Olá Shredder, tudo bem?
Poxa que legal que você se interessa, geralmente as questões da realidade são esquecidas por aqui
Felizmente não sou um marxista dogmático, então terei o bom-senso de não 'raptar' este tópico e desvirtuar a discussão. Podemos iniciar um novo para os aspectos mais específicos da teoria e prática
Então ainda dentro da questão 'adquirir cogumelos financeiramente' vou dar uma opinião mais elaborada
No capitalismo toda vez que um homem executa um trabalho em um objeto mudando o valor de seu uso, temos a 'transformação' deste último em uma mercadoria. A parte de uma árvore, quando trabalhada por um artesão (luthier), vira uma mercadoria que podemos chamar 'violão'. O uso dos dois é muito distinto.
Uma
amanita nasce no pé de um pinheiro depois de um ciclo de vida no mínimo complexo, simbiótico. Um homem normal vai à floresta decídua, coleta os corpos de
frutificação destes seres vivos indiscriminadamente simplesmente por conhecer uma forma de conservá-lo, e depois desta 'laqueadura' 'vasectomia' ou 'coito interrompido' (sim imaginemos que se os
esporos são espalhados pelos cogumelos, é no mínimo isso que o coletor está fazendo) este tosco homem os anuncia no meio de comunicação pós-moderno chamado 'internet' para que milhões de pessoas atrás de uma tela tenham a possibilidade de apertar um botão e receber estes corpos reprodutivos no conforto de suas poltronas. Tudo isso em troca de um papel carregado de 'valor' (que é tão virtual quanto o 0 e 1 dos computadores).
Claro que tudo isto é feito em função do mesmo processo de modificação dos objetos em mercadorias.
O homem só é este ser porque opera a modificação da natureza por meio do trabalho - práxis. MAS não podemos cair na falácia da 'natureza intocada' uma vez que a 'destruição' do planeta se dá naturalmente (pensemos um raio que cai numa árvore e libera co2 na atmosfera) e também na ação humana.
A grande questão são as escalas. Um homem caçando as amanitas para consumo próprio não terá absolutamente o mesmo impacto que um homem caçando para vendê-las. Ainda mais, como já disse, na internet, rede largamente difundida entre a maioria da população ocidental.
Portanto comercializar um ser vivo não é o problema, uma vez que compramos comida de uma forma ou de outra. A meu ver seria ideal coletar esta comida (estou trabalhando para isso) mas as grandes aglomerações humanas, cidades, necessitam destas relações para se manterem. Cultivar alface sem a perspectiva de destruir o habitat de outros seres e/ou ameaçar esta espécie de hortaliça não me parece ingênuo.
Já comprar amanitas é o estímulo do qual aquele tosco coletor precisa para continuar seu ofensivo trabalho, e quem sabe aumentar a escala de estragos que ele pode fazer. Um exemplo seria o dono da 'loja' contratar um funcionário que executa a mesma função que ele, dobrando a área coberta por este primerio. O dinheiro que estes dois homens 'giram' (lembrando que somente o patrão fica com o lucro do negócio) é aumentado exponencialmente, até que a oferta-demanda se regule.
No fim das contas, apesar de tentar ser sucinto, escrevi um monte mesmo... mas acredito que seja somente um raciocínio pra chegar a uma conclusão.
Obrigado pela pergunta Shredder, sinto que pude explicar melhor o que penso, retirando a carga 'pessoal' que minhas mensagens ao usuário OreggaEbom pareciam ter (e no final não tem mesmo).
até logo