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Relato 6G Cubensis - Pensamentos suicidas

Sr Verdejante

Esporo
Cadastrado
19/01/2023
10
3
23

Olá pessoal!​

Tenho 22 anos, ano passado iniciei o consumo de Cogumelo Cubensis. Naquela época, provavelmente deveria ter usado 2/3x micro-drosagens até que, de forma arbitrária, com pouco conhecimento e responsabilidade, ingeri 6G de Cubensis de uma só vez. Tinha 21 anos no momento e o uso foi feito em minha residência na fazenda, sozinho, sem chances de interrupções. O relato que segue abaixo é de minha autoria e completamente fidedigno. Foi escrito logo após o fim da viagem, em um espaço curto de tempo... porém, inseri no fórum apenas a parte final do relato, durante as possíveis visões da clara-luz e da dissolução total do ego. Segue o texto abaixo:​


"Me deitei na sala e tentei fechar os olhos, porém, as figuras arquitetônicas estavam na minha mente, já com a percepção de espaço/tempo completamente perdida, não sabendo o que iria acontecer após a viagem e se, de fato, algum dia, voltaria ao normal.

Deitado no sofá, deveriam ser entre 1 e 2h da manhã, entrei em colapso e iniciei com os pensamentos suicidas. Esse foi o ápice, a completa dissolução e morte do meu próprio eu. Comecei com os pensamentos reflexivos sobre minha existência, me questionando: Quem sou e porque faço as coisas desse jeito? Por que as pessoas agem dessa forma? O ponto mais forte dessa reflexão foi quando, voltando à algum passado que não presenciei, visualizei o mundo antes da invenção dos celulares, viajando por uma linha do tempo até os dias atuais, pensando nas construções sociais que moldaram/moldam as pessoas, e que essas, muitas vezes, sem motivo ou propósito, aceitam e adotam como “leis” apenas para seguir o ciclo que outras pessoas também seguiram e continuarão seguindo. Quando iniciei com essa linha do tempo, me senti enraizado na natureza e na história, me questionando cada vez mais: Por que faço o que faço? Foi então, que cheguei no auge dos pensamentos suicidas, encontrando a “resposta” para tudo: Qual a resposta? Não há exatamente como defini-la, porém, tinha a sensação de a ter encontrado.

Naquele momento só queria tirar a minha vida para descansar. Tentei procurar papéis para escrever algo, talvez uma carta de despedida, mas não encontrei. A sombra do corredor parecia me chamar para atravessá-lo e pegar a arma que estava em cima do armário, atirando e tirando minha vida. Neste momento, eu já estava completamente sem roupa, sensível e com medo, talvez com certa vergonha de alguém me encontrar vivo e delirando daquele jeito, por isso, pensei que deixar de lado a vida, poderia ser a melhor saída. Pensei naquele momento: minha vida é ótima, não estou triste e nem deprimido, porém, preciso descansar, então deixarei que ela termine agora, me despedindo com cartas ou talvez áudio dos meus amigos e familiares, explicando que naquele momento, havia encontrado a resposta para todas as perguntas que poderia fazer. Ressalto que nesse momento, havia perdido completamente a noção de onde eu estava, imaginando estar em um quadro de esquizofrenia e delírio (e talvez, de fato, estivesse).

Deixo muito claro nessas linhas, que naquele momento eu realmente havia encontrado a resposta para tudo, não me lembro certo de como, mas lembro do resultado daquelas ideias e pensamentos... estava entregue. Só queria parar de ver as alucinações em minha mente, fiquei em torno de 2-3h nesse estado forte, desagradável, suicida e fascinante. No meio disso tudo, quando tirei minha roupa para me deitar no quarto, abri a janela e senti a necessidade de vomitar um pouco, não sei bem certo o motivo. Após vomitar pela janela, olhei concentrado para fora e vi as estrelas, vi todo o mato e me senti parte daquilo, estava muito forte, eu só queria pertencer a aquele lugar, aquela casa, sentia que o fim deveria ser ali mesmo. Após esse quadro de delírio e após ter encontrado todas as respostas, apenas permaneci deitado no sofá olhando para o corredor, sem medo de vultos e visagens, mas sim, horripilado pelo fato de não conseguir olhar direito para as coisas, me mexer e falar adequadamente, havia “enlouquecido” por horas. Pensei comigo mesmo: não tirar a minha vida ainda, vou aguardar mais algumas horas até amanhecer e se esses pensamentos não pararem, eu atiro em mim e acabo com tudo isso... morrerei tranquilo e feliz. Na hora pensei em algumas personalidades que tiraram a própria vida, como Kurt Cobain.

A parte interessante disso tudo, era como se todos estivéssemos interligados em uma linha do tempo, com algo nos conectando. Tanto na parte dos pensamentos suicidas, como também durante o filme, parecia que éramos todos uma “essência” só, como se nos conhecêssemos, algo nesse sentido.

Em algum momento, por volta das 4h da manhã, algo me despertou e pisquei os olhos com muita firmeza, depois de horas de alucinação e entrega total da minha vida e do meu corpo. Foi aí que de forma lenta, os pensamentos dentro da minha cabeça, com figuras arquitetônicas longas e finas pararam. Me levantei para ir ao banheiro, ainda sem medo do escuro e com tudo magicamente colorido e lindo, porém, mais leve. Me olhei no espelho e caí num choro profundo, lamentando que quase teria tirado minha vida em alguns minutos anteriores. Chorei e senti orgulho daquilo que havia passado na minha vida, assim como na experiência psicodélica. No fim das contas, poderia ser o que eu tanto estava buscando, mas de uma forma muito desagradável, assustadora e desafiadora, colocando em xeque a minha existência.

Voltei ao sofá para dormir, porém não conseguia, percebi que se mantivesse os olhos fechados iria delirar novamente, com as imagens e esculturas voltando para a minha mente. Foi então que liguei as luzes da sala novamente e comecei a andar pela casa, tomando meu sentido de realidade.

Ainda andando pela casa, peguei a caixa de álbuns fotográficos antigos que estavam no quarto, visualizei algumas fotos de mim e minha irmã na infância e caí num choro muito profundo, lamentando quase ter tirado a minha vida e prometendo dar amor a ela. Após isso, lembro de ter andado para a cozinha, aberto as cortinas, sentado no chão e me escorado com as costas na parede. Ainda chorando, coloquei de forma totalmente aleatória uma música do Alice Cooper, que não lembrava de ter ouvido na minha vida - ALICE COOPER/YOU AND ME. Isso foi importante e marcou o fim de toda aquela viagem. Ouvi toda a música escorado na parede e ainda chorando intensamente. Nesse momento, havia voltado quase que 100% para a realidade.

Após a música ter acabado, me levantei e fui organizando a sala e os outros cômodos da casa. Coloquei minha roupa completa, arrumei a cama e me deitei cansado e confortável na cama, percebendo que tudo havia acabado."

Isso ocorreu no mês de Julho do ano passado. Após isso, tive uma completa mudança de vida, iniciei sessões com uma psicanalista, principalmente para conversarmos sobre os pensamentos suicidas, estes que nunca haviam sequer passados pela minha cabeça antes da experiência e me levaram a um estado de choque gigantesco, tornando a vida um pouco dolorosa nos dias depois da viagem. Também passei a ler livros que jamais sabia da existência antes da experiência psicodélica, de autores como Timothy Leary, Dostoiévski, Huxley, Tolstói, Orwell e até mesmo Carlos Castaneda, o que tem expandido minha consciência de forma avassaladora, gratificante e até mesmo contribuindo como base teórica para futuras experiências.​

Após essa noite cheguei a inserir 3G de cogumelo cubensis, o que foi relativamente tranquilo para mim. Sou iniciante no assunto quando se fala em psicodelia, porém, posso dizer que estou mergulhando de cara nesse mundo, tanto na literatura como na arte, música etc. Com isso, gostaria de pedir algum esclarecimento aos mais habilidosos e experientes..... esse dilema profundo com os pensamentos suicidas, é natural? Há algo diferente que eu possa fazer no preparo da próxima viagem? Há também o sentimento de ansiedade sempre que utilizo alguma outra substância como maconha, MD, ecstasy etc, pois sinto que meu corpo está prestes a se entregar totalmente e viajar numa psicodelia profunda... assim como aconteceu naquela noite.​

Pretendo viajar de novo com uma dosagem parecida, muito em breve.​

 
Olá @JuulioDB , obrigado por partilhar o seu relato.

6G é 1G mais forte que a heróica dose do McKenna :)

Eu acredito que durante a trip tudo é apresentado de forma simbólica, então a sensação de suicídio, talvez, fosse para vc analisar o valor da vida e o que você faz aqui no universo. O que vc fez na segunda parte pós revelação... Acho que é preciso integrar a experiência toda, é muita informação e nas semanas e meses a seguir é que é feito essa integração. Se vc tá a fazer psicanalise, puxa, que legal! Tem muito para trabalhar.

Eu diria que em doses mais altas o ego que mente ou que esconde a verdade sobre nós mesmos é diluído, então somos confrontados com a verdade e com a sujeira que nós criamos ao longo da vida. E temos de olhar para ela e temos de a enfrentar. Isso é aterrador algumas vezes.

Eu não quero ser a tia velha que vem criticar doses altas iniciais e a pouca preparação do set e setting, até pq já me coloquei mais de uma vez em situações de risco sem necessidade... mas em alguns casos isso é importante, sobretudo quando se tem uma arma em casa. Veja, você está a fazer psicanálise para entender toda a experiência, então pq não ter uma companhia no momento da experiência? O set e setting é importante, estar relaxado, preparar o lugar, acertas iluminação e trilha sonora e em caso de armamento, colocar um cadeado e deixar a chave com alguém de confiança.

Eu recomendo que você integre toda a experiência anterior ou vulgarmente fazer a contabilidade e obter o saldo, e faça uma nova jornada.
 
Olá @Sigillvm Dei, obrigado pela resposta!

Como você citou, o que vem após a experiência é de extrema importância. Ressignificar e entender os processos vivenciados durante a trip foram essencialmente transformadores.

Tenho pensando muito sobre a questão do set/setting. Quando fiz o uso de 6G, não me preparei de forma adequada… assisti um filme e após isso fiquei num silêncio total pela casa, sem uma playlist elaborada previamente e com pouquíssimas opções de interação. Pode me sugerir algo?

Também entendi que um ponto ruim da viagem foi o horário. Os efeitos bateram no início da madrugada, acho que farei a próxima experiência após o almoço!​
 
O GUIA DA BOA TRIP

A primeira coisa que você precisa saber é que não sou cientista, não quero ser cientista e este guia estará 100% correto. Isto não é um tratado científico, é um post num fórum. À parte disso
Olá @Sigillvm Dei, obrigado pela resposta!

Como você citou, o que vem após a experiência é de extrema importância. Ressignificar e entender os processos vivenciados durante a trip foram essencialmente transformadores.

Tenho pensando muito sobre a questão do set/setting. Quando fiz o uso de 6G, não me preparei de forma adequada… assisti um filme e após isso fiquei num silêncio total pela casa, sem uma playlist elaborada previamente e com pouquíssimas opções de interação. Pode me sugerir algo?

Também entendi que um ponto ruim da viagem foi o horário. Os efeitos bateram no início da madrugada, acho que farei a próxima experiência após o almoço!​
Eu estava te respondendo e depois vi que era tecnicamente um post: O GUIA DA BOA TRIP

Eu vou escrever a cena da playlist amanhã.
 
Eu tb tive pensamentos de suicídio na minha primeira viagem com mushrooms ( 3G) mas não foram muitos.

No seu caso eu vejo o suicídio como se vc estivesse matando o seu velho "eu".
Essa sua frase é bem profunda;
"Após isso, tive uma completa mudança de vida"
Tudo indica que vc está matando( ou já matou) quem vc era, vc está evoluindo em vários aspectos.
A morte não é somente deixar de respirar, mas deixa de viver a mesma vida que vivemos, e fechar um ciclo e abrir outros, e tudo indica que vc está fazendo isso.

Eu quando estava na trip pensava em me matar tb, que morrer seria bom ( aquele "eu" precisava mesmo de novas mudanças), achava que isso seria o que eu devia fazer, mas quando sai da trip estes pensamentos já não faziam sentido mas muitas mudanças começaram a acontecer, de uma certa forma, eu matei vario hábitos em mim.
As respostas elas vem de forma muita claras para alguns e para outro bem enigmáticas,devemos trabalhar um pouco mais e não levar tudo no pé da letra, eu tenho certeza que se vc teve uma completa mudança de vida é por que a resposta dos seus "problemas" não é a morte, mas sim renascer de uma forma mais evoluída.

❤️❤️Mush love to you 🍄🍄
 
Bahhh que sinistro!!!

O pessoal foi bem iluminado nas colocações aí. Só colocaria que depende da cabeça de cada um , se até cores vemos de forma diferente, imagina um pensamento... Então tens que ver o que tá nesta tuia cabecinha aí... entendê-la.

O Set & Setting é muito importante, e foi uma dose paulada pra iniciar... não julgo mas foste imprudente... Temos que nos cuidar.
Nos cogumelos, como faço sozinho, prefiro que seja de dia, e já simboliza a vida pra mim , a natureza, faz parte do meu set/setting. , inclusive pro escuro não me causar medo , não tenho nenhum medo de escuro, mas prefiro me precaver em casos de virem alguns pensamentos assim. Já no Daime como é um culto , é de noite , preparado com pessoas e tá tudo bem .

Quanto a pensamentos suicidas, cara , em alguns momentos no fundo do poço várias pessoas tem... eu já tive, de fato cheguei a programar data e como, mas isso se tratares teu ser por completo, passa, não só terapia tá? Exercícios, alimentação , bons amigos, terapia, expansão da consciência, etc... tudo ajuda. E outro ponto que ajuda, esses pensamentos valiam para aquele momento da vida, no de hoje, não cabem mais. Não me julgo e não deves te julgar , é passado, ponto final.

Se cuide e vamos expandir!
 
Eu tb tive pensamentos de suicídio na minha primeira viagem com mushrooms ( 3G) mas não foram muitos.

No seu caso eu vejo o suicídio como se vc estivesse matando o seu velho "eu".
Essa sua frase é bem profunda;
"Após isso, tive uma completa mudança de vida"
Tudo indica que vc está matando( ou já matou) quem vc era, vc está evoluindo em vários aspectos.
A morte não é somente deixar de respirar, mas deixa de viver a mesma vida que vivemos, e fechar um ciclo e abrir outros, e tudo indica que vc está fazendo isso.

Eu quando estava na trip pensava em me matar tb, que morrer seria bom ( aquele "eu" precisava mesmo de novas mudanças), achava que isso seria o que eu devia fazer, mas quando sai da trip estes pensamentos já não faziam sentido mas muitas mudanças começaram a acontecer, de uma certa forma, eu matei vario hábitos em mim.
As respostas elas vem de forma muita claras para alguns e para outro bem enigmáticas,devemos trabalhar um pouco mais e não levar tudo no pé da letra, eu tenho certeza que se vc teve uma completa mudança de vida é por que a resposta dos seus "problemas" não é a morte, mas sim renascer de uma forma mais evoluída.

❤️❤️Mush love to you 🍄🍄
É extremamente reconfortante ler isso! Depois de um tempo ressignificando toda a experiência e dando sentido às ideias que surgiram naquele momento, pude entender melhor a questão da morte. Velhos hábitos e ciclos ficando pra trás, sendo completamente encerrados.

Assim como você disse, esses pensamentos já não fazem mais sentido. Foi também impressionante como agora em 2023 houve uma espécie de "virada de chave" dentro da minha consciência. Conhecendo esse fórum, me deparando com experiências e relatos comuns ao meu e é claro, toda a teoria e conhecimento dos livros psicodélicos da contracultura, por exemplo, tudo foi de extrema importância no processo de integrar o "sobrenatural" com o cotidiano.

De coração, obrigado pelas palavras!! ;)

Bahhh que sinistro!!!

O pessoal foi bem iluminado nas colocações aí. Só colocaria que depende da cabeça de cada um , se até cores vemos de forma diferente, imagina um pensamento... Então tens que ver o que tá nesta tuia cabecinha aí... entendê-la.

O Set & Setting é muito importante, e foi uma dose paulada pra iniciar... não julgo mas foste imprudente... Temos que nos cuidar.
Nos cogumelos, como faço sozinho, prefiro que seja de dia, e já simboliza a vida pra mim , a natureza, faz parte do meu set/setting. , inclusive pro escuro não me causar medo , não tenho nenhum medo de escuro, mas prefiro me precaver em casos de virem alguns pensamentos assim. Já no Daime como é um culto , é de noite , preparado com pessoas e tá tudo bem .

Quanto a pensamentos suicidas, cara , em alguns momentos no fundo do poço várias pessoas tem... eu já tive, de fato cheguei a programar data e como, mas isso se tratares teu ser por completo, passa, não só terapia tá? Exercícios, alimentação , bons amigos, terapia, expansão da consciência, etc... tudo ajuda. E outro ponto que ajuda, esses pensamentos valiam para aquele momento da vida, no de hoje, não cabem mais. Não me julgo e não deves te julgar , é passado, ponto final.

Se cuide e vamos expandir!
Muito bem colocado, Daime Cogu. A subjetividade/particularidade dos meus pensamentos me deixaram um pouco assustados naquela época, sem ter onde me escorar ou pensar que tudo aquilo fosse "sobrenatural" demais. Porém, é impressionante saber que várias pessoas vivenciaram coisas muito parecidas, tendo em vista que há alguns padrões que se repetem nas experiências psicodélicas.

Sobre o Set/Setting, sem dúvidas foi imprudência total, 6G é paulada... já tive uma experiência de 4/5 dias em uma UTI, sem poder me alimentar, beber água e até mesmo sem conseguir me mexer e dormir... e com toda a certeza te digo que não chegou perto do certo terror e pesadelo que vivenciei com os cogumelos nessa noite. As próximas experiências certamente serão realizadas de manhã ou de tarde, jamais durante a madrugada.

Em relação ao suicídio, estou contigo. Foi difícil integrar todo aquele conhecimento que surgiu durante e após a viagem, com o "mundo real". Fiquei praticamente até o final do ano passado mergulhado totalmente nisso, sem compreender que precisava cuidar de todos os outros fatores que influenciavam na minha qualidade de vida, como exercícios, alimentação, amizades, trabalho, entre outros que você citou. É como dizem, as vezes levam-se anos pra compreender e tirar o melhor proveito de uma experiência como essa.

Sobre o Daime, seria como a consagração da Ayahuasca? Te pergunto pois um amigo muito próximo me convidou para uma consagração, estou pensando em ir no próximo mês.
 
Muito bem colocado, Daime Cogu. A subjetividade/particularidade dos meus pensamentos me deixaram um pouco assustados naquela época, sem ter onde me escorar ou pensar que tudo aquilo fosse "sobrenatural" demais. Porém, é impressionante saber que várias pessoas vivenciaram coisas muito parecidas, tendo em vista que há alguns padrões que se repetem nas experiências psicodélicas.

Sobre o Set/Setting, sem dúvidas foi imprudência total, 6G é paulada... já tive uma experiência de 4/5 dias em uma UTI, sem poder me alimentar, beber água e até mesmo sem conseguir me mexer e dormir... e com toda a certeza te digo que não chegou perto do certo terror e pesadelo que vivenciei com os cogumelos nessa noite. As próximas experiências certamente serão realizadas de manhã ou de tarde, jamais durante a madrugada.

Em relação ao suicídio, estou contigo. Foi difícil integrar todo aquele conhecimento que surgiu durante e após a viagem, com o "mundo real". Fiquei praticamente até o final do ano passado mergulhado totalmente nisso, sem compreender que precisava cuidar de todos os outros fatores que influenciavam na minha qualidade de vida, como exercícios, alimentação, amizades, trabalho, entre outros que você citou. É como dizem, as vezes levam-se anos pra compreender e tirar o melhor proveito de uma experiência como essa.

Sobre o Daime, seria como a consagração da Ayahuasca? Te pergunto pois um amigo muito próximo me convidou para uma consagração, estou pensando em ir no próximo mês.

Sim, o Daime é a "religião" que usa a ayahuasca, só que tem uma disciplina no ritual, o que nos ajuda e muito em outras experiências. A música nos coloca no trilho, a foco em não atrapalhar os outros "contém" um pouco nossa exacerbação. Sem contar que tem alguém pra ajudar em caso de passar mal.
 
Sim, o Daime é a "religião" que usa a ayahuasca, só que tem uma disciplina no ritual, o que nos ajuda e muito em outras experiências. A música nos coloca no trilho, a foco em não atrapalhar os outros "contém" um pouco nossa exacerbação. Sem contar que tem alguém pra ajudar em caso de passar mal.
Entendi. Em relação à dose, é possível me informar e fazer uma relação de quanto seria o equivalente à uma dose heróica, como 6G, por exemplo?
 
@JuulioDB complicadíssimo! è bem como o pessoal fala aqui no fórum, as variações depende do teu tamanho. do ritmo do teu corpo, do quanto concentrado estará...
Fato é que cada um precisa se conhecer, mas o guia aqui , serve muito: O GUIA DA BOA TRIP

Também há alguma coisas para se precaver, se a madrinha é registrada por exemplo em alguma federação, a que eu vou pé registrada no Afrobras , então é uma pessoa com muito anos de experiência e não vai fazer merda ,além de sabe agir no caso de "bad trip"

Normalmente são 2 doses, talvez a terceira dependendo de como vc está, mas isso , a segunda e terceira, ou quanto tu toma, é vc quem decide , vale a mesma coisa que os cogus, começa com pouco vai vendo como funciona e como vc se comporta com esta alteração da consciência, até pq cada substância bate de um jeito. Ayahuasca pra mim bate mais duro que os cogus, não no quesito de viajar, mas de passar mal. Os cogumelos são muito gentis.
 
Olá @Daime Cogu!

Refletindo e ponderando alguns pontos, acho que vou pra consagração com bastante cautela, sem pressa e na intenção de tomar talvez no máximo 2 doses.

Em algum momento você chegou a se sentir desconfortável com os outros participantes da cerimônia? Minhas maiores experiências com cogu sempre foram de forma totalmente isolada e solitária. Fico pensando que por um lado pode ser ótimo ter pessoas bem intencionadas pra ajudar e direcionar em caso de alguma Bad, porém, entendo que estarei sensível e vulnerável em relação à influências externas. O que você acha?

Quando usei 6G de cogu cheguei a passar mal, tive enjoos e acabei vomitando. Quando diz que a Ayahuasca é mais dura, seria nesse sentido?
 
OI @JuulioDB ,

Pra mim não é um problema as outras pessoas na consagração, mas eu consigo me concentrar em mim mesmo bem fácil, com certeza para algumas pessoas isso pode atrapalhar, mas lembre-se que é que nem os cogumelos, mantenha a mente livre mas direcionada para vc e seus pensamentos de forma positiva, vai dar tudo certo. Mesmo expendido , é vc que está no controle.

A energia positiva de outras pessoas acaba ajudando. Foque-se em vc e positividade, e deixa a experiência te levar,

Sim, no daime é muito mais comum dor de barriga e vômito, e quando vem no meu caso vinha junto a sensação de - O que eu tô fazendo aqui??? Mas passa rápido e a gente volta bem rápido , é só não deixar a cabeça entrar fundo nessa bad.
Eu em duas oportunidades cheguei a desmaiar... Tb faz parte do ritual...aceite, acolha e supere.

Vai dar tudo certo, aproveite e depois nos conte como foi!
 
É curioso você destacar a ideário suicida na tua experiência. Eu sempre julguei que suicídio de fato fosse carta fora do baralho pelas experiências que tive.

Isso porque com a dissolução do ego a impressão de que o corpo não existe mais é nítida. Primeiro vão embora as palavras, que seriam "inúteis" nesse outro lugar, depois a noção de corpo, de que eu tenho um corpo físico também se esvai.
Pessoas próximas me perguntavam sobre a minha experiência, se não havia risco de que me matasse, eu sempre respondi que nunca isso me havia passado pois eu não teria "o que matar", não era mais um corpo mortal, me tornei alguma entidade sem matéria, então na prática, não seria possível nada contra meu físico.


E o curioso que eu senti que não tinha mais corpo e nem a palavra com dosagens que, em tese, são inferiores à anulação do ego. O fato é que eu briguei nas minhas 2x primeiras experiências pois não queria ver meu eu se perder, nesse sentido foi uma bad trip.

Na 1x vez tomei 1,5g, na 2x 1,8
Na 3x 2,2g e na 4x 3g.
 
Olá @Daime Cogu!

Perdão pela demora na resposta, entramos em época de safra aqui na região e sempre vira em correria. Até por isso, após uma reflexão sincera, decidi adiar minha 1ª experiência com Ayahuasca.

Como já exposto acima, depois da minha experiência transcendental com as 6G de Cubensis, passei por um processo longo e de certa forma muito difícil, ressignificando cada elemento, ideia etc que me surgiu desde então. Uma experiência com potência e aspectos similares à essa não seriam adequadas agora, visto que o trabalho me aciona muito nessa época do ano, além de ter que lidar com outras questões profissionais, de negociação etc.

Meio covarde te perguntar isso, mas o que acha desse questionamento?

Em relação ao desconforto com o Daime, obrigado por me informar sobre os possíveis enjoos e principalmente desmaios. Admito que essa hipótese me assusta um pouco, mas com certeza haverão pessoas bem direcionadas dando todo apoio possível durante o ritual.

Na semana passada senti algumas coisas muito esquisitas e interessantes também, como se minha mente estivesse com medo de se perder em divagações e questões existenciais, saindo de um plano "normal" onde eu tinha uma imagem, função, praticidade para/com a sociedade e migrando para um lugar místico (?). Fiquei ansioso além da conta, mas consegui superar isso e de um momento para outro, como passe de mágica, logo quando se iniciou a safra e comecei a trabalhar valendo, me voltei rapidamente à realidade material/mundana (mais do que qualquer outro momento desde a viagem).

Compartilho tudo isso com imensa alegria! Sinto que o ciclo se iniciou na minha vida, cumpriu seu papel e acabou de se fechar. Abraços companheiro :)

É curioso você destacar a ideário suicida na tua experiência. Eu sempre julguei que suicídio de fato fosse carta fora do baralho pelas experiências que tive.

Isso porque com a dissolução do ego a impressão de que o corpo não existe mais é nítida. Primeiro vão embora as palavras, que seriam "inúteis" nesse outro lugar, depois a noção de corpo, de que eu tenho um corpo físico também se esvai.
Pessoas próximas me perguntavam sobre a minha experiência, se não havia risco de que me matasse, eu sempre respondi que nunca isso me havia passado pois eu não teria "o que matar", não era mais um corpo mortal, me tornei alguma entidade sem matéria, então na prática, não seria possível nada contra meu físico.


E o curioso que eu senti que não tinha mais corpo e nem a palavra com dosagens que, em tese, são inferiores à anulação do ego. O fato é que eu briguei nas minhas 2x primeiras experiências pois não queria ver meu eu se perder, nesse sentido foi uma bad trip.

Na 1x vez tomei 1,5g, na 2x 1,8
Na 3x 2,2g e na 4x 3g.
Olá @PedroMelco!

Bom ponto este que você trouxe. Em relação ao vocabulário, como o próprio Huxley cita em As Portas da Percepção, acabamos nos limitando com as palavras, não conseguindo nos expressar de maneira fidedigna e que realmente dê algum sentido ao que foi/está sendo experienciado. Lembro vagamente que assim como você citou, as palavras foram embora e se tornaram de certa forma inúteis; assim como todo o restante, todo o valor cultural adquirido foi para o lixo, tendo a plena ciência de que não existiam mais dogmas e certezas, tudo poderia ser adquirido por influências, estudo direcionado etc.

A ideia do suicídio alimentou meu cérebro como uma correnteza muito forte, não pude nadar contra ela e decidi simplesmente ficar estagnado no meu sofá até o amanhecer do dia, esperando voltar à realidade. Posso claramente te dizer que houve intervalos entre dissolução do ego e luta para não ver meu eu se perder, assim como você citou. O suicídio surgiu por motivações que podem ser unicamente minhas, compreende? Como o medo de um possível abandono e não entendimento da minha família, por exemplo, quando me encontrassem naquele estado (de consciência extremamente elevada e com materiais jamais vistos/conhecidos, porém, tinha a clareza de que por fora, minha aparência era de uma catatonia misturada com um quadro de esquizofrenia).

O que citei foi apenas um fator, há vários outros dentro desse contexto, mas o que consigo te dizer sobre o suicídio é isso! As motivações podem ser pessoais e não regras de uma dissolução do ego.
 
Salve @JuulioDB !

Então a complexidade de cada pessoa é tão grande que não temos realmente como se colocar de forma adequada no lugar ou entender por completo, mas eu sempre prefiro cautela, cuidado e me parece que agiu assim, então acho assertivo.

Que bacana que estás em novo ciclo, mente focada e aproveitar, Sucesso!
 
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