Procure programar suas experiências com enteógenos, de modo a evitar maiores complicações, estar melhor preparado e entender melhor as experiências.
Baseado nos textos de:
The Relation of Expectation and Mood to Psilocybin Reactions:.
A Questionnaire Study - Psychedelic Review, No. 5, 1965
Programmed Communication During Experience with DMT, Timothy Leary
Psychedelic Review, No. 8, 1966
On Programming Psychedelic Experiences, Ralph Metzner & Timothy Leary
Psychedelic Review, No. 9, 1967 (complete pdf)
The Psychedelic Experience: A Manual Based on the Tibetan Book of the Dead (Citadel Underground) by Timothy Leary (Oct 1, 2000)
(portugues)
Uma experiência psicodélica é um período de intensas reações de estímulos sensoriais seja de dentro ou de fora. Já um experiência psicodélica “programada” é uma em que a seqüência de estímulos é mais padronizada, não deixada tanto a sorte, sendo arranjada de uma maneira a lhe dar mais segurança, lhe permitindo ir a lugares mais desejáveis.
Usando um programa, tentamos controlar a experiência psicodélica a determinadas direções.
Um programa é como se fosse um panfleto de viagem, posso pegá-lo no aeroporto e visualizar por onde devo começar, qual o melhor caminho a se tomar, uma série de sinais e símbolos que irão me ajudar. Um bom exemplo, seria um piloto de avião, novato, em suas primeiras aulas de vôo, necessita em muita das comunicações da torre de comando por rádio, que irão prover a ele orientações durante a “viagem”, ajudando assim a voar em território desconhecido e por entre tempo fechado.
A idéia de programar uma experiência psicodélica é baseada na teoria sobre a natureza dos efeitos psicodélicos. A hipótese, que foi primeiramente formulada por Thimoty Leary na Universidade de Harvard (EUA) - Projeto Psilocibina (Psilocybin Project), e foi amplamente aceita por cientistas e pesquisadores da área, é que o conteúdo da experiência psicodélica é primeiramente determinado por dois fatores chave: set e setting. “Set”, se refere ao estado interno da pessoa tendo a experiência, seu humor, expectativas, medos, desejos; Setting, se refere as condições externas da experiência, o estado físico das coisas ao seu redor, os objetos que o cercam, o espaço, as suas relações com as pessoas que no momento estão a sua volta e, principalmente, da pessoa que está lhe entregando a oportunidade da experiência, essa também é tido como um elemento do setting.
Já é bem entendido que os psicodélicos, agora já melhor compreendidos e chamados de enteógenos, podem produzir fortes experiências religiosas, visionárias, terapêuticas ou de vários outros tipos, dependendo do set e setting.
É uma observação simples a de que as experiências com maior sucesso as mais educacionais e libertadoras são aquelas precedidas por um período de desligamento do mundo externo, dos jogos e compromissos cotidianos. O tempo que precede a ingestão de substâncias alteradoras de consciência é crucial do ponto de vista de preparação interna. O conteúdo da sua conscîência nesse tempo irá dominar a sua posterior experiência.
Aquele que se sente deprimido, ansioso ou irritado, irá levar essas sensações negativas à experiência, se farão fazer sentir com grande intensidade. Se o indivíduo se sente sereno, tranquilo, confiante e desgarrado de todos os problemas do cotidiano, a experiência tende a ser livre e iluminada.
A importância de preparar a mente e o corpo para a experiência dificilmente pode ser superestimado. Fisiologicamente, a parte mais importante da sessão com os enteógenos é quando se faz sentir os primeiros efeitos químicos no corpo. O experimentador não está preparado para esse momento de "decolagem", muita da sua firmeza no restante da experiência vai depender de como você lida com esse momento, de como você se livra das suas impressões do cotidiano, das suas impressões, e querer explicar e compreender tudo o que acontece com o seu corpo. Os batimentos cardíacos, a sudorese, o formigamento das mãoes e pernas, a agitação e por ai adiante. Estar preparado para essas mudanças, estar consciente e de mente serena irá lhe proporcionar tudo o de melhor que a experiência tem a oferecer, a lidar com essas poderosas energias que estão para vir.
Existem classes de homens que, tendo carregado conflitos cármicos a respeito de inibições de sentimentos, mostram-se incapazes de manter a experiência pura além de quaisquer sentimentos, e escorregam para visões de caráter emocional. A energia indiferenciada é tecida em jogos visionários na forma de sentimentos intensos. Pulsantes, estranhas e intensas sensações de amor e unidade serão sentidas; o equivalente negativo são sentimentos de afeição, cobiça, isolamento e preocupações com o corpo.
Eis uma lista das sensações físicas comumente relatadas: 1. Pressão corporal, que os tibetanos chamam de terra-se-desfazendo-em-água; 2. Frio úmido, seguido por calor febril, o que os tibetanos chamam de água-se-desfazendo-em-fogo; 3. Desintegração do corpo ou a sua dispersão em átomos, chamada fogo-se-desfazendo-em-ar; 4. Pressão na cabeça e nos
ouvidos, que os americanos chamam de foguete-sendo-lançado-ao-espaço; 5. Formigamento nas extremidades; 6. Sensação de como se o corpo estivesse derretendo ou escorrendo como cera; 7. Náusea; 8. Tremor, começando na região pélvica e se espalhando para o tronco.
As reações físicas devem ser reconhecidas como sinais indicativos da transcendência. Evite tratá-las como sintomas de doença, aceite-as, una-se a elas, aproveite-as. Ainda, se o sujeito experimentar sensações estomacais, elas devem ser saudadas com um sinal de que a consciência está se movendo pelo corpo.
Pode ser de ajuda descrever em maiores detalhes alguns dos fenômenos que geralmente acompanham o momento da ego-perda. Um deles pode ser chamado de “fluxo de ondas de energia”. O indivíduo torna-se consciente de que é parte de um campo de energia carregado, e de que está cercado por ele, que parece quase elétrico. Para prolongar o estado de ego-perda tanto quanto possível, a pessoa preparada relaxará e permitirá que as forças fluam através dela. Há dois perigos a evitar: a tentativa de controlar e racionalizar esse fluxo.
Um segundo fluxo é o chamado “fluxo vital biológico”, aqui a pessoa torna-se consciente dos processos bioquímicos e fisiológicos, da atividade rítmica pulsante no interior do corpo. Os processos biológicos interiores podem também ser ouvidos como chiados e barulhos de crepitação e trituração característicos. A pessoa deve resistir à tentação de rotular e controlar esses processos. Nesse ponto você está ligado a áreas do sistema nervoso que são inacessíveis à percepção rotineira. Você não pode arrastar o seu ego para dentro dos processos moleculares da vida. Esses processos são um bilhão de anos mais velhos que a mente conceitual erudita.
Então, algumas dicas de como deixar a sua mente e o ambiente em volta o mais sereno e prazeroso o possível para a experiência poder correr sem muitos transtornos sejam eles de que ordem forem.
Escolha um ambiente calmo, onde sabe que durante todo o período em que você estiver ali, ninguém irá aparecer, pessoas que não foram convidadas a participar da experiência não irão entender o que está se passando, além disso, haverá um choque de energias, de egos, o que em muita irá lhe confundir e dificultar a sua experiência. Então, pré determine um local tranquilo, seja ele numa praia, nas matas, montanhas, sítio, ou em algum comodo da sua casa.
O uso de incensos é uma forma de meditação, os aromas, despertam instintos básicos do ser humano e são muito bem vindos em experiências psicodélicas.
Sabores e toques também podem ser experimentados durante a sessão. Os seus sentidos irão demonstrar dimensões de percepção nunca antes vistas ou sentidas, prepare frutas, e, diferentes texturas como quadros com motivos hindus (dependendo de suas concepções religiosas), quadros com mandalas também são muito interessantes.
Musicas indianas são perfeitas para esses tipos de sessões, a tradição hindu preservou formas e modos de comunicação musical que transcendem milhares de anos e possuem um tempero muito psicodélico, despertam partes adormecidas do seu subconsciente, brilham forte em cada nota, denotando uma música universal, que flui junto as vibrações da natureza.
Na verdade o conteúdo do programa, vai depender muito do propósito, objetivos, da sessão. Diagnósticos, terapia, entendimento intelectual, visionária, apreciação, comunicação interpessoal, entendimento próprio, desenvolvimento do espiritual, entre outros.
É aconselhado que no dia seguinte a sua experiência, de preferência, tente se abster de comunicação, procure não sair falando a todos como foi que aconteceu a sua experiência, reserve esse dia para meditar mais profundamente acerca e tudo o que se passou no dia anterior. Um dos principais motivos de "não se entender" do que aconteceu durante a sessão é essa ânsia de logo de imediato querer racionalizar ou "explicar" a experiência. Reserve esse dia para manter a serenidade, não deixe-se ser tomado pela ansiedade, ela só vai lhe bloquear as reais intenções e entendimentos que porventura possam ter sido desencadeados. Deixe-se absorver lentamente os detalhes da experiencia, deixe a mente fluir livremente, sem dogmas, sem ego.
A pessoa experiente está normalmente além da dependência do cenário. Ela pode desligar-se da pressão exterior e retornar à iluminação. Uma pessoa extrovertida, dependente de jogos sociais e situações exteriores pode, no entanto, ficar prazerosamente distraída (cores, sons, pessoas). Se você antecipar a distração do extrovertido e quiser manter um estado de êxtase de não-jogos, então lembre-se de seguir as seguintes instruções: não se distraia, tente se concentrar numa personalidade contemplativa ideal, por exemplo o Buda, Cristo, Sócrates, Ramakrishna, Einstein, Hermann Hesse ou Lao Tsé: siga o seu modelo como se ele fosse um ser com um corpo físico esperando por você. Junte-se a ele.
Outra parte muito delicada que os enteógenos tocam em você é sua cultura. Então a importancia do programa é lhe assegurar um controle forte sobre o sistema nervoso. O processo de ser gerado nesse mundo e ser educado dentro de determinados padrões e simbologias, dentro de uma determinada cultura é um processo de ter no seu sistema nervoso impresso essas simbologias. O preço dessa impressão no nosso sistema nervoso é o preço de não poder enxergar com nitidez e eficiencia simbolos externos e estranhos a nós. Então, se prepare para esses choques de percepção e cultura que serão re-impressos em você, esteja atento.
No auge da experiência, o fluxo de consciência, microscopicamente nítido e intenso, é interrompido por tentativas fugazes de interpretar e racionalizar. Mas o ego-jogador normal não está funcionando efetivamente. Existem, portanto, possibilidades ilimitadas para, por um lado, novidades intelectuais e emocionais agradáveis se deixar-se flutuar com a corrente; e, por outro lado, temíveis emboscadas de confusão e terror se tentar-se impor a sua vontade à experiência.
Esteja ciente para os pontos de escolha que surgem durante este estágio. Estranhos sons, visões sobrenaturais e perturbadoras podem ocorrer. Eles podem impressionar, assustar e atemorizar a não ser que se esteja preparado.
A pessoa experiente será capaz de manter a percepção de que todas as percepções vêm de dentro e será capaz de sentar-se calmamente, controlando sua consciência expandida como um aparelho de televisão multidimensional fantasmagórico: as alucinações mais agudas e sensíveis – visuais, audíveis, táteis, olfativas, físicas e corporais; as reações mais requintadas, o discernimento compassivo do eu, do mundo. A chave é a inação: a integração passiva com tudo o que ocorre à sua volta. Se você tentar impor sua vontade, usar sua mente, racionalizar, buscar explicações, você será pego em rodamoinhos alucinatórios. O lema: paz, aceitação. É um panorama que muda continuamente. Você é temporariamente apartado(a) do mundo de jogo. Aproveite isso.
Os inexperientes e aqueles para os quais o ego-controle é importante podem considerar a passividade impossível. Se você não puder se manter inativo(a) e subjugar sua vontade, então a única atividade que pode certamente reduzir o pânico e puxá-lo(a) de volta dos jogos mentais alucinatórios é o contato físico com outra pessoa. Vá até o guia ou até outro participante e ponha sua cabeça no ombro dele(a) ou no seu colo; ponha seu rosto próximo ao dele(a) e se concentre no movimento e no som da respiração dele(a). Respire profundamente e sinta o ar correr para dentro e a expiração. Esta é a forma mais antiga de comunicação viva; a irmandade da respiração. A mão do guia sobre sua testa pode ajudar no relaxamento. O contato com outro participante pode ser mal-entendido e provocar alucinações sexuais. Por esta razão, esse tipo de ajuda deve ser combinada previa e explicitamente.
Não se pode prever que visões ocorrerão, nem sua seqüência. Pode-se apenas incitar os participantes a fechar a boca, respirar pelo nariz, e desligar a irrequieta mente racionalizante. Mas só uma pessoa experiente de inclinações místicas consegue fazer isso (e assim permanecer no sereno esclarecimento). A pessoa despreparada ficará confusa ou, pior, entrará em pânico: a luta intelectual para controlar o oceano.
No caso dos psicodélicos mais amplamente usados (LSD, psilocibina etc.), é seguro dizer que tais efeitos corporais praticamente nunca são efeito direto da droga. A droga age apenas sobre o cérebro e ativa padrões neurais centrais. Todos os sintomas físicos são criados pela mente. Indisposição física é um sinal de que o ego está lutando para manter ou recuperar o controle através da dissolução dos limites emocionais.
"Conhece-te a ti mesmo" uma das frases mais antigas conhecidas pela humanidade, está escrita na pedra em cima da entrada principal do Oráculo de Delfos, na Grécia. Essa frase aponta ao fato de que em ordem para você ser livre do arraigado de idéias e imposições da cultura dominante, você deve começar a se entender primeiro, entender o seu eu interior, seu ego, seu organismo, físico, emocional e mental.
Baseado nos textos de:
The Relation of Expectation and Mood to Psilocybin Reactions:.
A Questionnaire Study - Psychedelic Review, No. 5, 1965
Programmed Communication During Experience with DMT, Timothy Leary
Psychedelic Review, No. 8, 1966
On Programming Psychedelic Experiences, Ralph Metzner & Timothy Leary
Psychedelic Review, No. 9, 1967 (complete pdf)
The Psychedelic Experience: A Manual Based on the Tibetan Book of the Dead (Citadel Underground) by Timothy Leary (Oct 1, 2000)
(portugues)
Uma experiência psicodélica é um período de intensas reações de estímulos sensoriais seja de dentro ou de fora. Já um experiência psicodélica “programada” é uma em que a seqüência de estímulos é mais padronizada, não deixada tanto a sorte, sendo arranjada de uma maneira a lhe dar mais segurança, lhe permitindo ir a lugares mais desejáveis.
Usando um programa, tentamos controlar a experiência psicodélica a determinadas direções.
Um programa é como se fosse um panfleto de viagem, posso pegá-lo no aeroporto e visualizar por onde devo começar, qual o melhor caminho a se tomar, uma série de sinais e símbolos que irão me ajudar. Um bom exemplo, seria um piloto de avião, novato, em suas primeiras aulas de vôo, necessita em muita das comunicações da torre de comando por rádio, que irão prover a ele orientações durante a “viagem”, ajudando assim a voar em território desconhecido e por entre tempo fechado.
A idéia de programar uma experiência psicodélica é baseada na teoria sobre a natureza dos efeitos psicodélicos. A hipótese, que foi primeiramente formulada por Thimoty Leary na Universidade de Harvard (EUA) - Projeto Psilocibina (Psilocybin Project), e foi amplamente aceita por cientistas e pesquisadores da área, é que o conteúdo da experiência psicodélica é primeiramente determinado por dois fatores chave: set e setting. “Set”, se refere ao estado interno da pessoa tendo a experiência, seu humor, expectativas, medos, desejos; Setting, se refere as condições externas da experiência, o estado físico das coisas ao seu redor, os objetos que o cercam, o espaço, as suas relações com as pessoas que no momento estão a sua volta e, principalmente, da pessoa que está lhe entregando a oportunidade da experiência, essa também é tido como um elemento do setting.
Já é bem entendido que os psicodélicos, agora já melhor compreendidos e chamados de enteógenos, podem produzir fortes experiências religiosas, visionárias, terapêuticas ou de vários outros tipos, dependendo do set e setting.
É uma observação simples a de que as experiências com maior sucesso as mais educacionais e libertadoras são aquelas precedidas por um período de desligamento do mundo externo, dos jogos e compromissos cotidianos. O tempo que precede a ingestão de substâncias alteradoras de consciência é crucial do ponto de vista de preparação interna. O conteúdo da sua conscîência nesse tempo irá dominar a sua posterior experiência.
Aquele que se sente deprimido, ansioso ou irritado, irá levar essas sensações negativas à experiência, se farão fazer sentir com grande intensidade. Se o indivíduo se sente sereno, tranquilo, confiante e desgarrado de todos os problemas do cotidiano, a experiência tende a ser livre e iluminada.
A importância de preparar a mente e o corpo para a experiência dificilmente pode ser superestimado. Fisiologicamente, a parte mais importante da sessão com os enteógenos é quando se faz sentir os primeiros efeitos químicos no corpo. O experimentador não está preparado para esse momento de "decolagem", muita da sua firmeza no restante da experiência vai depender de como você lida com esse momento, de como você se livra das suas impressões do cotidiano, das suas impressões, e querer explicar e compreender tudo o que acontece com o seu corpo. Os batimentos cardíacos, a sudorese, o formigamento das mãoes e pernas, a agitação e por ai adiante. Estar preparado para essas mudanças, estar consciente e de mente serena irá lhe proporcionar tudo o de melhor que a experiência tem a oferecer, a lidar com essas poderosas energias que estão para vir.
Existem classes de homens que, tendo carregado conflitos cármicos a respeito de inibições de sentimentos, mostram-se incapazes de manter a experiência pura além de quaisquer sentimentos, e escorregam para visões de caráter emocional. A energia indiferenciada é tecida em jogos visionários na forma de sentimentos intensos. Pulsantes, estranhas e intensas sensações de amor e unidade serão sentidas; o equivalente negativo são sentimentos de afeição, cobiça, isolamento e preocupações com o corpo.
Eis uma lista das sensações físicas comumente relatadas: 1. Pressão corporal, que os tibetanos chamam de terra-se-desfazendo-em-água; 2. Frio úmido, seguido por calor febril, o que os tibetanos chamam de água-se-desfazendo-em-fogo; 3. Desintegração do corpo ou a sua dispersão em átomos, chamada fogo-se-desfazendo-em-ar; 4. Pressão na cabeça e nos
ouvidos, que os americanos chamam de foguete-sendo-lançado-ao-espaço; 5. Formigamento nas extremidades; 6. Sensação de como se o corpo estivesse derretendo ou escorrendo como cera; 7. Náusea; 8. Tremor, começando na região pélvica e se espalhando para o tronco.
As reações físicas devem ser reconhecidas como sinais indicativos da transcendência. Evite tratá-las como sintomas de doença, aceite-as, una-se a elas, aproveite-as. Ainda, se o sujeito experimentar sensações estomacais, elas devem ser saudadas com um sinal de que a consciência está se movendo pelo corpo.
Pode ser de ajuda descrever em maiores detalhes alguns dos fenômenos que geralmente acompanham o momento da ego-perda. Um deles pode ser chamado de “fluxo de ondas de energia”. O indivíduo torna-se consciente de que é parte de um campo de energia carregado, e de que está cercado por ele, que parece quase elétrico. Para prolongar o estado de ego-perda tanto quanto possível, a pessoa preparada relaxará e permitirá que as forças fluam através dela. Há dois perigos a evitar: a tentativa de controlar e racionalizar esse fluxo.
Um segundo fluxo é o chamado “fluxo vital biológico”, aqui a pessoa torna-se consciente dos processos bioquímicos e fisiológicos, da atividade rítmica pulsante no interior do corpo. Os processos biológicos interiores podem também ser ouvidos como chiados e barulhos de crepitação e trituração característicos. A pessoa deve resistir à tentação de rotular e controlar esses processos. Nesse ponto você está ligado a áreas do sistema nervoso que são inacessíveis à percepção rotineira. Você não pode arrastar o seu ego para dentro dos processos moleculares da vida. Esses processos são um bilhão de anos mais velhos que a mente conceitual erudita.
Então, algumas dicas de como deixar a sua mente e o ambiente em volta o mais sereno e prazeroso o possível para a experiência poder correr sem muitos transtornos sejam eles de que ordem forem.
Escolha um ambiente calmo, onde sabe que durante todo o período em que você estiver ali, ninguém irá aparecer, pessoas que não foram convidadas a participar da experiência não irão entender o que está se passando, além disso, haverá um choque de energias, de egos, o que em muita irá lhe confundir e dificultar a sua experiência. Então, pré determine um local tranquilo, seja ele numa praia, nas matas, montanhas, sítio, ou em algum comodo da sua casa.
O uso de incensos é uma forma de meditação, os aromas, despertam instintos básicos do ser humano e são muito bem vindos em experiências psicodélicas.
Sabores e toques também podem ser experimentados durante a sessão. Os seus sentidos irão demonstrar dimensões de percepção nunca antes vistas ou sentidas, prepare frutas, e, diferentes texturas como quadros com motivos hindus (dependendo de suas concepções religiosas), quadros com mandalas também são muito interessantes.
Musicas indianas são perfeitas para esses tipos de sessões, a tradição hindu preservou formas e modos de comunicação musical que transcendem milhares de anos e possuem um tempero muito psicodélico, despertam partes adormecidas do seu subconsciente, brilham forte em cada nota, denotando uma música universal, que flui junto as vibrações da natureza.
Na verdade o conteúdo do programa, vai depender muito do propósito, objetivos, da sessão. Diagnósticos, terapia, entendimento intelectual, visionária, apreciação, comunicação interpessoal, entendimento próprio, desenvolvimento do espiritual, entre outros.
É aconselhado que no dia seguinte a sua experiência, de preferência, tente se abster de comunicação, procure não sair falando a todos como foi que aconteceu a sua experiência, reserve esse dia para meditar mais profundamente acerca e tudo o que se passou no dia anterior. Um dos principais motivos de "não se entender" do que aconteceu durante a sessão é essa ânsia de logo de imediato querer racionalizar ou "explicar" a experiência. Reserve esse dia para manter a serenidade, não deixe-se ser tomado pela ansiedade, ela só vai lhe bloquear as reais intenções e entendimentos que porventura possam ter sido desencadeados. Deixe-se absorver lentamente os detalhes da experiencia, deixe a mente fluir livremente, sem dogmas, sem ego.
A pessoa experiente está normalmente além da dependência do cenário. Ela pode desligar-se da pressão exterior e retornar à iluminação. Uma pessoa extrovertida, dependente de jogos sociais e situações exteriores pode, no entanto, ficar prazerosamente distraída (cores, sons, pessoas). Se você antecipar a distração do extrovertido e quiser manter um estado de êxtase de não-jogos, então lembre-se de seguir as seguintes instruções: não se distraia, tente se concentrar numa personalidade contemplativa ideal, por exemplo o Buda, Cristo, Sócrates, Ramakrishna, Einstein, Hermann Hesse ou Lao Tsé: siga o seu modelo como se ele fosse um ser com um corpo físico esperando por você. Junte-se a ele.
Outra parte muito delicada que os enteógenos tocam em você é sua cultura. Então a importancia do programa é lhe assegurar um controle forte sobre o sistema nervoso. O processo de ser gerado nesse mundo e ser educado dentro de determinados padrões e simbologias, dentro de uma determinada cultura é um processo de ter no seu sistema nervoso impresso essas simbologias. O preço dessa impressão no nosso sistema nervoso é o preço de não poder enxergar com nitidez e eficiencia simbolos externos e estranhos a nós. Então, se prepare para esses choques de percepção e cultura que serão re-impressos em você, esteja atento.
No auge da experiência, o fluxo de consciência, microscopicamente nítido e intenso, é interrompido por tentativas fugazes de interpretar e racionalizar. Mas o ego-jogador normal não está funcionando efetivamente. Existem, portanto, possibilidades ilimitadas para, por um lado, novidades intelectuais e emocionais agradáveis se deixar-se flutuar com a corrente; e, por outro lado, temíveis emboscadas de confusão e terror se tentar-se impor a sua vontade à experiência.
Esteja ciente para os pontos de escolha que surgem durante este estágio. Estranhos sons, visões sobrenaturais e perturbadoras podem ocorrer. Eles podem impressionar, assustar e atemorizar a não ser que se esteja preparado.
A pessoa experiente será capaz de manter a percepção de que todas as percepções vêm de dentro e será capaz de sentar-se calmamente, controlando sua consciência expandida como um aparelho de televisão multidimensional fantasmagórico: as alucinações mais agudas e sensíveis – visuais, audíveis, táteis, olfativas, físicas e corporais; as reações mais requintadas, o discernimento compassivo do eu, do mundo. A chave é a inação: a integração passiva com tudo o que ocorre à sua volta. Se você tentar impor sua vontade, usar sua mente, racionalizar, buscar explicações, você será pego em rodamoinhos alucinatórios. O lema: paz, aceitação. É um panorama que muda continuamente. Você é temporariamente apartado(a) do mundo de jogo. Aproveite isso.
Os inexperientes e aqueles para os quais o ego-controle é importante podem considerar a passividade impossível. Se você não puder se manter inativo(a) e subjugar sua vontade, então a única atividade que pode certamente reduzir o pânico e puxá-lo(a) de volta dos jogos mentais alucinatórios é o contato físico com outra pessoa. Vá até o guia ou até outro participante e ponha sua cabeça no ombro dele(a) ou no seu colo; ponha seu rosto próximo ao dele(a) e se concentre no movimento e no som da respiração dele(a). Respire profundamente e sinta o ar correr para dentro e a expiração. Esta é a forma mais antiga de comunicação viva; a irmandade da respiração. A mão do guia sobre sua testa pode ajudar no relaxamento. O contato com outro participante pode ser mal-entendido e provocar alucinações sexuais. Por esta razão, esse tipo de ajuda deve ser combinada previa e explicitamente.
Não se pode prever que visões ocorrerão, nem sua seqüência. Pode-se apenas incitar os participantes a fechar a boca, respirar pelo nariz, e desligar a irrequieta mente racionalizante. Mas só uma pessoa experiente de inclinações místicas consegue fazer isso (e assim permanecer no sereno esclarecimento). A pessoa despreparada ficará confusa ou, pior, entrará em pânico: a luta intelectual para controlar o oceano.
No caso dos psicodélicos mais amplamente usados (LSD, psilocibina etc.), é seguro dizer que tais efeitos corporais praticamente nunca são efeito direto da droga. A droga age apenas sobre o cérebro e ativa padrões neurais centrais. Todos os sintomas físicos são criados pela mente. Indisposição física é um sinal de que o ego está lutando para manter ou recuperar o controle através da dissolução dos limites emocionais.
"Conhece-te a ti mesmo" uma das frases mais antigas conhecidas pela humanidade, está escrita na pedra em cima da entrada principal do Oráculo de Delfos, na Grécia. Essa frase aponta ao fato de que em ordem para você ser livre do arraigado de idéias e imposições da cultura dominante, você deve começar a se entender primeiro, entender o seu eu interior, seu ego, seu organismo, físico, emocional e mental.
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