- 05/01/2011
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Olá, enquanto eu ia lendo uns relatos decidi por meus relatos neste fórum para compartilhar, contribuir e aprender.
Meu amigo me chamou para colher cogumelo, passei dois anos só com minha parceira, decidi ir – não sabia se ia usar, apesar de saber no fundo que eu queria. Sempre li que no momento de ir ao pasto colher os cogu eles nos chamam, foi uma brincadeira, pegamos uma sacola enorme de cogumelos. Fomos de carro até a trilha. Uma trilha que meu amigo conhecia, sentamos, e cada um comeu três.
Os efeitos começaram logo em seguida, muito rápidos, senti meus lábios adormecerem e meus músculos irem relaxando um a um. Iniciamos a trilha. A cada passo ficava mais forte. O local se tornava homogêneo e uma sensação de estar no paraíso, tudo era lindo, as arvores, o mundo (andava muito ranzinzo, brabo, estúpido mesmo – no ultimo ano) e depois de mais de um ano eu consegui dizer um ‘eu te amo’ para deus, o mundo e todas as pessoas ao meu redor (que maravilha é este mundo). Fomos filosofando eu e um amigo enquanto o outro contemplava o mundo, extasiado. Deixei fluir já que eu já sabia que não adiantava tentar manipular a viagem.
Ia comentando com meu amigo: ‘cada viagem é única mesmo, sempre muito diferente’. Olhamos o céu e foi outro êxtase, lembrei como o mundo é bem maior do que eu e fiquei feliz por ser quem sou. ‘Mais que felicidade’ – o céu azul com poucas nuvens, que era enorme, me engolia e mostrava a beleza do mundo. Pensei no momento e falei para eles ‘a viagem é assim, nós vamos caminhando e apreciando, mas não podemos nos perder, não queremos ficar aqui para sempre (pensei este ultimo trecho)’.
Eu não conhecia a trilha estava confiando neles, e agente ia. Ia, ia... Não tinha fim, comecei a ter dejavus de que já havia estado ali (e mais dejavus). Comecei a temer de que eles tivessem perdido a trilha quando alguém disse: ‘a mata fechou’. – Apavorei e disse que estávamos perdidos, eles acreditaram estar perdidos (mais tarde um deles falou que sabia o caminho, mas sempre que eu falava que estávamos perdidos ele acreditava que realmente estávamos – até perceber que não estava. Instalei uma bad no grupo).
A experiência mais significativa começa aqui.
Dejavus não paravam. Eu esqueci que comi os cogumelos. Acreditei que sempre havia vivido daquela forma (sob os efeitos do cogumelo). E mais dejavus. Lembrei do que eu disse na trilha e pensei que eu e os dois ali presente fossemos as mesmas pessoas. Acreditei que eu era e fui (os três). Não sabia o que pensar. Foi muito assustador. Saímos da trilha e subimos em umas dunas para ir em direção a praia. Tentavam me controlar, me botaram a camisa no ombro e um chapéu para proteger do sol. O chapéu intensificou a minha viagem. Fiquei confuso e não sabia mais quem eu era (eu era ou não o dono do chapéu? Não importa). Era importante, para mim, estarem sempre os três próximos, pois eu não sabia quem era o dono do corpo (e de fato, nós somos muitos diferentes fisicamente, mas eu via todos muito parecidos – se não igual). Os dejavus não pararam. Comecei a lembrar de todas as pessoas que conheci em minha vida, principalmente minha companheira, mas eu não sabia se eram pessoas reais ou imaginadas. Der repente eu pensei que se eu fosse ao meio da cidade em volta das pessoas elas me diriam ou acabariam com o meu sofrimento, eu descobriria quem eu era. Insisti aos meus alter-egos para irem comigo até a cidade, ficaram bravos (desde o começo a idéia era ir à praia), porem eu já não me importava afinal eles eram frutos da minha imaginação. Eu precisava me livrar desta agonia a qualquer custo e acabar por descobrir quem eu sou nesse mundo.
Chegamos à cidade, fomos a um bar, sentamos num sofá, próximo ao tumulto e ficamos olhando para o mar. Pedimos uma cerveja e tomamos (eu ainda estava na duvidaa), pagamos, saímos. Um deles acaba por sumir, eu e meu alter-ego ficamos dando voltas atrás dele, porem com muito atrito entre nós. Acabamos por ir sem ele caminhando de volta pela estrada atrás do carro. Estava voltando a mim, lembrado das coisas, contei da viagem e meu alter-ego que acabou ficando preocupado. Foi então que parei um cara e perguntei quantas pessoas ele via. Ele via dois (não havia contado a ninguém antes, o que ocorria, com medo de que me manipulassem, minha imaginação não deixaria eu saber que sou louco – deixaria?). Eu voltei a ser eu e muito, muito mais confiante. Fiquei sorridente o resto do dia enquanto a experiência se extinguia por completo.
Meu outro amigo no meio da experiência tomou o ônibus e foi embora (por conflitos e interpretações bem diferentes do ocorrido).
Não estou relatando a interpretação dos outros, pois não me sinto confortável para falar o que sentiram. Sei que foi intenso para todos, mesmo os que não admitiram.
pegampos o carro após os efeitos terminarem.
Hoje eu sei exatamente quem eu sou, sei que não sou esquizofrênico e me sinto ‘curado’ quanto a todas as paranóias deste tipo. Sei que minha paranóia nada tem haver com a real esquizofrenia. Sei o que fazer no dia seguinte e estou me sentindo mais feliz. Eu amo a vida.
paz