- 15/11/2022
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@Experimentalist
Uma das, ou a, experiência mais profunda que já li.
Obrigado por compartilhar conosco <3
Uma das, ou a, experiência mais profunda que já li.
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Eu já usei os 2 juntos e teve um momento que achei q minha psique ia rachar ao meio... foi intenso... mas se soube graduar as doses, n tem risco n. justamente o problema eh esse... tem q saber mto bem sua sensibilidade.Sim, o Daime usa a ayahuasca...o princípio ativo é o DMT , mas aí vc foi específico demais...vou ter que dar uma pesquisada... será que uma semana de intervalo não é o suficiente de um pro outro? Pro cogumelos sei que não é suficiente por conta do organismo "acostumar", mas como são substâncias diferentes e não usadas em conjunto...me deixou com a pulga atrás da orelha agora.
Um relato muito verdadeiro e profundo. Obrigado por compartilharO texto vai longe, então vou deixar aqui uma versão resumida para que os corajosos decidam se querem ou não continuar.
TL;DR: maior dose que já tomei. Vi entidades alienígenas, falei com o espírito de um amigo falecido, descobri que a raiz de todo desajuste que sinto na minha vida vem do fato de eu não ter me aceito como um homem gay até o momento desta viagem. Foi uma experiência transformadora e sinto como se eu tivesse parido a mim mesmo. Eu nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer numa viagem psicodélica e estou precisando digerir isso aqui tudo.
Salve amigos! Sem mais delongas: estava me sentindo bem, então decidi que eu queria tomar uma dose alta de cogumelos novamente. Planejei uma viagem de 9g. Tomei um chá feito com 30g de cogumelos frescos e comi 6g de cogumelos secos. Tudo isso, claro, com minha playlist de viagem e a luminária do meu filho projetando estrelas no teto da sala como sempre.
A viagem começou como de costume, com as alterações de sempre, começando com cores ficando mais intensas e distorções visuais na forma de ondulações. Quando senti que a onda estava vindo mais forte, fui ao banheiro urinar e voltei antes que ficasse demais.
Na primeira hora e meia da experiência fiquei curtindo os efeitos visuais de olhos abertos, alternando com visuais de olhos fechados. Desta vez, quando fechei os olhos me vi passeando mais uma vez numa paisagem costeira, perto de praias com rochedos lindos. Minha esposa estava lá comigo. Nós entramos numa piscina linda de uma casa de banho. O lugar parecia ter uma decoração grega.
Depois de alternar entre as alucinações de olhos fechados e as de olhos abertos, fiquei inquieto. Senti uma presença comigo e tive a intuição: havia uma porta ali que eu precisava abrir, mas que eu somente abriria se comesse os últimos cogumelos da colheita. Foi o que eu fiz. Fui até o armário onde eu guardo os meninos e comi os últimos 3g que eu tinha reservado para fevereiro. Depois que eu comi lembro de ter pensado “pronto, agora já era, segura a bronca bichão”.
Me deitei no sofá e fechei os olhos. Embarquei na maior de todas as minhas viagens interiores. A partir daqui começa uma loucura total.
Vi uma entidade alienígena enorme. Parecia um ser mecânico, mas era uma inteligência cheia de amor. Podia sentir. A entidade me mostrou uma roda parecida com uma engrenagem com soquetes na borda do disco. Tinha umas válvulas gigantes encaixadas nesses soquetes e eu precisava deixá-las na posição correta para poder atravessar essa roda. Estiquei minhas mãos, abri e fechei as válvulas até que eu atravessei o portal.
Do outro lado do portal, encontrei um padre amigo da minha família que é falecido. A última vez que eu conversei com ele foi há 20 anos. Ele começou a conversar comigo e eu ouvi ele me dizer, não com palavras, mas em telepatia, que ele havia morrido de cirrose porque ele não suportou esconder sua homossexualidade. O vício no álcool foi a maneira como ele tentou se dar amor, mas foi como ele acabou adoecendo seu corpo. Ele me pediu para que eu não me permitisse adoecer como ele fez. Ele segurou minha mão e eu me vi sendo transportado para três vidas diferentes em que eu estava me relacionando com um homem. Me senti inteiro. Me vi com a cabeça encostada num terno abraço de um homem muito bonito e carinhoso.
Estava chorando de emoção até que eu me vi como se estivesse fora do meu próprio corpo. Estava nu, num espaço inundado por luz branca. Eu estava limpo e bem. Bonito de fato. Vi a mim mesmo criança, adolescente, jovem e adulto. Eu consegui entender agora: sou um homem grande, uso barba. Estou longe de qualquer estereótipo de homem gay, mas ali eu estava na minha essência: um homem gay. Sensível, delicado e machucado por toda a repressão que eu sofri por parte da minha família. Comecei a falar em voz alta, ainda de olhos fechados, chorando muito: “Sou um homem gay. Eu sou gay. Eu sou gay. Sou um homem gay e eu me amo.”
A entidade alienígena voltou a aparecer e fui abraçado por ela. Pode parecer absurdo, mas a criatura fez sexo comigo. Penetrei e fui penetrado. Cada centímetro do meu corpo estava sendo tocado e amado por aquele ser. Devo ter tido múltiplos orgasmos durante essa experiência que parecia não acabar. Fiquei cansado e aquela experiência sexual parou. Voltei a ver o padre amigo. Mais uma vez ele segurou nas minhas mãos e disse que eu era um bom homem. Que eu era, sim, gay. E que havia um paraíso para mim. Ele me pediu para não acabar com a minha vida como ele tinha acabado com a própria.
Fiquei de joelhos na sala de casa e comecei a chorar. Chorei copiosamente. Toda minha depressão, toda minha ansiedade. Meus vícios, minhas taras. Tudo o que parece estar fora de ordem tinha só uma origem: meu medo de me aceitar como quem eu realmente sou.
Aos 15 anos tentei me assumir para meus pais e fui simplesmente DESTRUÍDO por eles. Me tiraram do colégio, cortaram minha internet por quase 2 anos. Me enfiaram em tudo que é tipo de retiro católico. Fiz terapia com uma psicóloga católica radical. Basicamente fui levado a uma terapia de conversão e tive minha personalidade anulada. Quando me apaixonei pela minha esposa, achei que Deus tivesse atendido os pedidos da minha família e feito um milagre, mas é claro que não… era apenas eu enterrando quem eu realmente era para debaixo de uma máscara de pai de uma família tradicional.
Entendi que eu preciso assumir quem eu sou. De fato sou gay e é libertador poder falar isso em voz alta. Meus pais, com medo da condenação eterna da minha alma, tentaram destruir a minha personalidade. Foi por amor, mas me fodeu. E aqui estou, tomando uma dose cavalar de cogumelos para quebrar a casca deste ovo que estava em volta de mim.
Precisei ligar para um amigo no meio da madrugada. Relatei tudo. Me assumi num grupo de amigos no whatsapp, ainda sob efeito dos cogumelos. Por fim, despertei a minha esposa para conversar. Ela tinha me conhecido enquanto eu estava ficando com um amigo de faculdade. Nos apaixonamos quando eu ainda tentava me encontrar como um jovem adulto gay. E aqui estávamos. Um homem gay casado com sua melhor amiga.
Choramos juntos. Ela disse que sabia e que sempre soube, mas que entendia meus traumas religiosos.
Não sei como a vida vai ser a partir de agora. Aliás, nunca sabemos, não é mesmo? Sinto que devo me assumir. Não sei se isso vai mudar muita coisa, pouca coisa ou nada na minha vida. O que eu sei é que eu preciso dar nome para como eu me sinto e honrar quem eu sou de verdade.
Se você leu até aqui, agradeço pelo carinho. Tenho medo de talvez ter ouvido tudo o que os cogumelos tinham pra me contar. Vale a pena voltar para a terra dos santos meninos? Acho que sim, mas antes disso vou precisar integrar essas lições MUITO BEM.
Que viagem, meus amigos, que viagem.