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Primeira trip relatada

perfeito, também observei isso em alguns relatos que li... nesse aqui, pode parecer que a parte feliz durou pouco, porque descrevi pouco... mas das 22:00 até 4:00 (meu obituário), eu dancei muito, pulei, gritei da janela tudo o que tinha vontade, e tudo isso envolvido naquelas gargalhadas loucas, não sei se alguém percebe um tom meio 'bambo' na fala e nas risadas, enfim foi bom demais...
mas das 4:00 em diante, eu me 'distraí', ou me concentrei na viagem estranha, e acreditei na morte... como esse delírio de cotard que você mencionou aqui... e acredito que tenha mesmo um fundamento neuroquímico - nas primeiras horas libera-se muita endorfina, serotonina etc... depois de um tempo, os níveis diminuem, e a probabilidade de ter uma 'viagem ruim' aumenta... claro só especulação, mas uma coisa que observei em mim, em mais de uma tripp...
valeu mesmo :pos:

Pessoal, a Psilobicina age sobre receptores de serotonina. Os genes relacionados com ela são codificados como 5-HT2A.

A Psilobicina une-se aos receptores 5-HT2A dos neurônios corticais e deixa a serotonina sem ter onde ligar-se. Segue-se um estado de euforia e alegria incontida, proveniente da serotonina em excesso.
À medida que a Psilobicina vai sendo eliminada, os receptores vão recapturando o excesso de serotonina. Segue-se a descida, momento propício à depressão.

Pessoas deprimidas, partindo-se deste relato, deveriam tomar cuidado com a descida, pois a depressão pode ser perigosa.

Com relação à esquizofrenia, existem duas hipóteses, sendo uma mais antiga e outra mais recente. A mais antiga, considerada modelo clássico, aponta para defeitos em alguns genes do sistema dopamínico. A mais recente parte da hipótese de um defeito nos genes envolvidos no sistema serotonina-glutamato.

"(...) The challenge remains to relate the dopamine hypothesis of schizophrenia to this emerging serotonin-glutamate hypothesis. The remarkable concordance of research on psychedelics and antipsychotics indicates that the study of the mechanisms of psychotomimetic drugs of abuse will continue to facilitate the development of better therapies for schizophrenia." Psychedelics and schizophrenia, Gonzalez-Maeso, J. & Sealfon, Stuart C. in Trends in NeuroScience, v. 32, n. 4, p. 225-232.

O fato de haver uma hipótese de causalidade da esquizofrenia envolvendo os genes relacionados com receptores corticais de serotonina 5-HT2A, contra-indica o uso de substâncias como a psilobicina em pessoas com casos de esquizofrenia na família, pois, segundo o artigo anteriormente citado, a herança genética da esquizofrenia situa-se entre 73-90%.

"The heritability of schizophrenia is estimated at 73–90%. Because genetic causes of schizophrenia are under strong negative reproductive selection, the predisposing genetic lesions are postulated to be rare and heterogeneous. Potentially pathogenic mutations have been identified in the genes for DISC1, PDE4B and NPAS3." op. cit.

O fenômeno de disparo da esquizofrenia a partir de eventos ambientais também é importante, segundo os estudos epidemiológicos, o que reforça a questão de evitar o uso de substâncias que possam servir de disparo para a doença.

"Increased risk of schizophrenia due to gene–environment interactions (the genetic predisposition to an environmental insult) and epistasis (dependence of phenotype on the interactions among two or more genes) are both consistent with the current epidemiological and genetic studies." op.cit.

Os citados estudos epidemiológicos detalham como principais eventos disparadores da esquizofrenia, ou que aumentam o seu risco de desenvolvimento, apontam problemas de parto ou gestação, como falta de oxigenação fetal (hipóxia fetal), deficiência de ácido fólico durante a gestação, uso de maconha, nascimento urbano, posterior vinda ou migração.

"Contributing environmental and epidemiological factors that have been implicated in increasing the risk of schizophrenia include foetal hypoxia and folate deficiency, cannabis use, urban birth or upbringing and migration." op. cip.

Desta forma, segundo este artigo, exceto em pessoas que possuam predisposição ou risco aumentado, graças aos fatores de risco apresentados relacionados à esquizofrenia, não há razão para se imaginar que o uso de psilobicina possa causar um estado esquizofrênico permanente. Poderia, no máximo, disparar uma esquizofrenia num indivíduo predisposto a isto.

Paz e luz.
 

Anexos

  • PsychedelicsandSchizopherenia.pdf
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Pessoal, a Psilobicina age sobre receptores de serotonina. Os genes relacionados com ela são codificados como 5-HT2A.
Como voce pôde num mesmo dia postar isso E relacionar os cogumelos a deus, a uma busca esotérica, misteriosa??
tento entender.
 
Nosso cérebro é um sistema de antenas que absorvem as ondas (elétricas, magnéticas, etc) do espaço tridimensional em que estamos mergulhados.
O simples fato de que o nosso sistema de antenas (cérebro) é mediado por mensageiros químicos e sujeito a leis físicas não é suficiente para negar a Deus ou a existência de um hyperespaço muito mais amplo.
A ciência pode dizer que, sob determinadas condições de mensagens químicas, nosso sistema de antenas passa a perceber uma realidade diferente daquele que normalmente o faria.
Porém, dada uma realidade percebida por mim, diferente da percebida por você, por exemplo, a ciência, sequer a filosofia, tem condições de dizer qual delas é a correta.
Alguém que, sob o uso de cogumelos mágicos, vê o hyperespaço, por exemplo, está vendo a realidade mais ampla do mundo? Ou a realidade tridimensional, para a qual o nosso cérebro está normalmente calibrado, é A REALIDADE?
Qualquer tentativa de eleger uma realidade apreendida dentre outras partirá de conceitos dependentes de regras de utilidade, moral. etc. Mas não há uma respostas adequadas.
Por isto, a neurociência não pode responder à pergunta fundamental: qual é a realidade verdadeira, a que vemos num transe místico ou a que vemos no cotidiano?
 
de fato agora ficou coerente.
mesmo assimnao devemos nos limitar ou regrarpor pré conceitos, ou pensarmos nessa idéia de que nao interagimos ainda totalmente com algo por falta de experiencia conhecimento ou MERECIMENTO.
limitar sua experiencia pelas leis conhecidas seria o mesmo que nunca tomar cogumelos.
guru = aquele que é seu proprio guia.
 
Concordo. Não podemos ter preconceitos. E, talvez pela primeira vez, a evolução da ciência começa a tocar nos aspectos do sistema cérebro-mente, através das neurociências, de forma que sabemos hoje de que forma são abertos os portais para realidades outras.
Não cabe às neurociências definir qual das realidades é A REALIDADE, mas sim entender porque o homo sapiens, desde tempos imemoriais, recorre a substâncias psicodélicas e rituais místicos em busca de uma religação (religião) com uma outra realidade mais ampla e tida como superior. Esta é uma idéia recorrente do homem, em todas as épocas e civilizações.
Saber em que ponto do sistema cérebro-mente estão as chaves para estes portais abre a possibilidade de explorar de forma segura a formação da realidade em nossa consciência.
Mas as neurociências não podem afirmar nada sobre o conteúdo, pois se houver de fato um mundo hyperdimensional (10 dimensões, segundo a cabala, por exemplo), o que vemos e sentimos é uma infima parte do universo todo.

Agora vemos em parte, mas então veremos face a face (Paulo).
 
de fato agora ficou coerente.
mesmo assimnao devemos nos limitar ou regrarpor pré conceitos, ou pensarmos nessa idéia de que nao interagimos ainda totalmente com algo por falta de experiencia conhecimento ou MERECIMENTO.
limitar sua experiencia pelas leis conhecidas seria o mesmo que nunca tomar cogumelos.
guru = aquele que é seu proprio guia.

Como psiconauta, que viaja através das realidades criadas por meio dos transes místicos, ou por meio do uso de substâncias que alteram a percepção da realidade, a exemplo do que tem feito inúmeros povos desde tempos imemoriais, o indivíduo tem alguns medos e apreensões.

Já que é uma viagem, é preciso estar seguro de que o veículo está em perfeitas condições para ir e também para voltar.

Neste sentido, saber se temos ou não predisposição para a esquizofrenia é parte dos preparativos da viagem. Se não temos predisposição para a esquizofrenia, a viagem durará o tempo que o organismo leva para processar e excretar a psilobicina.

Por outro lado, ativar os portais para a viagem implica dar uma descarga de serotonina no cérebro, libertando a consciência para a viagem. A volta, como a de um astronauta, tem um impacto em termos de "bode", ou seja, a depressão pós-viagem causada pela escassez de serotonina.

Imediatamente, o sistema homeostático buscará o retorno aos níveis de serotonina normais, recalibrando o cérebro para a apreensão da realidade a que estamos acostumados. Neste meio tempo, haverá flutuação nos níveis de serotonina, e, principalmente no retorno, o indivíduo pode ter uma mini-depressão ou depressão temporária, que muitos chamam de bad-trip.

O "bode" é o preço da viagem. Os benefícios da viagem depende de quem e do que busca. E a depressão é também um momento de aprendizagem que nos torna mais densos, aumenta nossa autocrítica, mostra-nos ŕrágeis e nos expõe aos nossos próprios defeitos.

Ouso dizer que o "bode" ou bad-trip é a parte que talvez mais sirva como auto-análise e para sermos seres melhores. Quem tem depressão e consegue conviver com ela, ou já teve episódios de depressão, normalmente são pessoas mais densas, de personalidade mais forte e definida.
 
bode = rebordosa
ehehhe
concordo em genero numero e grau.
ou degrau...
tanto faz.
agora mesmo percebi que andei andei andei e do PRESENTE mesmo nunca saí.
vai ver sou imortal pois desde que nasci quem morre são vocês.
 
Imediatamente, o sistema homeostático buscará o retorno aos níveis de serotonina normais, recalibrando o cérebro para a apreensão da realidade a que estamos acostumados. Neste meio tempo, haverá flutuação nos níveis de serotonina, e, principalmente no retorno, o indivíduo pode ter uma mini-depressão ou depressão temporária, que muitos chamam de bad-trip.


É, uma teoria sobre as bad trips.


Mas tenho que relatar que pela minha experiência de 10 anos com cogumelos as bads trips bravas se anunciam mesmo é no início da experiência, na subida. Parece que algo sai fora do trilho e depois só piora. O pico pode ser apoteótico, uma experiência difícil de esquecer :eek:

Geralmente a "descompressão" do final das experiências é fichinha perto de uma bad trip, embora possa gerar alguma confusão.

E quando a experiência não é uma bad, na maior parte das vezes o final na verdade é muito prazeroso.
 
É, uma teoria sobre as bad trips.
Mas tenho que relatar que pela minha experiência de 10 anos com cogumelos as bads trips bravas se anunciam mesmo é no início da experiência, na subida. Parece que algo sai fora do trilho e depois só piora. O pico pode ser apoteótico, uma experiência difícil de esquecer :eek:

Geralmente a "descompressão" do final das experiências é fichinha perto de uma bad trip, embora possa gerar alguma confusão.

E quando a experiência não é uma bad, na maior parte das vezes o final na verdade é muito prazeroso.

Se é assim, devo rever a minha teoria. Estava partindo do pressuposto de que a psilobicina se acopla ao gene e promove uma "festa de serotonina", que promoveria então o início maravilhoso.


Muito obrigado pelo relato. Vou estudar mais. Se outros puderem postar de que forma se desenrolam suas trips, podemos tentar estabelecer uma conexão com o que está ocorrendo em termos do sistema serotonina-glutamato.

Preciso estudar mais.
 
E quando a experiência não é uma bad, na maior parte das vezes o final na verdade é muito prazeroso.

Pois é! você acaba ficando preocupado em logo ficar CONFORTÀVEL na casca.
O que relatei ali em cima sobre rebordosa se apresenta com o uso de substancias sinteticas como lsd mescalina(sinth) e mdma.
:pos:
 
É, uma teoria sobre as bad trips.

Mas tenho que relatar que pela minha experiência de 10 anos com cogumelos as bads trips bravas se anunciam mesmo é no início da experiência, na subida. Parece que algo sai fora do trilho e depois só piora. O pico pode ser apoteótico, uma experiência difícil de esquecer :eek:

Geralmente a "descompressão" do final das experiências é fichinha perto de uma bad trip, embora possa gerar alguma confusão.

E quando a experiência não é uma bad, na maior parte das vezes o final na verdade é muito prazeroso.

Equator,

Acabei de encontrar um artigo publicado no Independent em 30/11/2004.


What happens during a bad trip, says Doblin, is a process well documented in psychiatry - ego-dissolution. "Who you think you are is being dissolved by the psilocybin and it feels as if you have to let go of your whole sense of identity." It's resisting this process that can trigger the bad trip. "But if you can let go symbolically, you can feel this sense of unity and can connect up with life beyond your individual personality. It can be very inspiring."


Traduzindo:

O que acontece durante uma bad trip, diz Doblin, é um processo bem documentado em psiquiatria - dissolução do ego. "Quem você pensa que é vai sendo dissolvido pela Psilocinina e parece como se você perde todo seu senso de personalidade." É resistir a este processo que pode desencadear a bad trip. "Mas se você deixa-se ir simbolicamente, você pode sentir este senso de unidade com o todo e pode se conectar com a vida além da sua personalidade individual. Pode ser bastante inspirador"


Seriam então dois processos distintos: um seria a bad trip, o outro seria a ressaca de serotonina, a rebordosa?
 
O que acontece durante uma bad trip, diz Doblin, é um processo bem documentado em psiquiatria - dissolução do ego. "Quem você pensa que é vai sendo dissolvido pela Psilocinina e parece como se você perde todo seu senso de personalidade." É resistir a este processo que pode desencadear a bad trip. "Mas se você deixa-se ir simbolicamente, você pode sentir este senso de unidade com o todo e pode se conectar com a vida além da sua personalidade individual. Pode ser bastante inspirador"


Seriam então dois processos distintos: um seria a bad trip, o outro seria a ressaca de serotonina, a rebordosa?


Do modo como vejo as experiências a bad trip pode ter algo sim a ver com a resistência à alteração do estado de consciência. Às vezes tem muito a ver.

Por isso é melhor se preparar, antes da experiência, para não lutar contra a mesma. Quando aparece um obstáculo ou um sentimento desagradável é melhor adotar uma posição de neutralidade do que de repulsa. Examine sem pressa o que está acontecendo.

E se você não lutar a experiência é em certo grau navegável, quer dizer, você consegue de maneira limitada se desviar ou se aproximar de certas partes.

Mas às vezes mesmo sem resistência (consciente) a bad trip já está desenhada, e aí eu tento fazer o mesmo. Navego pelo que posso da experiência e examino o resto.


Essa rebordosa do final eu sinto raramente. E é mais uma ligeira confusão do que uma depressão. Como disse antes para mim na maioria das vezes o final é prazeiroso.

O que sinto algumas vezes é um desânimo no outro dia, ao acordar. Mas isso apenas em algumas vezes.

É claro que podem haver grandes diferenças individuais.
 
Este é um dos Relatos mais importantes da história do fórum.

Muito obrigado Viniciusc, obrigado também ao senhor "Anjo João" e aos demais membros que compartilharam comentando :)
Forte abraço amigos.
 
Última edição:
Pois é figurinha, tive que ler o relato todo, e pqp, muito bem escrito e detalhado, claro que não dava pra ficar 100%, mas ficou lindo. Muitos risos aqui, uhsehues comeu o saco todo. foda. Obrigado Vinicusc e João. Paz e Luz.
 
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