- 21/01/2021
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AVISO: quero destacar que essa foi a minha experiência. Pelo que li até agora, cada pessoa vai ter uma experiência diferente.
Aos 45 anos de idade e 3 dígitos de peso, achei que era hora de experimentar algum psicodélico. Ouvi um podcast sobre Timothy Leary, e acho que isso me motivou a buscar essa via.
Tive uma experiência só, na última segunda-feira. Mastiguei 2g de cogumelos secos, coloquei para tocar as músicas que gosto (o álbum branco do João Gilberto, de 1973), deitei no sofá e esperei.
O efeito demorou quase uma hora, acho. De repente, a porta do guarda-roupa (que é adesivada com uma estampa abstrata muito colorida) começou a respirar. Os enfeites em formato de bicho começaram a se mexer. A música se dividiu em seus diferentes componentes: eu ouvia cada instrumento, cada voz separadamente e em uma posição no espaço.
Percebi que conseguia controlar a viagem. Se fechava os olhos, a música virava uma experiência visual, e eu podia mudar esse visual: às vezes ela virava como que raízes de árvore de várias cores, que se entrelaçavam e se separavam, às vezes como quadrados de vários tamanhos. Se abria os olhos, conseguia fazer as coisas se mexerem no ritmo da música. A música Izaura, por exemplo, é um dueto do João Gilberto com a Miúcha. A voz dele estava mais baixa (não em volume, em posição mesmo) do que a dela. Isso fez sentido para mim: na gravação provavelmente João cantou sentado, tocando violão, e Miúcha, em pé. Entrei numas que essa posição das vozes e dos instrumentos tinha a ver com a posição das pessoas no estúdio na hora da gravação. Como sei que esse disco foi gravado num estábulo assombrado (ou algo assim), a bateria/percussão parecia vir lá de longe. Eu ouvia cada camada da voz dos cantores, e às vozes deles se entrelaçavam. Foi lindo.
Me levantei, fui para a sala, coloquei Beatles para tocar. A música Within You Without You foi a mais interessante de escutar nessa fase. Os instrumentos indianos, a voz hipnótica do George, tudo contribuía para intensificar a viagem e torná-la mais agradável. Percebi também que eu conseguia entender mais profundamente a letra das músicas. No caso de música em inglês, eu raramente presto atenção na letra. Nesse dia eu entendia cada palavra claramente, e parecia ter uma compreensão mais profunda do sentido.
Comecei a pensar em um grande problema que vem me assombrando há muito tempo e, pela primeira vez, consegui pensar nisso de uma forma generosa comigo mesmo. Não sei se isso faz sentido. Eu estou há tempos me cobrando uma decisão sobre isso, mas durante a viagem tive uma outra perspectiva: esse problema não é tão grande assim, e tudo bem você (eu) não resolver agora. Você (eu) vai saber o momento certo de resolver, e a solução pode não ser a que você está pensando. Tenha paciência. Seja sábio.
Senti também algo muito diferente para um ansioso como eu: a sensação de estar presente no momento, atento ao momento. Isso foi revolucionário para mim.
Foi uma experiência incrível. Eu estava preocupado antes, porque tomo antidepressivo e não sabia qual seria a interação. Não senti nada de ruim, só uma sensação de paz e alegria. Eu tinha vontade de dançar, por exemplo, que é algo que nunca me acontece.
Achei que ia ter algum problema na "volta", ou no dia seguinte, mas nada: o efeito foi passando suavemente até sumir, e a única coisa que senti foi um "ah, mas já?!" (foram 2 ou 3 horas de efeitos). Acordei cedo no dia seguinte, disposto, sorrindo à toa.
Aos 45 anos de idade e 3 dígitos de peso, achei que era hora de experimentar algum psicodélico. Ouvi um podcast sobre Timothy Leary, e acho que isso me motivou a buscar essa via.
Tive uma experiência só, na última segunda-feira. Mastiguei 2g de cogumelos secos, coloquei para tocar as músicas que gosto (o álbum branco do João Gilberto, de 1973), deitei no sofá e esperei.
O efeito demorou quase uma hora, acho. De repente, a porta do guarda-roupa (que é adesivada com uma estampa abstrata muito colorida) começou a respirar. Os enfeites em formato de bicho começaram a se mexer. A música se dividiu em seus diferentes componentes: eu ouvia cada instrumento, cada voz separadamente e em uma posição no espaço.
Percebi que conseguia controlar a viagem. Se fechava os olhos, a música virava uma experiência visual, e eu podia mudar esse visual: às vezes ela virava como que raízes de árvore de várias cores, que se entrelaçavam e se separavam, às vezes como quadrados de vários tamanhos. Se abria os olhos, conseguia fazer as coisas se mexerem no ritmo da música. A música Izaura, por exemplo, é um dueto do João Gilberto com a Miúcha. A voz dele estava mais baixa (não em volume, em posição mesmo) do que a dela. Isso fez sentido para mim: na gravação provavelmente João cantou sentado, tocando violão, e Miúcha, em pé. Entrei numas que essa posição das vozes e dos instrumentos tinha a ver com a posição das pessoas no estúdio na hora da gravação. Como sei que esse disco foi gravado num estábulo assombrado (ou algo assim), a bateria/percussão parecia vir lá de longe. Eu ouvia cada camada da voz dos cantores, e às vozes deles se entrelaçavam. Foi lindo.
Me levantei, fui para a sala, coloquei Beatles para tocar. A música Within You Without You foi a mais interessante de escutar nessa fase. Os instrumentos indianos, a voz hipnótica do George, tudo contribuía para intensificar a viagem e torná-la mais agradável. Percebi também que eu conseguia entender mais profundamente a letra das músicas. No caso de música em inglês, eu raramente presto atenção na letra. Nesse dia eu entendia cada palavra claramente, e parecia ter uma compreensão mais profunda do sentido.
Comecei a pensar em um grande problema que vem me assombrando há muito tempo e, pela primeira vez, consegui pensar nisso de uma forma generosa comigo mesmo. Não sei se isso faz sentido. Eu estou há tempos me cobrando uma decisão sobre isso, mas durante a viagem tive uma outra perspectiva: esse problema não é tão grande assim, e tudo bem você (eu) não resolver agora. Você (eu) vai saber o momento certo de resolver, e a solução pode não ser a que você está pensando. Tenha paciência. Seja sábio.
Senti também algo muito diferente para um ansioso como eu: a sensação de estar presente no momento, atento ao momento. Isso foi revolucionário para mim.
Foi uma experiência incrível. Eu estava preocupado antes, porque tomo antidepressivo e não sabia qual seria a interação. Não senti nada de ruim, só uma sensação de paz e alegria. Eu tinha vontade de dançar, por exemplo, que é algo que nunca me acontece.
Achei que ia ter algum problema na "volta", ou no dia seguinte, mas nada: o efeito foi passando suavemente até sumir, e a única coisa que senti foi um "ah, mas já?!" (foram 2 ou 3 horas de efeitos). Acordei cedo no dia seguinte, disposto, sorrindo à toa.