Será que há honra ao mérito ou alguns privilegiados tem mais oportunidades?
A meritocracia é um dos principais sistemas de hierarquização social da sociedade moderna. Pode-se defini-la como um conjunto de valores que postula que as posições sociais dos indivíduos na sociedade devem ser resultado do mérito de cada um, ou seja, das suas realizações individuais.
Embora genericamente a meritocracia seja um consenso, existem várias divergências a cerca deste princípio no momento da sua aplicação prática. Por exemplo: como deve ser a avaliação do desempenho das pessoas? Como podemos definir habilidades e esforços?
View attachment 13382
Qual a relação entre responsabilidade individual e social e desempenho? Existe ou não igualdade de oportunidade para todos? Qual a origem das diferenças de desempenho, será que elas são fruto da tão falada “ordem natural das coisas”, ou de variáveis das oportunidades na sociedade?
View attachment 13382
Qual a relação entre responsabilidade individual e social e desempenho? Existe ou não igualdade de oportunidade para todos? Qual a origem das diferenças de desempenho, será que elas são fruto da tão falada “ordem natural das coisas”, ou de variáveis das oportunidades na sociedade?
Uma das principais distinções entre os assalariados da nova classe média e a classe operária estaria relacionada com a separação entre o trabalho manual e o trabalho intelectual. Aqueles que tem “inteligência” ocupam a parte mais alta da nossa sociedade, aqueles que fazem o “serviço sujo” (ou, se preferir, aqueles que nunca tiveram oportunidade de estudo), ficam na base dessa pirâmide.
É possível buscar na democracia, formas de ideologia meritocrática. Como um indivíduo que fala após as eleições: “Fulana ganhou, porque era a melhor mesmo, tem curso superior e até fez um comício para a nossa comunidade...”.
Essa ‘Fulana’ pode ser uma pessoa que apesar de ter curso superior, pode ter se formado numa universidade particular, por exemplo, ou, ainda, ter se formado, porque era filha de alguém “importante”, ou porque teve apenas mais oportunidades.
Essa ‘Fulana’ pode ser uma pessoa que apesar de ter curso superior, pode ter se formado numa universidade particular, por exemplo, ou, ainda, ter se formado, porque era filha de alguém “importante”, ou porque teve apenas mais oportunidades.
Com a questão das oportunidades também é possível fazer uma analogia a meritocracia. Não é difícil ouvirmos pessoas dizendo: “Cotas para negros nas universidades são um absurdo.
Os negros têm que ter a mesma inteligência que nós, brancos” ou “Estão vendo, o filho da empregada conseguiu fazer quase todo o ensino fundamental. E em escola pública, hein. É obrigação de vocês, que são MEUS filhos, tornarem-se doutores”.
Na primeira frase, é demonstrado o medo das pessoas de serem julgadas como não tendo méritos para ocupar certo lugar na sociedade. Nessa última afirmação, percebe-se como as pessoas não querem ser julgadas como inferiores numa sociedade com tantos discursos em favor do mérito de cada indivíduo.
Quem introduziu dispositivos meritocráticos no Brasil sempre foi o Estado. Eles sempre foram uma concessão do Estado e nunca uma cobrança da sociedade. Até mesmo aquelas medalhas de Honra ao Mérito, são feitas para mostrar: “Viram?... Eles conseguiram, porque você também não pode?!”
O discurso meritocrático é usado para persoadir as pessoas a tentar alcançar algo que lhes pode, novamente, pode, ser inalcansável. Então, se o indivíduo não consegue alcançar esse 'algo', ele não tem méritos em nossa sociedade tão elitista
O discurso meritocrático é usado para persoadir as pessoas a tentar alcançar algo que lhes pode, novamente, pode, ser inalcansável. Então, se o indivíduo não consegue alcançar esse 'algo', ele não tem méritos em nossa sociedade tão elitista