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Mundo nunca foi tão pacífico, diz Steven Pinker

Ecuador

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Folha de São Paulo - 20/11/2011

Mundo nunca foi tão pacífico, diz cientista

Livro de psicólogo evolucionista afirma que todas as formas de violência, inclusive o terrorismo, estão em queda

Homicídios, guerras e crueldade com animais também estão em queda e isso ocorre desde o século 16, segundo obra

REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE

Faz pelo menos 500 anos que o mundo está se tornando um lugar cada vez mais seguro para se viver, e a raça humana nunca foi tão pouco violenta. Ataques terroristas e guerras civis são meros soluços estatísticos numa paz que nossos ancestrais achariam quase impensável.


Duro de engolir, certo? Pois os números reunidos por Steven Pinker, 57, psicólogo evolucionista da Universidade Harvard, são difíceis de refutar. Todas as formas de violência estão em declínio, das guerras à crueldade com animais, e em alguns casos a queda já dura séculos, diz ele.


Pinker, pop star científico que aprecia os temas polêmicos, apresenta um resumo de seus argumentos em artigo de opinião na edição de hoje na revista científica "Nature". São ideias tiradas de seu novo livro, "The Better Angels of Our Nature" (ainda sem edição no Brasil).

ANJO BOM
Conforme o título do livro sugere, Pinker argumenta que os "anjos bons [literalmente, melhores] da nossa natureza" estão vencendo a disputa pela alma humana.


"As histórias da Antiguidade estão cheias de conquistas gloriosas que hoje seriam classificadas como genocídios. Fulano, o Grande e Sicrano, o Grande seriam processados como criminosos de guerra", brinca o cientista. E não se trata só da Antiguidade. O registro arqueológico e os estudos sobre povos indígenas atuais mostram que esse negócio de bom selvagem não existe, diz Pinker.


Mais precisamente, esses povos cometem centenas de vezes mais homicídios do que os europeus do século 21, e cerca de 20% das pessoas nessas sociedades morrem em guerras, afirma ele. O bioantropólogo Walter Neves, especialista da USP que estuda os primeiros habitantes da América, concorda. "A guerra, seja entre caçadores-coletores, seja entre horticultores [agricultores primitivos], é crônica e endêmica", afirma ele. No caso de povos pré-históricos, "é preciso tomar um pouco de cuidado porque a agressão entre eles, como bordoadas, deixa marcas no esqueleto que a nossa muitas vezes não deixa, então é difícil fazer a comparação", diz.

BRAÇO FORTE
A primeira queda na pancadaria teria vindo com o fortalecimento dos Estados, em especial as monarquias europeias, a partir do século 16.


Com o rei abarcando o poder absoluto e os nobres (que costumavam guerrear entre si) na coleira, a violência desregrada saiu de cena, já que atrapalhava a centralização de poder e riqueza desejada pelo monarca. Segundo motivo de queda da violência, segundo Pinker: a invenção da imprensa, barateando a circulação de ideias, e o Iluminismo resultante desse processo.


Os pensadores iluministas, com sua ênfase no debate racional e sua redescoberta das ideias democráticas, dominaram o universo intelectual europeu, debatendo todos os temas tabus e defendendo os direitos de plebeus, minorias, mulheres e até animais. O debate iluminista acabou levando ao lento porém crescente predomínio da democracia como regime de governo, o que também diminuiu guerras -é muito raro que uma democracia declare guerra contra outra. E o avanço do comércio internacional tornou os países cada vez menos interessados em guerrear por riquezas, diz ele.


Pesquisador gosta de desafiar o senso comum

DO EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE

Steven Pinker tem uma predileção pelos debates politicamente incorretos. Seu livro mais polêmico antes da nova obra sobre a história da violência se chama "Tábula Rasa" e tem como meta mostrar que a natureza humana é algo relativamente difícil de mudar, independente dos esforços de pais, professores ou doutrinadores políticos e religiosos.


A ideia de que existe uma natureza humana vai contra a corrente dominante nas ciências humanas e entre intelectuais de esquerda, para os quais seria possível "melhorar" a humanidade. Curiosamente, se o novo livro não é uma mea culpa, ao menos mostra certa fé de Pinker no progresso. (RJL)
 
Isso que é ser civilizado: ter a razão (de não matar teu irmão) sobre a natureza humana de destruir teu competidor. Por isso que somos os animais que evoluem mais rápido, não dependemos mais tanto da genética, mas sim do conhecimento!
 
Interessante também o que diz Pinker sobre a natureza humana. Eu, por exemplo, já fiz inúmeras tentativas de mudar alguns traços negativos da minha personalidade, sem resultados satisfatórios. É por muitas vezes frustrante o fato de sermos submissos a algumas características individuais. No que diz respeito à paz, penso, assim como Pinker, que já estamos bem avançados em comparação à outros tempos.
 
Esses parâmetros são totalmente discutíveis, creio que a violência mudou seus contornos e formas, não existiam como diria Foucault instituições disciplinares com hospitais, fábricas, escolas, manicômios, fábricas e etc... Então pelo básico, quando saio de casa em uma lotação em direção a fábrica estou indo para um local que me avilta psicologicamente e deixa traços no meu corpo como o excesso de peso, sem que eu passe por uma sessão de tortura ao estilo Gestapo, porem a recorrência e incidência repetitiva de um mesmo ato me deixa marcadamente traumatizado, se entendermos violência somente em sua manifestação física, talvez o mundo seja menos violento, mas se comparamos em seu componente mental, psicológico social... não seria tão otimista assim.
 
Lagosta.

Entendi sua exposição.

Mas creio que nesse caso a forma de escravidão mudou, o sistema deixa toda sociedade "acorrentada" a ele.

Em troca de alguns poderes (Boa comida, Automoveis, Sexo, Entretenimento, Etc...), pessoas disciplinadas, são muito eficientes.

Guerra Psicológica (ou Guerra sem fuzis)

Na definição conceitual atual, a coluna vertebral da Guerra de Quarta Geração se enquadra no conceito de “guerra psicológica”, ou “guerra sem fuzis”, que foi assim chamada, pela primeira vez, nos manuais de estratégia militar da década de setenta.

Em sua definição técnica, “Guerra Psicológica” ou “Guerra Sem Fuzis” é o emprego planejado da propaganda e da ação psicológica orientadas a direcionar condutas, em busca de objetivos de controle social, político ou militar, sem recorrer ao uso das armas.
Os exércitos militares são substituídos por grupos de operação descentralizados, especialistas em insurgência e contrainsurgência e por especialistas em comunicação e psicologia de massas.
O desenvolvimento tecnológico e informático da era das comunicações, a globalização da mensagem e as capacidades para influenciar a opinião pública mundial converteram as operações de ação psicológica midiática na arma estratégica dominante da 4GW.
Como na guerra militar, um plano de guerra psicológica está destinado a: aniquilar, controlar ou assimilar o inimigo.

“A Guerra de Quarta Geração (4GW) exige muito mais inteligência, análise e maior capacidade de disseminação para servir a um sistema de comando altamente flexível. Ela engloba elementos de gerações de guerra anteriores; tal fato exige que nossas forças estejam preparadas para lidar com mais esse aspecto. Neste sentido, é fundamental que os líderes façam uma análise apurada da guerra que estão prestes a entrar. Esta complexa mistura de gerações de guerras e a sobreposição de suas arenas políticas, econômicas, sociais, militares e de meios de massa dificultam, mais do que nunca, a determinação do tipo de guerra que estamos
entrando” (Cel T.X. Hammes, USMC, “The Evolution of War: The Fourth Generation”)

Creio que nos campos macros no enfrentamento entre nações o jogo agora seja enfraquecer a nação economicamente (Olhe as projeções de economicas China X EUA).

Os meios mudaram agora o ataque é a economia a sociedade (parte psicológica), etc..

A coisa sempre vai mudar e se transformar, acho bem interessante isso
 
pra que violëncia quando voce tem um cercado cheio de carneirinhos autistas-entorpecidos????
HAHAHAHHA
voces humanos são bem piadistas.

Demiurgo, Demiurgo...
 
"Mundo nunca foi tão pacífico"

Graças ao poderio dos United States of America!:ROFLMAO:
Seria esta a PAX Americana?
...
 
Essas informações tipo revista veja e similares são uma porcaria, já vi em uma revista super interessante uma matéria que dizia que games e filmes violentos diminuíam a violência, que hambúrguer não aumenta o colesterol e um monte de baboseiras do tipo, entra também para o mundo pop as famosas experiências como a do jornalista que tentou viver piamente como a bíblia em meio a nova york, piada de mau gosto, não sou cristão nem judeu mas fica aqui registrado que essas atitudes são desrespeitosas, o cara ainda disse que foi caro e contabilizou toda a trajetória escreveu um livro e vendeu muito, é obvio ele de maneira conveniente esqueceu que o pastoreiro de cabras bíblico se ambientava no oriente médio a mais de 2000 anos atrás em uma cultura nômade que não usava moeda como valor de troca... Esse livros, notícias, anúncios e todo tipo de mídia jornalística é o que chamo de torre de papel, é o que chamo de ditadura por White-Out o Contrário de Black-Out, é uma censura que ao invés de negar informação nos oferece a mesma em larga escala com um nível muito baixo de qualidade e com contra-sensos que legitimam o establishment, ao contrário da ditadura clássica que negava acesso a informação, essa nos permite acessar todos os conteúdos possíveis e inimagináveis mas não os que realmente são importantes. ao olhar para as favelas cariocas e a quantidade de conhecidos que morrem e minguam em decorrência da violência urbana, ler esse tipo de noticia é aviltante, dizemos estar em um regime democrático, a maior parte da população se orgulha disso, mas creio que democracia é um bom meio de manter privilégios para as classes dominantes, não sou pela democracia, sei que nesse momento os olhos se arregalam e pensamentos tenebrosos vem a mente de sobre meu posicionamento, mas calma ai camaradas, sou favor do sistema auto-gestionário, a democracia é apenas uma imagem pálida da gestão popular. Satanizar os nossos amigos "Estados Unidenses" é caricatural devemos satanizar o misero 1% da população rica americana que controla o governo, considero os americanos pessoas medianas sem muito conteúdo político resumindo são alienados com um cartão de crédito disposto a consumir desenfreadamente, não vejo nessas pessoas nada diferente da população brasileira, que além do mais esta tão alienadas quanto os "Brothers" do norte, sim porque o Brasil hoje interfere na politica internacional de vários países, vide a Petrobras com o gás colombiano, com o petróleo angolano, nossas empresas são sujas como as multinacionais gringas e a alienação popular é como a dos nossos brothers que acham que a interferência militar americana no oriente médio é salvacionista, assim como achamos nossa interferência no haiti salvacionista, no final de tudo o que sobra são apenas pensamentos umedecidos com doses de cerveja e enebrecidos por uma fumaça esverdeada, apesar do comentário estou limpo a mais de 1 mês de todo ou qualquer tipo de droga, meu comentário termina por aqui viajei demais.
 
"Mundo nunca foi tão pacífico"

Graças ao poderio dos United States of America!:ROFLMAO:
Seria esta a PAX Americana?
...

Se o ponto de vista são os conflitos entre nações, declarados ou não, faz sentido.

Há uma teoria que diz que quanto mais diluído o poder entre as nações mais beligerância e guerras acontecem.
 
Esse mundo que voce ve na TV dos humanos já acabou, não existe mais. É só simulaçao, videogame. Quem se prende no jogo vira mancebo pra paleto de magnata. A realidade morreeeeu.
A vida de voces se encerrou, capiche? Foi as favas!

Quem ta vivo ja morreu.
 
Acho q a paz estar longe de chegar
centetenas de pessoas morem por motivos estupido
O CAPITALISMO GERA SANGUE, Macadaff fela da
puta estar no inferno matou muitos inocentes não queria
deixar o poder, ficou la por mais de quarentas anos, agora
vai queimar no inferno, eo pais estar livre desse impostor
fajutooooooooo, va pro inferno canalha. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
 
achei uma irônia, um homem tão rico morrer assim e ter seu corpo exposto feito trófeu, cavou a propria cova.
 
Quem vive pela espada, pela espada morrerá!

Agora, QUEM deixou ele mais de 40 anos no podrer?
Não se fica tanto tempo assim impune...
 
Quem vive pela espada, pela espada morrerá!

Agora, QUEM deixou ele mais de 40 anos no podrer?
Não se fica tanto tempo assim impune...

Os padres pedófilos ficam impunes.
Os pastores charlatões ficam impunes.
Os militares torturadores ficam impunes.
Os políticos ladrões ficam impunes.
 
Sim,

Os fiéis dos padres e pastores.
Os civis para com os militares.
E os eleitores dos políticos.
 
É bem legal ver como isso acontece nao só nas esferas mais altas, mas tbm no dia dia de qualquer um. Nas empresas, nas familias, nos relacionamentos amorosos, sempre rola uma corrupcaozinha inocente, um trafico de influencia entre amigos, um favorecimento excuso por favores, uma chantagem sexual, um monopolio afetivo....e sempre com todo mundo impune e sorrindo os dentes podres de orelha a orelha.

Eu adoro esse circo macabro!
 
Mais um texto sobre.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/1007431-os-melhores-anjos.shtml

17/11/2011 - 07h01


Os melhores anjos

Conforme prometido, resenho hoje o excelente "The Better Angels of Our Nature: Why Violence Has Declined" (os melhores anjos da nossa natureza: por que a violência diminuiu), do psicólogo evolucionista Steven Pinker.

É um catatau de quase mil páginas, no qual o autor tenta nos convencer de uma tese totalmente contraintuitiva: o mundo está se tornando um lugar cada vez mais seguro para viver, e a raça humana se mostra cada vez menos violenta.

Pinker, é claro, tem consciência da enormidade de sua afirmação: "Num século que começou com o 11 de Setembro, o Iraque e Darfur, dizer que vivemos numa época incomumente pacífica pode soar como algo entre a alucinação e a obscenidade". E é por isso que ele dedica cerca de dois terços do livro a mostrar com números, tabelas e sofisticadas análises estatísticas como as taxas de violência estão caindo.

É evidente que, em números absolutos, o século 20, com duas guerras mundiais e um punhado de ditadores genocidas é o campeão, somando 180 milhões de mortes em conflitos e megamassacres. Trata-se, por qualquer critério imaginável, de um banho de sangue, um hemoclismo, mas isso ocorre principalmente porque nunca fomos tantos. A cifra corresponde a mais ou menos 3% do total de óbitos registrados ao longo do século, povoado por cerca de 6 bilhões de almas. A questão é que, em termos proporcionais, nossos ancestrais que viviam em sociedades sem Estado nos superam com facilidade.

Evidências arqueológicas recolhidas de dezenas de sítios que datam de 14000 a.C. a 1770 d.C. revelam que as taxas de mortalidade em conflitos podiam chegar a inacreditáveis 60%, como é o caso dos índios Creek ao longo do século 14. A mortalidade média verificada nesses sítios foi de 15%.

Pinker identifica seis tendências históricas principais que nos afastaram do caminho da barbárie. A primeira começou a ocorrer vários milênios atrás, quando passamos das sociedades de caçadores-coletores para as de agricultores, com cidades e, principalmente, governos. Esse movimento reduziu drasticamente as guerras e rixas crônicas entre bandos rivais, diminuindo a violência em cinco vezes. É o que o autor chama de "processo de pacificação".


Em seguida vem o "processo de civilização". Ele tem lugar quando aparecem os Estados centralizados, em que a autoridade busca exercer o monopólio do uso da violência. Na Europa, isso começou a ocorrer lá pelo século 16. A redução na violência foi de 10 a 50 vezes.

A terceira tendência é a "revolução humanitária". Ela aparece nos séculos 17 e 18 e se traduz em movimentos filosóficos com o propósito de abolir a escravidão, o despotismo, a tortura judicial, a superstição e até a crueldade com os animais.

O quarto movimento é o que Pinker chama de "longa paz". A partir da Segunda Guerra, países que se democratizaram pararam de travar guerras uns com os outros.

Em quinto vem a "nova paz". Desde 1989, com o fim da Guerra Fria, diminuiu a frequência com que ocorrem genocídios, ataques terroristas e ondas de repressão em regimes autoritários. Ler os jornais pode nos dar a impressão contrária, mas é só uma impressão, que tem mais a ver com os vieses de nossa memória (lembramos do que aparece na imprensa e julgamos que esse é um universo representativo) do que com os números reais.

Há, por fim, o que Pinker chama de "revoluções dos direitos". A partir de 1948, com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, começaram a pipocar movimentos com o objetivo de combater agressões a grupos específicos, como mulheres, minorias étnicas, crianças, homossexuais e animais. Como são relativamente novos, a afirmação desses direitos ainda tende a gerar polêmicas, como é o caso do casamento gay.

Depois de nos convencer de que vivemos numa época privilegiada, o autor tenta explicar a psicologia da violência. Baseado principalmente na obra de Roy Baumeister, ele elege nossos cinco demônios internos, que mais frequentemente nos levam a agredir o próximo: predação (ou violência instrumental, com vistas a atingir um fim), dominância (o desejo de exercer autoridade ou obter prestígio), vingança (propensão moralística a reparar injustiças), sadismo (o mal pelo mal, mas este é um fenômeno relativamente raro) e a ideologia (criar a sociedade perfeita ou concretizar os desejos de Deus).

Aos demônios contrapõem-se nossos quatro "melhores anjos", isto é, os equipamentos internos que nos habilitam a resistir à violência e nos colocam na rota da cooperação e do altruísmo: empatia (a capacidade de identificar-se com as alegrias e sofrimentos dos outros), autocontrole (pelo qual resistimos a emoções como a raiva), senso moral (que santifica determinadas regras, tornando-as tabu, como o "não matarás") e razão (que nos permite enxergar além do clã, constituindo a base da civilização).

Evidentemente, esse esquema da obra que descrevi mal arranha a riqueza das análises e os belos "insights" de Pinker. Como não dá para destacar tudo, centro-me no ponto que mais me impressionou, o resgate do Iluminismo.

Apesar de Pinker estar no centro de uma corrente científica que contribuiu bastante para derrubar o mito de que o homem pode pautar-se inteiramente pela razão, ele sustenta que foi no curso da "revolução humanitária", em especial a partir do século 18, com a popularização da imprensa, a publicação de livros e a valorização do conhecimento racional que fomos colecionando nossas mais significativas conquistas no processo de conter a violência.

Ainda que muito lentamente, ideias centrais do Iluminismo como democracia, igualdade dos sexos e das raças, abordagem científica dos problemas e até uma pitada de anticlericalismo foram se impondo. E não é uma coincidência que tenham sido os países em que elas primeiro se implantaram os que mais longe chegaram em termos de paz e civilização.

Ainda que a razão não se comporte exatamente da forma que os "philosophes" a idealizaram e descreveram, parece incontestável que ela esteja no centro de nossas melhores realizações.

Encerro com duas pequenas notas. A primeira é a constatação de que, ao longo das últimas décadas, a inteligência média da humanidade, medida em termos de QI, aumentou bastante. É o chamado Efeito Flynn, que já foi testado e confirmado em 30 países. Se um humano mediano da década de 1910 (que, por definição tinha um QI de 100) fosse trazido para os dias de hoje, sua pontuação seria de apenas 70, no limite do retardo mental. Os ganhos ocorreram principalmente na parte do teste que mede a inteligência geral, em especial a capacidade de raciocínio abstrato, em oposição a habilidades matemáticas e linguísticas. A hipótese de Pinker é que o avanço se deve à popularização do raciocínio científico, ensinado nas escolas, no qual nos habituamos a lidar com regras gerais e arbitrárias. É o mesmo tipo de raciocínio que nos permite abandonar a visão de mundo paroquial, na qual nós e os nossos somos o centro de tudo, e abraçar a noção de que existem normas de aplicação universal. Ora, é justamente essa a ideia por trás da civilização, de que, pelo menos em princípio, temos todos a ganhar com a multiplicação de democracias que sejam capazes de entender-se e integrar-se, ainda que não sem os percalços de sempre.

Antes que o leitor considere Pinker um clone do professor Pangloss, vale o alerta do autor. O fato de que a humanidade tem caminhado para a paz não é garantia de que vá continuar a fazê-lo. Os nossos cinco demônios estão aí e não é muito difícil despertá-los. Há menos de cem anos experimentamos a Segunda Guerra Mundial e, mesmo hoje, apesar de todos os avanços, há ainda guerras civis e genocídios em curso. Manter-se na linha da paz e da tolerância, além de uma boa dose de sorte, exige que nos aperfeiçoemos em criar as condições para que nossos "melhores anjos" preponderem sobre os "demônios". Apesar das aparências, estamos conseguindo.



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Hélio Schwartsman, 44, é articulista da Folha. Bacharel em Filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve para a Folha.com às quintas-feiras.
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