como consegue, mas ele é tão gente boa, e ele fala tão de boa sem nenhuma insegurança e com reações sempre engraçadas a quem fala algo, que ninguém liga. Esta habilidade eu não tenho. Então, cada um é um, também, por seu lado.

Ou seja, por mais aberto que você seja, provavelmente terá alguém mais aberto que você. Não tente imitar ninguém, siga sua própria consciência e saiba de seus limites.

Por fim, sua vida é sua vida. A menos que queira virar um ativista, não precisa ficar se expondo a toa.

E, apesar de eu estar num momento da minha vida sem fumar a erva - que tem me deixado bem emotivo nesses primeiros dias - pra me desintoxicar e tentar novas possibilidades - quem sabe até permitir que o cogumelo me faça ver que tá na hora da erva sair da minha vida - termino este post com o emoticon mais apropriado:

:fumar:​
 
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Sobre a questão de sair do armário e falar que usa drogas ilícitas... Como dizer...

Quando alguém virar pra você e falar: "você usa drogas!" com reprovação você olha no olho dele com firmeza e olhos bem fixos lá dentro, a cabeça até inclina pra frente de intensidade pra falar "uso!" com um balanço firme de cabeça, e termine com um sorriso. Pelo tom de voz o sujeito deverá entender que há um "e daí?" implícito, mas não perguntado. Ato contínuo, verá alguém que tentou lhe fazer abaixar a cabeça ficar desde com o rabo entre as pernas até simplesmente sem graça.

Ou então ele vai rir.

As pessoas quando tentam dar lição de moral e vêem que não conseguem, notam que são insignificantes perante quem tentaram, com isso o instinto em ser valorizado bate na maioria delas e a pessoa passa a ser um serzinho dócil com você. Aquelas que não batem insegurança simplesmente se afastam e te deixam em paz.

Eu me imponho bastante, mas a um nível que as pessoas me forçaram a chegar quando tentaram me sufocar pelo meu uso de drogas. Não fossem as tentativas até mesmo de armarem flagrantes contra mim, e as difamações que sofri, hoje ainda seria alguém que acende um incenso. Eu fumo e que convivam, que estou dentro da minha casa. Vai sentir cheiro de maconha, sim, o dia inteiro, todo dia, toda hora, da hora que eu acordo à hora que vou dormir - se eu estiver numa fase que quero fumar maconha. Vai ouvir Pink Floyd de meio dia de sábado até o fim da noite de domingo comigo berrando louco de LSD. Eu tenho a minha vida, eu me sustento, eu tenho minhas responsabilidades, ninguém fora da minha casa vem aqui pra lavar a minha cueca, pagar minhas contas, nem tampouco abrir as pernas pra eu aliviar o meu tesão. Que venha de graça pois minhas reações vão surpreender sem precisar recorrer à violência.

A última ouvi alguém passando e reclamando alto com os amigos: "porra, que abuso, todo dia, esse cara fuma todo dia, todo dia esse cheiro o dia inteiro". Bem, já que a pessoa não fez questão de falar baixo, eu fiz a questão de sair de casa e ir pra porta, com um sorriso bem largo no rosto. Olhei pro lado, olhei pro outro. Tinham muitos adolescentes na rua nesse dia, então não sabia quem era ela. Mas tinham alguns perto de mim que me ouviram falar: "puxa vida, a pessoa passa aqui e reclama, ai quando eu desço pra chamar pra tomar uma cerveja comigo, não vem...", e entrei de volta.

Foi a última vez que ouvi algo. Porque uma coisa é o doido que quando você fala reage com agressão, e esse provoca o ego alheio. Outra coisa é o doido que, quando ofendido, te chama pra tomar uma cerveja, pra ser seu amigo. Porque aí as pessoas, infelizmente, escolhem parar de perturbar a fazer uma nova amizade.

Não digo que sou exemplo pra ninguém, eu fui forçado a tanto porque na época em que quase morri de uso de drogas por depressão tentaram ainda pisar na minha cabeça, e quase acabaram com a minha vida - como se não bastasse eu mesmo quase me matar sem a ajuda deles. Mas eu tava fraco e chutaram cachorro morto. Até que o cachorro um dia se reergueu e latiu de um jeito tal que, humilhados aqueles que me prejudicaram de má-fé, viram os demais que é melhor cada um cuidar da própria vida.

Hoje sou um doido até que bem considerado. É agradável, após dias inteiros de música estourando o volume e fumaça sem parar, no silêncio, escutar os comentários "ah, hoje ele tá com os filhos dele por isso tá quieto, aí fica cuidando das crianças", num tom de "nossa, ele é doido mas é responsável e cuida bem dos filhos".

No mais, eu tenho muita argumentação pra quem vier falar merda porque uso maconha. É só começar a esfregar minhas realizações profissionais e acadêmicas na cara do sujeito, que muitas das vezes não recebe nem a metade da metade do meu salário, aliás. É só começar: "e aí, ficou em primeiro lugar em algum concurso?", "conseguiu bolsa integral disso disso e disso por mérito?", "quanto você ganha por mês?"... "Uai, olha, o maconheiro aqui conseguiu, é mais competente que você, ou então você é que muito do burro, então pare de falar merda na porra do meu ouvido, entendeu, burrão?"

Isso, claro, quando o diálogo é de pessoa pra pessoa. Ao lidar com grupos, como pessoas na rua ou em outros ambientes, a conduta de resposta não é argumentativa (não argumente ou irá aumentar os ataques), mas sim deve mexer com os instintos coletivos, através de uma conduta firme e focada. No caso, o doido que provocado chama pra virar amigo funciona melhor que qualquer gritaria de "não mexam comigo que sou perigoso", o que sempre vira razão de chacota.

Lá no começo de tudo quando eu estava mal, escutei até que iam me matar. Quando chamei o ameaçante pra dentro, já eu restabelecido, bem, ele não veio me matar... Pois é... Aí a namorada dele terminou com ele, por ser mentiroso, acreditam nisso? Ele falava essas merdas pra impressioná-la antes de ficar com ela. Aprendeu a falar menos, com certeza, ou pelo menos mais baixo quando for falar algo assim.

As pessoas são covardes, entendam isso, no sentido de que, quando elas agem em grupo, se transformam, tomam coragem, falam o que querem, se outorgam a divindade da verdade ética e moral por terem apoio de outros. Quando sofrer esse tipo de pressão de grupo, simplesmente procure manter o máximo de indiferença externa ou "pokerface" (sim, dói muito por dentro a crueldade humana, mas não reaja, apenas aja) e prossiga com a sua vida. Se você for uma boa pessoa, em alguns anos o mundo dará voltas que você nem acredita, e quem te acusava sofrerá ainda nesta vida o golpe de ter agido de má-fé.

E é como termino este desabafo. Esta fase da minha vida acabou de acabar. Foram 2 anos até que tudo (absolutamente tudo) se voltasse ao meu favor e a verdade fosse revelada: eu sou uma boa pessoa, me sacanearam por conta de ser usuário por um fugaz momento infeliz da minha vida pelo qual me taxaram. No fim, quem tentou me prejudicar que saiu prejudicado. Mas não tem nada não. Até para estes - que se enforcaram tentando me enforcar - eu, se possível, vou dar a mão pra ajudar se precisarem, com um sorriso e sem ferir-lhes o orgulho nem lembrar-lhes o mal que me fizeram.

Um fato engraçado nisso tudo foi o seguinte... Eu vivia minha vida quieto, ninguém prestava especial atenção em mim, era um doido normal. Após virar foco da fofoca e piadas, as pessoas foram observando as minhas melhoras e isso começava a refletir de volta pra eles e a melhorar a vida deles. Um dos casos mais engraçados foi um no qual ouvi uma briga da vizinha com o marido, onde pedia que lhe tratasse com mais carinho e reconhecimento, que lhe reconhecesse as capacidades, que queria ser elogiada, e ele reclamou que "você quer que eu te trate como o veado (ah sim, esqueci de falar que parte da difamação dizia respeito à minha orientação sexual... mas eu pergunto: e se eu fosse "veado", o que que isso teria de problema? O que eles teriam a ver com isso de qualquer forma? Porra, se metam com a merda de suas vidas!!! Francamente...) trata a esposa dele". Ato em que pensei: "tá vendo, não ficasse vigiando a minha vida não passaria por isso. Mas pelo menos deve ajudar em algo se ele melhorar com a esposa dele".

Um outro fato engraçado é que um sujeito conhecido de vista que é realmente gay resolveu sair do armário! (Que briga feia com o pai...) Ele viu que um hétero (o tal radar deles não apita comigo) conseguia sobreviver, se impor e ser respeitado com o rótulo indevido de veado, então ainda mais possibilidade de sobreviver a tal trauma teria um homoafetivo de verdade... Mais uma coisa boa que adveio dessa história. Eu até zoo um amigo gay que tenho: você aí cheio de medo de contar pra família já com duas faculdades nas costas e se sustentando, e eu que nem sou consegui sobreviver a uma onda difamatória e ainda passei a ser de certa forma admirado.

No fim das contas, as pessoas aqui viram, através de uma série de eventos que eu sou tão gente boa que até amenizaram esse papo de ser veado ou não. Daí, isso foi tosco, começaram a me testar ("como pode, gente boa e veado?.." putz, que merda de mundo...) e, numa situação em que caí no teste sem querer porque estava louco (não vou ficar reafirmando minha sexualidade pros outros...), elogiei a namorada de um bombado de um jeito tão tranquilo, mas tão tranquilo que até o cara me achou gente boa! E assim até o rótulo de veado sumiu.

Com isso, toda a história teve fim. E sem querer vim lhes contar. Cabe a vocês tirarem algum aprendizado do sofrimento pelo qual passei caso vocês também passem por algo parecido: cuide da sua vida e seja uma boa pessoa que o tempo irá expor os verdadeiros vilões da história, e isso não falha; ou então pode simplesmente achar que inventei tudo pra me gabar. Bem, já sabe que, muito provavelmente, não vou me importar com a opinião de quem, lendo este texto, sentir-se de alguma forma inferiorizado por achar que o que eu narrei é algo impressionante demais pra um mero maconheiro conseguir, ou um doido como eu.

Sou acostumado a ser subestimado, e também a dar a resposta apropriada...

Bem... se resolva em relação a mim se minha história lhe incomoda, é como digo. Viva a sua vida que a minha já é bem sofrida sem seus problemas de autoestima se projetando sobre mim.

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Bem, dito isto, eu não discuto mais sobre legalização das drogas com ninguém. Apenas remeto ao voto do Ministro Roberto Barroso que simplesmente derruba todos os argumentos contrários à descriminalização, em especial, da maconha:



Nem perca tempo conversando. Anote o link e mande a pessoa ver. Se ela vir e continuar pensando como pensa, desista porque não há mais argumentação possível, nem mais clara ou bem delineada.

E viva a sua vida, afinal.

Deixemos que os velhinhos do STF farão o que é certo, e em breve esta violência sem sentido da guerra contra as drogas será apenas mais um negro capítulo nos livros de História.

Quando envolve envolve política, prefiro não me envolver tanto, mas sucesso para ti, e psicodélicos são isso aí mesmo
 
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