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Primeira trip relatada

viniciusc

Cogumelo maduro
Membro Ativo
11/04/2008
839
65
Olá pessoal este é o relato de uma trip que tive, e que julgo ter sido a mais intensa. antes desta, havia tido em torno de quatro outras, mas nenhuma na mesma escala...

constituiu-se de aproximadamente 20 cogumelos secos e grandes, de diversas strains diferentes

difícil dar um contexto muito completo da situação em que me encontrava... considere que eu estava morando na casa de um amigo, mas um tanto longe de minha casa, demais amigos, família etc

o dia da trip foi bastante cheio; em algumas pessoas remamos um barquinho de madeira o dia todo, andamos em trilhas, conhecemos pessoas e ficamos 'no mato' até o escurecer...

chegando em casa (infelizmente não dava tempo de tomar os cogus na mata), tomei um banho e percebi que todos já haviam se recolhido, estava sozinho. aproximadamente 22:00hs comi os primeiros quatro cogumelos e fiquei na internet verificando emails fórums etc. depois de alguns minutos percebi a tela oscilando, bocejos e olhos lacrimejando. levantei e fui à rede que ficava estendida no escritório - lugar onde estava. uma sala espaçosa e com televisao, dvd e uma caixa de som imensa, computador e a maravilhosa rede de balanço.

desliguei todas as luzes e comecei a pensar muito rápido sobre coisas que me haviam deixado 'mordido'durante o dia. uma situação em especial e principal foi quando tirei foto de uma planta, no jardim de uma pessoa difícil (porém ótima). o diálogo em si foi mais ou menos assim:

ele:' ei cara você pediu autorização para fotografar a planta?'
eu:'pra ela eu pedi. ou era pra pedir pra você?'
ele:'não, claro que não, mas algumas plantas têm um 'mistério', temos que tomar cuidado...'




fiquei puto com tamanho moralismo de um cara que 5 minutos antes disse que conhecia a vida em todas as suas formas e que acreditava ser livre e não possuir nada.
o fluxo do pensamento me levou a uma inquietação, tudo extremamente rápido, ansiedade. levantei da rede e busquei um papel.

liguei rapidamente um som. as tragadas já pareciam diferentes, fumava na janela deste escritório, virada direto para a rua movimentada no centro da cidade, com pessoas passando dia e noite sem parar (para terem noção, em frente à casa tinha um motel e um buteiro, bares, realmente muita bagunça). uma moleza no corpo bateu logo em seguida, decidi comer mais alguns secos, peguei mais quatro deles e mastiguei. percebi que enquanto isso acontecia os bocejos aumentaram muito.

alguns minutos depois, já de volta à rede, aquela moleza no corpo pareceu se concentrar, como se todo o cansaço acumulado do dia tivesse se concentrado. meus braços 'latejavam', (estava 'atrás' na canoa, fui o 'motor' já que não dirigia tão bem, nem habilitação fluvial eu tinha...) cabeça pesada, olhos fechando, imaginei que não fosse aguentar fisicamente a trip e dormir. engano meu

fiquei no mínimo meia hora entre o sono e a vigília; aos poucos fui despertando daquela lezeira, decidi colocar um som que me mantivesse acordado. levantei da rede muito rápido, e tive aquela tontura normal, mas como as luzes estavam todas apagadas e só o monitor do pc estava ligado, tive o primeiro visual de vários fios luminosos numa estante, onde tinha alguns bonecos coloridos. na hora até esqueci da música, respirei fundo e fui até os fantoches. peguei um boneco aleatoriamente, sorri e fiquei olhando pra ele. quando prestando atenção defini três ou quatro feições diferentes em alguns segundos ' olha, ele tá bravo! ah não, tá triste! que nada, parece um tarado! mas olhando bem tá até meio angelical'.

com o boneco na mão e muito intrigado fui mudar a música. não achava mais o setor do site que tocava as músicas gratuitamente, fiquei impaciente e comecei a coçar a cabeça descontroladamente. parece que toda a sujeira que há nos meus cabelos decidiu se manifestar naquele momento. fiquei aflito, xinguei o pc, arrremessei o boneco e percebi também uma corisa começando. brabo e catarrento fui buscar papel higiênico e desliguei o computador.

embaixo do rolo estava o meu 'bilhete' de entrada: um dvd chamado 'message to love', do festival da ilha de wight, o woodstock britânico,1970 , em que tocaram hendrix, jethro tull, emerson lake and palmer e muitos outros doidões da música. Na hora decidi que era aquele e mais nada.

olhei a lista de músicas, parecia perfeita! estava muito feliz por ter encontrado aquilo. muito feliz mesmo, a ponto de pensar na corisa como o motivo de ter encontrado aquilo, simplesmente o oposto do minuto anterior quando estava praguejando contra tudo.

'vou comer mais alguns, por enquanto estou só com efeitos fisiológicos, quero acelerar um pouco'. fui ao quarto onde estavam os cogumelos, abri a gaveta e sentei na cama com o ziplock no colo, comendo enquanto procurava o que estava diferente naquele quarto. parecia mais pálido e menor, como se tivesse sido apertado com duas mãos... ainda comendo percebi muitas roupas jogadas, uma desordem que era constante, mas como havia coisas no meio do caminho, sujou, era hora de arrumar. fui mastigando e dobrando roupas, separando limpo do sujo, fuçando bolsos etc. nesse processo fui ingênuo suficiente pra perder a conta de quanto estava comendo, e quando olhei pro saco ele tinha mais dois cogumelos pequenos.'caramba comi tudo!!' já que 'estava feito', comi os dois últimos e voltei pro escritório, sedento pelo dvd.

a noite era quente, as coceiras na cabeça continuavam, e os insetos invadiam o escritório e me devoravam. como todos na casa estavam dormindo, tranquei o escritório por dentro, passei repelente de insetos e fiquei peladão. lembro que foi estranho passar a mão em meu corpo, senti tudo meio áspero...

liguei a caixa amplificada. que som ! a televisão ainda não estava ligada, e a música que tocava no menu do dvd já me impressionava. aumentei um pouco o som, me deliciei, mas logo em seguida pensei nas demais pessoas da casa, e até vizinhos. sentei no chão e o questionamento parecia a coisa mais importante da minha vida naquele momento: 'será que alguém me ouve?' uma luta de pensamentos opostos e rápidos - 'não, está longe'; 'ah os vizinhos ouvem'; 'mas a parede é grossa...'; 'a janela tá aberta!'. puuta merda fiquei irritado comigo mesmo, coloquei o dvd e deixei o som baixo.

as primeiras músicas são do jimmi hendrix, e logo na primeira um sorrisão estorou na minha cara: 'uau é o hendrix meeesmo' 'ahahahaha' eram os pensamentos, fiquei rindo como um bobo pelo tempo da primeira música, porque a junção dela com a segunda é muito espontânea, e gelou até o último osso da minha espinha quando rolou. daqui em diante tenho a lembrança muito mais espaçada. entrei numa espécie de transe, em que todas as risadas se transformaram numa coisa séria. voltei a primeira música e sem nenhuma hesitação aumentei o som até perto do final.

de olhos fechados e deitado no chão geladinho (fazia muito calor mesmo esta noite) tive sensações muito intensas enquanto ouvindo aquelas primeiras músicas. um prazer extremo e a impressão de que cada nota era perfeita. ao longo do tempo tudo foi aumentando, comecei a gargalhar e corisar muito, algumas contrações no corpo. as cores e uma sensação de tontura me dominavam, como uma guerra de lasers assim que encostava a pálpebra até o final.

de repente ouvi barulhos distorcidos, olhei ao redor e me senti na própria ilha, como se o show estivesse rolando ali na minha frente. excitadíssimo comecei a correr em volta do centro do escritório, sentia muita energia, disposição, olhei pro meu corpo e achei que nunca tivesse sido tão forte, vívido, veias aparentes, bati no meu peito, dei um gritão e senti o tesão de estar vivo...

as músicas foram passando, e a cada uma tinha reações diferentes. nas mais agitadas corria, pulava, gritava, gargalhava...

nas mais sérias ouvia e refletia. joni mitchel tocando 'woodstock', realmente fiquei emocionado, chorei pela beleza dela, da música, das coisas que estava sentindo.

esta noite foi a mais louca da minha vida, amaldiçoei tudo, gritei muito na janela do escritório, enlouqueci em todos os sentidos. a mistura com aquele outro enteógeno me fazia ir cada vez mais longe, sentir tudo cada vez mais diferente. foram +-10g dela pra esta noite.

o dvd terminou uma vez, eu já estava 'no máximo', coloquei o dvd mais uma vez e continuei curtindo. engraçado é que senti tudo de novo, não da mesma forma, como se fosse algo inédito.

antes de avançar quero dizer (o óbvio) de novo que aquela foi uma das melhores noite da minha vida até agora, e o que descrevo aqui não expressa nem 1% daquilo tudo.

aproximadamente 4:00hs na música do jethro tull, eu ainda corria motivado pela flauta mágica, quando senti um cansaço repentino. desacelerei e comecei a andar, ainda chacoalhando a cabeça e pirando. me senti mais cansado e sentei. ainda assistindo, deitei. e no que deitei, apaguei. posso afirmar com toda a certeza que desmaiei, abri os olhos e percebi que a música havia mudado. um mal-estar dominou meu corpo, comecei a tremer de frio, e fiquei intrigado com aquela coisa. 'po mas tava em outra música'...

desorientado e meio fraco, me apoiei numa mesa para me levantar, e percebi uma coisa atrás de mim. quando virei pra verificar o que era, vi ali estendido no chão o meu próprio corpo, igualzinho, deitado, com uma aparência pálida, olheiras negras e profundas. 'gelei' como nunca na minha vida.

subitamente passei a mao em um braço, queria verificar se me sentia. tudo normal apesar de parecer mais flácido... não sentia mais aquela disposição, pelo contrário, a música estava mais baixa, como se rolasse no fundo, tudo confuso. numa fração de segundos, levei a mão à cabeça e concluí com toda a certeza do mundo: 'puuuta merda, morri!'

nesse instante as lágrimas já inundaram meus olhos, tanto na trip como agora. a imagem fortíssima da minha mãe chorando muito 'apareceu' na mente, e eu não pude aguentar, caí de joelhos e chorei como uma criança. tinha muitas coisas pendentes com meus pais. depois de alguns minutos uma serenidade bateu, sequei as lágrimas e pensei 'bom, se estou vendo meu corpo, e a mim mesmo, só pode significar que eu acabei de desencarnar, e o pessoal que falava sobre espíritos presos no mundo material estava certo.' foi o que mais me surpreendeu, essa humildade de admitir que eu estava errado quanto à questão mais subjetiva do mundo (se há espírito, energia, vida após a morte etc)

aqui eu senti na pele o que é uma pessoa 'bipolar': em poucos segundos, alternava entre a maior angústia e a maior paz do mundo - angústia de não ter feito e falado tudo o que queria ter falado, principalmente aos meus pais, independente da situação que existia entre nós. a paz era a da conformação com o ciclo da vida, e se eu tinha razão mesmo morto, era por algum motivo.

num instante de angústia, fui direto ao telefone: 'bom se eu pego as coisas, posso ligar pra minha mãe' / 'não, mas se eu morri mesmo ela não vai me ouvir'/ 'bem mas eu estava errado quanto ao espírito, talvez aconteça algum fenômeno que me permita falar com ela'

peguei o aparelho, e comecei a discar: 'se ela atender e eu nao tiver morrido, falo que estou bêbado' / 'putz mas ela vai perceber que eu não estou bêbado' / 'f*da-se pelo menos eu vou falar com ela, e num minuto descarrego tudo o que precisamos, lavo minha alma e a dela'

aqui preciso agradecer minha incapacidade de decorar telefones e formatos de discagem. não estava acertando a operadora, nunca concluí a ligação.

depois de algumas tentativas, desisti irritado, e fui cuidar da minha morte.

'hm mas e as trips que a galera morre? comi uma sacola de cogumelo...'/ 'que nada mas os relatos são mais de uma sensação, acho que já senti algo parecido, não era nada assim de ver o próprio corpo'

mais uma vez a parte angustiante me pega, e os pensamentos se viraram pra vida de quem ficava na terra: 'caraca eu morri na casa dos meus amigos !! vai rolar perícia e tudo mais, vão descobrir o porquê disso tudo, vai todo mundo em cana!'

'e os filhos dele? quando acordarem vão pro escritório tomar mamadeira, e claro encontrar meu corpo geladão'

chorei mais uma vez, por estar fazendo uma grande besteira não só comigo (que já tinha 'ido' mesmo) mas com pessoas que estariam sujeitas ao julgamento da lei e das outras pessoas.

'calma, pode não ser isso' a dúvida se estava mesmo morto bateu denovo, olhei para o relógio e concluí - se estiver parado, o tempo que eu contava acabou mesmo. olhei de novo pra ele, que nao estava iluminado, e claro que nao vi movimentos de ponteiro. me convenci mais uma vez que estava morto. outro fluxo de pensamento - 'posso ter morrido há muuito tempo, e esses poucos minutos que estou presenciando podem ser muitos séculos no tempo da terra' / ' as coisas que eu estou pegando aqui, podem estar se mexendo sobrenaturalmente na terra, isso dá toda a razão a quem afirmava esse tipo de coisa...'

'tudo bem, se eu estava errado, quanto mais cedo eu reconhecer, mais cedo posso mudar de condição, seja qual for, já ouvi alguém falando isso.' / 'caraca será que isso foi considerado suicídio?'(essa linha de pensamento em específico não durou muito tempo, tanto em vida como nesse estado não dei muita atenção).

'já sei, a janela!' - como era uma rua movimentada, é claro que eu veria as pessoas, o mundo normal, poderia chamar alguém só pra pedir as horas, e se a pessoa respondesse, eu estaria vivo. fui direto, me apoiei e comecei a observar. incrível, nem uma pessoa, nem um carro, nem um vento na árvore da frente bateu - pode crer, não tenho dúvidas, morri.

de frente à janela ficava a porta, me virei e olhei pra ela. fiquei um tempo só olhando, parece que já não pensava nada. mas a idéia de cruzá-la estava cercada de mistério, a angústia voltava a bater. 'uma hora vou ter que encarar'- saí direto e abri bem rápido, e o corredor estava lá, normalzão. pensei agora nas demais pessoas da casa - é claro, vou acordar alguém, com
certeza vou descobrir o que tá acontecendo, se tiver alguém dormindo ali mesmo, no máximo daremos boas risadas'.

bati na porta de um quarto. bati mais uma vez, e chamei o nome de um amigo. 'ae joão, tá acordado?'. silêncio...... bati mais forte ainda, agora acho que até exagerei, e chamei de novo 'ei joão, sou eu'. a porta se abre, e logo a caveira do cidadão, pregado do dia anterior e por ser madrugada, pergunta: 'que foi ?' peguei no braço dele, estava eufórico, falei 'calma cara queria te contar uma coisa.' / joão: 'credo você tá geladão' / eu: 'cara, foi mal... (gargalhadas)' joão: 'foi mal o quê meu, que tá acontecendo? ' 'cara...(gargalhadas)...essa noite eu comi uns cogumelos...' / joão: 'séloco meu, comeu quanto?'/ eu: 'cara foi mal mesmo (gargalhadíssimas)... comi o saco todo !!!(gargalhadas; aqui ele já ria contagiado pela minha piração)/ joão: 'caramba, o saco todo, essa noite?' / eu: 'écaraeusenteicomosaconamãoaímedistraíacabeicomendotudomasfoisemquererrelaxaeuvoureporpossoircaçaressesdiase...' / joão: 'tudo bem, vamos lá no escritório, já acordei mesmo...' / eu: 'não cara, antes você tem que me tirar a dúvida: eu tô vivo ou não?'/ ele olha pra mim 'claro seu panaca, já vi que foi forte mesmo em?!'/ eu: 'porra mano é sério eu ainda tô muito perturbado, até agora mesmo tava vendo meu corpo no escritório, isso aqui deve ser a descida, eu tô alternando de humor tô confuso demais'. / joão: ' beleza mas vamos lá, tá tudo bem'.

caminhamos até o escritório, o sol já quase nascia, eu olhei pro estado do cômodo e já comecei a falar que ia pôr tudo em ordem, expliquei porquê tanta coisa fora do lugar etc... depois de guardar algumas coisas, nós dois encostamos na janela, já rindo, eu ainda meio assustado, mas tudo aparentemente voltando...

quando nessa encostada, sinto um vento diferente, parecia uma coisa inédita. nesse mesmo momento o joão começa a falar algumas coisas sobre suas experiências com cogumelos. não posso reproduzir aqui nem um pouco, mas cada palavra, cada respiração, encaixou direitinho como um 'último ensinamento' - e num segundo, comecei a chorar de novo, em bicas, agora achando que ele era um anjo, e que toda aquela situação era pra me explicar que tinha mesmo morrido, mas de forma dinâmica...

ouvi até o final, e perguntei de novo se tinha morrido mesmo. ele reafirmou que eu estava vivo, e que tinha algum tempo pra fazer as coisas que senti ter deixado de fazer, até que a real morte chegasse.

daqui em diante foi só descida fisiológica. deitei no chão, coloquei sal embaixo da língua pra aumentar a pressão, tomei água, e tentei dormir um pouco. depois de mais ou menos uma hora precisei correr pro banheiro, quase caguei nas calças. e impressionante é que meu cocô estava branco, a mesma cor que fica o de uma pessoa com hepatite ou outras disfunções hepáticas. e na verdade não escrevi nada sobre isso ali em cima, mas o tempo todo senti uma indisposição e até um inchaço na região do fígado.

resta saber se era tudo 'viagem minha' ou se realmente posso ter sobrecarregado o órgão de alguma forma. o meu é comprometido mesmo, mas tenho a impressão de que só cubies não podem causar nada parecido.

não liguei pra minha mãe no dia seguinte, mas com certeza já fiz quase todas as coisas que queria.

tem gente que precisa sentir na carne algumas dores pra acreditarem que elas existem - eu sou uma delas. conseguiria seguir a vida sem voltar atrás em muitas coisas, mas no caso desta trip, eu senti a dor todinha, e pude projetar que não a quero - até aqui é suficiente, só deixo a certeza que mudei diversos caminhos.

até
 
queria ter paciencia de escrever tanto assim!

otimo relato, porem seu figado amigo ta igual do zeca pagodinho!
(ehehehhe zuera zuera)
 
Olá Vini,

Os cogumelos mostraram-te muita coisia nessa noite.

Acho que irias gostar de ler Carlos Castanheda. Eles mostraram-et mesmo muita coisia.

Quanto ás fezes brancas, simplesmente a tua visicula biliar não libertou bilies para o duodeno. Iso pode ser por alterações no sitema nervoso autónomo que normalmente ocorre com os cogumelos ( dá os suores nas mãos pupila dilatada, etc...).

Se passou, é pq foi só momentãneo.

Obigado por partilhares a experiencia

Abraço
 
GAralho que intensidade cara :D
sera Joao um anjo mesmo ? hahahaha
Bela trip...
 
é mortandello eu fui salvando e escrevendo de pouquinho, haja paciência ehehehe...

alguma recomendação em específico do castañeda? essa informação sobre a vesícula já me deixa bem mais seguro, obrigado mesmo sankhara!

engraçado que depois de um tempo tive a certeza de que joão era sim um anjo, o ideal pra me mostrar as coisas - ele finge ser humano.
 
Caramba maninho
estava aqui lendo o seu relato e rachei o bico de rir, mas ri muito porque passei pelo mesmo perreng que vc passou, naquela noite também tive a certeza de estar morto hauhauhuahuahua
vou lhe passar o link da minha experiencia, eu nao escrevo bem, não consegui relatar tão detalhadamente quanto vc , mas foi uma estranha experiencia trancado em casa hahuahuahua
é bom no outro dia né ? a gente se sente nascido denovo, imprecionante como a bagunça e a sugeira encomodam a gente durante as trips, no dia seguinte eu limpei e lavei a casa inteira kkkkk
mas muito bom mesmo cara, espero que vc faça sua proxima experiencia em um local muito lindo em meio a uma béla paisagem, e é claro com os raios magicos do sol ;)
muita paz em sua nova vida, e procure resolver tudo o que vc viu de errado nessa noite, nessas experiencias a gente ve nossos erros e ao mesmo tempo ve como resolver tudo

abraço brother e tudo de bom na sua vida :D
 
aposto que sim - você até conhece o anjo

se quiser escrever onde as coisas se aproximam, vou ler com muito prazer :pos::pos:
 
mas afinal, vc tá vivo ou morto?

q experiencia foda, nem percebi q o texto era grande.

parabéns.

cemandoubempracaralho!!!!
 
valeu abraxas, vou nele mesmo :pos:

hm jonz, antes eu tinha certeza que estava vivo, mas nem sempre sentia isso - já amortecido pelos hábitos, a cidade e as relações que temos que estabelecer etc... depois dessa viagem algumas fichas caíram, não necessariamente de coisas muito místicas e tal, mas por exemplo, sentir até o cabelo que vai ter sim uma última golfada de ar - e que essa aí pode ser um tesão, ou muito angustiante, dependendo das outras golfadas...
 
Realmente sua trip foi intensa.. e tensa também rs... legal essa trip ter te ensinado algo... sempre aprendemos com elas.

É engraçado.. você teve um início de grande euforia... e da metade da trip em diante foi decaindo e entrando cada vez mais em depressão... notei que isso é um padrão na maioria das trips relatadas aqui e também nas que já tive...

... os começos de trips são sempre alegres, felizes e eufóricos e depois veem as Bad´s ou terminam em algum tipo de depressão ou tristeza... talvez uma possível explicação para isso seja algum tipo de resíduo causado ao final das reações químicas em nosso cérebro provocadas pela Psilocibina... só um estudo científico afirmaria isso...

um mal-estar dominou meu corpo, comecei a tremer de frio, e fiquei intrigado com aquela coisa. 'po mas tava em outra música'...

desorientado e meio fraco, me apoiei numa mesa para me levantar, e percebi uma coisa atrás de mim. quando virei pra verificar o que era, vi ali estendido no chão o meu próprio corpo, igualzinho, deitado, com uma aparência pálida, olheiras negras e profundas. 'gelei' como nunca na minha vida.

subitamente passei a mao em um braço, queria verificar se me sentia. tudo normal apesar de parecer mais flácido... não sentia mais aquela disposição, pelo contrário, a música estava mais baixa, como se rolasse no fundo, tudo confuso. numa fração de segundos, levei a mão à cabeça e concluí com toda a certeza do mundo: 'puuuta merda, morri!'

nesse instante as lágrimas já inundaram meus olhos, tanto na trip como agora. a imagem fortíssima da minha mãe chorando muito 'apareceu' na mente, e eu não pude aguentar, caí de joelhos e chorei como uma criança. tinha muitas coisas pendentes com meus pais. depois de alguns minutos uma serenidade bateu, sequei as lágrimas e pensei 'bom, se estou vendo meu corpo, e a mim mesmo, só pode significar que eu acabei de desencarnar, e o pessoal que falava sobre espíritos presos no mundo material estava certo.' foi o que mais me surpreendeu, essa humildade de admitir que eu estava errado quanto à questão mais subjetiva do mundo (se há espírito, energia, vida após a morte etc)

aqui eu senti na pele o que é uma pessoa 'bipolar': em poucos segundos, alternava entre a maior angústia e a maior paz do mundo - angústia de não ter feito e falado tudo o que queria ter falado, principalmente aos meus pais, independente da situação que existia entre nós. a paz era a da conformação com o ciclo da vida, e se eu tinha razão mesmo morto, era por algum motivo.

num instante de angústia, fui direto ao telefone: 'bom se eu pego as coisas, posso ligar pra minha mãe' / 'não, mas se eu morri mesmo ela não vai me ouvir'/ 'bem mas eu estava errado quanto ao espírito, talvez aconteça algum fenômeno que me permita falar com ela'

peguei o aparelho, e comecei a discar: 'se ela atender e eu nao tiver morrido, falo que estou bêbado' / 'putz mas ela vai perceber que eu não estou bêbado' / 'f*da-se pelo menos eu vou falar com ela, e num minuto descarrego tudo o que precisamos, lavo minha alma e a dela'

aqui preciso agradecer minha incapacidade de decorar telefones e formatos de discagem. não estava acertando a operadora, nunca concluí a ligação.

depois de algumas tentativas, desisti irritado, e fui cuidar da minha morte.

'hm mas e as trips que a galera morre? comi uma sacola de cogumelo...'/ 'que nada mas os relatos são mais de uma sensação, acho que já senti algo parecido, não era nada assim de ver o próprio corpo'

mais uma vez a parte angustiante me pega, e os pensamentos se viraram pra vida de quem ficava na terra: 'caraca eu morri na casa dos meus amigos !! vai rolar perícia e tudo mais, vão descobrir o porquê disso tudo, vai todo mundo em cana!'

'e os filhos dele? quando acordarem vão pro escritório tomar mamadeira, e claro encontrar meu corpo geladão'

chorei mais uma vez, por estar fazendo uma grande besteira não só comigo (que já tinha 'ido' mesmo) mas com pessoas que estariam sujeitas ao julgamento da lei e das outras pessoas.

'calma, pode não ser isso' a dúvida se estava mesmo morto bateu denovo, olhei para o relógio e concluí - se estiver parado, o tempo que eu contava acabou mesmo. olhei de novo pra ele, que nao estava iluminado, e claro que nao vi movimentos de ponteiro. me convenci mais uma vez que estava morto. outro fluxo de pensamento - 'posso ter morrido há muuito tempo, e esses poucos minutos que estou presenciando podem ser muitos séculos no tempo da terra' / ' as coisas que eu estou pegando aqui, podem estar se mexendo sobrenaturalmente na terra, isso dá toda a razão a quem afirmava esse tipo de coisa...'

'tudo bem, se eu estava errado, quanto mais cedo eu reconhecer, mais cedo posso mudar de condição, seja qual for, já ouvi alguém falando isso.' / 'caraca será que isso foi considerado suicídio?'(essa linha de pensamento em específico não durou muito tempo, tanto em vida como nesse estado não dei muita atenção).

'já sei, a janela!' - como era uma rua movimentada, é claro que eu veria as pessoas, o mundo normal, poderia chamar alguém só pra pedir as horas, e se a pessoa respondesse, eu estaria vivo. fui direto, me apoiei e comecei a observar. incrível, nem uma pessoa, nem um carro, nem um vento na árvore da frente bateu - pode crer, não tenho dúvidas, morri.

Delírio de Cotard

Esta é uma desordem rara na qual a pessoa acredita estar morta, não existir, estar apodrecendo ou ter perdido todo o sangue e órgãos vitais. Raramente pode incluir delírios de imortalidade.Foi batizada assim devido a Jules Cotard, neurologista francês que primeiro descreveu a condição, chamando-a de le délirie de négation, em uma palestra em Paris, em 1880.


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É engraçado.. você teve um início de grande euforia... e da metade da trip em diante foi decaindo e entrando cada vez mais em depressão... notei que isso é um padrão na maioria das trips relatadas aqui e também nas que já tive...


... os começos de trips são sempre alegres, felizes e eufóricos e depois veem as Bad´s ou terminam em algum tipo de depressão ou tristeza... talvez uma possível explicação para isso seja algum tipo de resíduo causado ao final das reações químicas em nosso cérebro provocadas pela Psilocibina... só um estudo científico afirmaria isso...


perfeito, também observei isso em alguns relatos que li... nesse aqui, pode parecer que a parte feliz durou pouco, porque descrevi pouco... mas das 22:00 até 4:00 (meu obituário), eu dancei muito, pulei, gritei da janela tudo o que tinha vontade, e tudo isso envolvido naquelas gargalhadas loucas, não sei se alguém percebe um tom meio 'bambo' na fala e nas risadas, enfim foi bom demais...

mas das 4:00 em diante, eu me 'distraí', ou me concentrei na viagem estranha, e acreditei na morte... como esse delírio de cotard que você mencionou aqui... e acredito que tenha mesmo um fundamento neuroquímico - nas primeiras horas libera-se muita endorfina, serotonina etc... depois de um tempo, os níveis diminuem, e a probabilidade de ter uma 'viagem ruim' aumenta... claro só especulação, mas uma coisa que observei em mim, em mais de uma tripp...

valeu mesmo :pos:
 
Segundo Timothy Learry, o Psiquiatra Norte Americano, que escreveu o livro "The psichedelic experience", ele descreve uma fase na experiência psicadélica como lebertação do ego ou "Ego loss game". È com a libertação do Ego, do "eu" que deixamos de nos sentir ligados a um corpo ou entidade mas a fazer parte de um todo maior.

Esta libertação das referências e que te levou a pensar em estar morto, enquadra-se perfeitamente na perda do Ego, e tudo isto está relatado no livro tibetano dos mortos. O que nos acontece quando estamos sobre o efeito da psilocibina, é uma compilação de todos os passos quando morremos.

Aliás, tu tiveste uma experiência á qual muitos monges, iogues e outros têm depois de anos e anos de meditação.

(Desculpem, enganei-me no nome do livro, deixo a correcção)
 
Segundo Timothy Learry, o Psiquiatra Norte Americano, que escreveu o livro "Doors of Perception", ....

o autor correto é Aldous Huxley.

notifique o link onde conseguiu essa informação e vamos solicitar a correção dessa barbaridade.
 
é verdade, 'doors of perception' é do aldous huxley, mas o timothy leary também escreveu uma interpretação do livro tibetano dos mortos... talvez só os nomes estejam um pouco confusos...

...não acho ainda que essa experiência tenha sido como as de 'ego-perda' que lemos dos colegas, uma vez que eu ainda tinha uma identidade, e uma razão confusa, mas persistente - eu sabia que era o velho vinicius, identificava o escritório e as coisas ao redor etc.

acredito que já tenha tido essa experiência usando um outro enteógeno (completo 'reset' mental, sem saber nada nem reconhecer nada), mas não desta vez...
 
:D:D:D:D:D:pos::pos::pos::pos::D:):pos::pos:
ahahahaha fantástico vinicius! O relato é tão grande,
mas lendo é tão engraçado e rico em detalhes que
´passou rapidinho a leitura até, fiquei imaginando
tu injuriando teu amigo João :D

É filho, é isso ai, nem sei o que dizer :p:
 
é tupy, joão foi visto como um anjo, ainda durante a trip, pela forma como me tratou. ele tem mesmo muita experiência em viagens com cogumelos, e soube medir cada palavra para que eu não ficasse pensando 'groselha'... nem se importou que o estoque de cogus tinha secado, a bagunça no escritório, o cheiro da fumaça, e assim vai... heheh mas acordei o cara no meio da madruga, doidão, gargalhando, achando que tava morto, e ele nem se abalou muito; tem sim uma asinha angelical né mesmo ?!

ae joão, se estiveres lendo isso aqui, tu é demais, devo a certeza que estou vivo a ti, valeu mesmo pela força :pos:
 
João, Deus te Abençoe filho, por ter tirado o nosso amigo Vinicius da miséria :)
 
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